Como Ser Um Pegador Em 12 Lições. escrita por Jess B


Capítulo 8
Ameaças de uma descontrolada.




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5ª Lição: Quando não tiver ninguém olhando, faça uma dançinha...
Afinal, você acabou de conseguir mais uma conquista.
É de lei uma dançinha da vitória.

Flashback on:
– O que eu to fazendo aqui? Mas que porra! Calma, vai ficar tudo bem... Respira. – a menina respirava estilo cachorrinho, o que não adiantava de nada – Putaquepariu! – xingou. Ela não sabia muito bem o que estava acontecendo.Não sabia se abriria a porta do banheiro fedido dos meninos e faria o que realmente queria, ou se ficava ali, sentindo medo das conseqüências que sua ação poderia ter.
Então, pôs-se a chorar. É, meninas quando não sabem o que fazer, choram.
Sentiu algumas lágrimas caírem e sua maquiagem um pouco (só um pouco?) forte começou a borrar.
– Droga. – falou baixo ao perceber que sua querida maquiagem estava se desfazendo – Você está ótima, Júlia! Além de chorar por uma situação besta, ta perdendo a maquiagem. Maravilha! – falou pegando um lenço que tinha perto da pia. Limpou o rosto, se olhando no espelho. – Você é patética. – disse a si mesma – Ele nunca vai querer nada com você. Fred bebeu porque sentiu pena. Isso mesmo, pena. E outra, ele podia muito bem estar afim de outra menina ali, sua anta! Ele poderia estar afim da Sophia, por exemplo. Só porque ela é a mais menininha e arrumadinha de todas. Foda-se Fred, foda-se a merda do ‘Eu Nunca’. FODA-SE! Se ele quer outra pessoa, que fique com outra. To nem aí. – ela falou baixo, mas sabia que no fundo, não queria ter dito. Sabia que se FredMaia quisesse ficar com uma amiga dela, quem tava fodida era ela. Claro. Ver Fred ter interesse por uma amiga já era demais, ela não agüentaria.
Se viu pela última vez no espelho. Seus olhos vermelhos não enganavam. Beleza, se perguntassem se havia chorado, mentiria. Negaria até a morte, mas não passaria por fraca na frente dos outros, principalmente dele.
Júlia destrancou a porta e a abriu, um pouco trêmula ao ver que Fred a esperou. Mesmo assustada com a presença dele, deu um sorrisinho e saiu andando em direção à escada com o coração disparando. Com aquele idiota era assim, só olhar pra ela que a menina já sentia borboletas voando que nem loucas em seu estômago.
E aí, tudo foi muito rápido.
Júlia sentiu uma mão puxando seu braço com força. Olhou pro dono da mão, assustada. Tão assustada que não falou nada. Aquilo foi tão inesperado que não conseguiu proferir uma palavra sequer. Em questão de minutos, seu corpo todo estava nas mãos de Frederico. Quem diria, a menina maléfica que não deixava ninguém ao menos olhar torto pra ela, agora estava à mercê de um dos populares escrotos sem ao menos ele falar nada. E sabe o que ela achava? Que era bom, muito bom estar ali. “Bom até demais”, pensou a menina.
E então, ouviu algo como “Agora você vai ver”. Pra ela, as palavras não tinham mais sentindo algum. Ela não ouvia, não pensava. Só sentia. Maia poderia muito bem dizer qualquer coisa, que ela simplesmente não ligaria. Não daria a mínima.
A boca de Fred era deliciosa. Ele tinha o poder de ser mais sexy do que era só de beijar um pescoço. Ela tava gostando daquilo. Ficou ali, paradinha, quase sem respirar. Prestando atenção nos movimentos de Fred. Seu coração de merda tava mais disparado do que qualquer coisa.
Enquanto os beijos foram se intensificando, Júlia travava uma pequena luta interior. Ela tava adorando estar ali, nos braços do cara mais lindo do Westshefild, mas no fundo se sentia estranha por estar o beijando. Júlia podia ser mestre em protestos, mas não era mestre em situações do coração.
Se aquilo era certo ou não, não queria que seus amigos punks ficassem sabendo. Sua reputação, pela qual lutou por tanto tempo, iria por água abaixo. E pior, entraria pra lista infame de Fred.
– Nunca. Nunca mais na sua vida faça isso! – falou de um jeito quase grosso, empurrando Fred, que agora estava com a boca aberta no ar. Ele a olhou com um pouco de medo, receoso de que ela desse um tapa ou algo do tipo.
Ela queria. Queria dar um chute, um murro ou até mesmo um cascudo. Mas não o faria, porque agora estava incapacitada de levantar um dedo sequer.
Não pensou duas vezes. Foi embora.
Flashback off

