12th Hunger Games: Greeks And Romans escrita por Liz Ambrose


Capítulo 3
A Sabidinha tinha Razão


Notas iniciais do capítulo

Heeey leitores. Espero que estejam gostando da fic. E aqui vai um capítulo da visão da Annabeth. Se alguém quiser um cap de outra visão de personagem, é só me falar :3 Thaaaanks e espero que gostem ♥



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Visão de Annabeth Chase - Distrito 3

 Distrito 3. O mais pacato e monótono distrito de todos. Mas eu gostava, quase sempre tinha lugares públicos tranquilos para se poder ler. Era onde as pessoas não se importavam muito com as coisas. É claro que eu nunca poderia chamar de o melhor distrito de todos, pois a sede e a fome atacavam por ali. Na parte pobre principalmente. Quem nunca tinha passado fome, pelo menos uma vez? Pessoas da Capital. Mas elas não contavam, nunca sofreram um decimo do que a maioria sofre por aqui.

Aliás, nosso distrito por ser um pouco próximo a Capita, não significava que éramos todos ricos e cheios de comida. Claro que não, muitos davam seus nomes para os Jogos em troca de grãos e óleo. Eu sempre fazia isso. 

Hoje era o dia da colheita. Meu pai estava temendo por mim. Nós dois tínhamos chegado a uma conclusão depois de alguns anos de Jogos Vorazes. Os semideuses sempre iam a maior número. Eles também iam em escala. E como temíamos, esse ano seria completamente dos semideuses. Se minha conclusão estivesse certa, claro. Mas sou um gênio de todo o distrito, era claro que acertaria.

Mas se estivesse errada, isso só provava que a Capital estava nos observando. O que parecia ser tentador para eles. Já que um dia um pacificador parecia vigiar noite e dia as janelas do meu quarto, em minha pequena casa no norte do Distrito 3.

Suspiro. Fecho meu livro de arquitetura pesadamente sobre minhas pernas. Era hora de voltar para casa, me arrumar para mais um dia de nomes sendo sorteados para uma provável morte. Volto para casa sem pressa, pegando um caminho alternativo. Eu não queria passar em frente ao edifício da justiça e ter que dar de cara com toda aquela estrutura fajuta e mal posicionada.

-- Ei, Annabeth!

Escuto vozes idênticas. Vozes que eu -- infelizmente -- conhecia muito bem. Me viro a tempo de ver os gêmeos Stoll. Os dois semideuses, que eram filhos adotivos do prefeito. Os garotos de cabelos escuros e cacheados, com dentes grandes demais corriam paralelos em minha direção. Deviam ser pelo menos dois anos mais novos que eu.

-- Vocês não deveriam estar na casa do pai de vocês? 

-- Devíamos -- Diz Travis

-- Mas quem disse que a gente quer? -- Completa Connor, com um sorriso torto.

Reviro os olhos. Os filhos do prefeito tinham uma péssima mania de pregar peças em pessoas da prefeitura, e até mesmo algumas pessoas que moravam por ali. E o mais impressionante de tudo, era que nunca são pegos por ninguém. Verdadeiros diabinhos fugitivos.

-- Certo... E o que querem comigo?

Os dois lançam um olhar triste. O que me deixa nervosa, já que isso não era algo típico deles.

-- Desejar Boa Sorte -- Murmura Travis -- A gente... Olhou o pote do sorteio hoje mais cedo. 

-- Eles o deixam numa sala dentro do edifício... E bom, não foi difícil para nós bisbilhota-la -- Um sorriso fraco brota dos lábios de Connor, mas logo ele some -- Só tem papeis com seu nome. Annabeth Chase, só.

-- A Capital esta tramando para você, e...

Eu não escuto mais o que eles falam. Estou perdida em pensamentos. Eu consegui, eu sabia! A Capital ia nos destruir em uma leva só nos Jogos Vorazes. Íamos cair até não existirmos mais. E só tinha meu nome dentro daquele pote... E eu não sentia medo. Na verdade, eu não sentia mais nada a não ser raiva. Uma raiva que ia crescendo cada vez que eu pensava no que a Capital tramava. Seria um verdadeiro inferno, e eu estava preparada. Tinha nascido preparada para combate. Eu estava até ansiosa para os Jogos.

Olho para os irmãos a minha frente que pareciam à beira de lágrimas infantis.

-- Ei vocês dois -- eles se calam imediatamente -- Vocês tem que ficar calados. Não contem nada para ninguém, e não mexam mais naquilo. Fiquem bem longe, vou ficar bem.

-- Mas...

-- Mas nada Connor -- Sorrio -- Voltem para casa de vocês e fiquem lá. Vou ficar bem, confiem em mim. E obrigada por terem contado...

