Como Ser Um Pegador Em 12 Lições. escrita por Jess B


Capítulo 5
O Convite.




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Júlia:
Acordei cedo com a cabeça cheia de pensamentos sobre ontem. As coisas tinham mudado muito rápido em poucos dias. Uma das excluídas era agora amiguinha de um dos caras mais populares. Me sentia em algum filme da Disney.
Eu não quero sentir nada por aquele menino, não posso sentir. É errado, contra a natureza. Isso vai mudar a ordem natural das coisas da vida social de um colégio em Londres.
Mas o que me atormentava mesmo era uma possibilidade que me agradava muito e ao mesmo tempo eu sabia que era impossível. Eu, ficar com Fred.
Beleza, eu sei que ele só quer minha eu amizade e tal, mas poxa, eu posso sonhar?
Falo que isso é impossível porque tá na cara que aquele menino nunca vai me ver como uma menina normal, boa praça e de família.
Eu sou normal, gente. Pelo menos no meu ponto de vista.
Tem o outro lado da minha mente que queria ser bem sincera comigo mesma, sabe? Alertar-me, me forçando a pensar que definitivamente Fred não era o cara certo pra mim.
E não era.
Como toda garota, já sofri em um relacionamento no qual eu gostava mesmo do cara, cheguei ao ponto de achar que o estava amando, e o que ele fez? Ficou (lê-se: transou com ela na nossa van pra todo mundo da banda ver que ele estava comendo uma menina e não tava nem aí pra mim) com uma groupie da nossa banda. Por isso a banda acabou, por isso parei de tocar bateria e por isso tenho um puta medo de gostar/amar/me entregar pra qualquer pessoa.
Aí, vinha Fred, todo gostosão entrando na minha vida.
Seus olhos, sua boca. Todo o seu corpo me chamava atenção. Sua postura, seu jeito de falar. Tudo me atraía, era como se uma força me puxasse para ele. Isso foi crescendo em menos de uma semana.
Sou fraca, admito.
A vida tem dessas coisas. E dentro dessas coisas, eu me fodo lindamente.

Fred:
Fumei meu cigarro matutino na varanda de casa. Meu moletom estava com manchas antigas e amareladas de cerveja e fedia um pouco. Traguei mais uma vez ainda pensando no que me deixou acordado quase a noite toda.
Júlia.
Pra mim, ela passou de a garota que fez pacto com o Diabo pra uma garota interessante. No sentido bom da palavra. Ela tinha um jeito só dela, e eu estava me amarrando nisso. Meninas diferentes, agora, me chamam atenção. Porque antes, bastava uma que tinha um par de peitos, usava roupas curtas e bebia mais que Amy Winehouse.
A aposta se transformou numa certa obsessão. Não em querer ganhar, – claro, não vou mentir, quero muito ganhar – mas no sentido de querer conquistá-la, de tê-la pra mim. Sacaram?
Senti uma mão no meu ombro e um corpo sentou num banco perto do meu.
– Bom dia, Fred. – Harry, que agora acordava um pouco mais cedo que a gente (porque será?), falou segurando uma xícara do Homem Aranha.
– Bom dia, Judd. Já tá no leitinho? – Harry tinha uma mania bem bonitinha de beber leite toda manhã. E quem pegava fama de viado era o Guto. Vai vendo.
– É nessas horas que eu sinto saudades da minha mãe. Ela faz um leite que ‘táqueopariu! – ele falou colocando as mãos em volta da xícara – Eu voltava pra casa só por causa do leite, na moral.
– Ok, vamos parar com o momento bicha do dia. Cadê o resto dos caras? – terminei a frase coçando a cabeça e bocejando. Pensar na Júlia durante a noite tava me matando.
– Guto tá tomando banho e na última vez que vi Davi, ele tava com a calça no meio da bunda sem cueca dormindo de bunda pra cima. – fiz uma cara de nojo.
– Dude, nunca mais peço emprestada uma calça pra ele. Davi sempre se esquece de mandar pra lavanderia. Usar só no osso é foda! – falei de um jeito engraçado, lembrando de uma parada constrangedora que aconteceu comigo. Harry riu junto. Ele tava ligado o que era. - Mas me conta. Como vai o nosso pequeno projeto? – Harry parou de rir, colocou seu copo em um dos braços da cadeira.
– Indo de uma forma tranquila. Penso em chamá-la pra vir aqui. – disse, e Judd se engasgou com seu leite.
– Como é que é?
– É isso mesmo. Júlia Torres. Aqui em casa. Hoje. – joguei minha bituca na planta estranha do lado do meu banco e soltei a última fumaça.
– Essa menina vai botar fogo na casa! Vai nos queimar e depois oferecer nossas cinzas pro lá de baixo como um sacrifício, e você vai deixar uma coisa dessas acontecer? Você tá louco? – acreditem, eles estava falando com seriedade.
– Isso é sério? – perguntei incrédulo. – Fui à casa dela, a menina é normal. Beleza, totalmente normal ela não é. Mas não vi nada demais.
– Vai ver ela escondeu as coisas mais estranhas. Um pentagrama invertido, passagens secretas, templos macabros...
– Harry, você ta vendo muito filme. A casa da menina era normal! A sala, o quarto...
– VOCÊ ENTROU NO QUARTO DELA? QUERIA MORRER, FILHO DA PUTA? – sério, eu tava quase rindo.
– O quarto dela é irado! Super estiloso, com personalidade e ainda te conto mais, a menina tem uma bateria! – aí o Judd fez uma cara surpresa. Por essa ele não esperava.
– A mina tem uma bateria? – me olhou surpreso. – Júlia tem mesmo uma bateria?
– Sim. E não é qualquer uma não. A dela é foda, enorme. Ia te fazer inveja... – falei me levantando pra tomar banho, afinal, hoje tinha aula.
– Não pense que só porque ela tem uma bateria é que vai subir no meu conceito. Ela vem pra cá hoje e ficarei de olho. Vai ser estranho ter essa garota aqui, mas fazer o que. Tudo pelo bem da aposta.
Tudo pelo bem na nossa querida aposta. E mais uma chance de ficar perto dela.
Júlia:

No colégio.

Sentei no mesmo lugarzinho de sempre. Cris sentou do meu lado, me dando um abraço apertado e em seguida ligando o seu Ipod.
Colocou seus fones, selecionou uma música.
– Ótimo. – falou com uma voz um tanto quanto bravinha.
– O que foi? – segurei pra não rir. Ela era muito engraçada quando dava seus ataques. Passou a mão na testa, sem paciência.
– A porra do meu fone left não tá pegando. Como viver?
– Menina, só escuta de um lado, ô meu Deus. – falei como se fosse óbvio.
– Não, fico agoniada com meu fone só funcionando de um lado. – eu ia falar, mas ela continuou – Já passei momentos terríveis com fone assim, odeio. Parece que sou surda de um lado só. Cacilda, meu fone antigo era muito melhor! – Cris passou as mãos nos cabelos, fazendo seu típico draminha. Suspirei, abri meu bolso e achei o que queria.
– Pega!– ok, emprestar fone é muito TENSO, mas como ela é uma das minhas amigas, tive que fazer essa pequena caridade.
– Deixa ju. Obrigada, mas eu já perdi a tara de ouvir essa merda. – ela falou com descaso, como se não estivesse surtando há poucos minutos. Mano, eu tenho que rever essas amizades, fato. Fiz um barulho com a boca.
– Você é doente. Ih, ó lá, as meninas. – apontei pra Sophia e Beatriz que vinham em nossa direção.
– Bom dia, flores. – Sophia nos deus dois beijinhos e Beatriz também.
– E então, qual é a boa de hoje? – Bia nos perguntou.
– Fones left que não pegam. – fiz uma carinha triste. Cris virou a cara pra mim e arqueou a sobrancelha. – O que? Ela perguntou e eu respondi! Aff.
– Enfim, Vocês acham melhor ir no sábado pra... – Bia nos olhou com rindo. Ouvimos umas risadas no outro lado do pátio.
Eles viviam rindo? O que eles tomavam pra todo dia ficarem rindo que nem uns loucos? Seria porque só querem chamar atenção – principalmente das menininhas de procedência duvidosa que ficavam na mesa do meu querido amigo (e paquerado)Fred?
Olhei com mais atenção e vi uma loira com uniforme de cheerleader e peitos enormes com braços envolvidos no pescoço deFred. Ótimo.
Revirei os olhos e soltei:
– Eu queria ser gostosa. Gostosa que nem ela. – falei apontando. Calma gente. Eu não queria ser gostosa por que ser assim é foda, legal e tal, não. Eu queria ser gostosa pra justamente a pessoa que aquela loira estava com os braços em seu pescoço me notasse.
– Eu não sou gostosa, mas tenho cérebro, serve? – Bia falou sacando do que eu estava falando quando se virou pra olhar pra olhar Fred e seu grupinho.
– Eu sabia. – Cris falou. Sabia o que? Fiz uma cara de confusa. – Eu sabia, Júlia Torres. – Cris falou mais uma vez. Beleza, agora eu to preocupada.
– Sabia o que? – arqueei a sobrancelha.
– Tu tá afim do Maia! Admita. – pessoas que pegam tudo no ar são fodas. Cris era assim. Legal, eu tinha uma fama de perversa, que batia em caras grandes, quando na verdade nem conseguir mentir pra minhas amigas eu conseguia. Muito do mal eu sou.
Abaixei a cabeça.