Júlia:
– Menina, que loucura foi essa da gente ter saído da casa deles assim? O que aconteceu? – Cris me perguntou enquanto estava no volante. Revirei os olhos. Não tava afim de falar sobre aquilo.
– Ah, eu não estava me sentindo muito bem. – menti na cara dura. Cris me olhou desconfiada pelo retrovisor.
– Oh, ju! Até que você parece pálida. Quer parar em algum lugar? – Sophia me perguntou, um pouco preocupada. – Tenho certeza que foi a Tequila, certeza! – não, minha querida amiga, foi coisa mais forte, pelo menos pra mim.
– Não precisa. Agora eu estou bem. – falei mais pra mim do que pra minhas amigas.
– Você tem certeza? – Cris mais uma vez me olhou, desconfiada. Ela era do tipo de amiga que me conhecia muito bem e sabia exatamente quando eu não estava falando a verdade. Desviei meus olhos dos dela.
– Tenho sim! – falei com a voz confiante. – Fala sério, quanto drama! Eu passei mal, quis ir embora e agora estamos aqui, fim! – falei rápido querendo sair desse interrogatório.
– Ta, a gente entendeu. – pela primeira vez, Bia falou. – Cris, olha o cara na frente! – Bia gritou. Tudo porque Cris não tinha visto o cara do carro da frente. Ela freou com tudo, esquecendo os outros atrás.
– Caralho, você quer matar a gente, sua louca? – quase gritei. Essas freadas de carro me deixam tensa. Cris não falou nada, não deu tempo. Os caras que estavam atrás andaram e foram até o nosso lado, falando algumas palavras indecentes.
Cris largou o dedo do meio e foi embora.
– Jesus, só porque eu não vi o cara da frente! – continuou a dirigir – Isso é um absurdo.
– Absurdo sou eu estar aqui ainda! – Sophia falou com medo. – Você normal já não é boa motorista, imagina depois de alguns shots. MEDO! – todas nós rimos.
– Falando em beber... Você, Cris, precisa nos esclarecer uma dúvida. – Beatriz, que estava no banco do passageiro, virou pra trás, nos dando uma piscada básica.
– O que foi dessa vez? – ela perguntou, mas acho que já sabia.
– De qual dos guys você ta afim? Tá ligada que o Fred não pode, né? – Beatriz falou e eu arregalei os olhos. Lembrei-me do que tinha acontecido e o meu coração foi à mil. Ia protestar, mas Bia me interrompeu – E você... – apontou pra mim – Não fala nada. Ele já ta marcado. Amigas não pegam paquerinhas das outras. – se eu não tivesse tão imersa nos pensamentos, com certeza apertaria a bochecha da Beatriz. Aquilo foi tão bonitinho!
– Isso é verdade, amigas não ficam com paqueras das outras amigas. É tão feinho. – Sophia, outra fofa, também falou.
– Calma aí, eu não to afim do Fred! Deus me livre, sem ofensas, ju! – Cris entrara na rua da Sophia. – Posso contar uma coisa pra vocês? – nós assentimos com a cabeça – Eu meio que fiquei feliz quando o Fred nos chamou pra ficar na casa deles hoje, parecia uma oportunidade perfeita.
– Oportunidade pra que, Cris? – Bia perguntou.
– Eu sempre quis saber como era o mundo dele. Toda vez que ele passava lá na escola, ficava imaginando várias coisas. Tipo, como ele acordava, como seria a casa dele por dentro, se seria a bagunça que eu sempre pensei... – ela começou a rir e nós continuamos olhando pra ela. Cris era uma menina que não falava tanto de garotos, nunca nos disse de quem estava afim ou coisa do tipo. Se saísse algum menino bonito da boca dela, pode ter certeza, era de alguma banda nórdica estranha. Isso era sério. – Eu nunca achei que ele seria tão legal, e hoje foi a prova que eu tava errada. – soltou um suspiro apaixonado.
– Peraí! Você pode dizer quem é? Porque, olha, não to no momento de raciocinar. – falei logo. Porra, custava tanto pra ela dizer quem era esse daí?
– ju, sempre amigável. – Cris disse. – Eu vou falar, mas não me matem por esconder por tanto tempo. É o Harry.
Queixos caindo em 5, 4, 3...
Cris, a menina que curtia Química, que discutia com a professora de Sociologia e ouvia Ramones gostava do Harry Judd?
Porra, mundo, você ta mudando!
– To chocada, to passada, to todos os “adas”! – Sophia falou. Nós já estávamos na porta da casa dela e mesmo assim, ninguém saiu do carro.
– Faço minhas palavras as suas. – Bia falou. Cris ainda não tinha dito nada, e o silêncio predominou no carro.
– Mano, desde quando? – a minha voz saiu mais aguda do que eu esperava. Eu ainda não acreditava.
– Desde o primeiro ano, aula de Literatura. Primeiro bimestre. – ela disse colocando a cabeça no volante. – Eu sei, gente. Eu devia ter falado, mas eu não sabia o que tava acontecendo. Era tudo novo pra mim. – a menina falava como se tivesse confessando alguma coisa, e na real, ela tava mesmo! – Eu tava na sala ouvindo The Doors de boa, sentada em uma das primeiras cadeiras, aí apareceu o sorriso que hoje faria tudo pra ter. Harry chegou à sala com suas calças largas, seus olhos perfeitos e eu senti um “bum”! E esse bum ta aqui desde sempre. Hoje foi uma parada surreal... – a gente ouvia sem dizer um piu. Eu nunca pensaria na minha amiga com o Harry, era uma parada muito louca – Ele conversou comigo. COMIGO! Bebemos juntos, vocês tem noção do tempo que eu esperei por isso?A última vez que falei com ele foi quando ele pediu uma cola há muito tempo, e hoje eu bebi com ele. Harry tocou na minha mão! Nunca mais lavo essa mão. – ao ouvir isso, fiz uma careta. Pensei mesmo que ela não lavaria e me deu nojinho. – É claro que to brincando, né gente! – ela riu.
– Amiga, não precisava ter escondido isso por tanto tempo. – Sophia fez carinho na cabeça dela.
– Também acho. Você sempre foi tão amiga, e pra pedir uma ajuda, ou até mesmo um conselho, é uma dificuldade. Por favor, né! – Bia falou de um jeito engraçado.
– Mas Cris, por que você demorou tanto a nos dizer isso tudo? – perguntei.
– Por vergonha. Vocês poderiam rir, dizer que era impossível. Fiquei com medo dessa história vazar e nossos amigos não entenderem e zoarem a minha cara.
Senti uma dor no estômago.

