Premonição 5: Água Negra escrita por Lerd


Capítulo 2
Pourquoi Tu Gâches Ta Vie?


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo :D Nesse, o acidente! Espero que gostem! o
E AH! O título desse capítulo foi retirado dessa música: http://letras.mus.br/mika/emily/#original e significa "Por que você está desperdiçando sua vida?". Essa música aliás me serviu de inspiração na hora de criar a Emily XD



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O que é isto?

Tum. Tum.

Emily suspirou.

Leon aproximava-se mais rápido do que ela poderia arriscar desejar. Por favor, não.

Tum. Tum.

Era seu coração?

Não. Eu amo Mikey. Mas Leon não parecia se importar com isso, nem seu coração. O rapaz era tão impressionante cara a cara quanto era atrás de uma tela. Talvez até mais.

Leon carregava uma câmera em seu pescoço, e foi esta a primeira coisa reconhecível nele. Era uma câmera cara e excêntrica, verde fosforescente e brilhante. Emily sabia que o rapaz chamava-a de Alien. Depois, ela notou os olhos dele. Verdes e brilhantes, com nuances cinzentas e amarronzadas. Mas feroz e primariamente verdes. O nariz e a boca eram comuns, e havia uma rala barba crescendo em seu rosto; era uma penugem castanha clara de fazer inveja a qualquer pré-adolescente, mas isso era o máximo que podia ser dito em seu favor. A sobrancelha era cuidada demais, os lábios rosados demais. A pele era branquíssima, e os cabelos castanhos escuros eram curtos e repicados.

Isso foi um erro.

Emily apertou a mão de Mikey com força, e com a outra acenou para Leon. Só quando o rapaz retribuiu seu gesto e passou a seguir na direção dela, foi que a garota notou a mulher que estava junto do egípcio.

Ela devia ser a tal Abi que ele mencionara. A garota era alta, extremamente alta. Emily julgou um metro e oitenta, fácil, para ela, e isto sem o salto gigantesco que usava. Abi era negra, e tinha os cabelos castanhos claros lisos e muito compridos, caindo até seu quadril. Tinha um rosto comum: boca e nariz grandes e largos, olhos vivos e escuros, cílios postiços gigantescos. Os seios eram fartos, e ela vestia-se como uma rainha africana.

Pourquoi tu gâches ta vie? — Leon disse, quando tinha se aproximado o suficiente. Emily correu e abraçou-o. O abraço durou muito tempo, mais do que a garota gostaria. Quando se soltou, disse qualquer coisa em francês ao rapaz, riu, e pôs-se a apresentá-lo aos amigos. Primeiro à Mikey, e então a Johnny e os outros. Demorou-se em Krista, já que a garota falava muito. E então foi a vez de Leon apresentar Abi.

— Quanto você tem de altura?! — Krista perguntou, indelicada.

Abi riu.

— Um e oitenta e um. Sem o salto.

— Pelo amor de Deus... — E antes que seu comentário soasse da maneira errada: — Eu não sei se sinto mais inveja desse seu quadril perfeito ou desse seu cabelo maravilhoso.

Todos riram, inclusive a egípcia, que agradeceu o elogio. Ela tinha um sotaque diferente que Emily não soube dizer de onde era. O de Leon era claro: um sotaque francês. Essa era outra das coisas em Leon que fascinava Emily: ele falava o árabe de seu país de origem, mas também sabia russo, francês e inglês. O russo viera de seus avós e pais, que não eram nativos do Egito. O inglês vinha de cursos, e o francês de sua estadia de dez anos na França. Emily também falava francês, mas era só.

— Bom, temos de embarcar. Teremos tempo de colocar a conversa em dia durante a viagem. — Johnny disse, e todos concordaram.

O grupo de nove pessoas embarcou, e Emily deixou-se ficar para trás alguns segundos, mas logo Krista apareceu e puxou-a para seguir caminho.

— Vamos, tartaruga. O navio já está saindo.

E realmente estava. Todos os passageiros já estavam ali dentro, descobrindo com olhares fascinados o Rainha Fohtaed. O cruzeiro era modesto se comparado a outros com a mesma finalidade, mas mesmo assim parecia gigantesco para Emily. Ela ouvira dizer que ele tinha capacidade para mais de oitocentos passageiros e metade dessa quantia em tripulantes.

