— Leo, eu não... – Ela tentou dizer, porém logo foi interrompida.

— Perder um amor? Ter o coração rasgado? Sentir-se traído? – Leo repetiu suas palavras com sarcasmo e em seguida riu. Um sorriso sombrio e azedo, que provocou asco na garota em sua frente. – Piper, Piper... – Ele maneou a cabeça de um lado para o outro ainda a encarando. – EU matei minha mãe sem querer, EU tenho um dom sobrenatural que incendiou minha casa quando eu era um bebê, EU participei de uma guerra em que perdi inúmeros amigos, EU me apaixonei pela garota errada – Ele exclamou sem pausas, fazendo Piper ter cada vez um aperto maior no peito, especialmente nessa última frase. Quem seria essa garota? A morena questionou-se. – E tive que vê-la morrendo de amores pelo meu melhor amigo, EU vi essa garota ‘ficar’ com ele diversas vezes e não pude fazer nada, EU vi esse amigo ir embora e abandona-la, porém eu, o amigo bobinho teve que ficar calado e quieto, pois nunca achei que teria uma chance com ela! – Ele exclamou novamente e a menina dos olhos coloridos sentiu algo esquentar-se dentro de si.

Leo a fitava com ódio, não conseguia crer que ela o havia comparado com seu sofrimento.

Seu pequeno sofrimento de uma paixãozinha renegada.

— E ainda tem a coragem de dizer que eu não sei o que é sofrimento, Pips? – O moreno sussurrou com o rosto perto do seu.

Leo tinha o cenho franzido e a encarava com os olhos marejados. E Piper sentiu vontade de vomitar ao ver que ela era o motivo do amigo estar quase chorando.

Amigo?

Não era isso que o coração de Piper dizia agora.

Em um ato impensado – ou quase isso – a garota agarrou o pescoço de Leo á sua frente, trazendo-o para mais perto, na tentativa de tirar aquele olhar arrasado do rosto do amigo, ou até ver se ela mesma mudaria em algo, ela usou suas últimas forças e o beijou.

Piper MacLean beijou Leo Valdez como se não houvesse o amanhã.

No inicio foi apenas um comprimir de lábios macios. Porém o moreno rapidamente apertou-a pela cintura, colando seu corpo esguio em seu corpo musculoso.

O ato fez Pips soltar um arquejo, que foi concedido como a oportunidade perfeita para o primeiro toque das línguas. Assim, dando início a uma dança viciante.

O casal cambaleou para trás, fazendo a Filha de Afrodite encostar as costas na grande rocha, facilitando a posição em que se encontravam.

Piper enroscou seus dedos nos cabelos de Leo enquanto o moreno mordiscava seu lábio inferior e apertava mais ainda sua cintura, arrancando da garota suaves gemidos, e fazendo-a inconscientemente traze-lo com mais força para perto de si.

Piper naquele instante sentiu seu corpo subitamente aquecer-se e deu-se conta da sensação que assolava seu coração. Aquela sensação que ela queria sentir com Jason, mas que não vinha de maneira alguma. Agora estava ali, clara como água.

Piper gostava de Leo, assim como Leo gostava de Piper.

Mas era complicado, e tudo não se resolveria com um simples ''me desculpe''.

E vendo os fatos, Piper afastou o garoto milímetros de si, e viu na face morena a sua frente um sorriso de lado encantador.

— Leo... – Ela sussurrou fazendo o garoto abrir os orbes castanhos confusos e nublados. – E agora? – Perguntou vacilante e viu na mesma hora os olhos castanhos clarearem-se, trazendo uma raiva descomunal.

— Esqueça o que aconteceu aqui, Piper. – Leo mandou, afastando-se da garota, que sentiu seu chão afundar novamente.

— Mas... Tudo que você me disse era mentira, então? – Questionou confusa pela rejeição. Esperava que o moreno a recebesse de braços abertos, afinal, porque não?

Ele balançou a cabeça negativamente.

— Não foi mentira. – Ele negou. – Eu te amei Piper, e ainda amo. Porém isso não basta. – Balançou a cabeça novamente e viu uma lágrima escorrer pelo rosto da garota. – Não basta para nós. Não basta para mim, depois de tudo que ouvi. Sinto muito Pips, isso não daria certo, esqueça-me e volte a chorar pelo Jason. – Terminou com a amargura visível na voz e então se virou, rapidamente desaparecendo dentro da floresta.

Um soluço irrompeu novamente o peito da garota.

E agora ela se permitiu chorar, e com vontade.

Ela constatou consigo mesma, que não tinha sorte no amor. De maneira alguma.

Então escorregou pela pedra, caindo deitada na grama lamacenta, e se pôs a observar o céu e as nuvens enquanto lembrava-se do toque tão quente de seu mais novo amor, e permitiu-se chorar mais um pouco, deixando as lágrimas lavarem seu rosto e sua alma.

Foi ali na relva, observando o céu e uma família de passarinhos que fazia um ninho, que Piper tomou uma decisão.

Lutaria por seu amor, custe o que custasse, pois não estava disposta a sofrer novamente como já havia sofrido antes. E a confirmação de que o garoto tinha os mesmo sentimentos que os seus deixava tudo mais fácil.

Piper deixou que um sorriso clareasse seu rosto, na esperança de uma nova vida, um novo amor e claro, um novo recomeço.

Por que até Meio-Sangues merecem mais uma chance.