A Vida de Elizabeth Ashfield escrita por Anonymous


Capítulo 5
Capítulo 5: O Punhal




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– Acho que você deve saber,não tenho nada a perder mesmo, levo uma vida de lixo... Quero dinheiro!

– Ah, faça-me o favor, tantas horas para vir me encher o saco e você vem logo agora? Sabe que se eu abrir a boca a polícia vai te pegar. Tenho dinheiro, ou seja, nada vai me afetar, por mais que você tente, mas um pobre coitado como você não pode dizer o mesmo. Quem pode, pode, não é? – Elizabeth humilhava o homem, rindo escandalosamente, porém, a expressão de Christopher permanecia a mesma: séria, impaciente e sem graça.

– Eu não estou para brincadeira, abro a boca pros policiais se você não contribuir comigo e não for boazinha do jeito que eu quero. – e fez uma pausa. – Sei que muitos milionários como a senhorita costumam guardar uma boa parte do dinheiro que possuem em um cofre na própria casa, quero toda essa grana pra mim, assim te deixo em paz e me mando dessa cidade pra sempre.

Elizabeth engolira em seco as palavras ameaçadoras daquele diabólico homem, tinha caído em uma armadilha que ela mesma havia construído. O feitiço voltou para o feiticeiro. Estava agora colhendo o que tinha plantado.

– Siga-me. – pronunciava secamente, subindo devagar os degraus da escadaria, torcendo para que a mãe e a irmã estivessem dormindo. Assim seria um problema a menos para se preocupar. Adentrou seu assombroso quarto, chamando a atenção e causando terror no idoso que a acompanhava.

– Que quarto... adorável. – o nervoso e o espanto tomavam conta de Christopher, que jamais havia visto um lugar como aquele em toda a sua vida. Era mais aterrorizante que a prisão em que esteve por alguns meses. Aquele quarto mais parecia uma tumba, uma caverna, um cenário de filmes de terror.

– Adorável para uma morte, não é? – sussurrou Elizabeth para si mesma. Felizmente o homem não tinha escutado absolutamente nada, ainda superando o choque devido ao fato de estar em algum local como aquele. Qualquer um que ali estivesse passaria pela mesma situação. – Velho surdo...

Retirou uma das grandes pinturas de monstros, revelando aonde se encontrava o enorme e desejado cofre da mansão. Digitou rapidamente uma sequência numérica, de modo que o homem-bomba não acompanhasse a velocidade. Abriu a portinha e retirou do cofre um pequeno baú de ouro, fechando a tal porta e posicionando o quadro novamente aonde se encontrava antes.

– Que piada é essa? – a impaciência do homem era de causar estresse a qualquer pessoa que estivesse nervosa daquela maneira que estava Elizabeth.

– Cala a desgraça da boca e espera, por favor?! – Elizabeth surtava, se apressando a abrir o baú dourado. Christopher, em silencio após a advertência, se aproximava, curioso.

No interior do objeto, algo brilhava com uma luz tão forte que quase cegara Christopher, afetando fortemente sua visão durante alguns segundos. Tempo suficiente para que a jovem pudesse cravar o misterioso punhal reluzente de ouro no chantagista, encerrando seus problemas, acabando de vez com seus empecilhos, seus obstáculos.

E assim foi feito. Sem conseguir a chance de se recuperar da visão a tempo, o homem foi atingido na nuca pelo punhal, que tinha um leão esculpido próximo À ponta. Assemelhava-se a uma das antigas armas de guerra.

– Um a menos... – secamente, pronunciava sussurrando no ouvido do falecido homem. Correu até a cômoda e retirou duas luvas pretas da primeira gaveta de cima. Logo em seguida, enrolou o corpo do criminoso em um antigo e desbotado tapete que ficava em um sótão empoeirado e desarrumado no terceiro piso da mansão.

A jovem arrastou o corpo até a garagem, onde se encontrava o seu mais novo veículo.

Dirigiu até onde residia Christopher Lamonier, arrastando o corpo do homem até o centro da sala de estar da pequena casa. Desenrolou o seu, jogando-o sobre o chão, com a cabeça ensanguentada. Guardou novamente o seu tapete no porta malas, onde estava antes, com uma pessoa enrolada em seu interior.

Retornou à mansão implorando para que nenhum morador daquela região tivesse visto sua presença ou anotado a placa de seu carro. Correu para seu quarto e se arremessou sobre a cama negra, adormecendo rapidamente. Era necessário que o homem fosse assassinado, portanto, Elizabeth não tinha o menor ressentimento diante do mais novo crime que tinha cometido.

Homem-bomba é encontrado morto:

Christopher Lamonier, idoso que há alguns meses fora o responsável por explosões nos cofres em vários assaltos nos bancos, foi encontrado morto em sua própria casa, onde residia sozinho, sem a companhia de mais ninguém. O bandido não possuía família nem muitos amigos.