Emily ouviu a música que saía dos fones de ouvido que Jade colocara, e reconheceu a faixa. Oops! I Did It Again, da Britney Spears. A garota com os fones andava de mãos dadas com Johnny, rindo. Krista seguia mais a frente, conversando com Francis. Leon ficara quase próximo de Emily, ao lado de Abi. E Mikey, claro, estava ao seu lado.

— Eu vou ao banheiro, licença. — Ajay falou, e saiu correndo, deixando suas malas com o irmão.

Dentro do Rainha havia crianças de mãos dadas com os pais, senhores idosos com câmeras, gestantes; Emily chegara até a ver um rapaz cadeirante. Bebês também estavam incluídos, a maioria deles nos braços dos pais, ambos admirando o cais.

Emily sorriu involuntariamente.

Então ouviu um burburinho, e uma mulher oriental entrou esbaforida. Atrasou-se. Mas acontece. Ao lado dela estava um garotinho pequeno e sorridente. A mulher passou por eles, e Emily resolveu interceptá-la, talvez para que se ela se sentisse menos envergonhada:

— Seu filho?

— Sim.

A loira sorriu para o garotinho. Abaixou-se na altura dele e perguntou:

— Qual seu nome, coisinha bonita?

— Pete.

— Nós estamos viajando para visitar minha mãe. Faz anos desde a última vez que o Pete viu a avó.

Johnny, que estava próximo, comentou:

— Eu também. Nós também estamos indo visitar nossa vó.

A oriental pareceu confusa.

— Você é...?

— Ele é meu irmão. Aliás, me perdoe à falta de educação. Meu nome é Emily, e ele é o Johnny. — E então sentiu um leve puxão que Mikey lhe deu. — E esse é o meu namorado Mikey. — O rapaz então sorriu. — Qual seu nome?

— Rebecca. Rebecca Kikuchi. É um prazer.

E então o Rainha Fohtaed saiu do cais.

Alguns aplaudiram, e Krista estava entre eles. A garota não se demorou em ficar apenas de biquíni e deitar em uma das muitas cadeiras reclináveis do navio. Francis sentou-se na cadeira ao lado, acanhado. Krista riu das maneiras dele.

— Tira a camisa, toma um sol. Você é muito branco. — E antes que Francis pudesse dizer qualquer coisa a garota já desabotoava a camisa dele. O rapaz gaguejou, mas não conseguiu impedi-la.

Emily achou graça da situação. E, mais do que tudo, sentiu-se aliviada. Aliviada, sim. Temera que Krista fosse ser a primeira a tornar as muletas de Francis um problema e uma piada. Mas o que estava acontecendo era exatamente o contrário disso, e ela só podia sorrir.

Pediu licença à Mikey e seguiu para conversar com Leon e Abi. Os dois estavam sentados em frente a um balcão onde uma garota de aparência havaiana preparava coquetéis.

— E aí? Tirou muitas fotos?

— Algumas. Tirei uma sua.

— Tirou é?

— Pois é. E você nem percebeu. — E riu. Emily estava prestes a respondê-lo com outra brincadeira, mas então veio o primeiro baque.

Um impacto de leve, e os copos na mesa tremeram. Houve alguns comentários de passageiros, mas logo tudo voltou ao normal. Abi comentou:

— Ufa. Essa assustou.

E então houve um segundo impacto, esse com mais força. Os copos caíram e quebraram, e algumas pessoas também. Emily ouviu o grito de uma senhora, e então soube o que exatamente estava acontecendo.

— Johnny. — Ela murmurou, e saiu de perto de Abi e Leon. Mesmo assim, os dois a seguiram. Emily gritou: — Johnny! Mikey! Krista!

Krista gritou em resposta. O navio deu mais uma sacudida forte, e dessa vez até Emily caiu. Pessoas gritaram e a garota viu quando uma senhora caiu para fora do navio direto na água. O pânico instalou-se com facilidade.

Barcos salva-vidas eram jogados na água sem pessoas dentro deles, já que o desespero de salvar-se falava mais alto do que o bom senso e a calma. Emily encontrou-se com Mikey após uma curta busca, e segurou na mão dele com força. Jade, Francis, Johnny e Krista estavam ali.

— O que tá acontecendo?! — Emily perguntou.

Outro baque, e dessa vez com mais força do que todos os outros. Várias pessoas que estavam nas amuradas caíram na água, e a loira viu um bebê de colo ser jogado para o alto e bater no convés com uma força extrema, estraçalhando sua cabeça. Mas ele não foi o único a morrer com o impacto.

