Cowboy Sedutor escrita por Lady Suprema


Capítulo 19
Descontrações e verdades.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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Uma semana mais tarde, Luke ainda não havia recobrado seu costumeiro bom humor. Desde que Luce ganhara o urso, o qual, para desgosto ainda maior de seu irmão, recebeu o nome de Fuzzy, o garoto vinha agindo de modo estranho.

Bella preparava uma enorme travessa de grãos verdes e frescos para o jantar quando olhou pela janela sobre a pia e viu Luke no quintal atrás de uma grande árvore. Aparentemente tentava laçar um poste da cerca. Não parecia muito feliz.

Deixando os legumes na pia, Bella enxugou as mãos na toalha de cozinha antes de sair e juntar-se ao menino.

— O que está fazendo?

— Nada — foi a resposta.

Luke claramente não gostava da companhia dela, mas Bella suspeitava de que, apesar de seu comportamento, estava ansioso por contar a alguém qual era seu problema.

— Gostaria de conversar sobre alguma coisa? — ela indagou.

Claro, foi a resposta nos olhos azuis do menino, um pouco mais escuros que os da irmã.

— Você está transformando Luce em uma menina.

Disse a última palavra com evidente desgosto.

— Você tem algo contra meninas?

Já sabia o que Luce pensava a respeito e queria conhecer a visão de Luke sobre o assunto.

— São bobas. Antes costumávamos brincar o tempo todo, mas agora Luce está agindo como tola.

Ah, então o problema era que Luke sentia-se ameaçado pelas mudanças em Luce e julgava-se deixado de lado pela proximidade desenvolvida entre a menina e Bella.

Ela surpreendeu-se por estar decifrando o comportamento das crianças com relativa facilidade. Fez uma pausa para mentalmente congratular-se.

— Luce pode estar agindo um pouco mais como menina, mas isto não significa que seja boba ou que vocês dois não possam ser tão próximos quanto sempre foram.

— Deu ao urso o nome de Fuzzy. E penteia o cabelo toda hora.

— E ela ainda pode vencê-lo no laço.

Diante da expressão de surpresa de Luke, acrescentou:

— Billy me contou.

— Estou melhorando. É por isto que estava treinando.

— Precisa de ajuda? — Bella perguntou, sabendo que o garoto não aceitaria sua oferta.

— Sim! Preciso laçar algo em movimento. Como você.

Bella não gostou muito da idéia.

— Não é difícil — acrescentou Luke. — Tudo o que precisa fazer é caminhar, e eu jogarei a corda sobre você. Assim... espere, preciso ficar mais alto.

Subiu em um monte de feno próximo.

— Pronto, agora ande. Mas não vá muito longe.

Nas primeiras tentativas, Luke jogou a corda adiante dela. Bella estava surpresa por uma criança de sete anos de idade fazer aquilo tão bem.

Billy lhe dissera que as crianças começaram a praticar imitando o pai assim que conseguiram dar os primeiros passos.

Ela com frequência notava que Edward tinha uma corda na mão quando ia lidar com cavalos. Algumas vezes batia a corda contra a coxa para chamar a atenção de um animal. Certamente chamava a atenção dela.

Plop! Mais uma vez a corda pequenina de Luke caiu na poeira poucos passos à sua frente.

— Ei! E se eu ficar aqui e levantar os braços? — Mostrou o que queria dizer. — Você consegue mirar para meus braços?

Luke mordeu o lábio inferior em concentração, segurou a corda e tentou novamente.

Bingo! A corda alojou-se ao redor do braço de Bella, mas escapuliu.

— Tente mover-se novamente — pediu Luke.

Ela obedeceu com mais vagar dessa vez, virando-se para ficar de costas para o menino.

— Você chegou realmente perto — encorajou-o. — Aquele último lance, ou como preferir chamá-lo, foi bem no olho do boi.

A corda passou sobre sua cabeça e acomodou-se ao redor dos ombros. Atônita, Bella baixou os braços, e a corda foi descendo até a cintura antes de descansar nos quadris.

— Terminologia errada — Edward murmurou detrás dela. Somente então Bella percebeu que fora ele quem a havia laçado e não Luke. Estava conectada a Edward pela corda. Ele com gentileza puxou-a para mais perto.

— Um velho cowboy uma vez disse que cordas, como espingardas, são perigosas. Espingardas disparam e cordas são lançadas.

— Já tive algumas experiências nesta casa com cordas ao meu redor — lembrou.

Bella soube, pela expressão naquele olhar, de que ele se lembrava da vez em que a encontrara amarrada na cama e tivera de libertá-la.

— Vai-me ajudar a praticar laço? — Luke perguntou ao pai com ansiedade.

— Claro!

A única coisa clara para Bella era que não ficaria ali para deixar que Edward a amarrasse mais.

— Pois estão sozinhos, cowboys — disse-lhes, livrando-se do laço e voltando para a segurança da casa, ofegante devido a proximidade com Edward.

