Love Is Pain escrita por Nath_Coollike


Capítulo 4
Jason


Notas iniciais do capítulo

Desculpa pela demora e pelo título idiota :B
Enjoy (:



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Tentei não tremer muito enquanto esperava Jason do lado de fora da casa, na pequena varanda.

Apesar de ser verão e verão ter tudo a ver com passar calor e tomar sorvete e nadar, a versão de verão do Alasca é um pouco diferente: Você consegue manter sua temperatura corporal durante o dia e congela durante a noite.

Eu não sei realmente porque me arrisquei em pular a janela para vir aqui, falar com o Jason e possivelmente me envolver em mais encrenca do que eu já estou. Eu quero sair, mas não quero sair ao mesmo tempo. É complicado.

Onze e oito da noite, vi a silhueta de Jason se aproximar de onde eu estava.

– Está atrasado. – Reclamei e me senti idiota. Quem liga se ele está atrasado? Não é como se tivesse alguém importante esperando pela gente.

Jason pareceu ter percebido minha idiotice porque me olhou com cara de “Ãh?”.

– Ok, que seja. – Jason falou. – Vamos a pé. Minha mãe escondeu as chaves do carro.

– Vamos ir buscar os outros, que moram longe pra caralho, à essa hora? A pé? – Perguntei cética.

– Os outros não vão. – Jason falou e deu de ombros. Alguma coisa aconteceu com eu pulmão porque ele pareceu receber menos ar do que está acostumado. – Não é só você que tem parentes rigorosos, sabia?

Pisquei várias vezes antes de voltar pra realidade.

– Não podemos sair só nós dois. – Falei.

Jason franziu as sobrancelhas.

– Por quê? – Perguntou.

– Porque se não vai ser um encontro. – Falei. – E eu não quero ir a um encontro com você.

Jason riu pelo nariz. Não o tipo de risadinha “Awn, mas que fofa”, mas o tipo de risadinha “Você é ridícula”.

– Só é um encontro se eu pagar alguma coisa pra você. Acho bom você ter dinheiro. – Jason falou e eu ri um pouco.

No fim acabamos andando para uma lanchonete um pouco longe. Não era um Mc Donald’s ou um Burguer King, mas dava pro gasto. Jason me falou sobre como a escola de Hoonah é insuportável porque só tem uma escola de ensino médio e todos os riquinhos metidos a besta estudam juntos com gente como Jason e os amigos dele.

Falei de como Sacramento tem um zilhão de escolas de ensino médio, mas continua sendo uma merda. Chegamos à conclusão que ensino médio é uma droga e que estávamos felizes por termos nos formado, finalmente.

Então Jason fez a pergunta de ouro.

– Vai para alguma universidade? – Perguntou e deu um gole no refrigerante dele.

– Hm, estou avaliando opções. – Falei a resposta que dava para todo mundo.

Jason arqueou uma sobrancelha para mim e deu um sorrisinho maldoso.

– Não vai para nenhuma universidade então. – Jason falou e riu pelo nariz. – Isso é engraçado. Você tem cara daquelas garotas que vão para universidades particulares caras que não se importam caso você use LSD no campus. Sinto muito por seus pais não quererem pagar uma universidade para você.

– Pra sua informação, eu não quero. Eu escolhi não fazer uma universidade então não enche. – Falei brava e Jason levantou as mãos como quem se rende. – E você, garoto-de-Hoonah? Vai para alguma universidade?

Pra sua informação... – Jason começou, imitando minha voz. – Eu vou sim.

– Alguma universidade de segunda linha nesse fim de mundo, aposto. – Falei e sorri maldosamente.

Jason imitou o som de uma campainha daqueles jogos que passam na televisão.

– Errou, garota-da-Califórnia. – Jason falou e amaçou o copo de plástico que antes continha uma quantidade enorme de refrigerante. – Universidade da Pensilvânia. Me dê algum crédito, por favor. Passei com honras.

Senti minha boca se abrir em um “O” deformado. Como assim um garoto que foi criado no Alasca, que é notavelmente um imbecil com inclinação para o perigo, passa em uma universidade da Ivy League?

– Como foi que isso aconteceu? – Perguntei.

– Fiz uma entrevista para uma vaga e eles gostaram de mim e da minha nota no SAT*. – Jason falou.

– Uau. – Foi tudo o que consegui falar.

– Aposto que achou que eu era um caipira idiota que nunca vai sair daqui. – Jason falou e sorriu maldosamente.

– Eu tinha quase certeza que você era um caipira idiota. – Falei.

Jason sorriu e então olhou para as minhas batatinhas.