Um arpão apareceu do nada, e voou com força na direção do grupo. Antes que Emily pudesse dizer ou gritar qualquer coisa, ele perfurou as costas de Leon e saiu pelo peito, espirrando uma quantidade enorme de sangue no rosto dos outros sete. O rapaz ajoelhou-se involuntariamente, e então caiu, sem vida. Jade, Krista e Abi berraram o mais alto que puderam em uníssono.

— Os barcos, nós precisamos ir para os barcos. — Johnny falou. Todos o ouviram, e estavam seguindo para lá quando Mikey falou:

— Ajay. Eu preciso ir atrás dele.

— Não! — Emily gritou instintivamente.

— Eu preciso, ele é meu irmão! — E soltou-se dela sem uma palavra.

A garota ia chorar e gritar e pedir para ele voltar. Mas então houve outro impacto forte, e uma explosão. Uma cadeira de praia voou em chamas, e partiu o corpo de Johnny ao meio. A metade de cima caiu na água através da amurada, enquanto a metade de baixo deslizou no convés, sujando as pernas nuas de Jade de sangue. A loira gritou o mais alto que pôde, e vomitou.

Emily estava estoica. Não sabia como reagir. Seu irmão estava morto.

— Os barcos. Precisamos fugir com os barcos.

O convés estava quase todo vazio. As pessoas concentravam-se nas amuradas, tentando escapar através dos barcos salva-vidas. O capitão já devia estar morto, pois não se ouviam ordens através de nenhum alto-falante. Os outros tripulantes do Rainha Fohtaed haviam entrado em pânico junto com os passageiros, e não faziam nada a não ser tentar salvar as próprias vidas.

A explosão que tirara a vida de Johnny logo cobrou seu preço.

O convés de madeira em segundos pegava fogo. Emily ainda não via as chamas, mas via a fumaça. E então houve outro baque, e outra explosão, e Krista e Francis caíram através da amurada, direto na água. Emily apoiou-se e olhou para baixo. Os dois estavam lá, tentando nadar.

— Vocês conseguem voltar para o cais? — A loira falou.

Krista respondeu que sim com um aceno, e pôs-se a nadar junto de Francis. Eles não conseguiram realizar a tarefa por muito tempo: um barco salva-vidas caiu em cima deles com força, e a altura fez a madeira chocar-se contra o corpo dos dois violentamente. Emily viu muito sangue na água, e depois observou o corpo da amiga e do primo ensanguentados e sem vida, com pedaços de madeira perfurando-os.

Restavam Emily, Jade e Abi. E Mikey. Mas o rapaz não podia ser visto em lugar algum. A namorada gritou por ele, desesperada:

— Mikey! Mikey! Cadê você?!

Mas o grito dos outros passageiros, do desespero, do fogo, da morte... Eles abafavam qualquer coisa que ela pudesse dizer. Abi não esperou pelas garotas, e correu para onde havia um aglomerado de pessoas fugindo através das pequenas embarcações. Poucos haviam conseguido: a maior parte dos barcos flutuava vazio na água, ao longe. A egípcia enfiou-se no meio da multidão, e Emily não deu mais importância para ela. Pegou na mão de Jade e começou a correr para lugar nenhum, gritando por Mikey.

Abi tropeçou e caiu. Pessoas começaram a pisoteá-la, na esperança de ficarem vivas. E então o fogo tomou conta do lugar onde eles estavam, e todos começaram a fazer o caminho inverso, pisando mais ainda nela. O golpe final veio quando alguém com um salto agulha pisou direto em seu pescoço, perfurando-o. Muito sangue saiu, e Abi cuspiu pela última vez, ficando morta e imóvel em seguida.

Mikey apareceu do nada. Ele puxou Emily, que puxava Jade com força.

— E os outros?! Cadê o Francis, a Krista, o Johnny...?

Emily mexeu com a cabeça negativamente, segurando as lágrimas. Jade não foi tão bem sucedida: ao ouvir o nome do namorado morto começou a chorar ruidosamente.

— E o Ajay?

Dessa vez foi Mikey quem acenou. Emily não perguntou mais nada.

— Eu achei uma saída. — O rapaz avisou. — Cabem cinco pessoas, vocês arriscariam trazer alguém? Não podemos fazer alarde, as pessoas nos matariam por isso.