Fred:
Júlia se foi e eu continuei sentado no hall, tentando assimilar o que tinha acontecido. EU BEIJEI A FROM HELL! Palmas pra mim, caralho!
Finalmente criei coragem e fiz a coisa andar. Porra, eu não agüentava mais! Fui lá e fiz. Quem é o foda agora? Quem? Quem?
Mas vamos ser sinceros, não foi nenhum esforço, pelo contrário. Eu até curti o momento. O beijo foi gostoso, calmo e ao mesmo tempo delirante. Pode ser meio viado da minha parte, mas seu toque era perfeitamente agradável à minha pele. Suas mãos faziam cócegas em minha nuca e isso me dava mais vontade de beijá-la.
Foi surreal.
Decidi ir pro quarto, já que estava ridículo ficar sentando no hall lembrando dessas coisas como uma garotinha idiota. Ignorei o fato de que meus amigos bêbados me esqueceram lá embaixo e me trocaram por uma garrafa de Tequila quase seca. Tenho sorte de ter amigos assim.
Fechei a porta e de imediato, sentei em minha cama, pensativo.
– Como será que ju deve estar agora? – falei pra mim mesmo – Do jeito que saiu, to vendo que não vai dormir tão cedo. – ri. Gostei da ideia. O fato de não fazê-la dormir por estar pensando em mim (mesmo que seja de uma maneira má e querendo me matar) me agradava muito – Pelo menos,ela vai saber como é não dormir por pensar tanto em uma pessoa. – assim que falei, joguei meu corpo todo, me deitando e colocando os braços pra cima. Vi o pôster do House pregado no teto. – É, House, sabe aquela garota que eu te falei, a problemática? – pois é, tem gente que conversa com o amigo imaginário, eu converso com o House! – Então, eu...
– Qual é maluco, falando com o House de novo? – Davi entrou do nada no quarto. Ele estava descalço, com as calças caindo e suado.
– Ta rolando uma orgia lá embaixo e eu não to sabendo? – respondi com outra pergunta – Não porque, tu ta todo suado, o negócio lá ta bom! – eu ri da minha piadinha infame e o Sousa apenas deu o dedo do meio.
– Para de viadagem! É o álcool que ta querendo sair do meu organismo, e eu to deixando fluir. – ele fez um gesto com as mãos – Subi pra saber o que você está fazendo aqui sozinho.
– Finalmente sentiram a minha falta, que lindo. – eu me apoiei com os cotovelos na cama.
– Nah! A Tequila acabou mesmo...
– Filho da puta. – ri de leve.
– Mas então, o que foi? Tem a ver com a querida senhora das Trevas e suas comparsas? – quando eu ia falar do beijo do caralho que dei nela, o meu celular vibrou.
– Espera, chegou uma parada aqui. – ele assentiu e vi a mensagem.

Se você contar pra alguém o que aconteceu naquele hall idiota, eu te mato. Entendeu? Eu não to brincando, se eu souber que você contou até mesmo pros seus amiguinhos, eu acabo com cada um. CADA UM!
Xx ju.


Engoli em seco.
– O que foi? De repente você ficou pálido. – Davi disse preocupado.
– Nada... Olha, a gente pode conversar outra hora? Quero ficar sozinho. – falei num tom nervoso. Davi me olhou com expressão preocupada, mas saiu logo do quarto. Ele poderia ser desligado, tonto e besta, mas quando se tratava dos amigos dele, era muito bom. Ele fazia questão de nos dar espaço quando se era necessário, mas também fazia questão de mostrar que estava lá pra qualquer hora.
Assim que Sousa fechou a porta, pensei que ia chorar. Mas não, SOU MACHO! E machos não ficam com medo de uma punk que faz ameaça só porque deu uns beijinhos inocentes.
OK, TO ME CAGANDO DE MEDO!
Será que Júlia era mesmo capaz de me fazer algo mal – isso pra não dizer pior – comigo? Logo eu, que sou lindo demais pra morrer? Tenho muita coisa pra viver, caramba! Muita mulher pra pegar também.
Pensei em mandar uma mensagem ou até mesmo ligar pra ela pendido piedade. Sim, se é pra salvar a pele, eu faço tudo! Mas preferi resolver tudo de manhã.
Se ela queria me ameaçar ou alguma coisa parecida, tinha que dizer isso na minha cara. Na minha frente. Mesmo eu tendo um puta medo disso.

