O desespero de Alexander o consumia. O seu filho estava ajoelhado em seu frente em silencio, enquanto tudo no que Alexander acreditava havia ruído. Ele não acreditava no que Jacob estava falando, e não se importava com quem ele falara, pois sua raiva era com o seu filho. Um filho que ele amava havia o apunhalado pelas costas. Ele havia lhe traído com a mulher que amava, e isso ele não poderia perdoar.

–Meu próprio filho me traiu – falou ainda incrédulo ao olhar para o rosto de Jacob. Um rosto que expressava apenas terror. – Desde quando? Desde quando tem me traído embaixo de meu próprio teto?

–Papai..eu..

–CALE-SE. Não peça perdão ou desculpas.

–Eu não pedirei – Jacob falou ao recuperar-se do susto. Ele jamais esperava que Alec pudesse usar aquela alternativa. Ele acreditava que este poderia ser um meio de chantageá-lo e percebeu o quão ingênuo era. Alec não tinha escrúpulos ou pensava de forma normal. Ele estava decidido a levar tudo adiante – Eu fiz tudo por sua culpa – Jacob falou ao se levantar e encarar o seu pai – O único que não me deu valor, foi você. O único que jogou em minha cara que eu não era útil foi você. O único que ficou cego por uma mulher barata foi você. Eu usei Elena. Eu dormi com a sua amada esposa para ficar com todo o dinheiro, sim eu fiz isso. Nenhum de nós dois é inocente.

–Inocente? Acha que estamos falando sobre culpa? Seu fedelho, eu sou o seu PAI, e me traiu? Abusou de minha confiança? – sorriu de forma cruel ao olhar para ele – acha que estou assim por ter dormido com Elena? Não, estou assim por seu motivo em ter dormido com ela. Achou que eu daria tudo para ela? Você é mais tolo do que eu imaginava. Eu estou assim por ver como meu filho é fraco. Precisou de uma mulher para isso? Seu tolo.

–O que fará agora que sabe de tudo? Vai me bater novamente? Vai me tirar do testamento?

–Meu desejo é de matá-lo – falou sério com um olhar que Jacob jamais vira em seu pai – E estou pensando em fazer isso agora mesmo.

–Me matará e se tornará um bandido? – perguntou divertido – vai acabar na prisão, e é isso que quer? Deixar a sua esposa livre por ai com seu dinheiro?

–Por isso que não farei – respondeu sério – nunca mais apareça em minha frente. Nunca mais – disse ao olhar fixamente para Jacob e dar as costas a ele.

***
Alec resignou-se a entrar em um quarto no mesmo hotel que Jacob estava. Assim que abriu a porta se deparou com Elena vestindo apenas um roupão branco do hotel.

–Estava achando que não vinha mais – Elena brincou ao abraçá-lo assim que ele fechou a porta atrás de si. O cheiro dele a deixava inebriada. Os braços dele ainda estavam parados ao lado de seu corpo. Ele não fez nenhuma menção de abraçá-la – Algo deu errado? – perguntou confusa com a frieza dele – fiz tudo como me pediu na mensagem. Eu mandei Alex ir para o quarto e depois vim pra cá. Fiz algo errado?

–Elena, me pergunto o quão baixa você pode ir para conseguir o que quer – Alec falou sombrio ao afastar as mãos dela de seu corpo – Acabou de entregar o seu amante ao seu marido, sabia disso?

–Do que.. está falando? Anthony, o que.. você me fez fazer?

–Apenas mostrei a Alexander o que você é, nada que ele já não saiba. – deu de ombros ao olhar para a face pálida dela – Não seja hipócrita. Todos sabem que você traia seu marido com o seu enteado, qual o segredo disso?

–Eu..mandei Alex ate Jacob? Então..ele saiu da prisão?

–Sim, hoje – assentiu pensativo – me admira que não esteja feliz ao saber disso tudo. Agora terá o seu amante de volta a sua casa. Porque está assim? Deveria estar contente.