A loira estava prestes a dizer que não, quando viu a mulher. Encolhida num canto, abraçada ao filho. Havia muita fumaça ao redor deles, e Emily entendeu. Ela prefere que o filho tenha uma calma morte por asfixia. Mas aquilo não precisava acontecer.

— Rebecca! — Ela gritou. A mulher virou-se na direção dela. Emily gritou: — Vem! Confia em mim, por favor!

A oriental não pensou duas vezes. Pegou Pete no colo e correu na direção dos três, tossindo muito.

— Vocês tem um barco?

Mikey assentiu com a cabeça, e o grupo seguiu com ele. Os cinco passaram por pessoas chorando, caídas e machucadas. Havia alguns mortos: vários no convés e vários na água. Crianças, velhos, o rapaz cadeirante que Emily vira anteriormente. O fogo havia tomado toda a área dos barcos salva-vidas, e as pessoas agora corriam para todos os lados, ou pulavam na água e tentavam nadar até o cais.

Foi então que eles chegaram ao lugar seguro.

Escondido, debaixo de uma lona azul, estava um barco salva-vidas. Mikey desencapou-o e o puxou até próximo da amurada, olhando impacientemente para os lados. Foi quando um homem de terno apareceu do nada. O engravatado pulou em Mikey com um canivete e começou a desferir golpes furiosos contra ele. Emily puxava o homem com força, e dava socos e murros nele, mas era em vão. Rebecca gritava, e Pete chorava. Jade então pegou um pedaço de cano que achou caído e enfiou com força no pescoço do homem. Muito sangue jorrou, e então o engravatado caiu ensanguentado e morto.

Mas era tarde demais para Mikey. Ele já não respirava mais.

Emily abaixou e começou a chorar, abraçando o corpo inerte e rubro do namorado. Jade não foi tão emotiva: puxou o barco salva-vidas com força e jogou-o na água. Então falou pra Rebecca:

— Pula!

— E o Pete?!

— Pula e eu entrego ele quando você já estiver dentro do barco. Confia em mim! Rápido!

Rebecca confiou. Deu um beijo no filho e pulou para dentro do barco. Caiu com segurança, e estendeu o braço para que Jade soltasse Pete. A loira assim o fez. Pegou o menino no colo e jogou-o direto nos braços da mãe. Quando os dois já estavam a salvo, a loira falou:

— Vamos, Emily! — E começou a puxar a cunhada, que chorava muito.

Foi então que o maior estrondo foi ouvido. O navio inclinou-se. Ele está afundando, Emily percebeu. Pessoas foram jogadas para todos os lados, e o fogo alastrou-se. O navio inclinou-se mais ainda, e as garotas ouviram o nítido grito de Rebecca.

O casco da embarcação chocou-se contra o bote salva-vidas. A cabeça de Rebecca foi esmagada com força, e Pete caiu dentro da água. O garoto não sabia nadar, e seus gritinhos eram em vão, ninguém conseguiria ouvi-lo. Pete então não conseguiu mais tentar nadar, e afogou-se. Seu corpinho pequeno boiou ao lado do corpo destroçado da mãe.

Emily estava pendurada por pouco, segurando numa barra de madeira. O navio já estava praticamente reto no sentido vertical. Jade segurava nas pernas da cunhada, tentando não cair junto com as outras pessoas e coisas. Mas então uma mulher caiu, arrastando uma cadeira de praia que atingiu a cabeça de Jade em cheio.

— Não!

A loira caiu, inerte, e Emily viu quando o corpo dela chocou-se contra a amurada e escorregou para a água, ensanguentado e morto.

Os poucos sobreviventes gritavam e choravam. Emily era um deles. O navio então começou a afundar aos poucos, lentamente. Então o seu peso entrou em contato com a água definitivamente, e ele foi puxado com força para baixo. O fogo era apagado, mas as pessoas também. E então Emily deu um último grito. Seu mundo se tornou azul, e girou, girou, girou.

Uma última sensação de dor, como se seu corpo estivesse sendo completamente esmagado.

E então Emily ouviu Krista dizer:

— Vamos, tartaruga. O navio já está saindo.

Emily então sentiu um arrepio. Está acontecendo. Correu até Jade e tirou o fone de ouvido dela, murmurando...

— Oops...

E ouviu:


I did it again

I played with your heart

Jade e Johnny olharam para ela com cara de estranhamento. O rapaz falou:

— Emily, o que tá acontecendo?

