Saímos do Centro de Treinamento e seguimos para a minha casa, Finn é praticamente da família então entramos sem enrolação, meus palpites se confirmaram assim que eu senti o cheiro do peixe frito vindo da cozinha. Minha mãe acordara e fazia o almoço.

Uma vez Finnick sempre Finnick, sendo assim ele entrou elogiando:

-Oi tia, que cheiro maravilhoso! – ele diz sorrindo

-Não vem puxar saco Finn! – grito para que minha mãe ouça, eu e ela rimos e Finn faz uma cara de falsamente ofendido.

- Awnn não fica assim bonitão – falei brincando ainda rindo

- Pois é ser lindo é um dom! – diz ele fingindo ser modelo

- Tabom senhor ‘Sou lindo de morrer e ninguém chega aos meus pés’, vamos comer – digo quando minha mãe nos chama.

- Suas palavras, não minhas. – ele diz levantando as mãos como se dissesse não ter culpa

- Ai meu deus – digo entre risadas

- Eu sei que posso ser comparado com um deus, mas me chame só de Finnick – ele diz brincando.

- Ok gente, somos todos lindos de morrer agora comam porque tem muito que treinar – diz minha mãe.

- Ok! – dissemos eu e Finn juntos.

Então sentamos e comemos, estava uma delícia, peixe era a refeição mais comum aqui no Distrito 4. Enquanto comíamos ele fez o favor de contar à minha mãe o susto que o desgramento me deu! E ela riu! MINHA PRÓPRIA MÃE RIU DO MEU SUSTO! Mas depois me elogiou sobre o manejo da espada, o que eu acho que o maninho exagerou um pouco.

Meu pai não estava em casa, pois teve que ir trabalhar bem cedo, com os jogos chegando a muito que fazer quando se é prefeito. Não que ele goste. Bem pelo contrário, ele ODEIA os jogos, mas ele não pode se opor ao Pres. Snow. Ele sabe que se o fizesse estaria pondo a família em perigo. Ele teria o apoio de muitos, mas Snow dá sempre seu jeito de vencer. Não importa qual for.

E assim o almoço se seguiu, foram histórias, risadas, Finnick fazendo alguma gracinha e uma comida deliciosa. Agora paro pra pensar em como Finn sempre sorri, mas não porque ele simplesmente se sente feliz, mas sim, pois ele tem alguém a quem fazer se sentir feliz, ele diz que a dor dos jogos ele não precisa compartilhar com ninguém, o simples fato de fazer alguém sorrir, saber que em meio de tanto destruição, hipocrisia, crueldade, existem motivos pra sorrir, mostrar que ainda há esperança. Não sei como são as lembranças, mas é algo que assombra cada sono de cada vitorioso, os tira o último pingo de vontade de felicidade que existe enquanto estão na arena, os vitoriosos passam a estar sempre alertas e desconfiados como se ainda tivesse alguém atrás de deles, eles aprendem a ser fortes, mas não conseguem superar tamanha ação desumana.

Afasto esse pensamento quando ele avisa que tenho que voltar a treinar, eu protesto, mas quando se trata de Finnick Odair você percebe que é meio difícil dizer não.

Despedimo-nos da minha mãe, agradecemos a ela e saímos de casa, andávamos lentamente pela rua onde Finn era cumprimentado por muitos. Na altura da praia vejo que ele parou imediatamente e começou a andar em direção ao mar, percebo que alguém o chama. Uma moça jovem levemente bronzeada, baixinha, de traços meigos, cabelos tão negros quanto carvão eram ondulados e caiam graciosamente na altura dos ombros e olhos tão verdes quanto à floresta mais densa, seus olhos brilhavam um brilho especial, como... Amor?

Eu os olhava de longe, só pelo jeito que um olha para o outro... Ela só pode ser um pessoa. Annie Cresta, o motivo para que ele voltasse dos jogos.

Eles vinham andando lentamente até mim que ainda estava à beira da rua de pedra. Quando eles chegaram ela parece estar com vergonha.

-Kris essa é a... – ele começa a dizer, mas eu o corto.

-Annie Cresta, muito prazer, você é mais fofa do que ele a descreveu. – ela parece corar

- Obrigada Kris, Finn me falou muito bem de você também. – ela diz meigamente

- Eu sei que o maninho me ama né maninho? – digo rindo contagiando aos dois

 - É claro Kris – diz ele ainda rindo

- Mas eu não supero você Annie, relaxa.

- Ahn? – percebo que ela não entendeu então me irrito com Finn

- Um minutinho Annie, já o trago de volta – digo puxando ele.

- Finnick Odair! Você vive me dizendo que ama essa menina devo dizer linda e ainda não falou que gosta dela! – digo brava

- Ok Kris, agora que você já falou com ela vou ter que ir lá né?!

- É!

- Ok então.

Então voltamos até Annie.

- Annie, o Finnick tem que te dizer uma coisa.

- Annie, eu...eu... te amo.

- Finn eu... Sempre te amei.

Eles se olharam em um momento de vergonha, então ele pega as pequeninas mãos de Annie e a puxa graciosamente para seus braços, no qual eles se entreolham por um tempo até que enfim se beijam.

Era um gesto de paixão genuína.

Quando eles quebram o beijo continuam sorrindo

-Então Annie, acho que devo te agradecer por ser o motivo pelo qual o grandão aqui ter voltado pra nós.

Annie está confusa, mas antes que Finn possa começar o interrompo.

-Tudo bem, tudo bem, vocês se amam e tal, mas eu tenho treinamento então vou indo.

Ele faz a menção de se afastar dela e me acompanhar, mas eu o aviso.

- Ei grandão, paradinho ai! Acho que consigo treinar os exercícios de facas e tridentes que o senhor me passou na semana passada. Eu consigo ok?

- Obrigada maninha!

- Não foi nada, até mais.

- Até! – disseram juntos

Fui me afastando do casal docinho e segui em direção ao centro de treinamento, devia ser mais ou menos uma hora da tarde, cheguei ao meu destino e deparei com um Centro de Treinamento cheio de adolescentes. Comprimento a maioria deles e vou para a sessão de facas.

Não sou muito boa em facas, por isso treino com alvos parados e maiores. Pego um estojo de facas e sigo para frente dos alvos mais fáceis. Atiro umonte de facas e acerto 4 fora do alvo, 3 no pé 2 no pulmão esquerdo e 1 onde seriam as bochechas.

Estou prestes a buscar outro estojo quando 2 facas passam voando por cima do meu ombro acertando em cheio a cabeça de 2 bonecos.