—-

Na quinta-feira, Bella decidiu fazer uma limpeza caprichada na sala de estar. Precisava abandonar o recurso de lâmpadas fracas para esconder a poeira.

Colocou uma fita em seu gravador portátil, ajustou fones de ouvido compactos e começou a trabalhar.

Primeiro tinha de afastar os móveis. Demorou um pouco, mas conseguiu colocar o sofá e as poltronas contra as paredes para que pudesse limpar o chão sem obstáculos.

A música tentava-a a dançar enquanto trabalhava. A mão direita permanecia firme na tarefa, mas a esquerda e o pé faziam movimentos de dança. De tempos em tempos efetuava uma pausa e um floreio com a perna antes de dar a volta no aspirador como se fosse seu parceiro.

Quando os gêmeos subitamente apareceram à sua frente, Bella deu um grito de susto e tirou os fones do ouvido.

— O que está fazendo? — Luce perguntou.

— Aspirando pó... e dançando.

Algo no olhar intrigado de Luce a fez acrescentar:

— Venha, vou lhe mostrar.

Bella tirou a fita cassete de seu aparelho portátil, colocou-a no sistema estéreo da sala de estar, voltou até a primeira música e fez com que tocasse novamente.

— Dê-me sua mão — ela convidou Luce.

Um minuto depois, elas estavam dançando. A menina imitava com animação os passos que Bella lhe ensinava. Quando a menina já criava seus próprios passos, Bella pegou Luke pela mão e dançou com ele.

— O que está acontecendo aqui? — Billy aproximou-se do grupo na sala de estar. Estivera no escritório trabalhando com a papelada da fazenda.

— Estamos dançando! — Luce gritou de volta quase sem fôlego.

— Isto, dançando — repetiu Luke.

— Então deixe-me mostrar a vocês, jovens, como se faz isso.

Billy deslizou pela sala como um profissional, pegando Bella como parceira. Com um braço amparando suas costas e uma mão segurando a dela, mostrou-lhe movimentos sofisticados que Bella apenas vira no cinema. Terminou por fazer com que ela rolasse por suas costas ficando de cabeça para baixo, antes de pousar no chão, em pé.

— Agora eu! — pediu Luce.

— Não, eu! — gritou Luke.

Com os gêmeos Billy improvisou, fazendo com que tirassem os pés do chão enquanto os fazia girar. As crianças riam, deliciadas.

— Já chega — Billy finalmente falou antes de desabar sobre uma poltrona.

Bella mal teve energia suficiente para desligar o aparelho de som antes que a música fosse repassada pela vigésima vez. Caminhou até o sofá, quase desabando de tanto rir.

— Onde aprendeu a dançar assim, vovô? — Luce indagou.

— E por que nunca nos ensinou antes? — Luke quis saber.

— Não imaginei que vocês estariam interessados.

Inclinando-se adiante, Billy apoiou os cotovelos nos joelhos e balançou a cabeça.

— Puxa! Não tenho rodopiado assim desde que sua avó e eu éramos recém-casados. Faz tanto tempo... O carpete ainda era novo.

Observou o chão com mais atenção.

— É impressão minha ou a luz está ficando fraca?

Bella sentiu-se culpada e confessou:

— Troquei as lâmpadas para uma voltagem mais baixa.

— Percebo o motivo. O carpete está horrível.

Era sua oportunidade, e Bella a agarrou.

— O piso de madeira debaixo do carpete está em bom estado?

— Pelo que sei, sim.

— Eu estava pensando em arrancarmos esse carpete e lustrarmos o piso de madeira. Acho que a sala ficaria ótima. Renovada.

— Está bem. Vamos fazer isto.

A resposta a tomou de surpresa.

— Quer dizer agora?

— Pensou em outra hora?

Bella fez alguns cálculos mentais bem rapidamente. Poderia usar o restante do lombo de porco do jantar da noite anterior para fazer sanduíches para os homens no almoço.

Uma torta de pêssego comprada pronta completaria a refeição. Sendo assim, teria tempo de trabalhar no carpete antes que Billy mudasse de idéia.

— Vamos fazer agora!

— Poderíamos colocar aquela música de volta enquanto trabalhamos.

Foi assim que rasgaram o carpete ao som de Dolly Parton.

Quando Edward apareceu para o almoço, passou pela sala de estar para pegar algo no escritório. Estacou ao batente, atônito.

— Alguém se importaria em explicar o motivo de o carpete estar todo rasgado?

— Papai, Bella nos ensinou a dançar! — Luce gritou.

— E para isto tiveram de rasgar o carpete?

Colocando as mãos nos quadris, Bella apenas sorriu.

— Ainda bem que fizemos isto.

— Foi idéia sua? — Edward perguntou a Billy.

— Apenas se você achar que foi boa — o pai respondeu, rindo.

— Não tenho muita certeza do que eu acho — Edward murmurou antes de ir para o escritório.

— Isto está acontecendo com frequência nos últimos tempos — Billy falou.

