Memories escrita por taay


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

As alterações mais aparentes começam no próximo capitulo, vo tentar portar ainda hoje mais não é garantido. Boa leitura!



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   Meu corpo doía. Meu coração se acelerava e eu já não mais ouvia o que falavam para mim. A dor havia voltado. Ou ela simplesmente nunca me abandonou.

  Olhei minha prima à frente e soube que ela entendeu. Eu não havia lhe contado; e nem pretendia. Minhas pernas estavam bambas, não conseguiria andar se não disfarçasse pelo menos a dor em meu peito; que há muito me perturba incessantemente.

  Peguei meu celular. Ainda faltavam quinze minutos para termos de retornar a aula e nem pensar direito eu sabia.

  Aquele sonho me assombra; ou seria ele um pesadelo. Sim, um pesadelo em partes pelo sofrimento que havia nele. Mais um sonho, pela pessoa presente. Eu confesso, daria qualquer coisa para saber quem é aquele homem; para saber quem eu amava tanto ao ponto de não querer me separar e largar tudo, por ele.

  Mais acima de tudo aquilo me trazia angustia. Como se todos os meus problemas já não bastasse. Como se dissessem que eu poderia aguentar tudo de uma vez só, como se me empurrassem para dentro de um poço sem fundo com uma pedra gigantesca nas costas. Afinal, quem se importa se eu sofrer mais?  Bom, eu pelo menos não.

  Abri meus olhos — que nem percebia que havia fechado — e me concentrei em minha respiração; isso me acalmava de uma forma estranha.

  Havia um mês que havia tido aquele sonho. Um mês que meu coração era atacado por repetidas lascas de dor, que não chegavam a um quarto; comparadas a dor de meu sonho/pesadelo. Mais principalmente, um mês que uma voz fica repetindo em minha mente “não desista dele, você prometeu”. Mais afinal, quem é ele? É isso que eu me pergunto todo dia, incansavelmente, por horas e horas. Como se isso adiantasse alguma coisa.

  — Kimberlly, você está bem? Por que está chorando? — Giovanna, sempre dramática, essa sim é a garota que eu chamo de prima. Fazia quase três semanas que ela me perturbava; perguntando quantas vezes achasse necessário, por que deu ter ataques de choro. Chorar era a parte mais normal, perto da dor que sentia nesse exato momento era quase como queimar a língua tomando alguma bebida quente demais, mesmo depois de terem te avisado que estava quente; mais você acha que vai aguentar e sempre erra.

  — Eu estou bem, não se preocupe comigo. — Meus devaneios estavam cada vez mais fortes, podia me perder em pensamentos por quatro horas e nem perceber a hora passar; como aconteceu entre a primeira e a terceira aula do dia, duas horas e quarenta minutos, fingindo que estava prestando a atenção na aula, enquanto o professor despejava o conteúdo na lousa; eu copiei. Mais não faço e menor idéia sobre o que era.

  — Vamos, a próxima aula é de filosofia e o professor desconta pontos da nota final se chegar atrasado. — Deixei ela me arrastar pela mão enquanto via rostos conhecidos a minha volta. Um me chamou à atenção. Zachary Evan, a pessoa pela quem fui apaixonada desde a terceira série do ensino fundamental. Ou ainda sou, ainda não assimilei a idéia em meu subconsciente.

  Zachary não é uma pessoa que se pode chamar de confiável. Giovanna diz que ele se acha a pessoa mais linda da escola por causa de seus olhos verde esmeraldas, a pele branquinha e o cabelo preto; que sempre estava meio bagunçado, mais com estilo. Minha mãe é melhor amiga de sua mãe, então quase sempre que chego da escola lá está a mãe dele sentada no sofá conversando junto com Grace, minha mãe e melhor amiga. Lembro-me de uma das poucas vezes que me sentei junto delas para conversar e ela me disse que Zachary me considerava como uma melhor amiga, até irmã se fosse possível. Eu tive vontade de rir, mais me controlei e me limitei a sorrir enquanto corava. Eu e ele já fomos próximos, crescemos quase juntos por sua casa ser na mesma rua que a minha, mas á seis casas de distancia. Mais apesar de tudo que vivemos, não éramos os típicos melhores amigos — principalmente porque minha prima e eu sempre fomos muito ligadas e ele não a suporta —, sempre brigávamos e na maioria do tempo o assunto era Giovanna.

