– Quem é você? - Perguntou assustada.

O homem se aproximou devagar.

– Fique longe de mim! Estou avisando, eu vou... eu vou chamar meu irmão!

– Calma, eu só quero conversar, não tenha medo, não vou fazer mal.

Ele passou as mãos nos cabelos ruivos de Kayleena:

– São lindos, brilham como a própria chama.

– Quem é você e o que você quer? - Perguntou se afastando.

– Ainda está desconfiada? - Sorriu maliciosamente.

Ela não respondeu, olhou-o firmemente nos olhos e esperou que ele respondesse suas perguntas.

– Ah ha ha, tudo bem, eu digo - falou levantando as mãos como se estivesse se rendendo - Sou Scabior, um pobre bruxo esquecido pelo mundo dos feitiços. Fiquei sabendo que você, linda, filha do próprio amor, tem um enorme coração, então pensei que podería ser aceito.

– Bom, vamos lá para dentro, aí você se apresenta para os outros - Disse desconfiada.

– Não! Er... não, eu não sou muito sociável, só estou me sentindo sozinho - Fingiu estar quase chorando.

– Então eu sinto muito, não posso ajudá-lo, eu tenho que entrar, adeus. - Disse decidida.

Mas Scabior não era de desistir fácil, segurou a mão de Kayleena antes que ela entrasse:

– Espere! Está bem, eu conto quem sou para você, mas tem que prometer sigilo.

Kayleena olhou direito para o homem, ele era lindo, sedutor. Seus olhos azuis quase cinzas a hipnotizavam. Seu nariz fino tinha ar de realeza. Seus lábios pediam, quase imploravam para serem beijados. Havia apenas um defeito, que era mais um charme do que defeito, uma cicatriz, bem abaixo do olho esquerdo, que descia quase à altura da boca.

– Está bem, mas seja breve.

Scabior a olhou no fundo dos olhos, contou sua história numa versão apresentável. Mentiu dizendo que Potter o julgara e tentara matar, mesmo ele tendo se arrependido de ficar do lado do Lord das Trevas. Pareceu muito convincente.

– A ponte desabou sob meus pés, mas consegui me segurar em uma das fendas da enorme parede de pedra, foi na queda que ganhei esta cicatriz. E então, quando vi meus colegas caindo da ponte, percebi que não me restara mais nada, o Lord das Trevas havia mentido, ele não consiguiria derrotar o famoso Harry Potter. - Fez uma pausa dramática, com lágrimas escorrendo dos olhos - Aquele garoto...

– Nossa... não... eu não sabia disso. Tenho certeza que Harry não fez por mal...

– Não o julgo, quem iria aceitar alguém que estava do lado de...Voldemort?

– Por que não fala com Harry, tenho certeza que...

– Não, querida, não posso. É tarde de mais.

– Bem, então o que você quer? O que veio fazer aqui?

– Vim procurar alguém, uma amiga, alguém com quem conversar. Meus amigos morreram na grande batalha.

- Mas Harry disse que ainda há comensais vivos.

- Eles não me aceitariam de volta se estivessem vivos. E eu posso protege-la, dos inimigos... e dos amigos. Aceita ser minha amiga?

– Não sei o que quis dizer com isso, mas se não quer ser visto, vai ser difícil nos vermos.

– Eu sei, mas correrei o risco.

Kayleena sentiu a respiração dele em seu rosto. Estava assustada, porém confiava em Scabior, na verdade se sentia atraída por ele, então tentava confiar.

Ele deu um beijo no canto de sua boca e desapareceu na escuridão dizendo:

– Amanhã, a esta hora, neste mesmo lugar.