Kit Black: Viajantes De Mundos escrita por Dama dos Mundos


Capítulo 1
Uma Mente Bem Diferente


Notas iniciais do capítulo

Primeiro Capitulo...Bem, é a minha primeira vez postando aqui, então me perdoem certos...erros...



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Alyson esfregou os olhos e virou-se para a janela. A noite começava a cair, e a jovem sentia um cansaço extremo e um sono arrebatador tomarem conta do seu corpo. Empurrou o caderno com a lição de álgebra para o lado e puxou para mais perto um livro de capa preta, com o titulo de Kit Black escrito em azul. Na escrivaninha em que ela estava debruçada dava pra notar uma desorganização total, e um porta-retrato em forma de lua crescente, onde se viam três garotas aparentemente na faixa dos 12 anos, abraçadas.

O quarto, de pintura lilás e aparência harmoniosa, parecia sumir da vista de Alyson cada vez mais. Ela abriu o livro, deparando-se com aquela bendita primeira página, sempre em branco, sempre lembrando a sua incompetência. Porque aquele livro era obra dela (seria, se ela tivesse escrito alguma coisa) e mostrava que a vida de uma garota de 17 anos pode ser chata, e sem nada de interessante que possa poder escrever num livro.

–Quem sabe um dia possa ter? -Questionou a jovem para si mesma. O toque do telefone a despertou para a realidade. De mau humor tirou o aparelho do gancho, e atendeu:

–Funerária “Vai Com Deus”, a sua tristeza é a nossa alegria, em que posso ajudar?

–Parando com isso, que já está me deixando assustado. -Respondeu uma voz masculina e suave, que fez Alyson dar um pulo e quase cair da cadeira.

–É você?

–Céus, será possível que já esqueceu a voz de um amigo?

–Claro que não, Ken. Mas nessas horas eu não esperava um telefonema, quanto mais do meu vizinho, que poderia muito bem vir aqui em casa, se o assunto fosse urgente. -Alegou Alyson, abrindo a janela e procurando com o olhar na casa vizinha...

–Pode me ver?

–Ah... Posso! -Respondeu ela acenando com a mão para a janela da casa em frente, onde um rapaz de 20 anos, loiro de olhos verdes estava debruçado, com um telefone sem fio no ouvido. -Então, o que você quer falar comigo?

–Acho que você ia gostar de saber que mandaram uma carta pra você ontem, e o Edgar pediu para eu te entregar. Ele está meio ocupado no bar, sabe... Suponho que, como veio de Bevelly Hills, a carta pode ser da...

–Cloe! -Exclamou a garota, fazendo Kem dar um pulo e sair da janela.

–Desse jeito eu vou ficar surdo!

–Ah, me desculpa, foi sem querer. É que...

–Eu sei, eu sei, você não vê ela e a Sacha desde os 12 anos. –Ele comentou, deixando-se cair na cama e pensando: “Será que ela iria sentir minha falta se eu fosse embora também?”.

–Sabe que eu sentiria a mesma coisa por você, não é?

–Sentiria?

Foi sorte Ken não estar na janela essa hora, senão teria visto Alyson enrubescer drasticamente. Ela recuperou o fôlego e respondeu se segurando para não gaguejar: -É, sentiria.

–Bom saber. Preciso ir. Vem pegar a carta amanhã?

–Vou. Boa noite.

–Pra você também. E bons sonhos.

Alyson não pode segurar um risinho. “Se eu sonhar com você pra mim já está ótimo”. -Vejo você amanhã.

–Tchau.

Ken desligou, imaginando consigo mesmo se não seria perigoso (pra não falar de irresponsável), tentar se aproximar de Alyson quando um retardado mental e maníaco estava no pé dele. - É, assim não dá. Mas se eu esperar muito posso perder a oportunidade. - Sem mais delonga, deitou na cama e foi dormir.

Alyson demorou mais tempo para cair no sono. Depois de desligar o telefone, teve a impressão de ter visto, de relance, uma dama de branco, clara, loira e de olhos brancos, observando-a da janela. Mas só por alguns instantes. Bem que Alyson pensou ser um fantasma no começo (Não tinha medo de espíritos, mais se algum chegasse perto ela se mandaria). Logo descartou a hipótese, pois a aparição não deu mais sinal de vida, e, como ela estava caindo de sono há um minuto poderia ter sido uma ilusão de ótica, um efeito do cansaço. Mas por um longo tempo achou sentir uma presença estranha naquela noite, e por muitas semanas essa sensação não mudou em nada.

