Floresta Negra escrita por Ana Luiza


Capítulo 4
Capítulo 4 - Mensagens Anônimas


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada quero pedir desculpas á vocês pela demora. Eu tive alguns problemas com o meu computador e tive que ficar um tempo sem postar. Mas a boa notícia é que já tenho alguns capítulos prontos e logo logo eu os coloco aqui.
Não desistam de mim, eu não desisti de vocês! hahaha :)
Espero que gostem!



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Só mais alguns minutos. Eu repetia a mesma frase para mim mesma mentalmente, tentando não pirar de vez.

O som irritante dos sapatos tamborilando contra o chão só me deixava mais estressada. Eu conferi o meu relógio pela vigésima vez e me dei conta de que já estava esperando à mais de duas horas. Eu podia ver claramente pelas paredes de vidro o sol se esvaindo e a noite chegando. Eu suspirei.

- Eu não acredito que no último dia de férias nós temos que ficar aqui esperando esse rato. - Ana resmungou.

Rato. Aquele havia sido o apelido “carinhoso” que ela e Tyler haviam inventado. Eu odiava o fato de Ana estar tão próxima do imbecil do Tyler, porém, odiava mais ainda o ódio que Ana e Tyler sentiam pelo meu namorado. Depois de quatro meses com ele, eu me dei conta de que Tiago não merecia esse tipo de coisa.

Ana ficou me observando, esperando por uma reação. Apesar da raiva, eu apenas mordi o lábio e murmurei:

- Por favor, não o chame assim.

- Ah, Mel, ás vezes você é tão sem graça...

Eu ignorei o seu comentário e tentei me controlar. Eu podia sentir o meu coração bater forte no peito e minha respiração ficar cada vez mais descontrolada. Não sabia o porquê de eu estar tão nervosa. Na verdade, eu acho que sabia.

Depois que Tiago me pediu em namoro, eu pude ver o tempo se passar rapidamente sobre os meus olhos. Nós não costumávamos agir como namorados, Tiago parecia sempre insistir por um pouco de romantismo, mas eu gostava do jeito que estávamos. Porém, quando finalmente começaram as férias de inverno, Tiago viajou com a família.

Eu já tinha praticamente me esquecido de que tinha um namorado quando ele me ligou pedindo para que eu fosse esperar por ele no aeroporto. Eu acabei deixando escapar que eu teria que buscá-lo no dia do aniversário de Tyler e que não poderia ir – Cláudia havia insistido em fazer uma “reuniãozinha” com os amigos de Tyler no nosso apartamento. E então, Tiago teve a incrível ideia de levar os pais dele até a “festa” do Tyler, para que eles finalmente conhecessem os meus pais adotivos. E eu aceitei. E me arrependi.

Casais normais fazem isso certo? Mas eu sabia o que aquilo significava. O nosso namoro estava virando algo sério – realmente sério – e aquilo por algum motivo me assustava. Eu teria que começar a agir como a namorada e não como a colega de turma.

- Olha só quem finalmente chegou... - Ana resmungou.

Eu me levantei rapidamente deixando todas as revistas que Ana tinha comprado e colocado no meu colo caírem no chão.

- Eu pego. Vai lá falar com o ra... seu namorado.

Tiago andava desastradamente até nós. Ele tentava, sem muito sucesso, carregar uma quantidade quase absurda de malas. Seu cabelo estava maior e mais despenteado que o normal e tinha um bronzeado de dar inveja. Eu caminhei até ele e peguei uma mala da sua mão. Ele sorriu e beijou o meu rosto.

- Senti saudade.

Eu tentei dizer alguma coisa, uma palavra carinhosa que o confortasse e fizesse com que ele tivesse certeza dos meus sentimentos. Porém, um enorme caroço se formou na minha garganta me impedindo de dizer qualquer coisa. Eu apenas sorri, tentando reconfortá-lo.

- Ah, a Ana veio com você... - Ele fez uma careta.

- Onde estão os seus pais? - Eu perguntei, tentando mudar de assunto.

- Eles já estão chegando... A festa ainda está de pé?

Eu mordi o lábio com força.

- Não é bem uma festa...

- Tanto faz. Eu só...queria dizer que...

- Eu acho melhor você ir para casa e depois ir para o meu apartamento. Você deve estar cansado... - Eu o cortei.

Tiago assentiu um tanto desapontado pela a minha frieza.

Eu olhei fixamente em seus olhos. Eu gostava dele; de uma maneira estranha, mas eu gostava dele. Mas por que eu não conseguia dizer isso? Ou demonstrar? Eu desejei ser uma pessoal normal, ser a namorada que Tiago sempre sonhou, ser uma Melanie que ele idealizava. Entretanto, eu sabia que nunca seria essa pessoa. Eu nunca seria normal.

