Arya tornara-se uma garota séria e indiferente, sempre trajada de vestes masculinas, e sua Agulha na cintura. Estava com dezesseis anos, uma moça feita. Os cabelos cortados quando o pai morrera já estavam na cintura, porém ela sempre os deixava presos em uma trança embutida. Ao seu lado, andava Nymeria com passos longos, porém lentos. Havia reencontrado a loba quando estava como prisioneira de Sandor Clegane.

A estrada para a Muralha era perigosa, mas não se importava. De vez em quando Nymeria saia a trotar para longe, mas sempre voltando... Com um animal entre os dentes, é claro.

– Nymeria, aqui. – chamou Arya. – Pode nos levar à Muralha?

A loba parou ao seu lado, esperando que Arya subisse em suas costas. Arya sorriu e montou em Nymeria, que disparou a correr para o norte.

[...]

O fogo chamuscava nos olhos de Jon. Ao ouvir três batidas na porta, virou-se para a esta e viu um dos guardas adentrar seus aposentos.

– Senhor Comandante, há visita para o senhor.

– Visita? – ele pensou por um momento. – Quem é? Disseram o nome?

– Não. – o guarda coçou a barba. – É uma garota magricela com um lobo gigante igual a esse seu aí, só que cinza. – Disse apontando à Fantasma que estava deitado perto da lareira.

– Arya... – Jon sussurrou e sorriu, não conseguindo conter a felicidade. – Onde ela está? Diga para entrar.

O guarda virou-se e fez um sinal com a mão, como se Arya estivesse atrás da porta.

– Arya? – disse Jon confuso, já que vira uma mulher ao invés daquela garotinha que conhecia.

– Jon. – Arya sorriu e correu até o meio-irmão, o abraçando tão forte que o mesmo achava que seus ossos partiriam-se se fizesse algum movimento brusco.

– Senti tanto sua falta, irmão. – disse ela com o rosto entre os cabelos enrolados de Jon.

– Eu também senti a sua falta, Arya. Mas onde esteve? Como você está? – Jon havia a puxado para sentar em uma cadeira perto da lareira ao seu lado.

– Bem, é uma longa história. – disse Arya lembrando-se de Pentos e dos Homens Sem Rosto. – Fui para Pentos após a morte de...

– De Robb. – completou Jon. – E o que foi fazer lá?

– Bem, eu precisava de uma casa. – ela sorriu. – Mas isso não vem ao caso, Jon. O que importa é que estamos juntos novamente.

Arya olhou para Fantasma e Nymeria, que estavam um ao lado do outro, brincando de morder.

– E Bran e Rickon, como estão?

– Eles estão bem, irmã. – Jon sorriu. – Winterfell foi reconstruída, estão morando lá, como antigamente.

– Fico aliviada.

Jon chamou um de seus guardas e ordenou que preparassem um banquete de boas-vindas à sua irmã.

– Deve estar com fome.

– Um pouco. – ela fez uma pausa. – Não morri ainda de anemia graças à Nymeria.

Os dois riram.

– Bem, vou deixar você sozinha para tomar um banho e colocar uma roupa quente. – disse Jon reparando na roupa suja e esfarrapada que Arya usava. – Vou providenciar uma para você.

Jon levantou-se e saiu do quarto, ordenando para que um de seus intendentes preparasse um banho quente para Arya.