Júlia:
– Muito bem, Júlia Torres. Resolvendo tudo na forma das ruas. Coagindo e ameaçando! Uh. Palmas pra você! – falei pra mim mesma. Eu estava deitada em minha cama. O que Cris disse mais cedo me fez pensar. Porra, será que eu se eu disser o que rolou pras meninas elas vão rir da minha cara? Acho que não, elas são amigas. No mínimo, vão bater em mim por ter corrido daquele jeito babaca. E os caras do darkside? Esses sim, ririam de mim até a alma e me perguntariam o que eu vi no Fred. Falariam que nós éramos um casal nada a ver e seríamos a piada do colégio inteiro. E minha reputação iria se esvair de um jeito rápido. Iria embora todo o respeito e o medo que a galera tinha de mim por causa desse “pequeno acidente”, por isso mandei a mensagem intimidadora. – Cara, eu tinha que fazer isso. Eu não quero que ele conte pra ninguém! Principalmente praqueles amigos dele. Fora que todas as pessoas vão comentar. “Com o que você tava na cabeça, Fred, pra ficar com essa daí?” – empinei meu nariz e fiz uma voz azeda tentando imitar uma das putas amigas dele. – “Ela é feia e se veste como homem. Se quisesse pegar um, pegava o Davi então. Ele definitivamente é mais bonito do que ela”. – repeti a minha imitação.
Pra mim, seria melhor pôr um fim nisso tudo, antes que me desse mal de vez. Mandei mesmo a porra da mensagem e não me arrependo. Acabou, pronto.
Agora era esperar a merda de detenção dos infernos acabar pra me livrar de um garoto chamado Frederico Maia.
Cansada de pensar nisso, ajeitei minha cabeça no travesseiro e fechei os olhos.
Lembrei do fato. Fato esse que eu sei, agora, que vai me deixar sem dormir.
“Muito obrigada, Maia. Você está me fazendo uma pessoa mais feliz não me deixando dormir. Valeu.” Pensei irônica.
Embolei-me na cama na tentativa inútil de achar uma posição boa pra dormir em paz, mas não rolou.

Fred:
Minha cara amassada acusava a minha noite mal dormida.
Levantei da cama indo ao banheiro pra mijar. Voltei pro quarto e fui direto pra janela. Resolvi fumar ali por estar com preguiça de descer e ir até a varanda, como era de costume. Acendi meu cigarro e fumei tranquilamente vendo o pouco movimento da rua.
E só um nome veio em minha cabeça.
Júlia.
Eu, sinceramente, já estava cansando dessa merda de aposta. Queria me ver livre dessa obrigação que tenho e continuar com a minha vidinha de sempre. O problema de tudo era que mesmo cansado, eu estava gostando.
Joguei a bituca no lixo que ficava ao lado da escrivaninha.

– Bom dia, família feliz! – falei num tom alto e irritante, porque sabia que os meus queridos amigos estavam com ressaca.
– Dá pra calar a boca, seu retardado? Tem gente que ta com uma puta dor de cabeça! – Guto falou mal-humorado e em seguida engoliu seu pedaço de pão.
– Ta vendo, isso que dá ficar bebendo em dia de semana. Seus losers! – gritei de propósito e todos taparam seus ouvidos.
– Mano, to nem conseguindo beber meu leitinho! E pelo amor de Deus, para de gritar, caralho! – Harry falou rápido e colocou as mãos na cabeça – Minha cabeça ta doendo muito!
– Ah, Harry, deixa de ser moça! Olha pro Davi, já se entregou ao sono. – falei chegando perto de Davi. – Oh, princesa encantada, acorda que a gente tem aula. – coloquei o dedo indicador dentro do seu ouvido, o fazendo dar uma tapa no mesmo.
– Ai! Porra, Fred, para com isso! Ta nessa felicidade só porque vai ver o passarinho verde? – ele falou e eu não entendi. Como assim o passarinho verde? Agora Júlia tinha outro apelido na galera?
– Não, não é verde não! É um passarinho preto que ouve Sex Pistols. – e todos riram da piada idiota do Guto.
– Dá pra pararem com isso e levantarem essas bundas brancas pra gente ir logo? – ignorei a piada.
– Ui, ele ta com saudade dela, dudes. – Harry falou – Vamos logo, senão o gamado bate na gente.
Quem precisa de amigos quando se tem esses?