  Não vi quando cheguei a minha sala de aula. Não quis prestar a atenção, era o primeiro dia de aula e não queria mesmo aprender. Pergunto-me quem teve a idéia de começar as aulas numa quarta-feira. Então peguei um livro dentro de minha mochila. Estava lendo o livro A Maldição do Tigre. Abri e me deparei com minha continuação; no próximo capitulo. Embrenhei-me na estranha história de amor de Kelsey e Ren lutando para tirar a maldição que aprisiona ele e seu irmão. Cortei meus devaneios e continuei lendo silenciosamente de onde tinha parado.

  “                    16

            O sonho de Kelsey

Tive outros sonhos perturbadores. Sozinha e perdida, eu corria na escuridão. Não conseguia encontrar Ren e alguma coisa maligna me perseguia. Eu precisava fugir. Dedos estranhos e ávidos tentavam me arrastar e me tirar do caminho. Eu sabia que, se conseguissem, iriam me capturar e me destruir.

  Dobrei uma esquina, entrei em um salão e vi um homem sombrio e de aspecto malévolo, vestido com uma luxuosa túnica ametista. Ele se debruçava sobre um sujeito amarrado a grande mesa. De um canto escuro, vi quando ele ergueu no ar uma faca curva e afiada, entoando baixinho um cântico em uma língua que eu não compreendia.

  De alguma forma eu sabia que tinha que salvar o prisioneiro. Lancei-me contra o homem com a faca e puxei seu braço, tentando arrancá-la dele. Minha mão começou a queimar, brilhando vermelha, e centelhas crepitaram.

  — Não, Kelsey! Pare!

  Olhei a mesa e arquejei. Era Ren! Seu corpo estava dilacerado e ensanguentado, e as mãos encontravam-se presas acima da cabeça.

  — Kelsey... saia daqui! Estou fazendo isso para que ele não possa encontrá-la.

  — Não! Não vou deixar você fazer isso, Ren. Transforme-se em tigre. Fuja!

  Ele sacudiu a cabeça freneticamente e disse em voz alta:

  — Durga! Eu aceito! Faça-o agora!

  — O que? O que você precisa que Durga faça? — perguntei

  O homem recomeçou a entoar o cântico, dessa vez em voz alta, e apesar de meus fracos esforços para detê-lo, ergueu a lâmina e cravou no coração de Ren. Eu gritei. Meu coração batia no mesmo ritmo dilacerado do dele. A cada batimento, sua força diminuía, até que falhou e finalmente parou.

  Lágrimas rolavam pelo meu rosto. Senti uma dor terrível e lascinante. Eu via sangue de Ren escorrer pela mesa e empoçar no piso de ladrilhos. Desabei de quatro no chão, sufocada por minhas emoções.

  A morte de Ren era insuportável. Se ele estava morto, então eu também estava. Eu me ofegava na dor, não conseguia respirar. Não me restava nenhuma vontade para me impelir. Não havia nenhum incentivo, nenhuma voz me instando a lutar, a nadar até a superfície, a me erguer acima da dor. Não podia me fazer respirar ou voltar a viver.

  A sala desapareceu e eu me vi envolta na escuridão mais uma vez. O sonho havia mudado. Eu usava um vestido dourado e jóias. Sentada em uma linda cadeira sobre um tablado alto, baixei os olhos e vi Ren de pé diante de mim. Sorri para ele e estendi a mão, mas foi Kishan quem a segurou ao se sentar ao meu lado.

  Olhei para Kishan, confusa. E Le dirigia um sorriso presunçoso para Ren. Quando me virei novamente para Ren, sua raiva o consumia e ele me fuzilou com os olhos de ódio e desprezo.

  Lutei para libertar minha mão da de Kishan, mas ele não a soltava. Antes que eu conseguisse, Ren se transformou em tigre e correu para a selva. Gritei, chamando por ele, mas não me ouviu. Ele não queria me ouvir.

  O vento açoitava o cortinado de cor creme e nuvens de tempestade se aglomeravam, escurecendo o céu. Relâmpagos caíam em vários pontos. Ouvi um rugido poderoso ecoar pela paisagem. Era o impulso que eu precisava. Arranquei minha mão da de Kishan e corri para a tempestade.

  A chuva começou a castigar o chão, tornando meu avanço mais lento enquanto eu procurava Ren. Minhas lindas sandálias douradas foram arrancadas, presas na lama espessa criada pelo aguaceiro. Eu não conseguia encontrá-lo em lugar nenhum. Tirei os cabelos encharcados dos olhos e gritei:

  — Ren! Ren! Onde você está?