 ***

- Por que você não pega leve na bebida? Só porque você fez dezoito anos quer dizer que você pode ficar bêbado por aí... - Eu resmunguei mal humorada.

Tyler deu outro gole da sua cerveja, limpou a boca com a mão e me encarou. Apesar de ser seu aniversário e apesar de todos os seus amigos estarem no nosso apartamento comemorando, ele parecia estar completamente irritado.

Ele me olhava de tal forma que eu me perguntei se provocá-lo tinha sido uma boa ideia. Entretanto, ele apenas revirou os olhos.

- Por que você não cala essa boca? - Ele rebateu.

Eu não fiquei surpresa por esse tipo de resposta. Era assim que ele me tratava praticamente todos os dias; cada vez mais grosseiro e mais infantil. Cláudia estava sempre discutindo com ele, tentando dar a ele o mínimo de educação, mas nada adiantava.

Eu respirei fundo e me sentei na pequena cadeira, tentando me afastar de Tyler. A varanda do apartamento não era muito grande, mas era grande o suficiente para me manter afastada.

Tyler continuou bebendo e olhando para a rua bastante barulhenta e movimentada. Eu sabia que ele queria ficar sozinho, mas a varanda era o único lugar vazio da casa e eu precisava de um refúgio no momento.

Eu mordi o lábio e comecei a mexer no meu vestido, tentando me manter ocupada. Depois de aproximadamente cinco minutos, Tyler olhou para mim e murmurou:

- Isso é ridículo, não é?

Eu limpei a garganta.

- O que?

- Essa “festa” - Ele fez as aspas com os dedos.

- Tenho que admitir que você não parece ser o tipo de pessoa que faz festinhas intimas...

Ele deu um sorriso que não chegou aos seus olhos.

- Eu odeio isso.

Eu franzi o cenho.

Odeia o que?”

Cláudia e John agindo como se fossemos uma família feliz. É patético.”

E nós não somos?”

Tyler bufou.

Você vê como eles me tratam... Cláudia briga comigo o tempo inteiro e John sempre quer que eu seja algo que eu não sou. Idiotas”

Será que você pode simplesmente chamá-la de mãe? E eles são boas pessoas e querem o melhor para você. Talvez se você parasse de agir como uma criança o tempo inteiro...”

Não fala o que você não sabe, por favor. Por que você não vai viver sua vidinha patética com aquele imbecil?”

Eu me levantei da cadeira, completamente furiosa. Sem pensar duas vezes, eu me aproximei dele e o empurrei, com toda a minha força. Apesar de todo o impulso que fiz Tyler nem sequer se mexeu. Eu pude sentir meu rosto ficar quente e tinha a sensação de que iria explodir de raiva a qualquer momento.

- O único imbecil aqui é você! Você não sabe nada sobre Tiago ou sobre a minha vida. - Eu gritei, sem me preocupar com a possibilidade dos outros ouvirem.

Tyler arregalou os olhos surpreso com a minha reação. Ele era realmente um idiota que achava que suas palavras nunca teriam efeito sobre as pessoas. Mas eu estava prestes à mostrar a ele que não era bem assim.

- Você não tem respeito por ninguém, você não ama ninguém, você sempre humilha as pessoas, passa por cima delas... Você não tem sentimentos? Eu não sou ninguém para te ensinar nada, a vida fará isso por você. Ah, e antes de você falar do MEU NAMORADO por que você não vai cuidar da vadia da Patricia, sua namoradinha?

Eu respirei fundo e abri a porta da varanda, com toma a minha força e a fechei logo em seguida. Eu não olhei para trás para ver a sua expressão e eu sabia que se o fizesse me arrependeria das minhas palavras e pediria desculpas.

Assim que sai da varanda, todo mundo da festa me encarava. Ninguém conversava ou ria só me encaravam de cara feia. Eu não tinha o dom de ler mentes, mas eu sabia exatamente o que eles estavam pensando: Quem era a idiota que teve coragem de brigar com o aniversariante?

Sem conseguir suportar todos aqueles olhares em mim, eu caminhei rapidamente até o meu quarto, empurrando todas as pessoas que ficavam no meu caminho. Eu não me importei em parecer educada, eu já havia queimado o meu filme. Quando finalmente cheguei à porta do meu quarto, eu senti uma mão leve e macia segurar o meu braço, me impedindo de entrar. Sem paciência eu me virei para encarar a criatura que me segurava.

Era Tiago.

- Você está bem, Mel? Nossa você está realmente muito vermelha!

Eu respirei fundo tentando me controlar e ter a minha sanidade de volta.

- Eu... Estou aliviada.

-Todo mundo ouviu os seus gritos, inclusive a Patricia.

Eu sorri, imaginando a Patricia ouvindo os meus gritos e tendo consciência do idiota que Tyler é, mas logo em seguida eu senti ódio de mim mesma. Todo mundo tinha ouvido os meus gritos descontrolados, inclusive a minha família adotiva. Inclusive os pais de Tiago.

