O Coração Dos Quatro Elementos escrita por MisuhoTita


Capítulo 32
Liberdade




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Merat...

O Mago das Trevas leva o dedo indicador aos lábios, ordenando para que Lícia faça silêncio, enquanto os dois observam o quarteto passar. E, obedecendo a Seu Soberano, a Mensageira da Morte faz o que lhe é solicitado e, até respira devagar, a fim de que sua respiração não possa ser ouvida pelo quarteto.

Os olhos do homem mais perigoso que Merat já conheceu apenas observa a cena que se desenrola bem diante de seus olhos, com um sorriso que é pura maldade em seus lábios. Sabe perfeitamente bem pra onde esses idiotas estão indo, e, um plano começa a se formar em sua mente.

Se eles acham que irá fazê-lo de idiota, estão redondamente enganados! Matará os quatro com as suas próprias mãos e, da pior forma possível, para então mostrar a todos os habitantes de Merat vejam o que acontece com todos aqueles que o desafiam e que vão contra a sua vontade!

Não demora muito e, o quarteto some da vista do Mago das Trevas e, assim que isso acontece, os dois descem da árvore e, o Mago mais perigoso que Merat já conheceu olha para a direção em que os quatro sumiram de sua vista.

— Lícia, parece que o que nós iríamos fazer neste exato momento terá de esperar. – fala o Mago das Trevas, com um sorriso que é pura maldade em seus lábios.

— Vamos segui-los, Meu Soberano? – questiona a Mensageira da Morte.

— Ainda não, Lícia. – responde o vilão, os olhos brilhando de tanta maldade – Sei exatamente para onde eles estão indo.

— Se me permite dizer, Meu Soberano, não é preciso nem imaginar para onde estão indo. É bastante previsível.

— Previsível até demais.

— Mas, nós vamos mudar o rumo dessa brincadeira, Lícia.

— O que Meu Soberano quer dizer com isso?

— Que esta noite, minha cara Lícia, veremos os mais belos fogos de artifícios, regados com tortura e uma boa dose de crueldade!

O ouvir estas palavras, um sorriso que é a mais pura maldade cruza o rosto da ruiva, em antecipação. Se tem uma coisa que ela gosta muito, é de ver sangue, mortes e crueldade, principalmente quando ela é quem tortura seus inimigos, até a morte.

Só de ouvir Seu Soberano falando em fogos de artifício, ela já sabe o que vai acontecer e, seus olhos brilham em antecipação, pois sabe que o mais cruel dos espetáculos da morte está prestes a começar! E irá adorar fazer parte de tudo isso!

Ao lado do Mago das Trevas, começa a caminhar, tomando um rumo completamente diferente do rumo que tinham em mente inicialmente, mas que, irá proporcionar a eles um espetáculo muito mais proveitoso. Um espetáculo em que o sangue de vários magos será derramado e que, com um pouco de sorte, ela terá, finalmente, a chance de se vingar daquele que fora o único a conseguir lhe vencer!

Não se esqueceu, em momento algum, da grande humilhação que aquele maldito Mago lhe fizera passar e, está disposta a se vingar!

Fará com que ele pague da pior forma possível pela humilhação daquela luta.

E, ele pagará com a própria vida!

*****

Misuki anda em círculos na pequena sala de sua casa, preocupada com o que está por vir. Sabe que, em cima da importante decisão que tomou, muito está em jogo. Porém, não consegue se arrepender por ter dito o sei “sim” a Benn. Muito pelo contrário, a cada segundo que passa, seu coração anseia mais e mais pela liberdade, há tanto tempo perdida.

Se pega pensando em como será estar fora desta casa, sentir a brisa do vento de encontro a sua face e fazendo os seus cabelos voarem... Pensa em como será bom sentir novamente o doce sabor da liberdade...

Liberdade que ela perdeu no dia em que se apaixonou perdidamente pelo homem que é conhecido em Merat como o Mago das Trevas... Em seu coração, ainda sente um grande amor por este homem e, não sabe o que fará em seguida, muito menos o que fará se, quando estiver em liberdade, o seu caminho se cruzar com o do Mago das Trevas...

Mas, ela sabe de uma coisa... Sabe que necessita de sua liberdade como necessita do ar para respirar e, aguarda com muita ansiedade o momento em que Benn aparecerá em sua porta, conforme prometeu...

Seu coração bate cada vez mais rápido em seu peito, enquanto aguarda a chegada de Benn. Se pega pensando no que irá fazer com a sua tão sonhada liberdade e, percebe, que para esta pergunta, ela ainda não tem uma resposta.