– Caralho, quero ficar com um menino que só pega gostosa e isso não é legal. – falei logo o que tava preso na minha garganta. Assumi, palmas pra mim! Não era isso que vocês queriam? EUTO AFIM DELE. Pronto, acabou. Podemos ir pra outro tópico?
– ju, isso é cilada. – Bia alisou a minha mão em forma de consolo. –Você não faz o tipo dele e nem ele, o seu. Desculpa, mas é a verdade. – falou num tom de sinceridade. Suspirei.
– Eu sei, mas é que numa hora ele não era nada pra mim e depois... Bum! Eu não posso nem pensar em ficar perto dele que sinto um negocinho na barriga. É tenso, gente. – falei segurando minha barriga e sentindo isso. Falar dele também não ajudava.
– Cara, sério, eu não sei o que é ser tipo de alguém. – Sophia resolveu falar e todos nós a olhamos – Não fico procurando o que há de errado, eu me apaixono e pronto. Pra você ter um relacionamento, o que menos importa é ser gostosa. Isso é perda de tempo.
– A Sophia tá certa! Essa parada de “ai, ele não faz meu tipo” é tudo cagada. Se você gosta da pessoa, vai em frente! Arrisque-se! – Cris falou com um sorriso enorme no rosto.
Nós quatro vimos as mãos de Fred indo parar na bunda da tal fulaninha.
E mais uma vez, abaixei a cabeça.
– Júlia, mas que porra é essa? Nunca vi você abaixando a cabeça pra garoto nenhum e tu vai abaixar pra esse boyzinho aí? Pelo amor de Deus! Reaja! – Cris disse.
– Não dá pra competir com aquilo. – apontei para o belo par de pernas que a garota tinha.
– Aquilo é só carcaça, o que importa é o interior. – ela vive em que mundo? Pessoas como eu não ficam com pessoas como ele.
– Por favor, a gente pode mudar de assunto? – falei nervosa.
Merda de vida.
Fred:

Já sentado na sala, segurei um papelzinho na mão. Era de Cori, uma das meninas mais gostosas de Westshefild e, claro, ela estava afim do papai aqui. Li mais uma vez, rindo.

Fred, me procure na festa da Sam. Você sabe o que pode acontecer, não sabe? Cori.


Então ela queria ficar comigo na party wild da Sam?
Vou realizar o seu desejo!
Uma distração enquanto não ficava com Júlia. Tu acha que só porque estou num trabalho em andamento não posso ter diversão?
Nem fodendo. Eu mereço isso! To quase morrendo na mão, porra.
– To sentindo que essa festa promete. – Davi disse se sentando na cadeira ao lado da minha.
– Dude, nem fale! To contando os dias. Finalmente, sua seca miserável, JÁ VAI TARDE! – quase pulava de alegria no meio da sala.
– To vendo que vou me fazer nessa festa. – Guto, mais à frente, esfregava as mãos. Éramos assim. Não podíamos ver uma festinha open bar que já que ficávamos pirando.
– Ai, só de pensar... Eu, a Sam, a cama, juntos... Eu me arrepio! Olha! – Harry mostrou-nos o braço arrepiado. Ele e sua transa épica.
Era de lei Harry transar com Sam nessas festas, já falei disso? Foi mal.
– Seus putões, estão doidos pra soltar os passarinhos das gaiolas, né? Só quero ver quem ocupa um quarto primeiro! – disse finalizando a conversa, porque a professora gostosa de Biologia entrara na sala.
Professora, sinto lhe dizer, mas eu não aprendo nada na sua alua.
Motivo: sua bunda.
Júlia:

Intervalo. Hora de você pegar aquela Coca gelada e comer alguma besteira na cantina, rezando pra que não tenha nenhum cabelo ali.
To até pensando em fazer um protesto sobre isso. Limpeza na cantina, nós merecemos.
Eu estava lá, toda serelepe, comendo minha coxinha de frango quando percebi uma sombra ao meu lado. Olhei pra cima pra saber quem era que estava me empatando de receber as luzes importantes do Sol.
Fred.
– Pois não? – falei grossa. Comigo era assim. Se esfregou com uma qualquer, leva patada.
– Que humor maravilhoso. Mais uma qualidade em você. – sorriu sarcástico.
– Estou comendo, quero sossego. Fale o que quer. – mordi minha coxinha com mais força ainda. A gente querendo comer em paz e nego vem atazanar?
– Calma, só vim falar uma coisa. – jura? Pensei que era só pra me ver comer.
– Seja rápido.
– Seguinte, ensaio lá em casa às três da tarde. – hã? Eu na casa dele? Perfeito.
Não, sério, ia ser perfeito. Eu na casa dele, me segurando pra não olhar pra suas mãos, sua boca, seus olhos, e não sentir o perfume que era de matar qualquer uma.
– Er,er,er,b-b-beleza. Eu poss-o ir s-sim. – falei nervosa. Situações como esta me deixam gaga. Merda.
– Isso foi uma frase? – ele perguntou rindo, percebendo o meu nervosismo.
– Você quer que eu jogue a coxinha no meio da sua testa ou você abre a boca pra facilitar? – juro que disse com a coxinha já pronta jogar.
– Coxinhas voadoras não são legais, se bem que eu conheço uma pessoa que iria gostar dessa ideia. Você vai conhecer hoje. Por favor,apareça.
E saiu de lá me deixando muda com uma coxinha na mão.
Muito legal. Vou pra casa dele bancar a social. Falar – finalmente – com resto dos McTry.
Errei de novo o nome da banda ridícula deles?
Droga.
Fred:

O professor falava que era pra nos apressarmos com os projetos. Nem tinha ensaiado nada, nada mesmo. A apresentação seria depois de amanhã, ou seja, dois dias.
Ótimo.
Enquanto descemos pra ir pro Corredor dos Losers, eu queria falar alguma coisa, sei lá. Sobre o tempo, a queda na bolsa, qualquer coisa pra quebrar o silêncio.
– E então, na sua casa... Às três horas... – ju falou um pouco tímida. Eu acho que ela tinha medo de conhecer os guys. Cara, eles são nada! Ok, eu ainda não contei a novidade pra Guto e Davi. Quero ver como as moças vão reagir quando souberem que ju vai lá pra casa passar a tarde inteira.
– Você não quer ir? – fiquei com medo de ouvir um não.
– A gente precisa ensaiar. Na minha casa não dá, com a rainha das trevas, vulgo minha mãe, nos regulando, gritando pra baixar o som. – ela disse se sentando no banco.
– Nossa, que carinho com a mãe. – sentei ao seu lado.
– Se você a conhecesse falaria a mesma coisa.
– É,quem sabe um dia... – passei a mão na nuca, considerando por uns segundos a ideia de conhecer a mãe dela, a “sogra”. Se ela seria a minha sogra, Júlia seria a minha na...
– Mas e aí, quatro meninos numa casa? Só loucura! – ju falou interrompendo meu raciocínio.
– Nem tanto. No começo era, mas agora a gente já se acostumou. – a menina, já sentada ao lado, mexeu no cabelo, o mudando de lado, deixando seu pescoço à mostra.
O cabelo dela cheirava a melancia. Fechei meus olhos sentindo a essência. Engoli em seco. Se eu a pegar à força não vai ficar bem, não né?
Merda.
– Fred? Tá me ouvindo? – ótimo, além de ter pensamentos de um tarado, devo estar com cara de idiota e olhos fechados. Retardado.
– To ouvindo sim, é que eu to cansando, preciso dormir. – forcei um bocejo.
– Ui, tava fazendo o que à noite, danadinho? – ela deu um sorriso malicioso.
– Vendo mulher pelada. Tento me desapegar, mas é mais forte que eu. – falei num tom sério e Júlia arregalou os olhos. – To brincando!
– Ainda bem, porque eu já não ia mais pegar na sua mão. – e mais uma vez ela jogou pro lado o maldito cabelo.
Fui pra frente e depois pra trás, embriagado com o cheiro.
– Pega na minha mão. – falei do nada esticando a mão. Fixei meus olhos nos dela. Júlia olhou pra mim assustada e hesitou – Juro que não tem nada aí.
Ela estendeu sua mão.
E foi aí que eu senti.
Aquelas mesmas coisas, só que com uma intensidade maior.
Coração acelerado. Calor. Arrepio. Coração acelerado. Calor. Arrepio.
Nós unimos nossas mãos e quando dei por mim, fiz carinho na dela com meu polegar.
Engoli em seco, sentido tudo o que estava passando dentro de mim. Acho que tava tremendo.
Virei viado?
ju estava corada. Olhei nos olhos dela e ela fez o mesmo.
Tudo, pelo menos pra mim, havia se tornado Júlia e eu. Eu tinha me esquecido completamente que existia um mundo lá fora.
Eu buscava com os olhos cada linha de expressão em seu rosto, cada ruguinha na sua testa. Sua boca rosada, perfeita. Deliciosa.Lambi os meus lábios, me preparando pra fazer o que queria.
Fui me aproximando nervoso, ansioso e curioso pra saber como é beijar Júlia Torres, a menina mais problemática de Westshefild.
Ouvi System of a Down tocar.
E de repente, tudo acabou. Frustrado, fui pra onde eu estava desde o começo passando a mão no cabelo e virando a cabeça pro lado, olhando pra parede e em seguida fechando os olhos, não acreditando na interrupção.
Quem será nessa merda de celular?
Júlia tirou sua mão da minha, pegou seu celular e crispou seus lábios.
– Alô? Ah, oi Mike! – Mike? Sempre Mike! Além de ser chato pra porra, virou empata-foda? – Não, hoje não vai dar. Vou ensaiar com Fred na casa dele, desculpa amor. – doeu. Ouvir Júlia chamando o Mike de amor doeu.
Afastei-me, já puto.
– Tá certo, quando eu chegar da casa dele eu te ligo. Beijo, se cuida. – e finalmente, ju desligou o celular.
– Amor? Pensei que ele só fosse seu amigo. – tentei controlar a raiva na minha voz.
– Só porque ele é amigo não quer dizer que não posso chamá-lo de amor. – ela falou com desdém.
– Se você diz... – fiquei puto mesmo. Vai chamar Mike amor na casa do caralho!
– O que foi?
– Você e suas amizades.
– Sério que vamos falar de novo de amizades? Porque se for, achei linda a prova de carinho com a sua amiga hoje de manhã. Passar a mão na bunda virou o novo abraço e eu não sabia? – ju falou rápido cruzando os braços.
Ela viu esse pequeno acontecimento com a Cori? Ótimo.
– Ela estava com problemas e eu quis ajudar, dando um pequeno afago. – tive que me controlar pra não rir da merda que eu falei.
– Na bunda?
– Júlia, para com isso! Nós, nos últimos tempos, estamos trocando farpas por besteira, cara. – tentei amenizar.
– Ia ser muito interessante se você não fosse tudo aquilo que eu penso, tudo aquilo que eu sei sobre você. Queria que você fosse totalmente diferente. Eu ia gostar mais de você.
A menina se levantou e foi embora. Me deixando ali, sem entender o que havia falado, me deixando sem ação.
– Não se preocupe, estarei na sua casa às três! – ao gritar isso, já perto da escada que ligava o corredor ao mundo exterior, ju saiu sem dizer mais nada.
Fiquei ali parado, pensando no que ela disse.
Se eu fosse diferente, ela ia gostar de mim?


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