Ajay pareceu não perceber o incidente, e avisou que ia ao banheiro. A garota não ouviu a fala dele, já que estava completamente atordoada. O navio, ele...

— Não! Não entrem! — Ela gritou. — Saiam! Um acidente, vai acontecer um... — E começou a chorar.

Todo o grupo voltou a descer do navio, seguindo até perto de Emily.

— Amor, você tá bem?!

— Não, eu não estou, eu vi...

— Você viu? — Krista perguntou. — Viu o quê?

— Um acidente, por favor, acreditem em mim...

Abi parecia impaciente, e Leon, preocupado. Francis estava ao lado de Jade e Johnny, confuso.

— Emily, princesa, vamos entrar. O navio vai sair.

— Não! — Ela esbravejou. Pegou as malas próximas de si e jogou de volta no cais. Então puxou Johnny pela mão e saiu correndo sem olhar para ver se os outros a seguiam. O irmão não teve outra opção que não fosse segui-la. Jade fez o mesmo, carregando suas malas. Krista os seguiu, bem como Francis e Mikey. Abi e Leon ficaram para trás. Foi então que o rapaz disse:

— Ela não tá bem...

— E daí? Ela não é nosso problema. Está com o irmão, o namorado, a família toda. Vamos embarcar.

Leon olhou para o navio e voltou a olhar para Emily, chorando no cais. Então se decidiu:

— Pode entrar, eu vou ficar. — E seguiu em direção ao grupo.

Abi bufou e esperneou. Em vão, Leon não cedeu. Ela então acabou voltando também, seguindo com o restante do grupo.

Foi quando Rebecca apareceu, segurando a mão de Pete. Ela estava esbaforida, e corria para conseguir entrar no Rainha a tempo. Emily era bombardeada de perguntas por Mikey, Johnny e Krista, mas ignorou a todos. Rebecca. Ela e o filho. E então correu e segurou o braço da mulher. Rebecca virou-se, assustada, mas quando viu o rosto vermelho e inchado de chorar de Emily, ficou paralisada.

— Por favor, não entra.

— Você tá chorando? — Pete perguntou.

— Ela não tá bem, filho, vamos. — Rebecca disse, e puxou o filho para eles irem mais rápido. Emily continuou a segui-los, e então disse:

— Rebecca. — E a oriental parou no mesmo segundo. — Rebecca e Pete Kikuchi.

A mulher virou-se:

— Como você sabe meu nome?!

— Eu vi. — Emily respondeu prontamente. Há essa hora Mikey e Johnny já estavam ao seu lado. — Vai acontecer um acidente com esse navio, acredita em mim. Eu vi no meu pensamento. Eu te conheci na minha visão, eu...

Rebecca estava muito assustada, e Pete também. O garoto largou sua pequena mochila no chão. A oriental então disse:

— O que é você?

E então o Rainha Fohtaed saiu, deixando-os para trás. Foi só quando Emily ouviu o barulho do navio deixando o cais, que se lembrou:

— Ajay...

Antes que ela pudesse dizer qualquer outra coisa, Mikey já estava na ponta do cais, berrando:

— Parem! Meu irmão está aí dentro!

Em vão. As pessoas na amurada do navio olharam-no como se ele fosse louco, e então o rapaz pulou na água, de roupa e tudo. Nadou, nadou, nadou, mas o navio ia mais rápido, e então Mikey perdeu-o de vista. Emily continuava no cais, amparada por Krista e chorando. Rebecca estava paralisada e de mãos dadas com Pete.

No exato momento em que Mikey pisou de volta no cais, aconteceu.

O grupo ouviu um estrondo, e então viu a fumaça no meio do mar. Abi e Jade deram gritinhos, e Johnny pôs-se a pedir ajuda por celular. Mas já estava feito, e Emily sabia. Sentiu todos os olhares postos sobre ela. Menos um. Mikey.

O rapaz sentou-se no cais e ficou a olhar o infinito, estoico e molhado. A garota queria lhe dar conforto, mas não podia. Estava tão assustada e amedrontada quanto ele. O que está acontecendo comigo?

Então, antes de ter tempo de dizer ou fazer qualquer coisa, Emily foi jogada ao chão. Em segundos Leon estava em cima dela, e ambos caíam na água. A garota sentiu-se molhada, e sentiu braços ao redor de si, e então apagou. Seu mundo se tornou azul, e girou, girou, girou.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo sai em breve!



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