Mas, no momento, isso não importa. No momento, tudo o que importa é a chegada de Benn... Pois com ele, chegará também o fim de longos anos de uma prisão solitária da qual ela, cega de amor, concordou com ela, de livre e espontânea vontade, sem nem imaginar o alto preço que teria de pagar por isso...

Mas agora, anos depois, isso está prestes a acabar. Agora, tudo o que importa é que anos de solidão estão para acabar...

Sabe que, quando o seu amor descobrir o que ela fez, jamais a perdoará e, muito provavelmente irá querer mata-la, pois é isso que ele faz com todos aqueles que são contra a sua vontade. Mas isso, no momento, não importa.

Se a morte é o preço que terá de pagar para ser livre outra vez, ela o pagará de bom grado, pois, pelo menos, antes de morrer saberá novamente o que é ser verdadeiramente livre.

Com o coração completamente apertado, Misuki deixa de caminhar em círculos, e, vai até seu quarto, onde Alexya está sentadinha em sua cama, segurando um pequeno ursinho de pelúcia e olhando fixamente para a janela.

— Alexya, pode vir um pouco comigo, meu amor? – fala Misuki, a voz carregada de carinho.

— Tá bom, tia Misuki. – responde a criança.

A pequena Alexya se levanta da cama e, ainda com o ursinho de pelúcia em suas mãos, caminha até Misuki que, com todo o carinho do mundo, pega a pequena criança em seus braços, para em seguida caminhar até a porta de sua casa, abrindo-a, e, olhando para o lado de fora, esperando a iminente chegada de Benn.

— Não vamos sair, tia Misuki? – pergunta a criança.

— Não, minha querida. – responde Misuki, a voz carregada de carinho.

— Por quê?

— Porque nós estamos esperando a chegada de alguém.

— É mesmo?

— Sim, minha querida menina.

— E de quem nós estamos esperando a chegada?

— De um amigo, Alexya...

Misuki profere esta última frase com uma voz quase inaudível, e, mal ela termina de falar e, ela começa a ver, ao longe, sombras se aproximando, ao mesmo tempo em que seu coração começa a bater de forma completamente descompassada em seu peito.

Sabe que, quem está se aproximando é Benn e, ter essa certeza só faz com que seu coração comece a bater de forma cada vez mais descompassada, pois sabe que muito depende desse momento. E, não é apenas o seu futuro, como também o futuro dessa inocente criança que tem em seus braços.

Seu coração continua a bater de forma totalmente descompassada em seu peito enquanto, pouco a pouco, ela percebe a sombra ganhando forma e, já consegue definir Benn, o homem que conhece há tão pouco tempo, mas que já é capaz de reconhecer em qualquer lugar.

Mas, conforme Benn vai se aproximando, ela percebe que ele não está sozinho e, logo atrás dele, ela vê três pessoas, dois homens e uma mulher. Percebe claramente uma grande semelhança entre os dois homens e, antes que possa dizer qualquer coisa, vê um sorriso infantil se formando nos lábios de Alexya.

— É o meu papai! – exclama a menina, a voz repleta de alegria – E o meu titio Alexei!

— O que?!

Em seu interior, Misuki começa a entrar em desespero, pois, não imaginava que Benn viria acompanhado? E se, como seu amor sempre lhe disse, essas pessoas que estão com ele quiserem lhe fazer algum mal, só porque ela ama o homem que tem por objetivo ser o senhor do mundo?

A loira não tem tempo de pensar em uma resposta, pois, antes que se dê conta, Benn, acompanhado dos três desconhecidos, estão na porta de sua casa, bem diante de seus olhos.

— Papai! – Alexya tenta dar os braços para o pai, mas, a barreira invisível que cerca a casa impede a menina de fazê-lo.

— Aguente mais um pouco, meu amor! – a voz de Andrew se faz ouvir – Logo o papai vai pegar você no colo!

— Benn, o que significa isso? – Misuki cobra explicações – Em momento algum você disse que viria acompanhado? Acaso está querendo me enganar?

— De forma alguma, Misuki. – responde Benn, com um sorriso sereno – Ao contrário, eles estão aqui apenas para ajudar.

— Ajudar?! – a voz de Misuki é cada vez mais confusa – O que isso quer dizer?

— Quer dizer que eu vou cumprir a minha palavra, minha cara Misuki. – Benn responde, sem deixar de sorrir – Estes são Alexei, Andrew e Aisha e, eles estão aqui para ajudar.

— Ajudar?

— Ajudar a libertar não apenas você, como também esta criança que está em seus braços.

— Benn...