- Oh meu deus! Os seus pais estão aqui? - Eu perguntei, me desesperando.

Tiago assentiu. Quando ele notou todo o meu desespero, segurou os meus ombros tentando me confortar, mas eu me afastei, evitando o seu toque.

- Não se preocupe Mel, eles não ligam para isso. Eles sabem que você é adotada e que está tentando se adaptar...

Eu franzi o cenho para ele.

- Eu não estou tentando me adaptar. O problema é Tyler, é sempre ele. Eu não sei se eu sinto raiva ou pena dele, eu acho que ele é um pouco desmiolado.

Tiago revirou os olhos.

- Todos nós sabemos que Tyler tem algum problema mental, mas você poderia esquecê-lo por um segundo? Desde o momento em que cheguei de viagem você só fala nesse seu irmão idiota.

- Mas ele...ele é insuportável. E eu só gritei com ele porque ele falou mal de você!

Tiago balançou a cabeça negativamente.

- Eu sei me defender sozinho, Mel. E se eu não me defendi até agora é porque eu não quero confusão com o irmão da garota que eu amo, certo?

Eu arregalei os olhos, instantaneamente. Ouvir aquilo foi como levar um soco no estômago. Tiago tinha dito que me amava?! Eu pude sentir toda a comida que eu comi hoje se revirando no meu estômago e tive a sensação de que iria vomitar em cima dele. Eu coloquei a mão na boca, tentando evitar esse acontecimento. Tiago olhou para mim, parecendo estar realmente preocupado.

- Mel, você está bem?

Eu respirei fundo e tentei me acalmar. Por que eu estava tão nervosa? Ele só tinha dito, não diretamente, que me amava. Ele é o meu namorado, namorados fazem isso, certo? Mas alguma coisa me deixava extremamente incomodada. - - - Mel, fala comigo!

Eu respirei fundo novamente e sussurrei:

- Eu estou bem, não se preocupe.

Tiago suspirou aliviado.

- Que bom. Mas Mel, você está tão pálida!

Ele segurou o meu rosto com suas mãos delicadas.

- Tem certeza de que você está bem? Eu acho que você vai desmaiar...

Eu também tinha aquela sensação.

- Não se preocupe. - Eu murmurei.

Tiago continuou me segurando até ter certeza de que a cor tinha voltado ao meu rosto. Quando ele notou que eu estava recuperada, finalmente me soltou.

- O que foi isso? Você comeu alguma coisa hoje?

Eu assenti.

- Não foi nada demais, ás vezes eu fico assim. - Eu menti.

Tiago franziu o cenho, mas não disse nada. Eu mordi o lábio, tentando lutar com os sentimentos dentro de mim. Eu deveria estar feliz. Alguém havia dito que me amava e esse alguém era Tiago, alguém que eu...gostava muito. Mas eu me sentia travada.

Eu mordi o lábio com mais força até criar coragem e dizer:

- Você disse que me ama?

Tiago sorriu para mim e novamente segurou o meu rosto, me impedindo de olhar para qualquer outro lugar se não o seu rosto.

- Sim, Melanie Copperland, eu amo você.

Eu engoli em seco. Ele me olhava de uma forma, como se esperasse por uma resposta. Eu abri a boca e esperei que as palavras saíssem da minha boca. Era uma frase simples, mas por algum motivo, eu não conseguia dizê-las. Era como se eu tivesse desaprendido a falar. Cinco minutos depois, Tiago soltou o meu rosto e segurou minhas mãos.

- Sem pressão, você não precisa me responder agora.

Eu tentei sorrir para ele, mas acabei fazendo uma careta.

- E é porque eu amo você, que eu faço questão de te apresentar os meus pais.

Eu suspirei, sabendo que aquele momento era inevitável.

- Tudo bem.

Tiago sorriu e se aproximou de mim. Seus lábios tocaram os meus delicadamente. Eu relaxei, deixando a minha boca mole. Tiago segurou minha cintura e começou a realmente me beijar. Eu me deixei levar pelas sensações que aquele beijo me causava.

Beijar Tiago era bom. Eu só tinha beijado dois garotos antes dele, mas eu sabia que o seu beijo fora o melhor. Porque Tiago realmente me beijava, ele queria isso. Ele fazia um esforço que ninguém nunca tinha feito para me agradar.

Eu coloquei minhas mãos em seu cabelo bagunçado e tentei aumentar a intensidade do beijo, mas era impossível. O beijo de Tiago era delicado, nossas línguas mal se tocavam, ele era realmente muito carinhoso.

Desistindo, eu tirei as mãos do cabelo dele e me afastei.

- Uau, Melanie, você nunca fez isso antes. - Ele apontou para o cabelo.

- É...

Por algum motivo eu estava constrangida. Eu tinha um sério problema.

