Quinto Império escrita por Labi


Capítulo 3
Para que vive um poeta?


Notas iniciais do capítulo

Eu avisei que iam ser drabbles e por isso este saiu pequena e idiota.
Estava a ver fotos antigas minhas e deu saudades de Coimbra soooo...
Também o aniversário do Afonso está a aproximar-se (assim como o meu :P Fazemos anos na mesma semana) e eu tenho a certeza que me ia esquecer de escrever por isso...



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As ruas de Coimbra podiam enganar até mesmo o mais certo e confiante dos turistas. Em alguns lugares em ingremes, sempre cheias de calçada portuguesa, noutros eram planas e faziam praças nos lugares menos inesperados, mostrando os cidadãos sentados calmamente a conversar depois do almoço.

O Rio Mondego era a veia principal daquela cidade. É também o maior rio que nasce em Portugal. Um rio cheio de lendas e de amores impossíveis.

‘Coimbra é a cidade com mais encanto’ já dizem os fadistas e os estudantes universitários, que andam com as suas capas esvoaçantes, faz séculos. Coimbra é cidade dos amores impossíveis desde a trágica história de Pedro e Inês.

Afonso não tinha problemas em admitir que não dispensava uma boa história romântica. Ele mesmo era um romântico incurável. Mesmo que agora não houvesse novas lendas, havia sempre novelas, que eram uma versão actualizada da coisa.

Vénus ajudou os portugueses a chegar à Índia porque eles ainda davam uso à língua do amor, o Latim, disse Camões. Afonso não a queria deixar ficar mal.

Não que os franceses ou espanhóis não dessem… França era o país do amor, Espanha o país da paixão… Portugal limitava-se a ser o país da saudade, da poesia e do fado, o que não deixava de ser irónico.

Enquanto atravessava a ponte para chegar à outra margem do rio, encarou o grande mosteiro que havia lá e decidiu-se a ir visita-lo.

Não se importou por ter subido mais de um quilómetro numa rua aos ziguezagues porque tudo valia sempre a pena no final.

Mal entrou no dito mosteiro, fez o sinal da Cruz e apressou o passo até um túmulo que ficava bem lá no fundo. Era um velho, velho amigo seu, cujo nome era D.Afonso Henriques. Sem aquele homem, Afonso não seria a pessoa que era hoje.

Fez uma vénia, colocando o joelho no chão e rezou silenciosamente pela alma do honroso cavaleiro e rei que contrariou todos para tornar Portugal independente em 1143. 5 de Outubro, mais concretamente.

Recordava esses tempos com saudade porque para ele, 900 anos foram um piscar de olhos e parecia que tinha sido no dia anterior que se tinha juntado ao rei na sua luta contra os árabes.

Sorriu um pouco e suspirou.

Talvez fosse para isso que um poeta vivia. Ver o mundo girar, aprender a observar as outras pessoas e escrever sentimentos, rimando as palavras com as emoções.


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Notas finais do capítulo


Coimbra tem mais encanto - http://www.youtube.com/watch?v=AsqQXQ6H7dU
É um fado de estudante. Eu poderia explicar melhor mas a nossa tradição académica é muito complexa :D Por isso enfim
Para quem não leu Os Lusíadas , os Deuses do Olimpo fazem um debate para decidir se os Portugueses chegam ou não à Índia porque tal feito parecia impossível. Baco opõe-se com receio que nós tirássemos a fama dele lá mas Vénus apoia, seguida por Marte e finalmente por Júpiter, alastrando-se aos outros Deuses.