Alyson é uma adolescente diferente, do modo de pensar ao modo de encarar seus problemas (muitos por sinal). Tem uma mente aberta, sendo muito teimosa, mas também muito ciente dos seus erros. Conta com uma recuperação física assombrosamente rápida, nunca tendo quebrado um osso ou ficado no hospital, internada. Apesar de sempre parecer alegre, não se sente feliz em Petrópolis, onde mora com a mãe, Leah Valoem. Sua mãe dizia que nascera em outro lugar, e não no Brasil, mas toda vez que a filha perguntava Leah dava um perdido, e nunca respondia. Outra incógnita era o pai. Nunca o vira, e sua mãe recusava-se a mencionar qualquer coisa sobre ele. A verdade é que sentia uma enorme falta de uma presença paterna, e o silêncio de Leah só piorava tudo.

Alyson tinha duas amigas, Cloe e Sacha, as quais ela não via há cinco anos. Cloe tinha se mudado da sua casa, que ficava no centro de Petrópolis, para morar com o pai, depois que sua mãe morreu num acidente de automóvel. A casa de seu pai ficava em Bevelly Hills, o que causou a primeira separação marcante na vida de Alyson. A segunda ocorreu uma semana depois. Sacha, que morava na mesma rua que Cloe, teve que se mudar para Tókio, pois a irmã mais velha, Naoco, tinha recebido uma proposta de emprego irrecusável. A irmã mais nova era responsabilidade dela, já que seus pais morreram numa queda de avião.

Resumindo, ela estava só. Mas no dia da separação chegou uma ajuda inesperada. Pois nesse momento chegava na cidade (para ser mais precisa, na casa ao lado da garota), um jovem chamado Kensuke Himura.

Alyson estava nos degraus em frente da porta da sua casa, encostada no degrau de cima, abraçando os joelhos e olhando melancolicamente para o horizonte. Nem sabia porque estava ali. Nesse meio tempo o rapaz se debruçou no portãozinho de entrada, e ficou olhando, tomado de compaixão por aquela pessoa tão triste. Apesar de estar bem na frente dela, Alyson não o viu. Estava concentrada demais em seus pensamentos para percebê-lo.

–Eu detesto a minha vida. -Resmungou ela, num acesso de raiva, o que estava ficando muito presente na sua personalidade recentemente.

–Que lástima. Pensei que era diferente das outras pessoas que eu conheci, mas acho que me enganei. - Alegou o rapaz, com uma voz suave, e fazendo com que Alyson desse um pulo de susto.

–Quem é você?

–Para começar o seu novo vizinho.

–Que bom. –Ela retrucou, com o mesmo tom de voz de quem diz “mais essa!”. -Se não se importa, vizinho, estou muito ocupada não fazendo nada.

–Vichi, que mau humor. É assim que você trata todas as pessoas?

–É assim que eu trato todos os que me enchem.

–Ai, isso feriu meus sentimentos. -Debochou Ken. Seria difícil para ela o mandar embora, já que o que ele tinha de bonito (o que não é pouca coisa), ele tinha de teimoso. E não lhe agradava nada a idéia de ser rechaçado por uma pirralha três anos mais nova do que ele.

–Se eu fosse você ia embora antes que eu resolva ferir algo de verdade, e não vão ser só os seus sentimentos.

–Calma, eu só estava brincando. Não vamos começar com o pé esquerdo, vamos?

Ela nada respondeu, mas o olhou com uma cara de: “vamos, se continuar tirando uma da minha cara...”.

–Sou Kensuke Himura. -Se apresentou ele, estendendo a mão.

–Alyson Valoem. -Disse ela, apertando a mão dele. -Mas vê se não fica achando que já sou sua amiga. Isso ainda vai levar tempo.

–Pode ficar fria, não vou achar.

Até que nem levou tanto tempo assim. Umas semanas depois, os dois tinham se tornado quase inseparáveis. E por cinco anos ficou desse jeito, ou melhor, até agora.

Alyson acordou na manhã seguinte com um pressentimento de que algo ia dar errado. E parecia estar certa, pois logo de manhã sua mãe lhe disse, com a voz mais natural do mundo: -Preciso ficar duas semanas fora. Você vai ficar bem, não é?