- Vem, vamos conhecer meus pais.

Tiago me conduziu de volta para a sala daquele enorme apartamento. Todo mundo conversava animadamente e ria alto, parecendo ter esquecido o meu ataque. Os pais de Tiago estavam sentados em um canto da sala, conversando com os meus pais adotivos. Do outro lado, Tyler agarrava a cintura de Patricia e a enchia de beijinhos no pescoço. Eu fiz uma careta.

Assim que eu olhei para eles, Tyler parou de beijar Patricia e olhou para mim. Eu olhei fixamente em seus olhos e desejei por um segundo apenas, saber o que ele estava pensando. Ele fez o mesmo ou pior, ele parecia saber exatamente o que eu estava pensando.

Tiago notou e me puxou com força, me levando até o seus pais. Eu me deixei levar.

- Mãe, Pai, essa é a Melanie.

Os pais de Tiago vestiam roupas casuais. O pai de Tiago vestia uma bermuda, uma camisa e chinelos. Já a mãe de Tiago usava uma calça jeans, uma blusa e um tênis. Eles pareciam tão descontraídos que vê-los perto de John e Claudia, pessoas tão elegantes, era um pouco bizarro.

Eles se levantaram e me cumprimentaram. A mãe de Tiago era bem parecida com ele, o mesmo tom de pele, o mesmo tom de cabelo, seus olhos eram grandes e atentos. O pai de Tiago era branco e careca. Seu nariz era exageradamente grande e ele era um tanto robusto. Eu me perguntei se havia alguma semelhança entre ele e Tiago.

-Você é a Melanie! Tiago fala de você vinte e quatro horas! - A mãe de Tiago riu.

Claudia sorriu.

- Mel também fala muito dele.

Eu franzi o cenho, me perguntando quando eu tinha falado de Tiago para ela. E então a conversa começou. Os pais de Tiago me contaram tudo sobre ele, inclusive que eu era sua primeira namorada – Tiago corou e gritou com a mãe nesse momento -, me contaram sobre as viagens que eles costumam fazer e até me chamaram para a casa de praia deles. Eu ficava quieta pensando em outras coisas, mas eu sempre sorria ou assentia nos momentos certo. John também era o único que ficava calado. Ás vezes ele olhava para mim e dava um sorrisinho e eu sorria de volta para ele.

E então eu comecei a observá-lo. Comecei a observar Claudia também, Tyler, as pessoas da festa, o nosso apartamento... Tudo era tão refinado. Eu não me encaixava naquele lugar, tinha crescido em uma casa simples, tinha ido para um orfanato católico, em que as pessoas se acostumavam e se sentiam agradecidas com a simplicidade. Eu olhei para John e me perguntei por que alguém como ele , que já tinha tudo, havia me adotado? Ele já tinha um filho, ele tinha uma profissão, ele tinha uma mulher maravilhosa, ele era rico, tinha um apartamento no Leblon!

- John, posso conversar com você por um instante? - Eu perguntei, sem pensar.

- É claro! - Ele se levantou e eu fiz o mesmo. - Vamos até o escritório, aqui está muito cheio.

Eu assenti.

Quando chegamos ao escritório e John fechou a porta, eu me senti mais tranquila. Estamos rodeados de estantes de livros e eu me senti mais segura. Livros sempre foi o meu refúgio e pareciam ser o de John também.

- Não sabia que você gostava tanto de ler. - Eu murmurei, apontando para as estantes.

Ele deu de ombros.

- Qual é mesmo o ditado? O homem que não lê vive uma vida.

-... Mas o homem que lê vive milhares. - Eu sorri.

Ele sorriu para mim com carinho.

- Você gosta de clássicos. - Eu disse, analisando a estante.

Morro dos ventos uivantes, Romeu e Julieta, Cem anos de solidão... Eu me perguntei por que nunca tinha pedido um livro emprestado.

- Eles são os melhores. E então, o que você quer conversar?

Eu cruzei os braços tentando esconder minhas mãos trêmulas.

- Na verdade, eu quero fazer uma pergunta...

- Sou todo ouvidos.

Eu respirei fundo e perguntei, antes que pudesse me arrepender:

- Por que você me adotou? Digo, eu tenho dezesseis anos, quase ninguém adota pessoas dessa idade.

John sorriu para mim e acariciou o meu rosto. O seu toque foi tão inesperado e estranho que eu estremeci. Sua pele era fria e quando ele tocou o meu rosto, eu tive uma sensação estranha quanto a ele. Era uma sensação indescritível.

- Claudia não pode mais ter filhos.

John parecia chateado, tão chateado que eu resolvi deixar para lá a sensação macabra do seu toque. Eu me senti culpada por ter tocado na ferida, mas o estrago já estava feito.