– Vai comer isso? – Perguntou.

– Vou. – Respondi e peguei uma única batata frita e coloquei na boca.

– Que pena. – Jason falou e roubou o resto, enfiando tudo na boca de uma vez.

(...)

Jason não é tão idiota como eu pensei.

Na verdade, ele é bem idiota. Mas pelo menos é o tipo de pessoa que consegue conversar e não é um poço fundo cheio de “eu, eu, eu, eu”. Em resumo, ele é muito diferente do tipo de pessoa que eu estou acostumada.

Tentei parar de bater os dentes de frio enquanto voltamos a pé para nossas casas. Estávamos no meio do caminho e eu me consideraria com sorte se eu sobrevivesse a esse frio.

– Então, como é a Califórnia? – Jason perguntou.

Para de tremer, Melanie” me repreendi.

– É normal. – Falei. – Sabe como é, o verão sem fim da Califórnia.

Jason sorriu.

– Você tem um problema sério com neve, né? – Falou.

– Tenho um problema sério com frio. – Respondi.

Jason olhou para mim e tirou a jaqueta que usava, me entregando.

– Toma, veste isso. – Falou. – Vai morrer no caminho se continuar assim.

Peguei a jaqueta e vesti sem hesitar.

Não que eu quisesse, mas era caso de vida ou morte. Literalmente.

– Para alguém que não está em um encontro, você está sendo bem gentil comigo. – Falei.

– Para alguém que acabou de ter a vida salva graças a uma jaqueta, você é bem chata. – Jason respondeu.

Virei os olhos.

– E para com isso. – Jason falou.

– Com o que? – Perguntei um pouco brava.

– Virar os olhos. – Jason falou. – Que coisa idiota de se fazer, pelo amor de Deus.

Virei os olhos de novo e Jason pareceu rosnar.

Chegamos na rua pouco tempo depois. Paramos na minha varanda, onde nos encontramos. Tirei a jaqueta dele.

– Toma sua jaqueta. – Falei e Jason pegou a jaqueta. – Obrigada por hoje. Me diverti.

– Tanto faz. – Jason falou e me deu as costas.

– Boa noite para você também, Sr. Educação! – Falei alto para ele escutar já que ele estava quase do outro lado da rua.

Lembrei dos meus avós e me puni mentalmente. Se eles acordarem e descobrirem que eu saí, eu morro.

– Sonhe comigo, Califórnia! – Jason gritou e entrou na casa dele.

Virei os olhos e voltei para o meu quarto pela janela. Graças a Deus meus avós pareciam não ter ouvido os gritos quando fui ver se estavam acordados. Me enfiei debaixo das cobertas e dormi.

(...)

Acordei no outro dia com a minha avó falando para eu levantar e caçar alguma coisa para fazer.

Fui assistir televisão, mas não tinha nada de bom passando.

Mandei uma mensagem para Lucas, que respondeu com um “Não posso falar agora, te ligo depois”.

Fui ajudar meu avô a concertar uma cadeira quebrada, mas, quando eu o martelei sem querer, ele me mandou ir procurar outra coisa para fazer.

Então fui até a casa do Jason.

Quando toquei a campainha, uma mulher atendeu. Ela era um pouco mais baixinha que eu, tinha cabelos castanhos claros e olhos azuis marcantes. Debaixo dos olhos tinha olheiras profundas, como se não dormisse há dias.

– Sim? – Falou.

– Hm, o Jason está? – Perguntei.

Ela sorriu fraco e então se virou para dentro.

– JASON! – Gritou e então olhou para mim de novo. – Está sim. Ele já vem.

– Eu não tenho um segundo de paz nessa casa! – Ouvi Jason resmungar e então ele apareceu na porta. – Melanie? O que faz aqui?

A mulher voltou para dentro da casa, acenando para mim. Acenei de volta e depois me concentrei em Jason.

Ele estava sem camisa.

Desviei os olhos do peito dele sem querer ser pega no ato, se é que me entende.

– Não tenho nada para fazer. – Falei. – Vamos sair?

Jason arqueou uma sobrancelha para mim.

– O que te faz pensar que eu quero sair com você a essa hora? – Perguntou.

– Você vai porque se não nunca mais falo com você. – Falei e fiz pose, imitando uma criancinha brava.

Jason riu pelo nariz.

– Posso viver com isso. – Falou.

– E eu sei onde você estaciona seu carro e eu posso facilmente riscá-lo sem piedade alguma. – Falei e sorri cínica.

Jason riu pelo nariz de novo e negou com a cabeça.