Os dois balançam a cabeça e voltam correndo para a casa deles. Fico observando até que estejam bem longes. Desvio-me do caminho de casa, e ando para o lado um pouco mais rico do distrito. Eu tinha que avisar a ele, provavelmente também seria sorteado comigo para os Jogos.

Ando sem pressa, até chegar numa casinha de madeira e tijolos brancos. A porta estava entreaberta, e eu tinha quase total certeza de que Leo estava lá dentro. Dormindo, ou então, desmontando e construindo seus brinquedos. Entro na casa sem bater, encontrando o garoto de cabelos encaracolados sentado no sofá com algumas ferramentas velhas nas mãos.

-- Existe uma coisa chamada porta... -- Murmura sem tirar os olhos do que estava desmontando -- E acho que você ainda não a conhece.

Reviro os olhos, sem paciência me sento ao seu lado.

-- Sem brincadeiras, Valdez -- Digo tirando seus brinquedos de sua mão.

-- Eii! Me devolve, ainda não acabei.

-- Só devolvo depois de me escutar -- Falo sem paciência -- Nós dois vamos ser chamados hoje para os Jogos Vorazes.

Seus olhos se arregalam por um momento, e logo depois encaram os meus.

-- Ta brincando, né?

Suspiro. Devolvo suas peças. Jogando-as em seu colo

-- Quem dera... Somos os únicos semideuses por aqui no distrito que podem ser chamados. Lembra-se do que tinha dito sobre a Capital tramar para nós? Então, eu estava certa.

Silencio. Ninguém quer mais falar. Falar da morte, provavelmente. Leo tinha parado de mexer em suas peças, e encarava as mãos sem qualquer expressão definida no rosto. Sinto certa dó por ele. Digamos que Valdez nunca foi o garoto mais habilidoso e esperto de todos. Ele era mais descontraído e engraçado. Tinha seus reflexos de semideus, mas não era nenhuma maravilha se desviando das bolas na educação física do colégio.

-- Está com medo? -- Ele murmura, para minha surpresa.

Era claro que eu não estava com medo. Pelo menos não naquele momento. Eu poderia me garantir um pouco durante os Jogos. Mas no fundo eu tinha certo medo, não por mim, mas por Leo.

-- Não. Quer dizer, vou estar conforme o tempo. Mas tudo que consigo pensar agora é em como vou contar isso ao meu pai. Como vou deixar meu distrito e ir para um lugar que odeio. Como vou conseguir uma boa nota com os idealizadores, e como vou te manter vivo.

Leo me encara, com o cenho franzido.

-- Me manter vivo...?

-- Er... Não é isso, eu me preocupo com você Leo. -- Digo gaguejando, droga.

Ele da um sorriso falso

-- Pode ficar tranquila Annabeth, eu sei me cuidar muito bem. Vou dar o meu melhor, não preciso de você como minha babá. Aliás, não preciso de mais nada vindo de você. E a porta fica daquele lado.

Fico de boca aberta ao perceber que ele estava me expulsando da sua casa. Eu só queria ajudar!

-- Ótimo então, espero que saiba se cuidar mesmo. Isso não é brincadeira, ou você sabe sobreviver ou morre -- Me levanto irritada e saio de sua casa batendo a porta com violência. A última coisa que eu gostaria era brigar com ele. A última coisa que eu gostaria era de ter um único motivo para mata-lo, nem que fosse o mais bobo possível, como esse.

* * *

Banho tomado. Coloco um vestido até os joelhos, cor abobora. A pior cor que se podia imaginar. Com estampas de algumas flores no bordado. Eu já tinha falado com meu pai, e a conversa não sido uma das nossas melhores. Ele primeiro gritou comigo, e logo depois começou a chorar. Perder sua única filha, ele não queria aquilo. Quase me fez fazer uma rota de fuga do distrito, só para não comparecer e ter meu nome chamado nos Jogos. Mas eu o tranquilizei. Ele tinha que confiar em mim.

-- Estou indo -- Grito da porta.

Meu pai vem correndo da sala e me da um abraço apertado. Eu tinha certeza de que estava segurando as lagrimas também. Me senti um pouco culpada por aquele momento.

-- Me desculpe -- Ele se afasta e segura meu rosto com as mãos -- Sua mãe deve estar orgulhosa, eu também. Se cuida. Eu não vou poder ficar lá, me proibiram. Mas... Vou dar um jeito.

-- Proibiram? -- Fico confusa

-- Sim, não entendi por que. Mas tudo bem, eu te amo Annie.