- Claudia sempre sonhou em ter uma família grande e eu também. Quando ela descobriu que estava grávida do Tyler, foi uma alegria imensa. Porém, Claudia tem uma doença que a impede de ter uma gravidez segura. Ela e Tyler quase morreram no parto.

Eu senti pena de Claudia. Ele era sempre tão adorável com todos e eu sabia que ela não merecia nenhum tipo de sofrimento. Eu senti mais culpa.

- Ela ama Tyler, mas ela sempre quis uma menina. Depois de anos, nós decidimos adotar. Foi um processo longo e nós queríamos um bebê...Mas, quando vimos que você se encaixava no perfil da nossa família, decidimos tentar. - Ele sorriu – Cláudia sentiu pena do fato de você estar a tanto tempo no orfanato. E tenho que admitir que quando eu te vi pela primeira vez... Eu realmente senti que você era a minha filha.

- Eu não sei o que dizer... - Eu murmurei, emocionada.

- Não precisa dizer nada; eu entendo que se sinta confusa, é perfeitamente normal.

- Eu farei de tudo para... Ser a filha que vocês esperam.

John sorriu mais uma vez.

- Você não precisa fazer nada. Você já é.

Eu respirei fundo, tentando conter as minhas emoções.

- Mel, posso te pedir uma coisa?

- Sim.

- Você pode... Me dar um abraço?

Eu assenti. Não podia nem devia negar isso a ele.

Hesitante eu me aproximei e ele me envolveu em seus braços. John era forte e grande e seus braços enormes praticamente engoliam meu corpo minúsculo. Porém, eu não me senti segura com o seu abraço. Eu senti as mesmas sensações ruins, seu corpo gelado contra o meu. Eu tive uma vontade imensa de correr e me esconder no local mais próximo. Entretanto, eu não o afastei.

- Boa garota. - Ele disse, quando eu o soltei. - Agora eu tenho que voltar para a festa.

Eu assenti um tanto confusa com as minhas próprias emoções.

- Por que você não fica aqui e lê um pouco? Soube que cem anos de solidão é o seu livro favorito.

Eu assenti novamente. Ele se virou e foi embora, sem nem sequer dizer mais nada. Quando ele saiu, eu me senti mais tranquila e menos abalada. O silêncio daquele lugar me deixou menos pirada.

Eu corri até a prateleira e peguei o livro cem anos de solidão, ansiosa. Eu me sentei no chão mesmo em frente à prateleira e abri o livro. Assim que eu o abri, um papel caiu de dentro do livro. Confusa, eu o peguei e analisei. Não era um papel, era uma foto.

Atrás da foto havia um endereço confuso. Casa no fim da rua...? Eu achei que fosse alguma coisa importante de John, então coloquei a foto novamente no livro. Porém, quando eu finalmente virei a foto, soltei um grito.

Meu coração acelerou e eu tive a impressão de que entraria em um colapso nervoso. O que aquela foto estava fazendo ali? Eu gritei novamente, assustada. Minhas mãos começaram a tremer e a foto caiu no chão. Minha cabeça martelava e minha visão ficou turva. Meu corpo mais fraco do que nunca caiu no chão e a última coisa que lembrei antes de desmaiar foi o rosto da minha mãe naquela foto.

 ***

- Melanie Copperland!

Eu acordei do meu breve cochilo, assustada. Eu tentei limpar o pouco da saliva que escorria pela a minha boca, mas era tarde demais. Todos olhavam para mim e davam risadinhas silenciosas, zombando da minha cara. O professor me encarou, furioso.

- Já é a segunda vez que você dorme durante a minha aula. Se a senhorita continuar assim vou ser obrigado á lhe dar uma suspensão e então você poderá dormir o tempo que quiser em casa. – Ele quase gritou.

O rosto do meu professor – que eu nem sequer lembrava o nome – ficava vermelho á medida que ele falava. Agora todos os alunos me encaravam esperando por uma reação. Eu tive vontade de me enterrar em um buraco e nunca mais sair de lá. Ou então dar uma resposta bem afiada para o professor, uma resposta que fizesse com que as pessoas parassem de me olhar como se eu fosse uma completa maluca.

Entretanto a única coisa que eu fiz foi pigarrear e sussurrar:

- Eu sinto muito professor, não vai acontecer de novo.

Ele franziu o cenho para mim.

- Fale mais alto, os seus colegas também merecem uma desculpa. Eles estão estudando enquanto você, na cara de pau, está dormindo no meio da aula.

Eu tive mais vontade ainda de dar uma resposta bem aguda para aquele professor, mas eu simplesmente repeti o mais alto que podia:

- Eu sinto muito, não vai acontecer de novo.

Ele soltou um muxoxo e voltou á falar sobre algo que eu não estava nem um pouco interessada.

Apesar de ter prometido, eu senti uma vontade avassaladora de dormir. Minha cabeça latejava e dormindo era o único jeito de me livrar daquela dor insuportável. Eu massageei as minhas têmporas e tentei relaxar, mas era impossível. Nunca tinha sentido uma dor tão forte na cabeça.

