Hoje sairia o resultado do vestibular de inverno. Estava ansiosa para saber se Felipe passara. Combinamos que ele me buscaria na universidade e que eu jantaria na casa dele e, depois do jantar, iríamos conferir o resultado da prova.

Finalmente nosso relacionamento estava correto, não perfeito, mas bom o suficiente. Eu o amava, ele me amava, e a gente ia levando a vida. Estava disposta a passar o resto dos meus anos ao lado dele.

Eu apresentara Felipe a Jonathan e a Vanessa e os dois rapazes acabaram se dando bem. Não se tornaram melhores amigos ou inseparáveis, mas, pelo menos, não brigavam. Felipe falou-me que superara a sua fase ''ciúmes do Jonathan'', o que, particularmente, eu achava excelente.

A impressão que eu tive foi de que aquele dia demorou a passar, parecia que nunca terminariam minhas aulas. Quando, finalmente, soou o sinal de saída, saí quase correndo do campus. Assim que passei pelos portões procurei Felipe, e o avistei, encostado na porta do motorista do seu carro, no outro lado da rua. Percebi que várias mulheres passavam olhando para ele e revirei os olhos, indo quase correndo para o seu lado.

-Olá meu amor. - Falei, abraçando-o e dando um beijo em seus lábios.

-Oi linda. - Disse ele, quando nos separamos. - Podemos ir?

-Claro. É bom irmos antes que alguma dessas vadias voe no meu pescoço. - Falei seriamente. Ele riu.

-Não se preocupe, que eu te defenderei. - Dito isso ele sorriu para mim e foi até o lado do carona, abriu a porta para mim. Entrei no automóvel e sentei-me, logo Felipe estava ao meu lado e nós fomos em direção a casa dele.

Alguns minutos depois chegamos a casa dele. Meus sogros ainda não estavam em casa.

-Quer ficar na sala ou ir para o meu quarto? - Perguntou-me meu namorado.

-Aceito a segunda opção, estou mesmo precisando me deitar um pouco. - Respondi rindo e nós fomos para o quarto dele.

Felipe entrou fechando a porta atrás de si e eu me joguei em sua confortável cama. Logo ele sentou-se ao meu lado.

-Recebi uma notícia hoje, duas, na verdade. - falou-me ele.

-São boas ou ruins?

-Uma é boa, a outra não sei exatamente.

-Quer me contar? - perguntei, com um pouco de incerteza. Ele assentiu, respirou fundo e falou:

-Meus dois...parceiros...sabe a quem estou me referindo não é? - Assenti, lembrando-me dos dois ''amigos'' dele. - Um deles foi preso por porte de drogas ilícitas, mas o outro decidiu internar-se. Sei que isso não tem exatamente a ver com você e que você deve estar nem ai pra eles, mas eu precisava contar isso para alguém. - Concluiu ele. Acariciei seu rosto e dei-lhe um selinho.

-Sabe que eu sempre estarei aqui, para ouvir o que quer que você tenha a me falar. - Falei e Felipe sorriu. Apenas por ver seu sorriso já valia a pena estar a seu lado.

-Você é a melhor coisa que já aconteceu na minha vida, fada. - Foi minha vez de sorrir. - Eu nunca, jamais, quero ficar longe de você de novo.

-Não ficará, isso é uma promessa.

Felipe e eu continuamos conversando e curtindo nosso momento a sós até que meus sogros chegaram e nos chamaram para jantar. Denise preparara um excelente bife acebolado com arroz e seu Luciano fizera um suco natural de manga, especialmente para mim.

Após o jantar, que foi muito agradável, preenchido com boas conversas, Felipe e eu subimos para seu quarto para, finalmente, verificarmos se ele havia passado no vestibular. Não sei dizer quem demonstrava mais ansiosidade.

Depois do que pareceram anos a página com o resultado das provas abriu-se. Felipe virou o notebook para que apenas ele pudesse ler, deixando-me ainda mais curiosa. Estava prestes a arrancar o computador de suas mãos quando ele largou o notebook e virou-se para mim com uma expressão de desolamento em sua face.

-E ai? - Perguntei, quase tendo um ataque cardíaco. Ele fez uma expressão ainda mais triste e respondeu-me, gritando:

-Eu passei. - E então o sorriso espalhou-se por sua face. Por um momento eu sorri também, mas então falei, batendo nele:

-Seu idiota, estava imaginando que você não tinha conseguido.

-Foi engraçado ver a sua cara. - Respondeu ele, rindo sem parar. Depois de resistir um pouco, acompanhei-o rindo.

-Parabéns, parabéns, parabéns, um milhão de parabéns. - Falei, abraçando-o.

-Só ganho um milhão de parabéns? - Perguntou ele, com um sorriso maroto.

-O que mais você pode querer?

-Que tal isso? - Falou ele e beijou-me profundamente.

Retribui ao seu beijo com entusiasmo. A felicidade dele era também a minha felicidade, mas a tristeza que ele sentia ou que ele sentisse também seria minha. Eu o amava demais e queria permanecer ao seu lado o maior tempo possível.

-Eu poderia passar o resto dos meus dias te beijando, sem parar...- Falou ele, quando nos separamos.

-Concordo com você. - Falei e ele fez menção de voltar a beijar-me. - Mas agora temos que contar aos seus pais que eles possuem um filho universitário. - Falei e levantei-me da cama, estendendo uma mão para meu namorado.

-Eu vou, mas depois a gente volta para cá.

-Combinado. - Respondi e nós fomos dar a maravilhosa notícia aos meus sogros.

Luciano e Denise ficaram radiantes quando receberam a notícia, suas expressões de felicidade era o melhor, era contagiante. Se antes eu já ficara feliz, vendo os sorrisos deles isso só aumentara. Ambos pareciam orgulhosos do filho, senti-me radiante naquele ambiente.

Ficamos comemorando por quase uma hora com os pais do meu amor, quando Felipe virou-se para mim e perguntou:

-Quer subir? - Impossível negar um pedido desses.

-É claro que sim. - Respondi, ainda sorrindo e ele deu-me a mão.

-Comportem-se crianças. - Falou Denise e nós dois apenas rimos para ela e seguimos nosso caminho.

Enquanto eu subia as escadas, várias coisas passaram pelos meus olhos como num flash. Dizem que isso só acontece quando você morre, mas eu nunca me sentira tão viva. Acho que o amor que faz isso, o amor nos faz ver coisas fantásticas, o verdadeiro amor nos faz mudar, não pelo outro, mas pelo sentimento que nutrimos por ele. Minha vida dera muitas voltas desde que eu conhecera Felipe, mas, finalmente, tudo estava como deveria estar e a sensação era a melhor.