A voar! escrita por NenaSt


Capítulo 16
(Wendy) O Sequestro de Daniel




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Depois que Peter e eu contamos nossa história para Daniel, ele não parava de fazer perguntas e falar que queria viver uma aventura como a nossa. Ficávamos sempre felizes ao saber que ele tinha gostado. Mas, um dia, tudo mudou.

Fazia duas semanas que havíamos contado a história da Terra do Nunca, e eu pretendia contar uma bem melhor naquela noite. Mas depois do que aconteceu, eu quis que ao menos meu filho estivesse ainda conosco, à noite.

Acordei animada, pois era feriado e Peter passaria o dia inteiro conosco. Mesmo que Daniel não chorasse mais durante a noite, eu mal havia conseguido dormir, ansiosa para que o dia amanhecesse logo. Assim que acordei, fui direto para o quarto de Daniel para ver se ele estava acordado. Quando vi sua caminha, tomei um susto. Estava vazia.

O que poderia ter acontecido com Daniel? Ele havia sumido! Eu nunca suportei passar um dia sem meu filho. Assim como eu não queria crescer, também não queria que ele crescesse. O que estava acontecendo rápido demais, e eu já estava assustada, pois sabia que mais cedo ou mais tarde ele iria nos abandonar. Só não imaginava que pudesse ser tão cedo.

Voltei ao meu quarto para falar com Peter. Ele estava dormindo, e eu sempre tinha pena de acordá-lo, mas dessa vez eu precisava. Quando cheguei, já estava chorando muito.

- Peter... – consegui dizer, entre lágrimas.

Ele logo acordou, e quando viu meu rosto, se sentou rápido.

- O que aconteceu?

Logo depois não consegui dizer mais nada. Apenas abracei-o com força e fiquei lá, chorando desesperadamente. Não queria perder meu filho! Algo muito ruim estaria acontecendo com ele, e eu não suportava essa ideia! Lembrei-me da noite anterior. Eu havia acabado de lhe contar uma das histórias que sempre contava aos meus irmãos.

- Mamãe, o que aconteceu com Sininho depois que o papai voltou pra casa? – Perguntou

- Hoje em dia ela deve estar muito feliz no mundo das fadas, quem sabe conheceu um elfo?

- Ah... Mamãe, por que você voltou da Terra do Nunca?

- Eu estava com muitas saudades dos meus pais. Mas lá é um lugar maravilhoso. Não é de se surpreender que seu pai tenha conseguido ficar lá por tanto tempo!

- Eu queria ir pra lá... Você me leva lá algum dia?

- Eu... Eu não sei, filho. Não costumam gostar muito de adultos por lá, todos tem raiva de crescer. E é muito difícil chegar lá.

- Como?                          

- Voando, é claro! – Respondi, lembrando da ironia de Peter na primeira vez que eu perguntei isso.

Fui afastada dos meus pensamentos quando vi que Peter estava olhando pra mim, ainda querendo saber o que havia acontecido.

- Nosso filho... – falei, com a voz trêmula, entre lágrimas.

Eu não precisei falar mais nada. Logo depois ele correu para o quarto de Daniel e viu que sua cama estava vazia.

- Wendy...

Ele voltou a me abraçar. Vi que estava se esforçando para não chorar.

- Não podemos ficar aqui sem fazer nada. Temos que encontrar nosso filho.

- Como? Londres é enorme!

De repente, ele pareceu se lembrar de algo, uma lembrança provavelmente bem ruim, vendo por sua expressão.

- Não. Ele não está em Londres.

Logo se levantou.

- O que...

E então eu também me lembrei. Gancho. No dia do nosso casamento, ele havia prometido acabar com a nossa vida. E agora estava cumprindo...

- Não... – falei baixinho. Ele não tinha esse direito! – Não! – repeti um pouco mais alto. – Não podemos deixar que Gancho estrague nossas vidas!

- Wendy, nós não podemos fazer nada! Ele levou Daniel para a Terra do Nunca. Nós já crescemos, Wendy.

Comecei a chorar mais ainda. Por que eu decidi crescer? Por que eu não fiquei lá mesmo na Terra do Nunca e não fui feliz para sempre? Duas semanas atrás eu havia dito para Daniel que ele era o nosso final feliz. Mas aquilo tudo só tornou nosso final mais triste ainda. A ideia de voltar havia sido minha! Que burra que eu fui! Eu poderia passar o resto da minha vida com Peter! Na Terra do Nunca pode tentaram me matar várias vezes, mas aquilo não foi nem um terço do que eu sofri desde que voltei pra casa até... Até agora. Bem que Peter havia me avisado que eu iria me arrepender... Ele estava certo. Sei que era minha obrigação. Mas não posso deixar de imaginar em todos os momentos de sofrimento em como seria se eu ainda fosse uma criança. Provavelmente nada mal. Sendo que Peter também havia crescido agora. E não parecia estar arrependido como eu estava. Sempre que conversávamos sobre isso ele dizia que era nossa obrigação, que não poderíamos viver na Terra do Nunca para sempre, pois mais cedo ou mais tarde teríamos que voltar.

- Tem que ter um jeito! – disse.

- Bom... Talvez tenha sim um jeito. Mas eu não sei se daria certo.

- Como?

- Voando, é claro!

Abri um enorme sorriso ao lembrar da primeira vez que ele me respondeu isso, mas logo depois lembrei de quando eu respondi isso para Daniel e o sorriso desapareceu. Como eu queria estar com meu filho neste momento... Quando eu era criança, não imaginava a saudade que meus pais pudessem sentir de mim quando eu fui para a Terra do Nunca. Sabia que eles me amavam, mas ainda não tinha ideia do amor de uma mãe. Agora eu estava sentindo na pele. Mas o que eu estava sentindo no momento não importava. O que importava agora era que eu teria que reaprender a voar. E ir resgatar meu filho.


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