O olhar significativo que lançou na direção de Bella a fez pensar se Billy havia notado a química existente entre seu filho e ela.

Passadas duas semanas, o projeto da reforma da sala de estar estava concluído. A sala atualmente tomava a forma que ela havia imaginado.

Bella pegara um tapete Navajo de uma sala no andar superior para enfeitar o piso de carvalho, o qual brilhava de um modo que somente a idade poderia produzir.

Uma manta com desenhos de cavalos em tons de marrom e preto escondia a maior parte do remendo da poltrona de Billy.

Naquele dia ela inspecionava o escritório para ver se alguma coisa dali poderia ser usada para complementar a decoração da sala de estar.

A maior peça de mobília era a escrivaninha em forma de "L". Sobre o móvel havia um computador com monitor e impressora.

Ao ver sua expressão de curiosidade, Billy falou:

— Esta máquina é bem útil para controlar o desempenho da fazenda. Criação de gado, produção de feno e contas diversas, coisas assim. Falei para Edward que a aquisição do computador foi uma das atitudes mais inteligentes que já teve.

— Em seguida estarão navegando na Internet.

Billy apenas deu de ombros e continuou a falar com orgulho do tatu empalhado que seu tataravô tinha trazido do Texas.

O tatu poderia ficar onde estava. Evitando olhar para aquela direção, Bella observou os diversos itens pendurados na parede.

Havia uma fotografia da formatura de Edward na universidade e também de Emmett. Fotos de família, velhas e novas. E um conjunto adorável de inscrições bordadas ocupava a parede mais distante.

Aproximando-se, percebeu que não eram versos tradicionais mas poemas de Jebeddyah Cullen.

— Não me venha dizer que Jebeddyah, além de ladrão e poeta, também sabia bordar!

— Foi minha avó quem bordou estas inscrições, mas os "poemas" são dele.

Bella leu um em voz alta.

"Nunca me confundam com Robin Hood

Eu tiro dos ricos o máximo que posso

Mas somente para mim eu o faço

Os pobres que roubem para si."

O outro tinha apenas duas linhas:

"Sou Cullen, o ladrão poeta.

Agora ambos sabemos disto."

— Ainda não me contou como foi a visita a seu filho Riley. Teve tempo de procurar pelo mapa de tesouro ou foi apenas uma desculpa para que os gêmeos o acompanhassem?

— A verdade é que eu não tive tempo de fazer uma boa busca — respondeu Billy. — As crianças estavam inquietas, por isto não pude revirar os velhos trastes que guardei ali para ver se achava o mapa.

— Os gêmeos? Inquietos? Acho difícil acreditar — murmurou, pestanejando.

Billy gargalhou conforme ela previra.

— Agora que eu o deixei de bom humor, o que acha de permitir que eu leve esta luminária de ferro para a sala de estar?

— Tem certeza de que não quer o tatu?

— Nem sonharia em tirá-lo daí — respondeu. — Não quando está proporcionando tão boa sorte ficando neste exato lugar.

— E quanto a isto?

Apontou para uma peça entalhada.

— É típica dos cowboys: "Certifique-se do sabor de suas palavras antes de proferi-las" — Bella leu em voz alta. — Humm, seu filho pode precisar disto aqui. Levarei somente a luminária.

Agarrou o objeto e o levou para a sala de estar antes que Billy pudesse oferecer-se para a tarefa.

— Pronto!

Deu um passo para trás para admirar a sala.

— Acha que Edward vai gostar?

Billy estreitou o olhar e a fitou com intensidade.

— Parece que meu filho mais velho causou uma impressão e tanto em você.

— É meu patrão.

— É mais do que isto.

Ainda a observá-la, Billy estendeu as mãos em um gesto conciliatório.

— Não fique na defensiva comigo. Eu sei como são as mulheres. Não gostam de admitir o que se passa no coração mais do que nós gostamos. Mas não sou cego, embora tenha pensado que estava ficando quando você trocou as lâmpadas da sala. Fico feliz por ter colocado as mais fortes de volta. Agora, onde eu estava? Oh, sim. Estávamos discutindo como Edward é tímido com garotas da cidade.

Ela arregalou os olhos.

— Tímido?

— Sim. Do mesmo modo como cavalos se afastam assustados diante de certos sons, algumas pessoas fazem o mesmo.

— Já sei a opinião de Edward sobre mulheres da cidade grande — disse Bella. — Ele deixou muito claro o que pensa.

— Parece-me que ele pode estar dizendo uma coisa e fazendo outra. Vi o modo como vocês dois se olham. Como bezerros apaixonados.

Ela riu diante das palavras.

— Está exagerando. Eu apenas quero que ele pense bem a meu respeito, só isto. Não gosto que me julguem incompetente.

Mesmo assim, era a primeira a admitir que não se tornara uma dona de casa esmerada da noite para o dia, conforme previra.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Mereço recomendações?
Comentem se algo precisa ser melhorado e caso tenham alguma dúvida. Conto com vocês!
Até o próximo ♥



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