Encaravam-me com certo interesse, descrença. O escuro do quarto fazia com que pudesse enxergar sua pequena silhueta e os olhos que se contrastava com o brilho prateado vindo da Lua. Ao me ver despertar, simplesmente balançou a cabeça negativamente e depois de reparar em novamente seguiu de volta para a cama. A brisa leve vinda da janela acariciava meu rosto, me deixando cada vez mais irritada por estar entre quatro paredes. Por impulso, como sempre, me levantei e saí do quarto, sem fazer a menor questão de ser discreta enquanto andava pelos corredores, quase intermináveis.

Ao abrir a primeira porta que me encurralava, deparei-me com um jardim diferente do que havia na entrada. Ali se encontrava também uma simples cerejeira na ponta de uma colina, ao me aproximar percebi que era mais: um penhasco. Dava vista para as várias outras acomodações, porém nenhuma parecia ser tão grande quanto a que eu estava. Sentei ali, abraçada aos joelhos enquanto encarava o nada, a escuridão em sua forma mais simples iluminada por uma Lua Cheia.

Virei a cabeça para descobrir o que vinha dos arbustos, minha única resposta foi uma silhueta masculina, caminhando suavemente na minha direção e sentando-se ao meu lado.

-O que faz aqui? - parei para encará-lo e percebi que era Kohaku, seus olhos buscavam pelo ponto que eu admirava, até se deparar com a própria Lua.

-Ar. Estava precisando dele. – ele deu riso de leve. -Você não parece ter tido um dia bom...

-O que você considera um dia bom?

-Hmm, geralmente quando estou com meus amigos, procurando pedras preciosas pela floresta, ou caçando algum dragão! – ele riu – Algo que me faça sentir bem, junto dos que gosto, ampliando minha história, sabe?

-História... Que engraçado. Já faz algumas horas que não sei o que significa isso.

-Hã? - sua face se converteu de suave para interrogativa.

-O único propósito d'eu ter me unido a este clã era que achava que poderia construir algo, entende? Mesmo que não lembrasse, poderia descobrir quem sou. Mas, até agora a única coisa que consegui foi usar vestidos caros e ter uma multidão me odiando pelo simples fato de existir – sorri sem humor.

-Tente se acalmar, não é bem assim. Eles só estão um pouco surpresos, você não é bem o que esperavam...

-Boa pergunta, o que eu sou?

-Escute, eu posso não te conhecer a muito tempo, só que algo me diz que é muito mais nobre e forte que os Paladinos ou Algozes que estão aqui. – encarei-o novamente e ele mantinha a expressão suave, e de alguma forma essa tranqüilidade também me foi transmitida por simples palavras.

Eu não sabia se minha vida naquele clã seria um sonho ou pesadelo, mas isso já não importava...