Atena escrita por bia_scabbia


Capítulo 23
23 – Chasing the Drago


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu quero matar vcs de curiosidade xD tenho muitos outros originais pra publicar aqui, mas só vou publicar depois de acabar esse aqui. Obrigada pelos reviews, mesmo que sejam poucos u.u' eu fico feliz que alguém esteja lendo. Esse foi um dos meus primeiros textos propriamente ditos, reconheço que tá bem "cru", com clichezinhos e coisa e tal. Fui melhorando com o tempo e ainda sigo tentando. Perdoem a nota gigante, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/28095/chapter/23

 

 

         Cinco da tarde e já estava escuro. Beatriz chegara do trabalho havia alguns minutos, e Atena, Cristina, Mônica e Guilherme estavam lanchando e conversando, enquanto Leonardo lia em seu quarto. Também havia estranhado o longo abraço da filha, e seu olhar brilhante para ela. Seu instinto materno dizia que algo não ia bem, mas preferiu chamá-la para uma conversa depois que seus amigos fossem embora. Não sabia o erro que cometia ao deixar essa conversa para depois.

         “Vocês vieram pra estudar ou pra ficar de papo? Por que não sobem pro quarto da Atena, lá vocês podem estudar em paz.”, sugeriu Beatriz. Na verdade, a desculpa dada por Atena para os dois amigos irem para a sua casa àquela hora era a de um estudo para um teste de Física. Agora eles teriam que subir, para não levantar suspeitas. Aliás, era realmente uma boa idéia que pensassem que estavam estudando, pois assim ninguém os incomodaria e eles poderiam deixar a porta trancada sem mais problemas. Atena passou a mensagem para os dois amigos com um olhar rápido, e eles entenderam o que ela quis dizer.

         “É, gente, tá ficando tarde mesmo. Temos que aproveitar o tempo que ainda temos. Vamos, meu quarto é por aqui.”, disse, começando a subir a escada que dava para os quartos da casa. Guilherme e Mônica a acompanharam, já sabendo onde era seu quarto. Atena lançou um último olhar para a sua família lá embaixo. Tinha tanto a dizer a eles naquele momento... um “Adeus”, ou um “Até logo”. “Eu amo todos vocês”, “Não sei o que seria de mim sem vocês”, e muito, muito mais. Mas a única palavra que conseguiu expressar tudo de uma vez foi a que ela escolheu: um “Obrigada”, junto com uma leve mesura, o sorriso mais sincero do mundo e os olhos a ponto de transbordar.

         Foram até a porta no fim do corredor, e entraram. Aquele ambiente, ainda novo para Guilherme, o impressionava. A casa de Atena não era o que se podia chamar de mansão ou tampouco luxuosa, mas seu quarto, em especial, era bastante espaçoso para uma casa de classe média. A decoração em tons pastéis e as paredes azuis davam um ar de leveza ao aposento, agora parcialmente escondido pela escuridão, pois a lâmpada não era muito forte e já era quase noite. Tudo parecia estar em seu devido lugar: nenhuma roupa jogada no chão, livros sobre a cama, nada. Para completar, várias almofadas em cores claras tornavam a cama mais aconchegante.

         Atena olhou pela porta para checar se ninguém vinha atrás deles, e fechou-a atrás de si, trancando a chave. Recostou-se na porta e soltou um suspiro, nervosa. Olhou para Mônica e para Guilherme, que permaneciam à sua frente como se esperassem alguma coisa.

“Então... é agora.”, disse ela, olhando para baixo. Os outros dois apenas balançaram a cabeça muito sérios, concordando.

         Ela foi até a mesa de cabeceira e abriu a terceira gaveta de cima para baixo. Tirou de dentro o livro escarlate-escuro que continha a palavra necessária para realizar – ou melhor, quebrar – o feitiço. Ia abri-lo e começar a procurar a página desejada, mas viu que precisava se preparar antes, e ter certeza de que não havia nada mais a ser dito. Ao pensar nisso, como se pudesse também ler sua mente, uma voz a chamou:

“Atena, espera.”

         Ela largou o livro em cima da cama e se virou na direção de Guilherme. Nunca esqueceria a expressão no rosto dele. A montoeira de pensamentos confusos (ouvida antes apenas de Mônica). E o tom de voz, totalmente diferente do bom humor normal.