— Confie em mim, senhorita Misuki, e, eu prometo que não irei decepcioná-la. Vai dar tudo certo, e, mais uma vez eu peço, confie em mim.

Ao ouvir as palavras de Benn, Misuki fica sem palavras, pois, por mais absurdo que possa parecer, ela confia em Benn. Sentiu por ele, desde o início, uma empatia muito grande e, seu coração lhe diz claramente que pode confiar neste homem, por mais incrível que possa parecer.

— Benn. – Misuki volta a falar – Sei que a sua intenção é boa e que você quer me ajudar, mas, tem certeza de que isso realmente vai dar certo? Você sabe muito bem que, esta casa é envolvida por uma poderosa barreira e que, só o homem que a criou é capaz de removê-la.

— Engano seu, minha doce Misuki. Sei que você pensa que, o Mago das Trevas é o único capaz de retirar esta barreira, mas, a verdade é completamente diferente do que você imagina.

— O que quer dizer com isso?

— Que existe uma forma de quebrarmos essa barreira, mas, você e eu não conseguiremos sozinhos. Nós vamos precisar de ajuda.

— Que ajuda?

— A ajuda de Andrew, Alexei e Aisha. Além da sua própria. Agora me responda, Misuki, está mesmo disposta a isso? Ainda está em tempo de desistir, se esse for o seu desejo.

— Não... – a voz de Misuki é cheia de incertezas – Não vou desistir... Não depois de ter ido tão longe...

— Então prepare-se Misuki, porque sua espera chegou ao fim. Sua libertação acontecerá agora! Mas, para isso, vou precisar de sua ajuda, bem como da ajuda de meus amigos.

— E como eu posso ajudar?

— Para que possamos quebrar a magia de alguém tão poderoso quanto o Mago das Trevas, é necessário que tenhamos um poder igualmente poderoso. Só que, como nós bem sabemos, para apenas um de nós, isso é humanamente impossível. Porém, se juntarmos todos os nossos poderes...

— Poderemos ter um nível de poder que chegue perto ao daquele homem e, com isso, quebraremos a magia dele. – completa Alexei.

— Exatamente. – concorda Andrew.

— Se todos nós concordarmos e, unirmos as nossas auras mágicas, isso vai acabar muito antes do que imaginamos e, finalmente, Misuki e Alexya estarão livres desta prisão invisível. – Benn volta a falar – Essa é a única forma, porém, eu não vou obrigar ninguém a fazer isso.

— E nem precisa. – a voz de Andrew se faz ouvir – Por minha filha eu sou capaz de tudo. Conte comigo.

— Comigo também. – Alexei faz coro com o irmão.

— E também comigo. – é a vez de Aisha falar.

— E comigo. – a voz de Misuki é carregada de incertezas, mas não com relação a este momento e sim, ao futuro – Eu disse o meu sim, e, irei até o fim!

— Já que todos concordamos, não vamos perder mais tempo. – Benn volta a falar.

E, após dizer estas palavras, o Mago fecha os olhos, começando a concentrar todo o seu poder e, uma aura azul começa a tomar o seu corpo, potencializando o poder da água, o poder de sua casa.

Imitando o seu gesto, Andrew, Alexei e Aisha fazem o mesmo, fechando os seus olhos e começando a se concentrar, para que todo o poder da magia da água comece a circundar os corpos dos três, externando a magia que habita dentro de seus corações.

As quatro auras se juntam, formando uma só e, mostrando um poder que somente a união de três magos da mesma casa é capaz de fazer. Um poder fantástico mas que, mesmo parecendo infinito, sozinho, não é capaz de quebrar a poderosa barreira criada pelo perigoso Mago das Trevas.

A um sinal de Benn, Misuki, delicadamente, coloca a pequena Alexya no chão e, leva às duas mãos a seu coração, para em seguida fechar os seus olhos e começar a concentrar o seu poder, da mesma forma que Benn e os outros estão fazendo.

Pouco a pouco, a jovem começa a sentir todo o seu corpo ser preenchido pelo poder mágico da água, o elemento que a preenche. O Elemento de Sua Casa. Por vários anos, desde que se envolveu com o Mago das Trevas, deixou seu poder adormecido, pois nunca precisou usar a magia.

Sente, pouco a pouco, todo o grande poder da água tomando o seu interior, e, a preenchendo, como se ela e a água novamente fossem uma só. E, pouco a pouco, esse poder começa a se externar, fazendo com que uma aura azulada tome conta de seu corpo, da mesma forma que acontece com seus amigos.

Os poderes de todos começam a se combinar e, as auras da magia das águas tomam o céu, explodindo em luzes e tomando todo àquele local, envolvendo-o em sua grande aura, tanto do lado de dentro da casa, quanto do lado de fora.