Júlia:
Assim que cheguei ao portão do colégio, vi Derick, amigo de Mike.
– Bom dia, Derick. – falei tirando meus fones de ouvido. – Você viu o Mike? Queria muito falar com ele. – percebi que nos últimos tempos não estava dando o devido valor a Mike. Queria me desculpar.
– Ih, ju, o Mike não vem hoje, não. – Derick, com o jeito relaxado de sempre. – Ele deve estar fumando um lá na ferrovia abandonada. – o menino com o alargador enorme na orelha me falou e eu apenas assenti.
– Ok, obrigada. – ele foi adentrando o colégio me deixando só, parada no portão. Passei dois minutos pensando e resolvi dar meia volta.
Andei por mais de dez minutos até chegar à ferrovia abandonada.
O chão era cheio de pedras e havia mais de seis vagões enferrujados, um na frente do outro. Ao redor da ferrovia, havia uma vegetação rasteira e estranha. Os trilhos eram cobertos de plantas que davam o aspecto de abandono. Parando pra pensar, ficar ali não nada divertido e sim assustador.
Avistei quem eu queria, sentado perto do terceiro trilho. Mike estava com a blusa do Westshefild, uma calça escura, seus inseparáveis All Star’s de cano médio pretos e sua touca cinza folgada. Estava alheio ao seu redor. Fui me aproximado e parei ao seu lado. Suspirei, já sabendo o que queria falar pra ele.
Aproximei-me. O barulho das pedrinhas o ajudou a perceber que alguém estava se aproximando.
– Sinto que alguém me esqueceu. – mesmo sem poder me ver direito, Mike sabia que era eu. Pude perceber que ele estava lambendo a seda e em seguida fechando o cigarrinho. Sentei sem falar nada. Mike tirou seu isqueiro e acendeu o baseado. Ele deu um belo trago, assoprando a fumaça pro alto e fixando o céu.
– Eu sei que você deve estar com raiva de mim. Eu não te esqueci, me desculpa. – falei baixinho. Uma coisa que eu odiava profundamente era quando Mike ficava com magoado comigo.
– Eu, com raiva de você? – ele deu uma risada gostosa e me olhou. – Eu nunca vou ficar com raiva de você, sabe disso? – e mais uma vez, Mike fumou seu baseado. – ju, somos amigos há muito tempo. Em todos os momentos que precisou, eu sempre estive lá, e você a mesma coisa. – quando ele falou isso, abaixei a cabeça – Eu só estou... Me sentido afastado. É, posso dizer que estou... Eu sinto saudades. – ele já estava falando mole. – Porra, pra mim, nós juntos somos nós, entende? A ju e o Mike. Aqueles que vivem sem medo de nada. Os invencíveis! – ele falou olhando pra mim, esquecendo do céu por um instante. – Você pode vir até aqui? – ele me perguntou como se fosse uma criança pedindo atenção.
– Pensei que nunca ia me chamar. – fui sem titubear. Fiquei ao seu lado assistindo-o fumar. Mike colocou seu braço no meu ombro e me abraçou de lado.
– Eu não vou deixar que nenhum idiota desmanche a nossa amizade. – ele soltou, e eu entendi o recado. Claro que Mike já tinha sacado que a presença de Fred havia mudado um pouco a nossa relação.
– Eu sei que não. E te juro... – falei com água nos olhos – Que se um dia eu fizer de novo uma coisa parecida com isso ou pior, pode brigar comigo! – dei uma risadinha.
– Brigar? ju, parece que não me conhece. – ele riu também. Tragou de novo e soltou a fumaça – Acho que você esqueceu com quem ta falando. Sou eu, Mike! O cara que te ama acima de tudo, o resto é merda! – ele me abraçou fortemente. – Por favor, vai me deixar terminar esse baseado sozinho?
– Não, claro que não! Me dá logo isso daí! –disse, pegando o baseado de sua mão e o tragando.
– Aí sim! Tá falando a minha língua. – Mike disse por fim.

Fred:
Fala sério, aonde a porra da Júlia se enfiou?
Eu to aqui, em frente à sala dela, esperando com paciência e calma, e nada! NADA! Nem sinal das amigas estranhas também.
Inspira e expira. Inspira e expira... ISSO NÃO TÁ FUCIONANDO!
Eu, nesse momento, faria tudo pra ter dois minutos de conversa com ela. Só queria uma boa explicação pra mensagem do mal. Apenas isso! Mas não, ela tinha que complicar e não aparecer, me deixando com o cú na mão!
Eu estava nervoso, então comecei a mexer na gravata do uniforme. Fiquei encostado no corrimão olhando as pessoas entrarem. A maioria das meninas que passavam, olhavam pra mim ou acenavam.
Algumas eu até já peguei, e outras, foi porque realmente queriam uma chancezinha comigo. E na moral? Se eu não estivesse tão ocupado esperando por uma certa punk, ia fazer o meu lado.
Sophia passou sem ter me visto.
– Psiu! Sophia! – ela ia entrando na sala, mas voltou quando me ouviu – Vem cá. – ela veio toda desconfiada.
– Oi, Fred. Bom dia. – a menina deu sorriso terno. – O que foi? – ela perguntou, e foi aí que eu fiquei com vergonha. Vergonha de perguntar onde é que estava a amiga dela. Pra mim era novo querer saber de alguma menina, já que eram elas que procuravam saber de mim.
– Er... – cocei a nuca – Você viu a Júlia? – falei de uma vez. Sophia franziu o cenho.
– Não, desde ontem. A senti estranha depois que a gente saiu da tua casa, você sabe de alguma coisa? – então ela não contou pras amigas também? Vergonha de ter ficado comigo, Júlia Torres?
– Mano, se ela não contou é porque não tem nada pra contar, ok? Se a encontrar, diga que estou querendo falar com ela. – saí sem dizer mais nada. Eu sei que fui grosso, mas pensar que Júlia estaria mesmo com vergonha de ter ficado comigo ou coisa do tipo me deixou um pouco chateado.
Vai se foder.
Fui pra minha sala.
Joguei a minha mochila na mesa, com raiva.
– O que foi, dude? – Hazz me perguntou.
– Nada. – sentei puto e esperei a professora gostosa de Biologia chegar.
– Eu acho que ele não viu o passarinho preto. – Davi falou “cochichando” alto demais pro meu gosto.
– Passarinho preto pra mim é urubu! Que se foda esse passarinho! – falei com raiva, fazendo meus amigos rirem. Ótimo, to sem moral mesmo.
– Relaxa, ela deve ta por aí batendo em alguém. – Guto bagunçou meu cabelo.
– Parem, isso não tem graça. – falei num tom infantil.
– Uh, agora o menininho vai chorar. – Sousa fez bico.
– Parem de atormentar o Sr. Maia, garotos. – a linda e cheirosa professora de Biologia disse assim que entrou na sala.
– Obrigado, Sra. Murren. – ela assentiu e começou a dar aula. Dei dedo aos meus amigos e virei pra fingir que estava prestando atenção, mas de mentira. Pura mentira, eu estava mesmo prestando atenção era na bunda dela.
Se Júlia tinha me ameaçado, sumido e me deixado puto, foda-se. Eu ainda tinha a bunda da Sra. Murren.