O professor continuava a explicar a matéria e apesar de o seu tom de voz não ser muito mais alto que um murmúrio, cada palavra que saía de sua boca era como uma martelada na minha cabeça.

Eu sabia que havia uma pequena nécessaire dentro da minha mochila com um quite básico de primeiros socorros. Perguntei-me se já havia tomado algum comprimido hoje para dor de cabeça e não consegui me lembrar.

Eu franzi o cenho.

A minha cabeça parecia um buraco negro. A única coisa que conseguia lembrar era o momento em que cheguei na sala de aula e comecei a cochilar. Não me lembrava de ter saído de casa, muito menos de ter chegado no colégio. Provavelmente aquela dor de cabeça estava me impedindo de pensar direito. Ou ela tinha levado toda a minha sanidade, se é que eu tinha alguma.

Depois do que pareceu uma eternidade, o professor anunciou:

- Bom, nossa aula acaba por aqui. Não se esqueçam de que o prazo do nosso trabalho é até a semana que vem!

Eu não fazia a mínima ideia de que trabalho ele estava se referindo e não fazia nenhuma questão de me informar. A única coisa que eu queria agora era um analgésico e cama.

Assim que o professor se retirou, as pessoas voltaram a falar em um tom de voz que eu achei absurdo. Por que as pessoas tem sempre que falar tão alto? Qual é a necessidade de se expressar gritando.

Eu abaixei a cabeça e tentei cochilar, pelo menos até a próxima aula começar.

- Meu amor, está tudo bem?

Eu senti uma mão delicada acariciar o meu cabelo. Eu resmunguei e levantei a cabeça, me arrependendo no mesmo momento. A minha cabeça latejou mais do que nunca.

- Ai, que droga! – Eu exclamei, morrendo de dor.

- O que aconteceu?

Tiago se sentou na cadeira vaga ao meu lado. Não era surpresa que ninguém havia se sentado do meu lado - eu era uma esquisita e todos sabiam que aquele era o lugar oficial do Tiago.

- Por que você só chegou agora? – Eu indaguei confusa com toda a situação.

Ele franziu o cenho e me olhou como se eu tivesse sido abduzida.

- Eu tinha dentista, lembra? Tive que chegar mais tarde e eu pedi para que você avisasse a diretora. Ai meu deus, você não avisou?!

Eu mordi o lábio, me sentindo completamente envergonhada.

- Na verdade eu não sei.

- Como assim você não sabe?

Eu dei de ombros.

- Eu não lembro muito bem. – Admiti – Minha cabeça está doendo tanto que tenho preguiça de pensar.

Tiago deu uma risadinha.

Eu estava prestes á fazer um comentário dramático sobre a insensibilidade dele de rir da minha situação, mas antes que eu pudesse fazer isso, uma bolinha de papel bateu na minha testa a caiu no chão. Eu olhei em volta, tentando achar o idiota que tinha feito aquilo, mas todo mundo agia naturalmente, como se nada tivesse acontecido.

- Aquela garota está na série errada. Ela deferia estar no primário. – Eu ouvi Tiago rosnar.

Eu arregalei os olhos e o encarei assustada com sua reação. Ele pegou a bolinha de papel do chão e a abriu. Ele resmungou a amassou a bolinha de novo.

- Ela não perde tempo...

- Quem? – Eu perguntei confusa.

- Patricia, quem mais poderia ser?

- Tiago, eu não entendi...

- Patricia jogou isso em você. Dentro da merda da bolinha de papel ela escreveu a palavra “vadia”. Que é exatamente isso que ela é.

Minha boca se abriu automaticamente formando um pequeno “O”.

- Por que ela fez isso? Qual o problema dela comigo?

- Ambos sabemos que depois da festa do Tyler ela nunca mais foi a mesma com você, Mel.

Eu franzi o cenho.

- Festa do Tyler? Que festa?

- A festa do seu irmão, Melanie! Semana passada... Lembra que você ficou desidratada e desmaiou?

Eu tentei me lembrar de alguma coisa, mas eu não conseguia. Era como se a minha cabeça estivesse afetada. A única coisa que eu conseguia me lembrar era da minha entrada na sala de aula. Eu me sentia um livro de páginas rasgadas.

E, quanto mais eu fazia esforço para tentar lembrar, mais a minha cabeça doía.

Eu suspirei e me rendi.

- Eu... Eu só estou um pouco cansada no momento.

- É, deu para notar.

Para a minha alegria, o murmúrio continuo daquelas pessoas tagarelando cessou de repente. Todos viraram para frente e fingiram ser os alunos mais exemplares da escola. Eu revirei os olhos e virei para frente.