A garota se engasgou com uma rosquinha e olhou a mãe com cara de quem não entendeu: -Como é que é?

–Trabalho, duas semanas fora... Entendeu?

–Mas não tem nem uma semana que a senhora voltou de São Paulo!

–É que tenho que acompanhar o senhor Reverton numa palestra em Brasília.

A moça nada disse. Sabia muito bem que a sua mãe precisava comparecer a essas reuniões mal previstas, e até gostava de se sentir livre de vez em quando. O caso era que Leah trabalhava como secretária, no escritório de uma das empresas mais prestigiadas do país. O seu patrão, Reverton Oflerrert, era constantemente chamado para compromissos e grandes eventos, e como Leah é a sua secretária mais competente (ele tem mais uma), Reverton sempre a levava consigo. Esse emprego é a maior causa da “rixa” entre Leah e o pai de Cloe, James Grey. Antes dele se mudar, quando os dois se viam freqüentemente (querendo ou não), ela dizia que o trabalho dele é pretexto de vagabundo. Ele é um arqueólogo famoso, e revida falando que é melhor ser “preguiçoso” do que viver dentro de um escritório fechado, servindo cafezinho pra meia dúzia de colegas. Melhor eu parar por aqui não é?

Alyson continuou a refletir sobre a viajem da mãe, dando a ela a oportunidade de terminar seu café com leite. Um tempo depois ela se levantou e perguntou, despreocupadamente: -Vai hoje?

–Sim vou hoje.

–Agora?

–Agora. Por quê?

–Por nada. –Mentiu a garota. Teve a ligeira impressão de que ia demorar muito tempo para elas se encontrarem depois dessa separação.

–Algum problema? Ou só quer saber para ter tempo de aprontar alguma?

–Claro que não!

–Pensei. Mas é claro que você não aprontaria nada. Enfim... Preciso ir!

–É, a senhora não pode se atrasar.

–Quer alguma lembrança?

–De que? -Perguntou a garota, distraída.

–De Brasília.

–Nada.

–Está bem.

As duas se dirigiram pra fora de casa. Leah deu um beijo na filha e entrou em sua pick-up negra, acenando com a mão. Cinco minutos depois o carro sumia numa curva, deixando Alyson sozinha. A garota ficou alguns minutos na porta de casa olhando o ponto, e já ia entrar quando a voz de Ken rompeu o silêncio.

–Esqueceu de mim?

–Gostaria imensamente que você parasse de aparecer do nada.

–Tá, vou embora. -Alegou o garoto, virando-se e se preparando para ir mesmo.

–Não vai, não, eu só estava brincando.

–Sei. Mas eu tinha que entregar a carta, você se lembra?

–Lembro, lembro sim.

Ken entregou a carta, que Alyson abriu em segundos enquanto Sentava-se num banco atrás de si.

–Posso ver? -Perguntou ele, indo para trás do banco.

–Pode. -Respondeu Alyson, e voltou sua atenção para o papel:

Cara Alyson,

Desculpe-me pelo tempo que eu demorei a escrever novamente. As coisas andam meio estranhas ultimamente, e devo destacar que, se estou dizendo isso, é porque estão estranhas mesmo. Por exemplo, ontem eu achei ter visto um lobo roxo (juro por Deus!), caminhando no meu jardim. E Sacha me ligou hoje de manhã, falando que um pássaro cor de fogo tinha entrado no quarto dela de noite e a acordado.

Alyson parou por alguns instantes. Cloe tinha posto a data do dia em que escreveu a carta no envelope, com uma caneta roxa fosforescente (com certeza para chamar a atenção de Alyson para ela), e a data era de uma semana atrás. Justamente quando um gato preto havia pulado sobre ela e espalhado o trabalho de um fim de semana inteiro: O seu texto sobre mundos paralelos e porque poderiam existir. A professora de português tinha passado esse trabalho no último dia de aula, antes das férias do meio do ano. O desafio era escolher uma idéia extraordinária que todos dizem ser impossível, escrever sobre ela e apresentar um argumento pelo qual pudesse dizer ou provar que essa idéia possa ser real. Balançou a cabeça e recomeçou a ler.

