Inimizade Amorosa escrita por Nat Rodrigues


Capítulo 2
Viagem ou desastre?


Notas iniciais do capítulo

Oii! Estou tão feliz que já tenho leitoras... Muito obrigada por estarem lendo!! :D Enfim, desculpem a demora pra postar, estava viajando... E não sei se vocês vão acreditar, mas eu fui pra Itapema, exatamente onde eles vão ficar.. kkk Assim pelo menos eu já tenho uma base pra explicar melhor sobre lá com mais detalhes... Sem mais enrolações, aqui está o segundo capítulo, Boa leitura!!



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Sabe qual é a graça de viajar com os Melo? Nenhuma. Ainda não acredito que minha mãe está fazendo isso comigo... O pior foi que a avó de Daniel também veio junto, e ela insiste em dizer que nós vamos dar um belo casal. Machuca ouvir isso, porque sei que eu nunca vou acabar ficando com ele no final, porque finais felizes não existem e eles só acontecem em contos de fadas.

Enfim, com uma passageira a mais, Daniel teve que ir no nosso carro, já que, no outro, foram seus pais, sua avó, nossas bagagens e Mona, que mesmo sendo um filhote ainda, ocupa bastante espaço.

No começo da viagem dentro do carro foi uma paz, um silêncio sem ninguém pronunciar uma única palavra, mas então, com assunto não sei de onde, minha mãe começou a conversar.

– E então crianças, já escolheram qual livro vão fazer? – ela pergunta como se eu não tivesse entregado o papel com os nomes.

– Já sim, Elisa. Mas eu ainda acho que deveríamos trocar de livro nacional. – Daniel respondeu. Então subitamente lembrei que ele ficou inteiramente incomodado com o fato de lermos aquele livro para o trabalho.

– Mas por quê? – perguntou minha mãe tirando as palavras da minha boca.

– Ah... Pelo fato de ser muito drama, e também de o autor ser, tipo, fantasma. Não pega bem eu fazer um trabalho onde o escritor chama-se Príncipe Sonhador. – respondeu dando uma risada no final.

– Sim... Você perderia sua popularidade... – disse minha mãe entrando na brincadeira. Mereço.

– Mas é que, a Isa é muito cabeça dura e não quis mudar de livro... – falou Daniel. Eu que havia permanecido quieta, tentando não entrar na conversa, não me contive e tive que revidar.

– Mas você nem questionou direito o fato de ser esse livro... Ou melhor, você chegou a ficar pálido de preocupação quando eu disse o nome do livro... Agora eu pergunto o porquê de toda essa preocupação com um simples livro? – falei. Sabe quando uma pessoa fica super sem graça? Daniel estava igual.

– Ah... Impressão sua, eu só fiquei meio pálido porque na hora do intervalo eu não tinha comido nada... Mas então, Tomás, como está indo o treino de futebol? – perguntou mudando de assunto. Coitado, como se eu fosse esquecer assim tão fácil isso.

– Eu sou o melhor goleiro de lá, meu técnico que disse! – exclamou meu irmãozinho contente.

O assunto de futebol durou mais ou menos umas duas horas com meu pai, Daniel e Tomás conversando sem parar sobre os lances da semana... Só posso dizer que aquilo foi uma tortura total. Minha mãe pelo menos entrava no assunto, já que conhecia um pouco, mas eu não me interesso, nem me pagando, por futebol... Acho tão sem graça, mas se eu falar isso perto de Tomás, ele me mata. Então fiquei olhando a paisagem até que fizemos a primeira parada em Ponta Grossa. Descemos no Burger King e comemos alguns lanches.

– Então, minha flor, como vai a escola? – perguntou Dona Aurora, avó de Daniel. Ela podia ser um pouco irritante quando fala sobre mim e o neto, mas fora isso é um amor de pessoa.

– Ah, vai bem... Só que neste terceiro bimestre eu sinto que minha nota vai cair um pouco em geografia... – falei meio sem graça.

– O Daniel me disse que a professora de vocês é bem ranzinza... Fique tranquila querida, uma nota só não vai atrapalhar o ano todo... – disse toda bondosa.

– Mas o problema não é nem a nota, é mais o aprendizado... Que devo dizer, foi péssimo. – digo sorrindo. Às vezes é bom conversar com alguém que não fica falando que sua nota poderia ser melhor.

– Bem, isso é verdade... Mas eu tenho certeza que você é inteligente o bastante pra recuperar a nota... – disse finalizando nossa conversa com uma risada. É, esquece, ela também acha que minha nota deveria ser melhor.

Depois de todos termos comido, voltamos para o carro e seguimos viagem. Antes de começarmos a andar eu havia pegado meu diário no porta-malas, então fiquei o resto da viagem escrevendo textos aleatórios que me viam à cabeça. Depois de uma hora mais ou menos, foi que percebi que o carro estava em silêncio. Meu pai concentrado na estrada, minha mãe e Tomás dormindo e Daniel também escrevia algo em um caderno.

– O que você está escrevendo? – perguntei interessada.

– O quê? Am? Ah... – ele respondeu assustado – Não é nada de mais, é só uns poemas nada a ver... – ele disse abaixando a cabeça.

– Você escreve poemas? – perguntei surpresa – Posso ler?

– Ah, não... Você não vai querer ler as baboseiras que escrevo...

– Ah, vai, por favor! – supliquei.

– Acho melhor não. – respondeu teimando comigo.