Um homem, que não deveria ter um pouco mais que trinta e cinco anos, entrou na sala de aula. Seu cabelo era extremamente encaracolado e castanho claro. Seus olhos eram azuis bem claros, quase cinza, bem parecidos com os meus. Ele usava óculos pequenos demais para o seu rosto redondo, o que o deixava com um aspecto nerd e engraçado. Ao contrário dos outros professores, ele usava somente uma camisa e calças jeans e não paletós cafonas.

Ele andou desajeitadamente até a sua mesa e colocou um número exagerado de pastas e papeis em cima dela.

Eu sorri. Por algum motivo, eu simpatizei com aquele professor e ele me fez esquecer, por dois segundos, aquela agonizante dor de cabeça.

- Bom dia. – Ele murmurou, quando finalmente conseguiu se organizar.

- Bom dia. – A turma disse em coro.

Ele pigarreou aparentando nervosismo.

- Olá pessoal, o meu nome é Fábio e eu sou o novo professor de literatura. O meu método de ensino é um pouco diferente do método do antigo professor, então vamos tirar esse dia apenas para nos conhecermos, tudo bem? – Fábio sorriu para nós.

Ninguém respondeu e ele encarou aquilo como um sim.

- Muito bem. Eu vou chamar os nomes de vocês, por ordem alfabética e vocês terão que vir até aqui, vocês se apresentarão, me dirão algumas coisas interessantes sobre vocês e por último, o seu livro favorito. Simples assim.

Algumas pessoas resmungaram outras aplaudiram. Eu apenas sorri, animada com a ideia. Eu estava tão intrigada que a minha dor de cabeça deixou de ser um incomodo tão grande. Eu provavelmente era louca.

O pequeno exercício do professor começou, e como eu sabia que não seria chamada tão cedo, abri o meu caderno e comecei a desenhar. Eu adorava desenhar, mas nunca fui uma boa desenhista. Apesar de ter me acostumado com esse fato, eu sempre desenhava para me distrair.

Assim que o meu desenho ficou pronto eu tive certeza de que não era uma boa desenhista. Eu suspirei, arranquei a folha do caderno e a amassei, decepcionada.

Assim que o último aluno com a letra “L” se apresentou, eu respirei fundo. Não gostava de falar em público, não gostava de todos os olhares direcionados para mim, como se eu tivesse alguma coisa relevante á dizer, mas eu sabia que não iria morrer por isso.

Eu já estava pensando no que iria dizer quando eu senti o meu celular vibrar no bolso. Eu não gostava de celulares e não fazia a mínima ideia do por que tinha deixado John me dar um. Eu o peguei rapidamente; uma nova mensagem.

Eu abri a mensagem rapidamente e franzi o cenho ao lê-la.

Melanie,

Eu estou terrivelmente encantado com a sua beleza. Não consigo parar de pensar em você, por mais que eu tente. O problema é que eu sou tolo demais para lhe dizer isso. Os meus princípios simplesmente me impedem de fazer você minha mulher. Mas isso vai mudar, eu prometo.

Apenas isso. O número era desconhecido e a pessoa não havia deixado nenhum tipo de “assinatura” para se identificar. Quem poderia ter me mandado aquela mensagem? Meus princípios? Como assim? Eu olhei para Tiago, me perguntando se aquela havia sido alguma brincadeira da parte dele, para me “testar”. Mas Tiago não era o tipo de pessoa que fazia isso. Além do mais, ele estava concentrado em sua aula e eu sabia que ele não seria capaz de tramar para mim.

No momento em que eu pensei em ligar, o professor chamou:

- M-Melanie Copperland. – Ele gaguejou.

Eu suspirei e guardei o celular. Assim que me levantei o sinal tocou. Todo mundo se levantou animado para o intervalo. Eu dei de ombros e comecei a juntar as minhas coisas.

- O que foi? Você parece um pouco abalada... Ainda está com dor? – Tiago perguntou assim que me acabei, segurando minha mão.

Eu fiz sinal de não com a cabeça.

- Não foi nada.

Tiago assentiu.

- Melanie! – Eu ouvi o professor exclamar assim que saímos da sala.

Eu soltei a mão de Tiago delicadamente.

- É o professor. Provavelmente ele quer conversar sobre o trabalho, eu te encontro na cantina. – Eu murmurei.

Tiago assentiu e me beijou levemente nos lábios.

- Te espero lá.

Fábio ainda estava arrumando os papeis na sua mesa quando eu voltei. Eu bati levemente na porta – que já estava aberta – para anunciar a minha chegada. Assim que me viu, ele sorriu.

Ele segurava uma pilha de papeis e estava prestes a deixa-las cair. Eu corri até ele e peguei uma pequena pilha, tentando ajuda-lo. Quando ele finalmente conseguiu guardar todos os papeis dentro da sua bolsa, com a minha ajuda, ele sorriu mais uma vez.

- Aconteceu alguma coisa, professor?

