- Hallo garotinha! – diz Mike.

- E ai! – digo simplesmente.

- Meu, não da pra negar que essa garotinha não deixa a desejar né? Tem váaarias qualidades! – diz Derick, enquanto ele dizia “vaarias”, ele percorreu o meu corpo rapidamente com seus olhos tarados.

- Meu, deixem a Geovanna quieta, vamos virar ali naquela esquina. – diz meu irmão com um olhar totalmente frio.

- Vamos virar a noite? Vamos beber até ver luzes?– solta Mike.

- Beber? – pergunto espantada.

- Meu, para de falar essas coisas perto dela, se não ela vai me dedurar*! – diz o Stiven com o tom já meio irritado.

- Meu! – eu paro de andar, automaticamente os quatro garotos mais altos que eu param também. – Você mentiu para a mamãe! Você disse que não ia mais beber! Voce mentiu! – eu digo, levantando um pouco minha cabeça, para olhar para os olhos claros do meu irmão. Sinto minha visão se embaçar. Não, não estou tonteando, e sim meus olhos estão se enchendo com minhas lágrimas.

- Eu não menti! Eu havia dito que não iria beber todos os dias! Eu nem bebo há uns... quatro dias? – ele meio que pergunta aos amigos, Mike responde:

- Três!

- Então! – continua Stiven – três dias sem uma gota de alcool na boca!

- Que evolução! – minha voz saiu meio baixa.

- Você não tem que se intrometer na minha vida, pirralha! Olha, faz o seguinte – ele diz tirando sua mochila de suas costas. – leva minha mochila pra casa, há essa hora a mamãe ainda não chegou, então chama uma amiga, sei lá, só pra você não ficar sozinha. Eu não vou demorar muito pra chegar em casa. Avisa a mamãe quando ela chegar. – me entregando sua mochila cheia de livros.

Os garotos se afastam um pouco de mim, preste a atravessar a rua para entrar em outra, mas eu seguro meu irmão pela camisa, ele olha pra mim.

- Você vai beber?

- Me larga Geovanna! – ele diz, soltando-se de mim. – Para de ser dramatica! Todo mundo bebe! Beber é normal! Pelo menos não estou me drogando como muitos fazem!

- Será que não esta? – pergunto quase que sem perceber. Ele solta um riso ironico, e se separando dos amigos, diz:

- Qual é em, Geovanna? Para de ficar criando coisas, pirralha se liga! – diz muito proximo a mim. Eu percebo, mesmo sem querer que, de alguma forma por tras daquela voz raivosa, e da sua ‘pinta’ de durão, seu olhar, eu tenho certesa, estava triste. Não consigo segurar as lágrimas que já carregavam meus olhos.

- Iiii, ta fazendo sua irmã chorar é muleke? – pergunta Mike, que em nada estava sorrindo.

- Vamos deixar o nosso barato pra depois, meu! Vai com a Geovanna pra casa, nos encontramos mais tarde! – diz o Reita me olhando.

- Qual é, gente? Vocês estão com pena da minha irmã? Nós não sentimos pena de ninguém! Ao contrário!

- Não é pena! Mas ela... é sua irmã! – diz Derick.

- Ta, meu ta bom! Da aqui Geovanna! – diz, tomando a mochila dele das minhas mãos.

- Sumam da minha frente! Depois a gente se vê! – ele diz dando as costas aos amigos.

- Falou irmão! – grita Mike.

- Cuida bem da irmãsinha em! – diz Derick entre risos.

- E muuuito bem! – completa Reita.

Aos poucos, eu e o Stiven já estavamos afastados o suficiente dos garotos, que já não era mais possível ve-los. Alias, eles foram para suas casas também.

Nós agora caminhamos calados. Eu ainda estava com os olhos lacrimejados, estava com o rosto virado para o lado oposto do lado em que Stiven estava.

- O pirralha! – Stiven me chama, eu olho.

- Para de drama! Não ta vendo que ta exagerando? Não é nada de mais!

- E oque você acha que a mamãe pensaria em relação a isso? – eu digo, com a voz pouco baixa.

- Tchum! – ele reclama – Olha, você sabe como a mamãe é né? Exagerada como você! Não precisa falar nada pra ela!

- Porque você não desiste dessa idiotisse de querer quebrar ordens? Bagunçar, zuar os outros? Você já é bem grandinho!

- Há, há! – ele solta um de seus risos ironicos, apesar disso, esses risos tinham um som suave, e lindo. – Você esqueceu o que eu sou? Meu natural é quebrar ordens! Não tem como parar!

- Porque? Você pode sim, parar se quiser!

- É... pode ser! Mas o problema é que eu não quero! – ele descata as ultimas palavras. Eu olho pra ele. Ele olha de lado. Nem sei o que dizer. Ele andava rápido, eu tentava acompanha-lo. Ele sabe, que não ando rápido.

- Ei! Da pra você diminuir um pouco esses passos, assim fica difícil eu acompanhar você!

- Há, há você é iguaisinho uma criançinha, é incrivel!

- E você é um grosseiro!

Por fim, chegamos em casa. Stiven abre a porta, entramos, enquanto estou subindo, Stiven me segura pela roupa e diz:

- Coloca minha mochila no meu quarto! – isso realmente não foi uma pergunta e sim uma exigencia.

- Folgado! – digo, pegando.