O poder ali libertado é tanto que, um grande estrondo, como se vidros se estilhaçassem em um milhão de pedaços é ouvido e, quando todo o espetáculo de luzes para de brilhar, e todas as auras combinadas desaparecem, levando consigo a barreira invisível criada pelo perigoso Mago das Trevas.

Com os olhos arregalados tanto de medo quanto de tensão, Misuki apenas observa à pequena Alexya, com toda a sua inocência de criança, atravessar a porta que, até segundos atrás era intransponível e, com um sorriso infantil em seus lábios, correr de encontro ao pai, que a abraça com os olhos repletos de lágrimas e a pega em seus braços.

— Papai...! – exclama a pequena, envolvendo o pescoço do pai com seus bracinhos – Eu estava com saudades do senhor!

— Eu também estava com saudades de você, meu docinho! – a voz de Andrew é carregada de emoção, ao mesmo tempo em que seu rosto é tomado por lágrimas da mais pura das emoções – Você não imagina o quanto, Alexya!

— Eu te amo, papai!

— Eu também te amo, minha filhinha, do meu coração. Você não imagina o quanto.

Alexei se aproxima e, se junta ao abraço dos dois, em uma cena comovente. E, enquanto os três permanece abraçados, em uma cena que faz com que os olhos de Aisha se encham de lágrimas, tamanha a emoção que sente, Benn começa a caminhar em direção à porta da casa, onde, Misuki continua estática, sem fazer qualquer menção de se mexer.

O Mago para em frente à porta e, com um sorriso sereno em seus lábios estende o braço e abre sua mão, em um claro gesto para que Misuki o acompanhe, para a sua tão sonhada liberdade.

— Minha querida Misuki, chegou a hora de você caminhar para a sua tão sonhada liberdade. Venha comigo, minha querida, pois uma nova vida a espera.

Com o corpo um pouco trêmulo devido ao misto de emoções que toma conta de seu coração, Misuki também estende a sua mão e, um breve toque acontece entre homem e mulher, toque este que faz a pele de Misuki tremer ligeiramente.

A jovem começa a sentir o seu coração transpassar e a bater cada vez mais depressa, só com o contato da pele de Benn contra a sua e, ela simplesmente não sabe o que pensar e, a única coisa que faz é se deixar levar por essa nova emoção que está sentindo.

Com uma delicadeza em demasia, Benn fecha a palma de sua mão contra a mão de Misuki e, começa a caminhar, instigando a jovem a caminhar e a segui-lo. Com passos lentos e relutantes, a jovem começa a segui-lo, sem deixar de soltar a sua mão e, quando se dá conta, Misuki já está fora da casa que, por tantos anos, fora prisioneira.

Caminham alguns metros para longe da casa e então param. Misuki olha para o céu e respira fundo. Pela primeira vez em anos, respirando o doce sabor da liberdade. Com o olhar ainda incerto, começa a olhar em volta, vendo que, verdadeiramente, está livre...

E, ter esta certeza de que enfim está livre, faz com que seu coração seja tomado por uma felicidade sem tamanho. Sem que ao menos consiga segurar, as lágrimas invadem livremente a sua face e, tamanha a felicidade que sente, que parece não caber dentro de si.

Solta a mão de Benn para, levar as duas mãos a seu coração, para sentir melhor todas as emoções que tomam conta de seu ser de forma tão intensa...

Nunca imaginou que isso realmente pudesse acontecer... Nunca imaginou que, verdadeiramente isso pudesse ser livro, se sentir o doce sabor dessa tão sonhada liberdade é, sem a menor sombra de dúvidas, muito melhor do que ela poderia imaginar...

— Senhorita Misuki... – a voz calma de Benn tira Misuki de seus pensamentos.

— Perdoe-me, Benn. – fala a loira, a voz completamente embargada pela emoção – Mas é que eu simplesmente não consegui evitar.

— Não há o que perdoar, senhorita Misuki. – Benn volta a falar – É totalmente compreensível que, a senhorita esteja emocionada em um momento como esse.

Misuki quer responder mas, sente uma energia que ela conhece muito bem e, um frio começa a percorrer a sua espinha, ao mesmo tempo em que sua expressão muda totalmente, da felicidade para o medo, fato que não passa despercebido por Aisha.

— O que foi? – pergunta Aisha, sem entender a mudança de expressão de Misuki.

Misuki não tem tempo de responder, pois, na frente do grupo, surge do nada o Mago das Trevas, acompanhado de Lícia.


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Notas finais do capítulo

CONTINUA...



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