– Amiga, eu queria te perguntar uma coisa – Ju dizia para Lia enquanto as duas caminhavam até a escola.
– Claro, falaê Ju.
– Eu queria te perguntar se tu não podia arrumar a praça amanhã sem o Dinho...
– Você só pode tá brincando comigo, né? – Lia riu como se tivesse acabo de escutar uma piada muito boa.
– Poxa, amiga.. eu queria muito sair com ele e ele até já me convidou, só falta tempo.. vai amiga, quebra esse galho pra mim.
– Não, Juliana. Eu sou tua amiga, mas sem essa. Eu não vou arrumar aquela praça sozinha e antes de tu pensar nesse teu 'namorico' com o Adriano, tu deveria pensar que eu vou ter que arrumar aquela praça sozinha.
– Que saco, Lia. – Ju bufou e saiu andando, deixando uma Lia muito irritada sozinha.

Lia se sentou no meio fio e tirou de dentro da bolsa seu diário, o fiel companheiro que sempre buscava quando as lágrimas queriam cair. “Por que diabos eu tenho que ser tão sensível, caramba?” pensava ela.

“Querido diário,

As vezes eu tenho vontade de me matar, sumir do mundo ou cavar um buraco e me enfiar dentro dele. Eu não sei por que me preocupo tanto com as pessoas se está claro que eu não significo tanto assim para elas. Eu sei que não deveria me sentir mal pelas minhas – pelo menos – duas últimas brigas com a Ju, porque tudo que fiz/falei foi pensando no bem dela e na nossa amizade, mas é que de alguma forma ela sempre consegue fazer com que eu me sinta culpada mesmo que eu não tenha feito nada. E dessa vez não é diferente, principalmente porque estou agindo como uma egoísta, o que me custa cuidar da praça sozinha um dia e deixar a Ju ter o momento dela com o Adriano? Por que eu só faço besteira, hein?

Em breve mais catástrofes da minha confusa vida,
Lia.”

Lia guardava o diário dentro da bolsa ao mesmo tempo em que controlava suas lágrimas, quando Dinho chegou e parou em sua frente.

– Você está bem, Lia? – Perguntou ao ver a testa dela franzida e o rosto com a expressão mais triste que já vira em sua vida.
– Claro, eu to ótima. – Ela tentou sorrir.
– Tem certeza? – Insistiu Dinho. Lia sentiu que poderia chorar a qualquer momento então ao invés de falar qualquer coisa, apenas sussurrou um “uhum” ao mesmo tempo em que balançava a cabeça positivamente – Não tá não – Constatou Dinho, se sentando ao lado dela e a puxando para um abraço, que não foi recusado pela garota já que ela estava realmente precisando de alguém que cuidasse dela naquele momento.
– Obrigada – Murmurou ela. Dinho a abraçou mais e começou a fazer carinho em um dos braços da garota. Foi nesse momento que Ju surgiu ali, assustando os dois.
– Lia – Ela praticamente gritou fazendo com que Lia se levantasse rapidamente com uma expressão de espanto.