De acordo com os exames, fora atacado com uma faca, um punhal. Uma autópsia revelou que a arma do crime tinha sido um punhal com um leão esculpido em seu centro. Para mais informações sobre o crime, assistam ao noticiário de hoje a noite!”

– Então vendo isso? Que absurdo! Esse mundo de hoje é muito violento. Ah se eu descobrisse quem foi esse assassino... – Elizabeth com tanta naturalidade conseguia enganar a quem precisasse. Victoria e Emily sempre acreditavam no que a jovem dizia.

– Deus me livre você se envolver com isso, filha. – O amor de mãe de Emily, por muitas vezes, era extremamente exagerado, como uma mãe geralmente é com seu filho.

– Mas essa é minha profissão! Meu dever é colocar essa gente na prisão... E você, irmã? Por que esta tão calada?

– Ah... Andei tendo uns probleminhas com o Teddy... Nada demais! É que ele tem o costume de colocar o estudo dele como o mais importante de tudo. Às vezes nem tem tempo pra me dar atenção direito.

– Quanto a isso, você não deve se preocupar. Se vocês se gostam, vai dar tudo certo. Olhe bem para mim. Veja como eu estou só desde que fui abandonada pelo Andrey e perdi meu filho. – lamentava Elizabeth, se controlando para não deixar as lágrimas escorrerem de seus olhos.

– Você há de encontrar alguém que te ame de verdade, irmã.

Emocionadas, Victoria e Elizabeth se abraçaram. Emily se sentia a melhor mãe do mundo ao ver duas filhas lindas, saudáveis e unidas como aquelas.

...

Pouco depois, o mistério da morte de Christopher Lamonier não tinha sido solucionado e o caso acabou sendo esquecido por toda a cidade. Ninguém mais se interessava naquele assunto.

Victoria tinha se formado na faculdade de medicina e seu casamento com Teddy Wilkinson se aproximava cada vez mais. O casal superou todas as barreiras e obstáculos mostrando para todos que realmente tinham nascido um para o outro. Verdadeiras almas gêmeas.

Era o primeiro namoro dos dois, e o primeiro namoro que dera certo para sempre, superando muitas expectativas dos familiares e dos bisbilhoteiros da cidade.

Chegara o dia do casamento. Victoria e Teddy iriam se casar na mesma igreja que a mãe e o pai da jovem tinham se casado há muitos anos atrás. Ali, também seria o local onde Elizabeth se casaria, com Andrey...

A igreja era bem decorada, com várias rosas brancas e grandes velhas, repleta de estátuas de santos e em seu teto extremamente alto se situavam vários desenhos históricos. Era um local absurdamente grande. Um tapete vermelho se encontrava no centro.

Com o passar do tempo, os convidados chegavam, aos poucos preenchendo completamente os vazios espaços nos longos assentos de madeira. Teddy já estava no altar a espera da tão amada e aguardada noiva.

Os padrinhos adentraram o local e, logo em seguida, tinha sido a vez da dama das pétalas. Uma linda menina com cabelos cacheados loiros e olhos azuis, lançava as pétalas em todas as direções, florescendo o tapete que antes era escarlate com várias e várias cores. Após a petalista, um pequeno casalzinho tinha chegado, percorrendo o grande tapete também na direção do altar.

A marcha nupcial tocara e a noiva finalmente adentrava a igreja. Victoria usava o vestido que Emily tinha usado há muitos anos. Estava de mãos braços dados com o pai de Teddy, que seria seu mais novo sogro. Um homem maduro, porém elegante. Emily se debulhava em lágrimas, emocionada. Aquele sem dúvida era um dos melhores dias da vida da mãe das meninas.

A noiva fora entregue ao noivo como tradicional. O padre iniciara o longo clichê, repetitivo e enjoativo discurso. Finalmente a tão aguardada hora tinha chegado: todos curiosos ficaram em completo silêncio, para observarem a resposta de um dos noivos.

– Victoria Addams, você aceita se casar com Teddy Wilkinson, prometendo amá-lo e respeitá-lo na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, até que a morte os separe?

A jovem assentiu, em lágrimas, imediatamente respondendo:

– Aceito.

– Teddy Wilkinson, você aceita se casar com Victoria Addams, prometendo amá-la e respeitá-la, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe?

– Aceito...

– Então vos declaro marido e mulher. O noivo pode beijar a noiva! – exclamava o padre, esboçando um grande e alegre sorriso. Sua aparência era engraçada, pois não possuía nenhum cabelo, era extremamente baixo e utilizava óculos de meia lua.

Os pombinhos se beijaram apaixonadamente e se retiraram do interior da grande igreja, juntamente com todos os outros. Na entrada, uma chuva de arroz jorrava sobre o casal, que adentrava um veículo elegante da família de Teddy. Todos partiram para a celebração do casamento, que fora mais emocionante do que o próprio. Uma vida feliz e uma nova etapa na vida de Victoria se iniciaram a partir daquele momento.



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