Apesar de essas aparições estarem todas ligadas (eu acredito), não é por isso que eu estou escrevendo. Dessa vez tenho boas notícias, garanto. Uma delas é que vamos nos encontrar em breve: Consegui, com muito custo, convencer meu pai a voltar pra Petrópolis. A outra é que Naoco foi transferida para uma firma brasileira, e vai voltar também. A firma fica no Rio de Janeiro, portanto não vai ficar tão longe assim. Gostaria de falar mais, entretanto estou ocupada tomando conta daquela peste da Karolaine, você sabe, minha prima, e daqui a uma semana estarei aí. Não esqueça! Agente se vê em breve!

Sua amiga, Cloe.

Alyson demorou um pouco para processar os fatos. Quando se tocou, levantou do banco num pulo, acertando sem querer o queixo de Ken.

–Desculpe. Machucou?

–Não, imagina, você me dá quase um murro e não vai doer.

–Também, quem mandou ficar atrás de mim? Não se sente envergonhado de ficar lendo a correspondência dos outros não?

–Você deixou, esqueceu?

–Aa é, eu deixei! -Replicou ela, como quem diz “foi mal”.

–Eu esqueceria isso se você me desse um beijo.

–Você é muito convencido mesmo!

–Não sou. Mas ainda quero um beijo seu.

–Vai ficar querendo. -Retrucou Alyson, empurrando a testa dele com o dedo indicador.

–Espera, espera! Está dolorido.

–Pensei que eu tinha acertado o queixo.

–É né. Falando nisso está sangrando?

–O que? -Perguntou Alyson, já sem paciência.

–Meu queixo, minha boca... Acho que eu mordi a língua.

–Se tivesse mordido a língua, não estaria tagarelando! -Riu ela.

–Zomba bastante da desgraça dos outros.

–Vai, me deixa ver se eu quebrei um dente seu. -Debochou a garota, levantando a cabeça de Ken e movendo delicadamente de um lado para o outro, tentando ver se ele sentia dor mesmo. -Só está inchado, vai ficar b...

Ela nem chegou a terminar a frase, pois antes que tivesse percebido o movimento, Ken a puxou e lhe deu um beijo nos lábios. Como lá no fundo ela queria beijá-lo há muito tempo, em vez de empurrá-lo apenas o abraçou.

Separaram-se segundos depois. Um carro rosa apareceu na esquina e foi na direção deles, que se separaram em tempo de evitar o choque, pulando um para cada lado.

Enquanto Alyson tentava se equilibrar novamente, o carro freou com uma rangida de pneus barulhenta. De seu interior saiu uma garota ruiva, de cabelos curtos e olhos cor de mel. Vestia uma blusa rosa pink, um short jeans, e de longe já transparecia a sua personalidade de patricinha convicta.

–Alyson! Que bom te ver!

Alyson virou para Ken, que tinha ido apoiá-la, e fez um sinal de “besta” para ele, que apenas concordou com um risinho disfarçado.

–Eu assustei vocês? -Perguntou Sacha, de frente para os dois.

–Essa foi uma pergunta simplesmente retórica, não foi? -Questionou Alyson.

–Não!

–Desde quando você dirige?

–Desde que passei no exame, no mês passado.

–O examinador devia ter algum problema mental. -Comentou Alyson consigo mesma, rezando para que esse erro não fosse causar acidentes mais graves. No mesmo minuto estremeceu, dando um passo para trás. Talvez estivesse pirando de vez. Acabara de ver um vulto negro atravessar a rua, bem na sua frente.

–Olha ela aí. -Falou Sacha, apontando para uma moto que se aproximava, provavelmente terminando a frase que Alyson não ouvira.

–Quê? -Perguntou Alyson, voltando a si.

–Em que estava pensando? -Perguntou Sacha.

–Em nada. Era só...

–Um devaneio. -Completou Kensuke. -Pensei que eles tinham parado.

–Tem devaneios com freqüência? -Sacha interrompeu.

–Não. Mas desde ontem estão terríveis. -Respondeu a jovem, entre os dentes.

A moto que Sacha apontara parou ao lado deles. Era negra, e nas suas laterais saiam riscos violetas. A motorista desceu da moto e tirou o capacete, mostrando seus olhos castanhos claros e cabelos da mesma cor, encaracolados, baixos e bonitos. Tinha um sorriso cativante, um temperamento estável e uma inteligência que a classificava como formidável.

–Só podia ser você. -Alyson abraçou a amiga por alguns instantes.