  Um raio atingiu uma árvore próxima com um poderoso estrondo. Fragmentos da casca do tronco dispararam em todas as direções quando a árvore se quebrou, e o tronco se retorceu e se despedaçou. Quando desabou, os galhos me prenderam ao chão.

  — Ren!

  A água enlameada foi se juntando debaixo de mim. Fui me contorcendo e contraindo meu corpo machucado e dolorido até conseguir escorregar sob a árvore. O vestido dourado estava rasgado e minha pele, coberta de arranhões ensangüentados.

  — Ren! — gritei mais uma vez — Por favor, volte! Preciso de você!

  Eu estava tremendo de frio, mas continuei correndo no meio da selva, tropeçando em raízes e atirando para o lado a vegetação rasteira cinza e espinhenta. Gritei enquanto corria, eu avançava por um caminho sinuoso entre as árvores, à procura dele.

  — Ren, por favor, não me deixe! — eu suplicava, desesperada.

   Finalmente avistei uma silhueta branca correndo no meio às árvores e redobrei meus esforços para alcançá-lo. Meu vestido se prendeu em um arbusto cheio de espinhos, mais eu o atravessei ferozmente, determinada a chegar até ele. Eu seguia a trilha de raios que caíam na selva ali perto.

  Não sentia medo de raios, embora eles caíssem tão perto que eu podia sentir o cheiro da madeira queimada. Os raios me levavam a Ren. Eu o encontrei caído no chão. Grandes marcas de queimaduras chamuscavam seu pelo branco onde os raios o haviam atingido repetidamente. De alguma forma, eu sabia que eu fizera aquilo Eu era a responsável pela sua dor.

  Acariciei-lhe a cabeça e o pelo macio e sedoso do pescoço e gritei:

  — Ren, eu não queria que fosse assim. Como isso pôde acontecer?

  Ele assumiu a forma humana e sussurrou:

  — Você perdeu a fé em mim, Kelsey.

  Sacudi a cabeça, negando. As lágrimas corriam pelo meu rosto.

  — Não. Não perdi. Jamais!

  Ele não conseguia me olhar nos olhos.

  — Iadala, você me deixou.

  Abracei-o em desespero

  — Não, Ren! Eu nunca vou deixá-lo.

  — Mas deixou. Você foi embora. Era muito pedir que me esperasse? Que acreditasse em mim?

  Solucei, desesperada.

  — Mas eu não sabia. Eu não sabia.

  — Agora é tarde demais, prayatama. Dessa vez, sou eu quem vai deixá-la.

  Então fechou os olhos e morreu.

  — Não. Não! Ren, volte! Por favor, volte!

  As lágrimas se misturavam com a chuva e borrifavam minha visão. Furiosa, enxuguei-as e, quando tornei a abrir os olhos, não vi só Ren como também meus pais, minha avó e o Sr. Kadam. Estavam todos caídos no chão, mortos. Eu estava sozinha e cercada pela morte.

  Chorando, eu gritava sem parar:

  — Não! Não pode ser!  Não pode ser!

  Uma angústia incontrolável penetrava o meu corpo. Eu me sentia tão desesperada, tão sozinha! Agarrei-me a Ren e fiquei balançando seu corpo para frente e para trás, inconscientemente tentando me confortar. Mas não encontrei nenhum alívio.

  De repente, já não estava sozinha. Percebi que não era eu quem embalava Ren, mas outra pessoa me embalava e me abraçava. Despertei o suficiente para saber que estava dormindo, mas a dor do sonho ainda me envolvia.

  Meu rosto estava molhado com lágrimas de verdade e a tempestade também fora real. O vento aumentou a intensidade entre as árvores lá fora, fazendo a chuva inclemente bater na lona. Um raio atingiu uma árvore próxima e iluminou brevemente a barraca. No lampejo, distingui o cabelo escuro molhado, a pele dourada e uma camisa branca.

  — Ren?

  Senti seus polegares enxugando as lágrimas do meu rosto.

  — Shh, Kelsey. Eu estou aqui. Não vou deixá-la, priya. Mein yaha hoon

  Com grande alívio e um soluço, estendi os braços e envolvi o pescoço de Ren. Ele deslizou o corpo mias para dentro da barraca, saindo da chuva, me puxou para seu colo e me apertou mais em seus braços. Acariciou meu cabelo e sussurrou:

   — Quietinha agora. Mein aapka raksha karunga. Eu estou aqui. Não vou deixar nada acontecer com você, priytama.

