Human Nightmare escrita por Leonardo Franco


Capítulo 10
Investigando




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MARTIN

Olhei para cima a tempo de ver o helicóptero que passava bem perto das árvores na floresta. Muitas pessoas corriam atrás, gritando e acenando, a maioria crianças. Soltei os galhos que estava segurando perto do monte que já havia e acompanhei a movimentação com o olhar.

— Parece bobeira né - disse uma voz feminina chegando ao meu lado. Era Giovanna - As crianças correndo atrás daquela coisa, como se eles fossem nos ajudar. Não precisamos de ajuda - ela percebeu que eu olhava para ela de um jeito estranho e riu - Não que eu não queira eles aqui. Uma ajuda cairia bem nesses tempos conturbados... Mas nós não precisamos dela.

— Mas parece que você está bem preparada para esses tempos, certo filha? - Sebastian tinha vindo pelo outro lado.

— Certo - ela olhou pra mim e sorriu.

— Martin, preciso de sua ajuda - disse Sebastian, saindo sem dizer mais nada. Soltei o último galho que segurava e o segui. As crianças ainda corriam de um lado para outro, mas já não seguiam o helicóptero.

Sebastian seguiu para uma entrada parcialmente escondida entre as árvores da clareira, e continuou andando por mais um bom tempo. Olhei para trás a tempo de ver Giovanna nos seguindo com o olhar; depois, a clareira cheia de pessoas não era mais visível.

Ele parou perto o suficiente de um muro coberto por pequenas folhas que me surpreendeu por estar ali.

— Pensei que estivéssemos longe o suficiente da civilização - ele disse. Colocou uma mão nas costas e olhou tristemente para cima - Vamos ter que pular para ver o que tem atrás dele.

— Como? - eu não estava entendendo - Por que precisamos ver o que tem lá?

— Pode ter pessoas mortas aqui... Você sabe, os zumbis - eu sabia muito bem sobre os zumbis.

Giovanna - ou como ela pediu para ser chamada, Gio - tinha me contado tudo: as mortes, as voltas, os assassinatos e as contaminações. Foi confuso no início, mas logo me acostumei com a ideia. Não totalmente, mas já que era algo que não poderia ser revertido, teria que aprender a conviver com isso.

— Não acho uma boa ideia.

— Mas nós temos que ir. Eles podem ser uma ameaça para o grupo - ele disse, e eu sabia que ele estava certo. Só não sabia como os zumbis atravessariam o muro, mas não queria discutir com ele, então aceitei.

Ajudei Sebastian a pular o muro, fazendo-o ficar equilibrado no topo. Depois, ele me puxou, se desequilibrando, e nós dois caímos do outro lado. Caí sobre uma pedra grande, o que machucou minhas costas, mas não muito. Sebastian parecia não ter se machucado, pois levantou-se rapidamente e limpou a roupa com as mãos.

Quando levantei, meus olhos se caíram sobre a casa. Era velha, de madeira, toda suja. Talvez por que era a parte de trás da casa, pensei.

— Vamos dar a volta - disse Sebastian. Eu o segui, olhando para todos os lados possíveis. Meu coração batia acelerado, talvez fosse pelos barulhos esquisitos que vinham de dentro da casa, talvez não.

Chegamos à porta da frente, e ela estava trancada. Desci os três degraus que levavam à estrada e olhei por ela. Parecia com a estrada da minha casa: vazia e comprida.

— Não foi dessa casa que você veio até mim aquela hora em que nos conhecemos? - eu disse.

— Não - ele disse, fazendo força para abrir a porta. Ela abriu na quarta tentativa - Aquela casa é por ali, ele disse apontando para entre as árvores, depois sumiu pela porta. Alguns segundos depois ele reapareceu na entrada e olhou assustado para mim. - Tem alguém lá em cima - disse.

Nesse momento, um barulho de algo pesado caindo cortou o ar, seguido por um grito de uma mulher. Corri para a entrada, fazendo Sebastian ter que se jogar para dentro para que eu pudesse passar. No momento em que atravessei o portal, vi o que caíra: um zumbi enorme jazia morto - novamente - no chão. Ouvi passos percorrerem o andar superior e pararem na escada. Lentamente, a pessoa foi descendo a escada, e ao me ver, parou de repente.

— Quem é você? - disse, com a voz meio trêmula. - Meu nome é Martin, eu ouvi seu grito e vim correndo - disse, tentando manter a voz calma.

— O que você fazia aqui por perto? - sua voz soava desconfiada.

— Eu moro por aqui, mas depois dos recentes acontecimentos - disse, apontando com um movimento de cabeça o corpo no chão - eu fiquei em um acampamento com um amigo. - Sebastian se aproximou, fazendo-a olhar assustada para ele.

— Eu estava verificando o perímetro ao redor de nosso acampamento, e encontrei o muro da sua casa... - começou Sebastian.

— Não é minha casa - ela o interrompeu.

— ...e tive que ter certeza se não havia nada aqui que comprometesse nossa segurança. - Sebastian também mantinha a voz calma. Ela olhou pra ele e depois voltou a olhar pra mim.

— Tudo bem - ela disse. Terminou de descer a escada e se aproximou, esticando a mão - Meu nome é Camille.

— Martin, como eu já havia dito. - ela apertou minha mão e depois se virou para Sebastian.

— E você é...?

— Sebastian - disse, apertando sua mão também.

— O que vocês sabem sobre isso? - ela perguntou, apontando para o zumbi, enquanto ia para um canto e pegava uma garrafa azul de plástico e bebia alguma coisa.

— Não muita coisa - eu disse - Só que os mortos voltam da morte e matam os vivos, os tornando mortos que depois voltam a vida.

— Bela explicação, Senhor Galã - ela disse, com um sorriso fino, e depois bebendo mais da garrafa - E como nós os paramos?

— Acertando a cabeça - respondeu Sebastian.

— Como eu suspeitava - com um andar gracioso, ela se aproximou do zumbi, levantou a blusa e retirou de um cinto especial um revólver, apontando-o para a cabeça dele.

— Não atire! - Sebastian gritou, mas já era tarde demais. O barulho ecoou entre as paredes da casa, e podia se afirmar que foi ouvido a quilômetros de distância, graças a propagação do som nas montanhas.

Camille olhou curiosa para Sebastian.

— Por que não? - disse, com um tom de sarcasmo, e logo depois, a porta da frente foi atingida por várias batidas seguintes.

— Por isso - eu disse, e assim que as palavras saíram da minha boca, a porta se abriu, revelando um grupo de mortos-vivos com muita fome.


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