POV ANNABETH

Destranquei a porta e entrei no quarto com Percy. Eu ainda não acreditava que ele tivesse vindo atrás de mim. E a maneira como mandou Thomas sair? Percy não estava em seu juízo perfeito. E depois do que ele me falou? Aquilo me magoou muito. Ele sabe melhor do que ninguém que meu defeito fatal é o orgulho. E como eu luto contra ele. Ele realmente pegou pesado. E depois ele não ter contado a Mariana que éramos um casal. Por que? Será que ele tem vergonha de mim? Ou só fez por raiva? Ele fechou a porta atrás de si e eu me virei de frente a ele. Pensei em sentar na cama, mas não. Era melhor confronta-lo ali. Frente a frente. Ele ficou me olhando por um tempo. Parecia nervoso. Ele colocou uma mão na nuca e disse:

-Annabeth... eu...eu...ahn...bem...

-Anda logo Percy. Não tenho o dia inteiro.- ele respirou fundo e falou tudo de uma vez.

-Desculpe ter te dito aquelas coisa no restaurante. Eu estava com raiva e com ciúmes de você. Raiva porque não te entendo, eu apenas esqueci de mencionar a Mariana sobre nós, para mim não é uma coisa tão grave assim. E sim, eu estou com ciúmes de você e do Thomas. O jeito que ele fala com você, como sempre tem que estar perto, as ceninhas ridículas que ele faz. E você não faz nada Annabeth! Você não corta ele, você fica dando corda, deixando ele se aproximar cada vez mais. Isso me irrita poxa!

Eu fiquei o fitando por um momento. Não estava acreditando que Percy Jackson, o cara que fez tanto drama dias atrás, agora estava admitindo em voz alta que estava com ciúmes.

-Desculpas aceitas. Talvez eu tenha exagerado com você. Não é uma informação crucial, não para aquele momento. E quanto a Thomas, ele só era gentil. Sempre muito prestativo. Só comecei a perceber que ele estava dando em cima de mim ontem. E eu não sabia que isso te irritava tanto, porque você sempre se nega a dizer. Se na ultima vez você ensopou o garoto, não duvidei quando você disse que jogaria ele da janela.

Percy sorriu.

-Mesmo? Não está mais brava comigo? – ele perguntou se aproximando.

-Não. Está tudo bem, vamos tentar fazer as coisas darem certo agora, tá?

-Tá. – ele disse isso se aproximando mais. Senti suas mãos descerem até minha cintura e me apertar contra ele.- senti sua falta- ele sussurrou entre meus lábios. Quando nos beijamos, tudo sumiu. A missão sumiu, as nossas brigas bobas sumiram, o hotel sumiu. Só existia ele. Eu lacei seu pescoço e o puxei mais para perto. Sua língua pediu passagem em minha boca e eu consenti. O beijo foi se aprofundando cada vez mais. O ar faltou e nos separamos poucos centímetros. Percy passou a beijar meu pescoço. Dei dois passos para trás e esbarrei em uma das camas. No impulso me deitei sobre ela, e Percy estava por cima de mim. Ele voltou a me beijar ferozmente. E continuamos assim por um longo tempo. Entre beijos e caricias. De repente, ele parou para me fitar.

-Cheguei a uma conclusão muito importante – antes que eu pudesse perguntar o que era alguém bateu na porta. Percy suspirou, mais saiu de cima de mim e me deixou ir atender. Era Mariana.

-Oi – eu disse.

-Oi. Ahn... desculpa atrapalhar. Nós já não devíamos estar na estrada a uma hora dessas? – disse Mariana tentando segurar o riso.

-Deuses! Me perdi completamente no horário. Me de cinco minutos. Avise o Thomas. A propósito... que horas são?

-Nove e quinze. Acho melhor te dar 10 minutos. Nos vemos daqui a pouco- ela disse e saiu meio rindo.

Entrei no quarto desesperada mandei Percy guardar minhas coisas. Ele disse que não fazia diferença uma hora, mas fazia sim. Reyna estava em perigo. Uma hora podia concluir tudo para ela. Entrei no banheiro e por um momento vi meu reflexo no espelho. Minha boca estava vermelha, meu cabelo completamente bagunçado e o pior, uma mancha que estava arrochando no meu pescoço. Era disso que Mariana estava rindo. Droga. Penteei rápido o cabelo, e fiz uma trança lateral, afinal, eu teria que esconder aquela mancha. Quando saí do banheiro Percy estava com duas mochilas na mão. A minha e a de Mariana. Fomos até o quarto dos meninos e pegamos as coisas do Percy, afinal, Thomas já tinha passado por ali e pego sua mochila. Descemos até a entrada do hotel onde encontramos um Thomas sentado em uma poltrona com uma cara de puro tédio. Mariana estava em pé um pouco à direita de Thomas com um fone no ouvido e parecia que a musica estava boa, pois ela ficava se balançando no ritmo. Cheguei junto a eles, enquanto Percy ia encerrar nossa estadia no hotel.

-Oi, desculpe o atraso. – Mariana sorriu e tirou os fones do ouvido e Thomas nem se deu ao trabalho de falar comigo. Resolvi ignora-lo, afinal, não queria brigar com Percy agora.

-Para onde vamos agora Annie? – Mariana perguntou.