Ele me da um beijo na testa antes de me deixar sair pela porta. Corro para a praça. No caminho vejo outros garotos caminharem para o mesmo destino. Eu queria desesperadamente falar para eles que nenhum seria sorteado naquele ano. Apenas tranquiliza-los. Mas eu não podia, estava com pressa.

Chego à praça principal. Vejo o grande palanque em frente ao edifico da justiça. Painéis gigantes posicionados erradamente dos lados. Enquanto uma fila que dividia meninas de meninos se formava. Eu segui por ali, tentando não olhar para a estrutura daquele lugar e ficar realmente possessa.

Fico na fila. Ao lado de uma garota de cabelos cacheados e tão louros quanto os meus. Seus grandes olhos azuis estavam focados para os painéis. Com uma cara assustada, ela segurava a barra do vestido com força. Ela só devia ter 12 anos, e completamente apavorada. Eu poderia adivinhar que era seu primeiro ano tendo seu nome nos Jogos.

-- Ei... -- Murmuro para ela. A menina se vira para mim ainda mais assustada -- Calma. Não vai acontecer nada com você, eu garanto.

Uma expressão confusa brota. O cenho fica franzido de um jeito estranho

-- Como pode saber...? -- Ela murmura do mesmo jeito que eu

-- Confie em mim -- Dou uma piscadela, antes de ver Dabrianna subir ao palco. Ela que sempre apresentava -- e "abria" -- os Jogos Vorazes todos os anos no distrito 3.

Era uma baixinha robusta. Com uma peruca extravagante de cor laranja choque, e com suas roupas azuis de bolinhas amarelas. Meus olhos começavam a lacrimejar só de olhar para aquilo.

-- Bem vindos! -- Ela grita, com seu sotaque puxado -- Bem vindos aos 12th Jogos Vorazes! E que a sorte... Esteja sempre ao seu favor.

Já era de se esperar. Bordão repetido que a Capital tanto amava. Antes que ela possa dizer qualquer coisa, os telões se acendem. E então o filme sobre o distrito 13 passa. Era tedioso assistir aquilo mais uma vez. E o pior de tudo, era que as imagens grudavam em sua memoria como carrapatos esfomeados. Algo terrível.

Quando termina, percebo a garotinha ao meu lado tremendo. Ela olhava para todos com seus olhos arregalados. Ela provavelmente não tinha acreditado em minhas palavras. Na minha situação com aquela idade, talvez eu não acreditasse também.

-- Certo. Damas primeiro! -- Dabrianna fica na frente do grande pote onde só tinha meu nome, e faz o suspense que já era de se esperar. Todos ficam em silencio. Respirações presas, sufocados pelo pânico de serem chamados para subir ao palco. Eu entendia certamente -- Annabeth Chase!

Bingo. Dou um sorriso gentil para a garota quando ela me encara com certa curiosidade e espanto. Caminho para o palco, despreocupada e relaxada, não ligando para os olhares de pena que eu recebia de todos por ali. Eu só queria acabar logo com aquilo tudo, ir para meu destino e fim.

-- Agora os Jovenzinhos -- Ela da uma risadinha e segue para outro pote. Mais suspense. Não para mim, mas para os outros. Leo seria chamado, e eu já esperava por isso -- Leo Valdez!

Observo triste, meu amigo caminhar em direção ao palco. Ele não parecia abatido, mas com certeza, agoniado. Sua postura era tensa, e eu podia jurar que fazia de tudo para não me olhar nos olhos. 

-- E aqui estão os tributos representantes do Distrito 3! -- Ela bate palmas com certo entusiasmo. Alguns garotos batem palmas de forma desanimada, outros permanecem sem fazer nada. Suspiro pesadamente.

Vejo a garotinha que estava ao meu lado, me encarar. Olhos grudados nos meus, numa mensagem silenciosa no qual eu não conseguia entender.

-- Apertem as mãos! Agora vocês são guerreiros.

Me viro lentamente para Leo, estendendo a mão sem medo de ser deixada no vácuo. O garoto a aperta, finalmente olhando em meus olhos. Fico surpresa. Ele estava chorando. Lágrimas escorrem de seus olhos, e ele não fazia questão de mantê-las escondidas.

Mãos firmes nos levam para dentro do edifício. Aquela era a hora, de ir para os Jogos. Um momento para mostrar a todos que ousavam derrubar os semideuses que podíamos lutar. Talvez lutar lado a lado, e parar de uma vez por todas com toda essa perseguição sem fim. Era ridículo pensar assim de certa maneira, mas era a pura verdade. A Capital não iria parar até nos ver no chão. Mortos. Mas se estamos no chão, não quer dizer que não podemos puxa-los para ele também.


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Notas finais do capítulo

Gostaram. Mandem reviews falando do cap :3 Mensagens contrativas também são bem vindas \õ/