– Juro que nunca mais te peço nada! – falei olhando diretamente em seus olhos azuis eletrizantes. Ele pareceu ficar desconcertado e quase me entregou o caderno. Quase.

– Outro dia. – disse fechando e o guardando em uma bolsa que só agora havia reparado estar ali, juntamente com seu violão. Encostei emburrada no banco e comecei a olhar a flora da serra. Realmente é muito lindo... Todo aquele verde com outras cores quentes, que iluminam a estrada...

Paramos novamente em um posto e decidi descer do carro para pegar um picolé, já que no carro estava um forno, e Daniel resolveu ir junto. Fui até o freezer da kibon e resolvi pegar o meu picolé favorito, o caseiro de morango. Uau, o último, que sorte. Pensei indo em direção ao picolé, quando uma mão me interrompe. Olhei para o dono dessa mão e não me surpreendo em ver que era Daniel, que insistia em me atrapalhar.

– Bom, eu vi primeiro, é meu. – eu disse tentando tirar o picolé de sua mão.

– Ah não Isa, esse é o meu predileto... E é o último... Eu vou ficar com ele. – ele disse já abrindo a embalagem do MEU picolé.

– Nada a ver, Daniel. O de morango é o meu predileto, não seu. Vai, me dá logo! – falei, e sabe o que ele fez? Acabou de tirar a embalagem do picolé e o lambeu.

– Isso é jogo sujo... – Falei com nojo. Acabei pegando um outro picolé, só que agora o caseiro de pêssego. Quando estávamos voltando para o carro enquanto meu pai pagava, eu tive a incrível habilidade de tropeçar e dar de cara com o sorvete me lambuzando toda. E sabe o que o idiota do Daniel fez? Riu da minha cara. Na verdade “rir” nem é a definição certa, ele caiu na gargalhada, fazendo o maior escândalo.

– Para de rir! Ordenei. O que fez com que ele tivesse outra crise de riso. – Para de rir, caramba! Gritei. Vendo que ele não pararia de rir tão cedo, fiz a coisa mais criança possível: esfreguei o restante do meu sorvete em seu rosto. Os cabelos negros ficaram inteiramente lambuzados e o rosto vermelho de raiva. Então ele teve a audácia de pegar o picolé dele e esfregar na minha cara também. Aí ficamos, nós dois, palhaços, rindo igual a dois idiotas da desgraça um do outro.

– Está tudo bem? – meu pai perguntou quando chegou ao carro e viu a cena de nós dois sentados no chão rindo com o sorvete no rosto. Me levantei do chão e tentei parar de rir.

– Já... volto. – disse me levantando e indo ao banheiro do posto.

– Está bem, só não demore muito... – falou meu pai entrando no carro. Limpei rapidamente o sorvete do rosto e voltei ao carro. Daniel já estava lá, mas seu cabelo ainda estava todo sujo. Sorri ao reparar nisso, mas ele percebeu que eu estava sorrindo, então fechei a cara envergonhada e olhei para a janela fingindo observar a paisagem.

– O que foi aquela cena agora pouco? – perguntou minha mãe contendo o riso.

– Nada de mais, só que certas pessoas adoram rir da desgraça dos outros... – falei me referindo a quando tropecei no meu próprio pé e me lambuzei.

– Ei, você também riu! E ainda esfregou seu picolé em mim! – falou Daniel na defensiva.

– Eu não teria feito nada se você tivesse sido mais cavalheiro e me deixasse pegar o último picolé de morango, mas não, você tinha que pegá-lo. –falei sem nem mesmo ver onde isso se encaixava.

– Eu não sabia que era seu preferido, senão eu teria te dado. – ele mentiu.

– Mas é claro que você sabia! Primeiro, porque eu falei lá na hora e, segundo, porque quando tínhamos onze anos eu te falei isso. – falei sem pensar. Droga... Agora ele sabe que fico me lembrando de coisas que aconteceram há anos atrás...

– Eu não me lembrei disso... Também faz cinco anos, como me lembraria? – ele falou todo na defensiva. Quase devolvi falando um: “Igual a como me lembro, idiota.” Mas achei melhor ficar quieta. Olhei para frente e percebi que meus pais se olhavam segurando a risada.

– Que foi? – perguntei impaciente.

– Nada não, meu bem... – falou minha mãe soltando um risinho. Olhei para Daniel e ele parecia ter entendido, tanto que seu rosto estava corado. Levemente senti que meu rosto também corou, mas coloquei meu diário na frente para tampar a visão da minha cara. Comecei a escrever novamente e, dessa vez pelo menos, saiu alguma coisa.

“Ela o ama. Ele a odeia.

Ela sonha com ele todas as noites. Ele nem lembra de sua existência.

Ela é tímida e não demonstra o que sente por ele. Ele expõe abertamente o que pensa dela, subjugando-a por conta de seus desastres.

E depois ainda julgam o porquê ela não acredita nos contos de fada. Com um príncipe desses, quem acreditaria? ”

Suspirei e fechei o diário. Pelo menos esse texto não ficou um lixo... Guardei o diário e coloquei uma playlist do celular para tocar, em vão já que logo que Paypohne – Maroon 5 começou a tocar, já tínhamos chegado em Itapema, Meia-praia.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Ta muito ruim??? Nem liguem pelo fato da Isa ser desacreditada no amor, pois isso um dia pode mudar... Eu acho. E também pela criancices dela, é que eu sou bem assim, criança e desacreditada, e gosto de por isso nos personagens... Bom, Obrigada por ler!! :D