–Não faz ideia do que fez, não é? – ela perguntou sorrindo – Acabou de destruir Jacob.

–E eu deveria me importar com isso? Por que não sinto nada.

–Anthony, o que você está fazendo? Pensei que.. estivesse querendo ficar comigo.

–Ficar com você? – perguntou ao gargalhar – irei me casar com Nicole, se esqueceu?

–Então..porque fez tudo isso? Porque me chamou ate aqui?

–Eu te chamei? – indagou friamente – tem certeza disso?

–Você me mandou a mensagem. O que está tramando? O que quer de mim?

–Nada, definitivamente nada.

–O QUE VOCÊ QUER? – gritou desesperada.

–Ainda não entendeu ou é tão cega assim? – perguntou divertido ao vê-la desesperada – Esqueceu de tudo que eu tinha te falado? Eu voltei para equilibrar as coisas. Vim para levá-la de volta a sua vida.

–Está louco, não é? Você.. está falando que veio para me deixar pobre?

–Se é assim que entendeu, não me importo – tornou ao segurar a maçaneta e abri-la, sorrindo – eu estou indo primeiro se não se importar. – não olhou para atrás nenhuma vez ao andar pelo corredor com firmeza. Seu olhar denunciava o quão decidido estava. Aos poucos tudo começava a girar e logo tudo terminaria.

Elena sentia as lagrimas caírem sobre a sua face e cega pela sua própria cobiça, e desejo, se viu indo atrás de Alec. Correu para fora do quarto, sem importar-se com o que vestia. Descalça não sentia nada, ela desejava alcançá-lo, só que quando parou em frente ao elevador percebeu que o tinha perdido. Ela não iria conseguir alcançá-lo.

***
O barmen olhava para Alec com curiosidade. Aquela era a primeira vez que o via. A primeira vez que via um homem beber tanto com um sorriso no rosto. Um sorriso doloroso.

–Tudo é mais doloroso do que imaginei – murmurou ao beber mais um gole do uísque amargo. A ardência o fez tossir e em seguida virar todo o copo, sorvendo todo o liquido. Ele não percebeu o quanto bebeu ou para aonde ia. Apenas tirou algumas notas, as jogou no balcão e saiu cambaleando. Ele apenas seguia em frente como estava acostumado a fazer. As chaves em sua mão o faziam lembrar-se da dor. Da dor que seria morrer naquele momento. Sorriu mais uma vez ao destrancar o carro, entrar e colocar a chave na ignição. – Hora da próxima etapa – disse ao acelerar.

***
Nicole olhava para a taça de vinho a sua frente atormentada. Ela começava a sofrer por uma vingança que não era sua. Uma vingança que ela não entendia e ao mesmo tempo sentia pena de todos envolvidos. Sua casa encontrava-se na escuridão e a luz da televisão era a única que iluminava a taça de vinho. Nicole encontrava-se com o cabelo preso e vestida com um pijama de flanela. Encontrava-se imersa em seus temores quando a campainha tocou, a assustando. Levantou-se sem vontade e antes de chegar a porta escutou a voz do homem que lhe atormentava.

–NICOLE – Alec gritava ao bater na porta com força – NICOLE..

Nicole permaneceu parada no meio da sala indecisa. Os gritos dele ecoavam em sua mente como uma suplica, mas seu coração a impedia de ir ate ele. Levou as mãos aos ouvidos, tampando-os.

–Pare.. – implorou em meio a escuridão – Pare.. por favor.. eu não quero me envolver.

–NICOLE – tornou a gritar – Eu.. vim pra você – disse antes do silencio se fazer. Intrigada, Nicole foi ate a porta e ao abri-la encontrou Alec caído no vão da porta, com os olhos fechados, adormecido. Ela se abaixou e consciente do erro que estava cometendo, acariciou o seu rosto.

–O que estamos fazendo? – perguntou-se no silencio da noite. Sem perceber um discreto sorriso na face de Alec.