Júlia:
– Não to sentido os meus pés. – eu disse séria. Mike começou a rir. A risada foi tão gostosa que eu o acompanhei. – Bobão.
– Esse tava forte. Vou comprar mais vezes. – ele me puxou pra mais perto. – Pra você não sentir os seus pés, então o barato ta forte mesmo. – nós estávamos deitados embaixo de uma árvore. O baseado acabara, então ficamos lá chapados e rindo um com outro. – Outro dia, vim aqui sozinho e senti saudade disso. – e me abraçou forte. – Faz tempo que a gente não fica junto. – suspirou – Olha, sente o cheiro. – e fingiu sentir um aroma bom.
– Eu só sinto cheiro de baseado. – eu ri.
– Idiota. Eu to falando... Ah,esquece!
– Fale!
– Não.
– Fala caralho!
Ele deu uma leve suspirada.
– O seu cheiro. – quando ele falou, fiquei estática. O meu cheiro? Oi? – ju, fala alguma coisa!
– Como assim o meu cheiro?
– Ah, esquece! Eu não sei explicar que cheiro é esse que você exala e eu sinto. – e agora, o que eu faço? Ele falou como uma indireta ou só por falar mesmo?
To perdida!
– Vamos? – fiz menção de levantar. Mike não deixou, me puxou pra baixo.
– Não, a gente fica. – e me abraçou – Ta bom aqui. Assim. – achei fofinho e não resisti, abracei-o também. – Então, me diz como é que ta sua vida. Soube pelos outros que você vai fazer um trabalho com o projeto de playboy. – “projeto de playboy”, então é assim que a galera chama o Fred?
– A gente vai tocar uma música aí. Só isso. – eu disse – Nada demais.
– Esse nada demais me deixou sem você nos últimos dias. Não gostei desse nada demais. – ele mordeu minha bochecha.
– Pensei que tivesse tudo resolvido.
– Claro que ta! Só acho isso estranho. – finalmente, ele soltou sua opinião sobre tudo.
– O que, exatamente, você acha estranho? – tirei minha cabeça de seu peito e em seguida, olhei pra ele.
– Acho que essa aproximação de vocês estranha, tipo, isso nunca aconteceu. Por que agora, do nada, rola? – ele fez uma cara de bobo. – Quer saber? Não vou perder o nosso tempo falando desse cara. Vamos aproveitar esse barato louco!

Fred:
Intervalo.
Nem sinal dela.
– Merda de katchup! – Guto fazia força pra sair algum katchup do frasco.
– Aperta que sai! – Davi disse. Eu olhava com um pouco de desprezo. Ainda tava pensando nela.
– Hey, eu sei que você ta chateado com alguma coisa que tem a ver com a ju, mas relaxa. Se quer saber, tem duas paradas que eu percebi ontem. – Harry chegou pra mim e disse isso, deixando nossos amigos e o katchup de lado.
Fiquei interessado no que ele ia falar. Então, me aproximei dele.
– Ela não parava de olhar pra você e ria de tudo que você falava. Isso é um sinal bom. – parecia que Hazz estava dando aula pra um garotinho sobre meninas. – As garotas, quando estão afim de alguém, não param de olhar e riem de tudo que o cara fala. Então, meu amigo, relaxa. Ela já ta quase no papo, só falta pegar. – olhei toscamente pra ele. Eu queria falar que a beijei, mas alguma coisa me dizia que ia dar em merda se eu o fizesse. – De boa, Fred. Não to te reconhecendo. Você é tão centrando na coisa quando o assunto é mulher! Reaja! Sinto que vou continuar com as minhas cem libras.
– Veremos. – falei num tom desafiador.
– Desisto, Davi! Esse katchup me odeia, vou comer meu pastel assim mesmo. – a voz tristonha de Guto surgiu fazendo Harry e eu rirmos.