“Eu sei que você pode ler pensamentos. E se você pode mesmo, eu duvido que não tenha escutado o que eu devia ter dito já faz um tempo.”

Mônica, percebendo o teor daquele assunto, se afastou para um canto do quarto, sem ser percebida. Atena escutava atentamente.

         “Seria idiotice te falar, porque eu sei que você já sabe o que é. Mas eu não posso deixar você fazer isso sem antes me responder uma pergunta. Aquele beijo... significou alguma coisa pra você?”

         A idéia de já saber cada palavra que ele dizia lhe doía muito. O seu maldito poder acabava de estragar uma linda surpresa, e ela sentiu raiva de si mesma novamente. Os olhos de Guilherme estavam cravados nos de Atena, como se fossem ímãs se atraindo com força, completamente imóveis. Ela não sabia se ainda precisava responder, mas aprendeu da pior forma que nada deveria ser engolido.

         “Sim... muito.”, respondeu. As palavras saíram sozinhas, como se tivessem vida própria. O que se seguiu foi um sorriso meio triste, meio satisfeito, no rosto de Guilherme, que se espelhou no de Atena.

“Que bom, então. Me desculpe te atrasar, mas eu ainda queria te dar uma coisa...”

         Ele alcançou alguma coisa no fundo do bolso da calça. Puxou um cordão prateado com um pingente, este algo familiar para Atena. Era uma espécie de estrela de três pontas, formada pelas interseções de três circunferências e inscrita em uma outra.

“É um triskle!”, disse ela, apontando para o símbolo do pingente.

“Isso mesmo. Representa as tríades da vida, como corpo, mente e espírito ou as três fases visíveis da lua, e muitas outras. Esse pingente é de prata, e foi da minha avó. Como é um símbolo sagrado, eu pensei que ele pudesse te proteger.”, disse Guilherme, depositando o triskle na mão de Atena e fechando-o nos dedos dela, enquanto a segurava. Voltou os olhos para os dela novamente, dessa vez com mais esperança. “Ele sempre me deu sorte. Agora é seu.”

         Atena não conseguiu achar palavras para expressar sua gratidão. Preferiu saborear cada segundo de silêncio. Finalmente, ele soltou sua mão e se afastou, dando espaço para que ela fizesse o que tinha que fazer. Mas antes, era a vez de Mônica. Mesmo numa situação como aquela, ela manteve a animação, até mesmo porque alguém precisava dar um fim àquela novela.

         “É, parece que finalmente vocês se entenderam! Já tava demorando!”, brincou, olhando de um para o outro com um risinho zombeteiro. Depois, deixou de lado o humor e ficou mais serena.

“Atena, você sabe que é minha melhor amiga. Eu sei que eu falo demais de vez em quando... tá, eu falo demais sempre, mas eu gosto muito, muito mesmo de você, senão não teria te aturado por tanto tempo! E, bem, já que eu não posso te impedir, eu te desejo muita sorte. Eu ainda quero te aturar por muito tempo, tá bem?” As lágrimas começavam a brotar, fazendo a voz de Mônica ficar trêmula. “Ah, eu sou horrível nisso... vem aqui logo!”, completou, dando-lhe um abraço forte e meio demorado, as lágrimas já rolando livres pelos rostos das duas.

Se separaram. A esse ponto, uma parte de Atena brigava com a outra para desistir daquela loucura, mas já era tarde demais. Agora ela tinha que ir até o fim.

“Muito obrigada, gente. Daqui eu tenho que ir sozinha”, disse, numa voz firme.

         Tomou o livro de novo nas mãos. Abriu na página marcada por um pedaço de papel. Lá estava, na frente de seus olhos, a chave para uma outra vida, a vida que ela conhecera antes daquilo tudo... ou para o fim dela. Bastava entoar algumas sílabas, e se saberia o que ia acontecer.

         “Tá bom, vamos lá...”, dizia Atena, nervosa. Olhava incessantemente para aquela palavra enorme. Repetia-a em pensamento, para não cometer nenhum erro quando a pronunciasse. Depois de algumas tentativas, respirou fundo. Puxou todo o ar que seus pulmões conseguiam conter, canalizou toda a sua raiva, toda a sua angústia em um foco, e...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!