– Aguenta aí. – Falou e voltou para dentro da casa, batendo a porta na minha cara.

É inútil comentar que fiquei pensando em Jason e seu abdome definido. Meu Deus, Jason é gostoso! E ele tem que usar uma porção de roupas por causa desse estado gelado para cacete! Como isso pode acontecer?!

Jason apareceu de novo, dessa vez vestido completamente.

– Vamos logo. – Falou. – Vou te levar para a nossa versão de praia, Califórnia.

Jason dirigiu até a praia, mas chamar aquilo de praia é uma ofensa às praias.

Não tinha areia, era tudo cascalho. E a água era escura. E não tinha palmeiras ou quiosques, só barracas de aluguel de varas de pescaria. E tinha rochas enormes perto da água.

– Fala sério. – Falei. – Isso não é praia.

– É a única que nós temos. – Jason falou e deu de ombros.

Jason foi até o porta-malas do carro e pegou duas cervejas. Andamos até uma rocha e sentamos nela, abrindo as cervejas na própria.

– Aquela mulher na sua casa é sua mãe? – Perguntei meio idiotamente. Eles até que se pareciam um pouco.

– Não, é minha babá. – Jason falou sarcasticamente. – Claro que é minha mãe.

– Ela parecia... – Comecei.

– Depressiva. – Jason falou.

– Cansada. – Terminei. – Ela, você sabe...

– É, ela tem depressão. – Jason falou e tomou um gole profundo da cerveja. – Desde que meu pai morreu, há seis meses. Ela se desligou do mundo, mal olha para mim. Acho que é porque eu me pareço com o meu pai.

– Eu sinto muito. – Falei.

– Que seja. – Jason falou e pegou alguma coisa no bolso. Cigarros.Quer um?

– Não, eu não fumo. – Respondi.

Jason acendeu o cigarro dele, deu uma tragada e então olhou para mim.

– E você? Qual é sua história triste?

– Eu não tenho nenhuma história triste. – Menti.

– Não seja hipócrita. – Jason falou. – Todo mundo tem.

Jason deu outra longa tragada no cigarro, jogando a fumaça para o outro lado.

Umedeci os lábios.

– Tenho dislexia. – Falei. Só Lucas e meus pais sabiam disso. Jason olhou para mim de um jeito que me fez sentir algo estranho na nuca. – Sofri bullying no final do ensino fundamental por causa disso. E um pouco no ensino médio também. Mas me formei, isso é o que importa.

Jason deu outra tragada, jogando de novo a fumaça para o outro lado.

– Eu sei que não é uma história triste de verdade, mas... – Comecei.

– Não, sério. – Jason interrompeu. – Eu sinto muito. Tenho certeza que as pessoas que faziam bullying com você são um bando de otários.

Sorri.

– Obrigada. – Falei.

Jason olhou para mim daquele jeito de novo e sorriu de volta.

– Disponha. – Falou.

Ficamos olhando olho-no-olho por alguns segundos, antes de eu desviar o olhar.

– Então, você é gentil às vezes? – Perguntei cinicamente.

Jason riu.

– Só quando eu quero e a pessoa merece. – Jason falou.

Olhei para ele. Ele estava jogando a fumaça do cigarro longe, parecendo não ter percebido o que acabou de falar.

– Sou digna de gentileza então? – Perguntei divertida.

Jason riu e olhou para o mar a nossa frente.

– Um pouco. – Falou. – Não se acostuma.

Ri um pouco.

Um bom tempo passou. Ficamos quase a tarde inteira jogando conversa fora e olhando o mar.

– Você até que é legal. – Falei enquanto descíamos da rocha para ir embora.

– Eu sei. – Jason falou, totalmente convencido. – Você até que é tolerável.

Ri.

– Poxa, obrigada. – Falei.

Jason me levou de volta para a casa da vovó e ela pareceu feliz por me ver interagindo com a vizinhança, especialmente Jason. Ela realmente achava que Jason era um “bom garoto”.

Fui dormir cedo, logo depois da janta, e tive o sonho mais embaraçoso da minha vida.

A culpa é de Jason e o corpo bonito dele, não minha.

No outro dia de manhã, fui colocar o lixo para fora e vi a ruivinha – Annelise – saindo da casa de Jason com os cabelos bagunçados e um roxo enorme no pescoço.

Roxo vulgo chupão.

Aquilo me chateou. Me chateou bastante. E eu nem sei por quê.


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Notas finais do capítulo

O capítulo foi chato, mas é só para mostrar a aproximação do Jason e da Melanie (:
Mereço reviews? Não? Ok.