- Não, eu só estava curioso com relação á você. Você é realmente a Melanie?

- Sim, sou eu.

Eu pude vê-lo respirar fundo. Seu rosto sorridente ficou sem expressão por alguns segundos e seu rosto empalideceu. Eu pensei que ele iria desmaiar e estava pronta para chamar ajuda, mas ele se recuperou rapidamente.

Ele sorriu novamente para mim.

- Eu estava curioso... Eu vi o brilho nos seus olhos quando falei sobre livros. Você gosta de ler ou eu estou sendo um louco?

Eu ri.

- Não, eu realmente gosto muito de ler. Ajuda-me á sair desse mundo louco por algum tempo.

Ele assentiu, parecendo estar orgulhoso.

- Eu me senti bastante decepcionado quando vi que metade da turma não lê. Você é a minha última esperança.

Eu sorri, achando estranha aquela proximidade repentina.

- Se você não se importa, gostaria de lhe dar uma coisa.

Ele abriu a sua bolsa cheia de papeis. Depois de revirá-la por um tempo, ele pegou um livro e a fechou. Ele sorriu para mim e me entregou.

- Quer que eu faça um trabalho sobre ele?

- Não exatamente. Eu estou te dando.

Eu arregalei os olhos, surpresa com aquela atitude.

- É um livro bem antigo, foi o meu primeiro livro. Era da minha avó.

Eu o folheei e fiquei surpresa com o ótimo estado do livro, apesar da brochura.

- Eu não posso aceitar professor. Parece ser um livro especial para você.

Ele deu de ombros.

- É algo de família, você não pode dar para uma simples aluna.

Ele deu de ombros.

- Minha família está acabada. – Ele pareceu comentar sem pensar.

Eu pude ver a tristeza em seu olhar e decidi não ficar me prolongando nesse assunto.

- Acho que você fará bom uso. – Ele comentou depois de um tempo.

Eu sorri.

- Muito obrigado, professor. É muita gentileza.

Ele assentiu.

- Você pode ir agora.

Eu guardei o livro na minha mochila e saí da sala rapidamente, achando aquilo um pouco estranho.

 ***

- Parece que alguém tem um admirador secreto. – Ana cantarolou.

Eu suspirei e meu celular vibrou mais uma vez. Outra mensagem. Eu já não aguentava mais. Durante todo o dia tinha sido a mesma coisa; uma mensagem á cada hora. Sem contar os bilhetes dentro do armário do colégio. Bilhetes de amor que eu não tinha tido a coragem me mostrar para ninguém além de Ana.

- Tiago vai ficar furioso... – Ela murmurou, lendo um dos bilhetes.

- Ele não vai saber. Isso tudo não significa nada, mesmo.

Ana ergueu uma sobrancelha para mim.

- Você não tem o mínimo de curiosidade em saber quem é?

Eu tinha, é claro. Tinha que admitir que a pessoa que estava me mandando os bilhetes escrevia muito bem. Poemas famosos e citações dos meus livros favoritos. Como essa pessoa sabia que eu estava lendo Cem anos de solidão novamente? Ou a minha cor favorita? Ou até mesmo os meus gostos para comida? Eu sabia que alguém muito próximo estava me mandando aquelas mensagens, mas eu sentia que não passava que uma grande piada. Alguém queria pregar uma peça em mim, eu tinha quase certeza disso.

Quando expliquei isso á Ana, ela riu.

- Mel, por favor! A pessoa não pode estar apaixonada por você?

- Eu não consigo imaginar...

- Caramba! Olha para você! Você é loira, linda, tem os olhos azuis perfeitos, um corpo de violão de dar inveja! Que homem não se sentiria atraído por você?!

- Eu...

Ana revirou os olhos.

- Vá ler a sua mensagem.

Eu peguei o celular e abri a mensagem. Desta vez não havia nenhum poema, mas sim uma proposta tentadora.

Quer me encontrar? A hora que você quiser. Estarei te esperando, sempre.

E então haviam me mandado um endereço. Aparentemente, era um endereço normal, mas alguma coisa naquele endereço me deu calafrios. “Casa no fim da rua”. Uma sensação de deja vu tomou conta do meu corpo. Eu sabia que tinha visto esse endereço em algum lugar, mas não conseguia me lembrar onde.

- Mel, tudo bem? Você está tremendo!

Eu senti o meu corpo todo estremecer.

- Eu... Estou... Bem.

Ana franziu o cenho.

Eu olhei para a mensagem mais uma vez e senti... Medo. Sem pensar duas vezes eu desliguei o celular e não o liguei de novo naquela noite.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Não se esqueçam de deixar a opinião de vocês nos comentários, significa muito!
Queria agradecer á todos os comentários de vocês, realmente significa MUITO para mim. Vocês não tem noção da minha felicidade em saber que vocês se interessam pela história.
Adoro vocês,
Beijão!



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