***

O professor de música estranhou ao me ver sozinho sem a minha dupla do trabalho na detenção.
É, isso mesmo. A Júlia também não veio pra detenção.
– Sr. Maia, por que a srta. Torres não está aqui? – ele me perguntou.
–Ela está doente, professor. – tive que mentir contra a minha vontade – Já que ela não está, tem como o senhor me liberar? Não faz sentindo estar aqui sem a minha dupla pra discutirmos os últimos toques pra apresentação. – pedi rezando que ele me deixasse ir embora. Ele pensou um pouco.
– Pode ir, Frederico. Mas você tem noção que a apresentação é amanhã, não tem? – assenti – Avise Júlia que a quero amanhã aqui, doente ou não. – ele terminou de falar e logo fui andando com a minha mochila.
Fui até o estacionamento, entrei na minha Eco.
Pensei.
Ela era foda. Como ela sumia desse jeito? Sem falar pra ninguém? Eu falei com a Cris, e ala não sabia nada. Falei com as outras e nada! Tentei ligar pro celular e dava caixa postal. Sabe como eu tenho ódio de caixas postais? EU ODEIO CAIXAS POSTAIS. E mesmo assim, louco de raiva, menti por ela. Pra salvar a pele dela.
Tirei meu celular do bolso.

Se você esqueceu, eu não sei. Mas ainda temos uma apresentação pra fazer amanhã. Venha à minha casa nessa tarde. Se não vier, nem precisa tocar comigo amanhã.
Às 15 hrs.
Xx Fred

Mandei, tentando pôr controle nas coisas.

Júlia:
Ouvi o toque de mensagem do meu celular apitar. Saí do banho rápido e o tirei da tomada, porque estava carregando. Eu já estava em casa, Mike havia me deixado aqui.
Vi de quem era mensagem e abri nervosa.
– Eita! – só falei isso ao ler. – E agora? – sentei na cama pensando no que fazer. Eu não queria ir até lá de novo, não mesmo. Não queria ter que ver Fred. Tava tão bom passar amanhã toda sem pensar nele...
Eu tinha medo de brigar feio com ele, não resistir, e beijá-lo novamente.
Eu nunca pensei que fosse tão fraca. O problema de tudo era que se eu não fosse, meu trabalho de detenção não ia rolar, e o pior, ficaria sem nota ou então teria uma séria conversa com a diretora gorducha. Coisa que não tava nem afim de fazer.
Fred foi bem claro na mensagem. Porra, a minha ameaça não foi tão intimidadora assim? To perdendo o jeito, só pode! Coloquei meu pijama e deitei na cama ainda pensando no que faria. Se ia ou não.
Acabei dormindo.

15h20min
Acordei de um sonho muito louco. Eu viajava pra Vila Sésamo e queria porque queria levar o Elmo pra casa.
Tenso.
Olhei pro relógio e já eram 15h20min! Puta que pariu! O Fred vai me matar, fato!
Pulei da cama nervosa, indo me arrumar. Botei a primeira blusa de banda que vi, a primeira calça e um All Star branco.
Tava pronta. Opa, falta o cabelo. Fiz um coque desajeitado e fui embora.
Eu tinha que resolver isso de vez.
15h30min
O táxi parou em frente à casa do Fred. Parecia que eu tava tendo um tipo de déja vu ou algo parecido. Paguei o carinha e saí logo do carro, a vontade de fazer o caminho de volta não era pequena.
Respirei fundo e andei até a porta. Arrumei meu cabelo inutilmente e toquei a campainha.
Não foi nenhuma surpresa ver quem abriu a porta.
–Ta atrasada. – Fredfalou sério sem nem ao menos olhar direito pra mim.
– Eu perdi a hora. – fiquei um pouco sem graça.
– Disso eu já sei. Entra. – Maia abriu mais a porta. – Fique à vontade. – ele falou seco. Sentei no sofá de couro preto e o segui com os olhos. – Qual é a história de hoje? – ele perguntou.
– Que história? – quis saber, mas na real já tinha uma ideia. O clima tava tenso. Não conseguíamos nos olhar e eu já estava incomodada com o seu jeito duro e frio.