  Ele continuou a me acalmar com palavras de sua língua nativa até eu sentir que o sonho desvanecia. Após alguns minutos, estava suficientemente recuperada para me afastar, mas fiz a escolha consciente de ficar onde estava. Eu gostava da sensação de seus braços à minha volta.

  O sonho me fez tomar consciência de como me sentia sozinha. Desde a morte meus pais, ninguém havia me abraçado dessa forma. É claro que eu abraçava meus pais adotivos e seus filhos, mas nenhum deles conseguia atravessar minhas defesas. Eu não deixava alguém extrair de mim emoções tão profundas fazia muito tempo.

  Foi nesse momento que soube que Ren me amava.

  Senti meu coração se abrir para ele. Eu já amava e confiava na sua parte tigre. Isso era fácil. Mas reconhecia agora que o homem precisava ainda mais desse amor. Para Ren, era algo que não experimentava havia séculos — se é que algum dia o experimentou. Assim, eu o abracei com força e não o larguei até que soube que seu tempo havia acabado.

  — Obrigado por estar aqui — sussurrei em seu ouvido — Fico feliz por você fazer parte da minha vida. Por favor, fique na barraca comigo. Não há razão para você dormir lá fora na chuva.

  Beijei seu rosto e tornei a me deitar, cobrindo-me com a colcha. Ren se transformou em tigre e deitou-se ao meu lado. Eu me aconcheguei em suas costas e mergulhei em um sono tranquilo e sem sonhos, apesar da tempestade rugindo lá fora.”

  Fechei o livro quando ouvi o sinal batendo Giovanna que estava na porta da sala veio correndo até mim, não teríamos duas aulas, então iríamos embora agora. Para mim não fazia diferença; mais amanhã teria que prestar atenção a aula se quisesse ter uma nota boa no final do bimestre.

  Guardei meu material enquanto via a sala se esvaziar conforme o tempo passava. Quando terminei de fechar o zíper da mochila minha prima já me esperava impaciente do lado de fora da sala. Andei rapidamente pela cara que ela me lançava; estava com pressa, mais para o que eu já não sabia. Não fiz questão de perguntar, meu inconsciente já sabia.

  Quando cheguei até ela, meu coração disparou ao ver quem estava ao seu lado; sorrindo como se não houvesse amanhã.

  O uniforme escolar só ficava bem nele. Apesar deu gostar dela ser preta e vermelha, com o símbolo da escola e logo embaixo “Margarett Louise High School ” em negrito e vermelho; chamavam a atenção para seu olhar misterioso e ao mesmo tempo tão lindo.

  — Oi Kimmy — Isso realmente foi uma coisa que não me chamavam faz  algum tempo. Ele me chamou pelo apelido de infância; isso é muito raro. Vendo que faz 8 anos que ninguém me chama assim. Percebi que esse apelido, já nada tinha a ver comigo.

  — Oi Zachary, vamos Giovanna ? — Ela assentiu sorrindo como quem dissesse “Por favor me tire de perto dele”. Velhos hábitos nunca morrem — ela nunca suportou estar a menos de dois metros de distância dele.

  — Kimberlly, eu posso passar na sua casa mais tarde? Minha mãe já vai estar lá, eu queria ir agora mais tenho algumas coisas pra fazer. — Ele terminou com uma cara apreensiva, parecia que tinha medo da minha resposta; mais quando sorri ele relaxou.

  — Claro, pode sim! Como nos velhos tempos hmm — rimos enquanto ele se despedia de mim com um beijo na bochecha e um aceno para minha prima.

  — Tem coisa ai, por que depois de todos esses meses ele voltaria a falar com você agora? Confia em mim Kimberlly, coisa boa não é. — O.k. Isso eu concordei, a última vez que nos falamos foi apenas um oi de longe, naquela época ele estava namorando uma garota mais velha que nem me importei em saber o nome. Lembro-me como se fosse ontem, minha prima ficava me irritando falando que eu estava com ciúmes; mais é obvio que eu não estava. Ou será que estava? Obvio que não, nem amigos direito nós somos. Talvez eu esteja ficando louca. É Kimberlly, está na hora de procurar um psicólogo — ri com meu pensamento enquanto caminhávamos rapidamente para fora da escola, ganhando as ruas.


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Notas finais do capítulo

Eu não mereço reviews, até o proximo capitulo.



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