PDV Edward

Edward observara Bella participar de um concurso após outro durante o dia de comemorações. Estava impressionado pelo modo como conseguia adaptar-se ao ambiente estranho. Seu rabo-de-cavalo louro balançava enquanto ela se esgueirava por entre pessoas a caminho de julgar o concurso de geléias ou outro qualquer. Adaptava-se ao meio mas ao mesmo tempo permanecia em destaque.

Estar em destaque não era algo ruim. Já não tinha mais traços de frivolidade, como naquela noite em que aparecera ensopada em sua varanda.

Também não aparentava mais insegurança na cozinha, embora ainda cometesse alguns enganos vez por outra.

E Edward tinha de confessar secretamente que estava gostando muito dos sucos especiais que ela preparava com aquele espremedor de frutas que trouxera na bagagem. Ainda outra manhã provara a mistura saborosa de laranja com mamão.

Se alguém lhe tivesse dito um mês atrás que estaria tomando suco de frutas silvestres pela manhã e indo para casa à noite para ter um "horário dos gêmeos" jamais teria acreditado. Mas Bella fizera isso. Mudara as coisas.

E ele não tinha certeza se gostava daquilo. Sentia-se mais confortável quando Bella parecia um peixe fora d'água, quando era óbvio que não se adaptava à fazenda, não pertencia àquele lugar.

Lembrou-se de que ela partiria no final do verão e que as mudanças eram temporárias. Ainda era uma executiva do mundo da propaganda, fingindo ser empregada doméstica.

Durante quanto tempo Bella apreciaria aquela vida antes de voltar para as luzes cintilantes de New York? O que Port Angeles poderia oferecer a uma mulher como ela?

Certamente comprava roupas e livros pela Internet e pedia que fossem entregues na fazenda, mas chegaria o momento em que sentiria vontade de entrar em uma loja de verdade.

E embora tivesse conseguido que aquele lindo catálogo abrigasse o molho para churrasco de seu pai, isso era pouco se comparado às atividades que exercia em New York.

Chegaria um dia em que Bella ficaria com vontade de ir a um museu. Ansiaria por fazer parte da multidão de pessoas de uma cidade grande e não de um grupo diminuto como o de Port Angeles.

Edward detestou as multidões de Seattle, mas alguns camaradas disseram que adoravam aquela energia. Ele podia imaginar Bella perfeitamente bem adaptada àquela confusão.

Era preciso estar em silêncio e em harmonia com a própria alma para apreciar o ambiente de uma fazenda.

E havia o fato de Bella estar vendo a região durante o verão, quando o tempo estava em sua melhor fase. Suportaria viver os invernos realmente rigorosos.

— Podemos ir ao parque de diversões, papai? — Luce puxou-lhe a mão para indagar.

— Hmm?

— O parque de diversões. Quero ir no carrossel.

— Isto é para maricas — Luke desdenhou. — Quero ir na casa mal-assombrada.

No ano anterior, Luke não dormira sozinho durante um mês depois do passeio pela casa mal-assombrada. Embora Edward amasse o filho, o pequenino atrapalhara seu sono terrivelmente.

— Que tal irmos naquele brinquedo? — Edward sugeriu, apontando para mais adiante.

Ele foi com Luke em um carrinho. Bella e Luce pegaram o seguinte. Billy tinha medo de altura, por isso ficou no chão acenando para eles.

Mais tarde, quando foram caminhar pela área da feira, Luce avistou um animal de pelúcia pelo qual simplesmente se apaixonara. Era um urso roxo gigante, quase do tamanho da menina, ornando a prateleira dos fundos da barraca de tiros.

— Oh, papai! — Luce suspirou. — Se conseguir aquele urso para mim eu não lhe pedirei mais nada durante toda a minha vida.

— Escreva e grave isto — Billy sugeriu.

Se sua garotinha queria um urso gigante, iria obtê-lo, pensou Edward. Tirou o dinheiro necessário e pegou o rifle. Conseguiu atingir dois dos alvos em formato de pato a se mexer. Faltavam apenas três.

Ping! Ping!

Bastava um... mas Edward errou o alvo.

— Ei, deixe-me tentar — Bella pediu.

— Estará desperdiçando dinheiro — avisou-a.

Ela apenas sorriu.

— Por que não me julga depois? - Bella comentou o olhando com divertimento.

Se posicionando atrás da marca de tiro, Bella pegou o rifle, mirou por 3 segundos e acertou o alvo em cheio sem pestanejar.

— Não é possível - comentei surpreso com a habilidade que a garota da cidade possuía.

— Estou lhe dizendo que foi apenas sorte — Bella insistiu.

— Eu amo meu urso. - interrompeu Luce antes que eu retrucasse Bella.

Luce abraçava o urso com carinho. Era quase tão grande quanto ela.

— Obrigada, Bella.

— De nada, querida.

Luce nem mesmo fez uma careta diante do tratamento carinhoso. Estava ocupada demais sorrindo, embevecida. O que deixou a Luke a tarefa de defender sua reputação.

— Ela não é uma "querida".

— Tem certeza de que não quer que eu tente ganhar aquele caminhão de bombeiros gigante para você? — Bella lhe perguntou.

— Não. Além do mais, você disse que foi apenas um tiro de sorte.

— Onde você aprendeu a atirar daquele jeito? — Edward finalmente indagou.

Ela deu de ombros.

— Meu pai me levava para o estande de tiros sempre que tinha tempo. Não era um caçador; amava animais. Mas apreciava atirar no olho do boi.

— Isto devia machucar o boi — protestou Luke.

— É apenas o nome para o centro de um alvo — Bella apressou-se em explicar. — Não é um olho de boi de verdade.

— Por que você não me falou que sabia atirar daquele jeito? — disse Edward.

— Achou que eu não sabia atirar por causa do jeito como lidei com o aparelho de picar salada? — provocou-o.

— Na primeira vez em que você usou aquela coisa para salada, voou alface em todas as paredes. E a massa de seus biscoitos estava tão dura que queimou o preparador de biscoitos.

— Pelo menos o espremedor de frutas ainda funciona.

— Graças a Deus!

— E fiz com que você tomasse suco de laranja com mamão, não é mesmo? Ora, vamos — cutucou-o amigavelmente. — Confesse.

— Nenhum cowboy jamais confessará que gosta de mamão.

— Quer dizer que isto arruinaria sua reputação de perfeito cavalgador?

Dirigiam-se ao lugar onde acontecia o rodeio anual de Port Angeles, do qual participavam fazendeiros locais e cowboys mostrando suas habilidades em busca de quatrocentos dólares doados pelos comerciantes da cidade.

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— Eu não estava no concurso de melhor cavalgador — Edward a corrigiu. — Estava naquele de laçar bezerros.

— Espero que não tenha machucado o pobrezinho.

— Era por isto que estava torcendo tanto? — Luke perguntou. — Porque achou que papai ia machucar o bezerro?

Edward lançou a Bella um daqueles olhares especiais que lhe tiravam o fôlego.

— Então você estava torcendo, é?

— Pelo bezerro.

— Pelo bezerro, é?

— Sim.

Aquela era sua versão para a história e se manteria firme na resposta. Mas quando os olhos azuis de Edward capturaram os seus, Bella não pôde distanciar o olhar. A respiração pareceu presa na garganta.

— Vamos, não queremos perder os fogos! — Billy gritou, interrompendo o transe.

Bella sentia como se já houvesse experimentado a visão de fogos de artifício. Sinal de que havia problemas à vista.