Atena escrita por bia_scabbia


Capítulo 6
6 - Really That Bad


Notas iniciais do capítulo

"Really That Bad" - The Pipettes :P ouçam!



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     O som do sinal, que tocava sempre no começo e no fim das aulas, parecia uma sirene de uma fábrica antiga, avisando aos operários que era hora de se levantar e trabalhar por longas horas a fio. Mas esse mesmo som irritante soava muito mais doce quando anunciava o fim do quarto tempo e o começo do recreio.

         Atena guardou seu material e esperou por Mônica. Desceram até o pátio e encontraram alguns colegas que tinham conhecido no ano anterior. Depois de falar um pouco sobre as férias de cada um, as duas foram andar pelo pátio, o que era quase uma tradição nos recreios. Até que Mônica fez uma sugestão. “Vamos dar uma passada lá na biblioteca?” disse, quase rindo. Mas Atena levou a sério, sem perceber as intenções da amiga. “Ótimo! Quem sabe eles tenham colocado alguns livros novos lá.”

         As duas entraram e logo se dirigiram para as estantes onde ficavam os livros de literatura brasileira e juvenil. Quando procuravam uma mesa para sentar, encontraram Guilherme lendo um livro sozinho. Atena não ficou muito surpresa e, ignorando-o, ia para outra mesa longe daquela, mas Mônica a impediu, pegando-a pelo pulso.

“Ei, olha só quem tá lá! Acho que essa é uma boa hora para uma convenção de paz, hein, Atena?” disse, piscando um olho. Atena ia argumentar, mas Mônica já estava indo na direção dele, que levantou os olhos do livro quando percebeu sua presença.

“Ah, oi, Mônica.”

“Oi, Gui. Desculpa atrapalhar a sua leitura! A gente pode sentar aqui?”

“‘A gente’ quem?”, perguntou, não vendo mais ninguém por perto. Mônica olhou em volta de si e viu que Atena tinha desaparecido. “Ah, ela deve estar procurando algum livro da Agatha Christie bem ali...”, disse, enquanto procurava a amiga.

Encontrou Atena lendo, atrás de uma prateleira da seção restrita.

“Você tem medo dele ou o que?”, sussurrou Mônica, subitamente, dando um susto nela. Atena, recuperando-se, retrucou:

“Eu não tenho medo dele, e não estou com vontade de ficar ouvindo piadinhas sem graça e pensamentos ridículos sobre mim, OK? E ele parece estar muito bem lá na dele, lendo. Não precisa da nossa companhia”.

“Ai, Atena, eu não entendo essa aversão. O que foi que ele te fez de mal? Você ainda deve um pedido de desculpas pra ele. E esse é o primeiro dia dele na nossa turma, ele ainda não conhece quase ninguém.” Atena parecia não acreditar no que ela dizia. “Vamos lá, ele é maneiro. Vocês não podem ficar assim o ano inteiro, podem?”, disse Mônica, ficando irritada com aquela situação. Atena respirou fundo e olhou para baixo, meio envergonhada. “Tá bem... vamos acabar logo com isso.”

         Sentaram-se na mesa onde Guilherme estava. Atena, sem expressão. Ele fechou o livro e a encarou. “Oi”. Foi tudo o que disse, mas, além disso, ela ouviu: “Você vai dar outro chilique ou vamos conversar civilizadamente?”

“Oi”, ela respondeu, num tom seco. “Pode voltar a ler, eu não to aqui pra te perturbar.”

“Eu já tinha lido esse livro, sem problemas. Mas como ele é bom, vale a pena ler outra vez.”, disse , levantando a capa. Atena ficou um pouco surpresa. “Eu sou o mensageiro? Mas esse livro é muito novo pra ser da biblioteca!”

“E não é. Eu trouxe de casa, sabia que não ia ter muito o que fazer no recreio.”

“Hum... pelo menos você tem bom gosto.”, disse, quase com desdém.

“Por que? Eu sou tão chato assim?” Ele tinha um sorriso estranho nos lábios. Estava esperando que ela dissesse “é”, mas sua pergunta ficou sem resposta. Atena tentava achar uma forma de fazer as pazes sem que parecesse arrependida. Afinal, ela não estava arrependida.

Ou será que estava?

Alguma coisa nos olhos dele ainda a irritava. Era como se sempre contasse uma piada para si mesmo, mas ela iria saber se fosse isso. Desviou o olhar antes que começasse a ler os pensamentos dele de novo. Não estava com vontade de ouvir suas opiniões sobre ela mesma.

O sinal tocou. Mônica, que estava quase em outro mundo lendo um livro que pegara na estante, deu um pulinho na cadeira. Depois, riu. “Cara, eu vou demorar a me acostumar com isso de novo! Vamos lá, gente, eu não quero chegar atrasada na próxima aula”. Se levantou antes deles, e devolveu os livros aos seus lugares. Logo, os três estavam indo para a sala.

         Em frente à porta, estava Rubens. Depois que Mônica e Guilherme entraram, ele parou na frente de Atena, bloqueando a porta. “Oi! Eu sou o Rubens. Qual é o seu nome?”

Um pouco surpresa, respondeu: “Meu nome é Atena”, e olhou bem fundo naqueles olhos azuis. Ela esperava ouvir um pensamento nada agradável sobre seu nome, mas o que ouviu foi: “Nossa, você é bonita, hein?”, o que a fez corar. Ele continuou a falar.

“Muito prazer. Já me apresentaram à turma inteira, só faltava você”. Ele estendeu a mão, sorrindo. Atena ficou como que paralisada por um segundo, mas o professor tinha chegado e os interrompeu, porém com uma certa dose de humor na voz. “Vamos entrando, vamos entrando, vocês não querem perder a minha fantástica aula de Matemática, querem?”

Atena deu apenas um sorriso para Rubens, e foi para sua carteira com o coração aos pulos, pouco se importando com a aula.


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