– Vamos, Wendy! Não é difícil! – gritei. Eu já tinha conseguido, agora só faltava ela.

– Peter, os vizinhos vão achar que somos loucos!

– E eu ligo para o que os vizinhos pensam? Vamos, lembre-se da regra: pense em uma coisa bem boa, assim qualquer um voa!

– Só você conseguia desse jeito! Eu sempre precisei da Sininho!

Eu estava tentando ensiná-la a voar para que pudéssemos voltar para a Terra do Nunca. Passaram-se anos desde que voltei, mas eu ainda conseguia, mas com um pouco de dificuldade. Já Wendy... Bom, vejamos pela bagunça no nosso quarto que ela tem um pouco mais de dificuldade do que eu.

Quando ela falou de Sininho, várias lembranças me vieram à cabeça. De repente, senti uma enorme saudade. Como ela estaria? Será que estava bem? Sininho sempre foi minha melhor amiga, mas o mundo humano realmente não era o melhor lugar pra ela. Pelo que ela havia me contado, já foi quase morta por um antes de me conhecer. Mas ainda assim não tinha como não bater saudades. Queria poder agradecer a ela por ter me feito voltar atrás de Wendy.

Mais uma queda me afastou dos pensamentos.

– Wendy!

– Desculpa, eu não consigo! Peter, é melhor você ir sozinho. Eu nem sei se conseguiríamos chegar lá. Nós já crescemos, lembra?

– Não importa quantos anos nós temos. O que importa é que ainda temos o coração de duas crianças. Nos conhecemos como crianças, eu posso ter crescido, mas não vou deixar de ser infantil. E nem você. Somos um só, Wendy. Somos como duas crianças. Se lembra?

Ela parecia estar realmente relembrando aquela época.

– Agora me faça um favor. – continuei - Feche seus olhos. Agora se lembre do dia em que nos conhecemos. Do nosso primeiro beijo... Nossa despedida... E agora do nosso reencontro.

Pude ver que ela não parava de sorrir. Estava quase flutuando.

– Lembre do dia em que eu te pedi em casamento. Do nascimento do Daniel. Agora abra os olhos e olhe pro chão.

Quando ela abriu os olhos, arregalou de surpresa. Estava voando.

– Peter! Nós conseguimos!

– Vamos?

– Vamos.

– Para a Terra do Nunca, a voar!