-Vamos para Des Moines, Iowa. E precisamos sair o quanto antes, pois são cerca de 10 horas de viagem. Não quero parar antes, pois precisamos chegar até Reyna, o mais rápido possível. E quem sabe descobrir alguma coisa sobre sua mãe. – Mariana assentiu entristecida, eu sabia o que era ser abandonada, e ela nem explicações tinha. –Vai ficar tudo bem. Mesmo que não encontremos sua mãe, agora você tem uma casa: o Acampamento. Se tivermos sorte, logo você vai conhecer sua irmã, Thalia.

-Thalia? Me fala mais sobre ela. Nunca tive uma irmã.

-Ela me ajudou muito quando fugi de casa. Encontrei ela e Luke no caminho e juntos com Grover chegamos ao Acampamento. Infelizmente para nos ajudar ela acabou transformada em pinheiro. Mas depois de alguns anos ela voltou. Agora ela é caçadora de Artemis, portanto imortal. Você vai conhecê-la em breve. Vocês tem a personalidade muito parecida. E também tem o Jason, mas ele é filho de Jupiter, então vocês não tem quase nada em comum – Mariana se animou e continuou me perguntando sobre Thalia. Fomos até o estacionamento e dessa vez Percy assumiu o volante. Contei a Mariana sobre nossas aventuras com Luke, e até sobre a grande guerra. Percy contou a ela como era se banhar no Estige. Mariana estava muito empolgada para chegar ao Acampamento. Continuamos conversando, e em nenhum momento Thomas falou. Agora quem estava com fones no ouvido era ele. E assim as horas foram passando. Paramos duas vezes no caminho para irmos ao banheiro e comermos alguma coisa. Quando percebemos já estava anoitecendo, e estava um pouco frio. Percy estava acabado, afinal ele dirigiu 10 horas. Procuramos um hotel, mas a única coisa que encontramos foi uma pensão. Depois de alguns minutos tentando convencer a dona a nos deixar passar somente uma noite ali, conseguimos alugar dois quartos. E ela deixou muito claro que era um lugar de respeito e, portanto meninos em um quarto e meninas no outro. Concordamos com ela, afinal precisávamos de um lugar para ficar. Percy reclamou muito, disse que não queria ter que dividir o quarto com Thomas e que queria dormir comigo. Combinamos então que ele se arrumaria no nosso quarto e que só iria para o outro quando estivesse com sono, pois não queria ter que conversar com Thomas. Thomas deu-nos boa noite e foi para o quarto ao lado, e nós três entramos no nosso. Percy foi tomar um banho primeiro e me deixou conversando com Mariana.

-Vocês se acertaram agora, né? – ela perguntou.

-Sim. Sabe, demos o braço a torcer e vimos que ambos estávamos errados.

-Que bom. Mas, você reparou o jeito estranho do Thomas? Parece que ele não gostou muito disso.

-Também acho, eu até ia conversar com ele, mas achei que Percy ficaria bravo. Não quero brigar com ele de novo. Não tão cedo pelo menos.

-Vai deixar de falar com Thomas só por que o Percy não gosta?

-Não! Claro que não. Thomas é um amigo, me ajudou nos treinos e vai nos ser bem útil na missão. Só não falei com ele hoje, pois como eu disse, não quero dar motivos para discutir com Percy tão cedo.

-Tudo bem. – Percy saiu do banheiro e eu fui tomar meu banho.

POV PERCY

 Enquanto Annie tomava banho, fiquei conversando com Mariana. Ela era legal, muito parecida com Thalia,mas pelo menos não ficava me xingando. Ela perguntou sobre Jason e eu tentei explicar para ela aquela confusa historia de família de Jason, Jupiter, Thalia , Zeus e a mãe deles. Acho que ela entendeu. Annie não demorou e Mariana se fechou no banheiro nos deixando a sós. Annie estava com seu pijama e o cabelo solto. Ela se sentou ao meu lado na cama. E eu a fitei por um tempo, até não resistir e a beijar. Como sempre o beijo passou dos limites, e eu agradeci mentalmente aos deuses por Mariana estar demorando um pouco no banho. Seria constrangedor se ela nos pegasse em tal situação. Até que me afastei de Annie, quase sem ar e disse:

-Bem, acho melhor ir dormir. Boa noite amor. – ela respondeu com um sorriso fraco, estava descabelada e com uma mancha roxa no pescoço novamente. Acho melhor me controlar, estamos passando dos limites.

Quando entrei no quarto Thomas já dormia, e não tinha um beliche dessa vez. Duas camas individuais. Deitei-me e sim tive sonhos de meio-sangue.

Eu não estava em lugar nenhum. Era apenas uma mulher alta, com uma postura seria. Tinha cabelos compridos, um pouco ondulados. Seu olhar me lembrava de alguém. Reyna. Sim. Não. Quer dizer, aquela a minha frente era Belona, a deusa romana da guerra, mãe de Reyna. Ela não sorria, nem mesmo parecia triste. Estava sem expressão. Apenas me disse:

-Perseu. Salve Reyna. O segredo. A Névoa. Tudo está ligado. Nix está controlando a Névoa. Ela quer que os mortais descubram sobre nosso mundo. Nix tem pensamentos obscuros. Cuidado com Nemesis. O filho de Apolo, quando chegar a hora, só ele poderá ajuda-la.