Fred:
Essa menina não existe! Eu acho que sou uma piada pra ela, sério. Eu aqui todo curioso e tenso e ela se faz de desentendida?
WTF?
– De tudo. Por que faltou no colégio, por que não foi pra detenção e por que demorou? Quero saber de tudo.
– É meu pai agora? – ela meu perguntou séria.
– Engraçado, me ameaçar você pode, né? Quando eu faço algumas simples perguntas, você vem toda bravinha. – dei um sorrisinho irônico. – Ficou com medo de querer mais, foi? Por isso sumiu? – ela cerrou os olhos com raiva e isso me fez sorrir mais. – Bom, eu sei que você não resistiria. Afinal, quem resiste à mim, não é?
– Claro, com uma pessoa tão humilde assim, é até feio negar. – Júlia disse se levantando. – Sinto que devo ta perdendo muita coisa se eu não quiser mais.
– Ah é? Então foi por isso mesmo que você não deu o ar da graça hoje? Medo de cair na tentação? –de repente, eu comecei a me divertir com aquela briguinha idiota. ju olhou em volta e percebeu que estávamos sozinhos em casa. O que era verdade, meus amigos estavam em algum tipo de encontro triplo.
– Olha, quer saber mesmo por que eu não fui nem pra aula e nem pra detenção? – quando ela falou isso, minha atenção foi diretamente no que ela falava.
– Fale! – de repente, ju ficou sem ação, em dúvida se ia ou não ia falar. – Fale. – tentei controlar a curiosidade e a raiva na minha voz.
– Eu... Eu estava fumando com o Mike. Pronto, você não queria saber? Agora sabe. Eu não fui pra detenção porque eu não estava em condições de ir, ok? E sabe por que eu não vim pra cá na hora? PORQUE EU TAVA DORMINDO. – Eu fiquei ali, no ar. Só ouvindo o que ela disse.
Então quer dizer que o tempo todo que eu fiquei com raiva, louco pra falar com ela, nervoso e tudo mais, ela tava fumando maconha com o Mike.
Júlia me olhou nervosa sem saber o que fazer. Com certeza a minha cara não tava nada boa.
– Vou embora. – ela falou do nada.
– Não, não. Você fica. – me ouvi dizer. Ela me olhou e pareceu entender o recado. Definitivamente, minha cara não tava nada boa. – Eu menti por você hoje, salvei sua pele com o professor Gerard e você tava por aí dando um tapa na pantera com o seu amigo drogado? – disse a olhando nos olhos. – Depois de ontem... – eu falei me segurando pra não soltar a raiva.
– Eu pensei que você tivesse entendido a mensagem. – ela falou baixinho. – Não quero que fale pra ninguém o que rolou ontem, se não já sabe! – mano, eu já tava com raiva dessas coisas! E depois dessa parada do Mike, aí que eu fiquei com raiva de vez.
– Sabe do que, Júlia? Você vai me matar? Vai fazer o que? – eu praticamente gritei. Ela ficou assustada. – Não se preocupe, eu ainda não contei a ninguém!
– Você não entende...
Fui me aproximando cada vez mais de ju. Ela ficou parada como se tivesse me esperando. Tentei não parecer tão desesperados, então fui com calma.
– Eu sou complicada, parar seus olhos em minha boca. – E eu sei muito bem que você quer mesmo isso mais do que eu. – eu repeti o seu gesto.
– Não, eu não quero.
– Por que não? – soltei um muxoxo.
– Fred, no começo, quando fui procurar Mike... – o que essa porra tem a ver com isso? – Eu pensei que era pra me desculpar com ele e tal, mas não. Eu queria fugir. Ficar ali com ele era um jeito de não pensar naquilo. – ela corou – Em você. E sim, demorei porque eu dormir, é verdade, mas a verdade maior é que tive medo de cair na tentação. Satisfeito? – ao ouvir isso da garota à minha frente, eu senti calafrios. Júlia Torres disse que tava mesmo querendo ficar comigo? Fred, seu idiota, o que você ta esperando? Beija!
Não pensei duas vezes. Aproximei-me de ju, a abraçando. Senti sua respiração em meu ombro, fiz carinho em suas costas, pensando no quão fofa aquela menina dura fora.
– Não precisava dizer isso, eu sabia. Dava pra ver nos os seus olhos,sua maluca. – falei em seu ouvido. Ela riu colocando seus braços em meu pescoço.
– Mentira, sabia nada! – beijou a minha nuca. Quando ia finalmente pra parte interessante, Júlia fez menção de falar – Fred, eu preciso que você me faça uma promessa. – assenti. Tudo pra beijar de novo, mano. – Quero que isso fique entre a gente. Por favor? – ela fez bico.
– Eu prometo.
E quando eu fui beijar, ela me surpreendeu e me beijou primeiro. Suas mãos acariciaram minha nuca de um jeito gostoso. Coloquei minha mão direita em sua cintura, apertando, e a esquerda fazendo carinho em sua nuca. Parei no meio do beijo e disse:
– Se você me empurrar de novo, eu juro que te puxo pra mim nem que seja até no inferno. – eu disse com um sorriso idiota.Júlia riu da minha cara e me deu um selinho. Não agüentando ficar só no selinho, a puxei pra um beijo mais profundo. Mordi seu lábio inferior, a fazendo soltar um gemidinho, o que me fez querer me juntar ao seu corpo, foi o que fiz. Minhas mãos foram parar dentro de sua blusa e as mãos dela estavam alisando as minhas costas por dentro da minha.
– Agora vamos ensaiar, porque amanhã tem apresentação e eu não quero passar vergonha. – ela quebrou o beijo e depois me deu um último selinho.
– Essa mania de você quebrar os beijos já ta ficando chata pra caralho. – falei choroso.
– To indo pro Subsolo! – ela nem deu atenção. Como um cachorrinho, fui atrás dela. Júlia foi descendo as escadas e eu fiquei parado na porta do porão.
– To na parada, to na parada, to na parada! – comecei a cantar, fazendo a minha dançinha da vitória.
Porra, to na parada!
– Fred? Dá pra ser ou ta difícil? – ju gritou lá de baixo me fazendo parar de dançar.
– To indo!
Do nada, dancei mais um pouco e desci.
Agora é pra valer, to nas nuvens. Porra, Fred, que gay!


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