–Afinal de contas o mundo não é tão injusto assim, não é?

–Eu já tinha chegado a essa conclusão há muito tempo.

–Que ótimo. -Replicou Cloe, abrindo um sorriso. -Assim eu não vou precisar te convencer.

–Evitemos brigas desnecessárias.

–E insuportáveis também. -Alegou Sacha para Ken, num sussurro.

Uma pontada no coração de Alyson avisou que ela não deveria estar ali. Tentou ignorar, mas seu estômago se revirou de tal forma que a fez pensar melhor. -Eu vou tomar um ar.

–Você está do lado de fora, tomar mais ar que isso é impossível. -Sacha disse, em tom suspeito.

–É sério, preciso ir. -Algo murmurava em seu ouvido, numa voz calma e luminosa: “Vá embora, enquanto ainda dá tempo”.

“Não posso”.

“Por quê?”.

“Não sei... estou com um mau pressentimento”.

“Não é à toa. Se você não sair logo daí, elas vão morrer”.

“Ninguém morre assim”.

“Pare de bancar a teimosa! Você sabe que vai acontecer alguma coisa. Elas vão morrer”.

“Como evitar?”.

“Não pode evitar. Não se ficar ai. Saia!”.

“Em que isso ajuda?”.

“Em nada. O destino diz que alguém vai morrer hoje”.

“Então não posso ir”.

“Seja realista. É você que vai morrer aqui. Se quiser poupar mais vidas, que é o que você pode fazer, suma!”

Alyson balançou a cabeça para afastar esses pensamentos. Já tinha tomado sua decisão, mas era difícil dar um passo em frente. Há muito tempo pedia para morrer. Há muito tempo julgava que o único jeito para se livrar da dor era a morte. Mas não tinha coragem de tirar a própria vida, portanto rezava para que sua hora chegasse rápido. Logo agora que tudo ia bem, que tinha conseguido ganhar o coração de Ken, que suas amigas tinham retornado, que a vida se tornara tão doce...

Mas ela era do tipo de garota que não recua diante de nenhum perigo e, apesar do futuro incerto que a esperava, não tinha medo nenhum da morte. -Eu... Tenho umas coisas para fazer. Já volto.

Ken a seguiu com o olhar desconfiado e preocupado de quem sabe que o amor de sua vida vai aprontar alguma.

–Ela não parece estar normal. -Comentou Sacha.

–Ela não pode estar. A Alyson que eu conheço jamais nos deixaria aqui sem mais nem menos. -Lembrou Cloe, num tom sério. -Ela não pode ter mudado tanto assim.

–Não mudou. -A voz de Ken saiu meio tremida. A preocupação estava escrita no seu rosto, e um temor latente passou pela sua mente. Ele voltou, o seu pior inimigo, um assassino masoquista e cruel. E não estava sozinho, pois uma força oculta e fria podia ser sentida a distância por alguém que tivesse feito o mesmo treinamento que ele. Não sabia o porquê, mais essa força estava atrás de Alyson, e faria qualquer coisa para destruí-la. Num instante, a resposta para o comportamento estranho da garota apareceu: ela sabia! Não tinha certeza de como, mas ela sabia.

–Kensuke, você está bem?

–Como sabe o meu nome?

–Cinco anos de correspondência com Alyson e você acha mesmo que ela não falou nada a seu respeito? -Disse Cloe, sem emoção: -Mas se eu fosse você, ia procurar ela.

–Mas é claro que eu vou.

–Então eu acho bom andar logo, as coisas não parecem nada boas.

   

Alyson andava lentamente pela rua. Esperava a qualquer momento levar um tiro, ser atropelada ou que algum prédio desabasse sobre ela. Mas não havia nada... Nada que pudesse preocupá-la.

–Isso só pode ser brincadeira. Não pode ser real.

–Pode sim. Já que você veio de tanto bom grado se oferecer para o meu arco, vou fazer o favor de te matar sem dor.

Ela não teve tempo nem de ver o rosto do rapaz que lhe falava. No momento em que virava instintivamente, sentiu uma dor dilacerante no coração e algo transpassando sua carne. Podia sentir o sangue escorrer, e alguém a segurar, na hora em que ia cair no chão. E, inesperadamente, tudo escureceu.


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Notas finais do capítulo

Reviews?
Postando o segundo capitulo em breve...



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