Tom Riddle: Set Fire. escrita por RitaSkeeter, WithLoveRamona


Capítulo 15
Nebulosa.




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NOTA: Me perdoem pela demora em publicar, mas - como já dito - minha nova rotina está insana. Espero que o capítulo não os decepcione em qualidade! A propósito, guardem bem a figura de Ann Henderson.

* * *

Se alguém tivesse dito a Hermione que ela se adaptaria tão bem aos anos 40, ela jamais haveria de concordar. Era inimaginável. Porém, era o que realmente estava acontecendo ao longo dos dias. Sem perceber, já não guardava mais em si memórias referentes ao seu passado na outra Era, passando a viver unicamente para a sua nova realidade.

Assim, tornara-se uma verdadeira sonserina apaixonada por sua Casa. E, acima de tudo, sua dedicação aos estudos tornara-se ainda mais fixada, tendo ela desenvolvido uma sagacidade única em si.

Nos meses que haviam se passado, Hermione se tornara conhecida em toda a Hogwarts por diversos motivos. Sua genialidade, sempre uma notável afronta aos demais, lhe garantia respeito de todos os alunos - até mesmo dos mais velhos. O sangue que corria em suas veias, puro e descendente de Slytherin, também fazia com que as cabeças se virassem em sua direção quando passava pelos corredores. E tal sangue, honrado no mundo bruxo, a estava jogando em uma história intensa que ela mal podia imaginar.

* * *


Até aquele adorável ano de 1939, a sociedade bruxa jamais vivenciara uma guerra. Alguns bruxos poderosos haviam, por vezes, atiçado as guerras trouxas do outro lado do mundo - sempre coisas fúteis e políticas -, mas era apenas isso. E devido a tais fatos, Hogwarts era muito mais flexível em termos legais do que viria a ser posteriormente. 

Assim, Hermione se vira na pacata Hogsmeade durante uma tarde do primeiro ano. Era muito diferente do que seria um dia, mas isso a morena não havia de saber, visto que suas lembranças mais remotas já haviam sido apagadas do seu interior. Ao lado de Eileen Prince, sua grande amiga também sonserina, ela caminhara pelas longas fileiras de pequenas casas cobertas de neve. E teria sido um belo dia de risos e conversas entre garotas, se Eileen não tivesse avistado seu amado Snape.

Ele era, senão, um garoto sonserino um ano mais velho. Possuía as feições rígidas e os olhos sempre muito inóspitos, um perfeito contraste à sua amante secreta, mas que parecia ganhar ares mais humanos quando se encontrava na presença dela.

— Você deveria ir falar com ele. — Hermione sussurrara, observando uma vitrine opaca diante de si.

— E deixar você às traças? Mas é claro que não. — Eileen debatera, balançando a cabeça para os lados em discórdia. — Além do mais, Snape não tem olhos para mim.

— Minha notável inteligência, coisa que você não pode contestar nunca, me diz que ele também gosta de você. — A outra dissera entre risos. — Talvez ele só não saiba demonstrar.

— Você acha mesmo?

— Eu nunca erro. — Hermione revirara os olhos, empurrando a amiga levemente pelos ombros na direção em que o garoto passara. — Aposto que ganharia vinte pontos para a Sonserina agora mesmo.


E então Eileen a abraçara demoradamente, afastando-se a tempo de dar-lhe um olhar de agradecimentos e desculpas, antes que sumisse entre as pequenas casas de chá - extremamente famosas naquela década. Eis que Hermione possuía a mente muito mais desenvolvida do que sua idade real admitiria, obra da magia que lhe entregara à tal situação. Por isso, ela achava belo o amor infantil que Eileen nutria por Snape, diante dos seus poucos onze anos. Era doce e Hermione também gostaria de amar daquele modo.

Algo lhe dizia, indiretamente e sem que entendesse, que seu coração já sofrera demais e ela não conseguia saber o por quê. Os fortes sentimentos que vivera em seu passado pessoal jamais seriam apagados de si, ainda que ela não mais se recordasse das cenas e das pessoas com quem vivera. Era tudo um borrão e lhe doía tentar lembrar, em vão.

Assim, sozinha diante da neve que caía em Hogsmeade, ela andou longos passos até que se sentasse em um dos grandes bancos rudimentares de pedra que cercavam as extensões da vila. E ali ela permaneceu durante um tempo que lhe parecera infinito, observando os flocos caindo do céu e as pessoas que passavam pelas ruas, alheias ao fato de que ela estava ali. Era como se fosse invisível e por um momento ela entendeu como Tom Riddle deveria se sentir todos os dias.

Ela se sentia ligada à ele. Nada do que Morgana lhe dissera estava presente em sua mente, mas ainda assim, ela sentia sua intuição extremamente aguçada sobre aquele garoto alto de olhos profundos. Era quase como se algo no interior de Hermione gritasse dentro dela para que o rendesse à si, independente do motivo.

Diante de tais pensamentos, Hermione riu. E balançando a cabeça para os lados, entre risos descrentes, ela avistou Ann Henderson caminhando entre a neve em sua direção. Ann tinha os cabelos escuros e sempre presos de modo infantil, o que lhe dava ares muito engraçados, junto às vestes corvinas. Tinha sempre uma expressão doce no rosto e era de muitos amigos, ainda que sempre estivesse puxando assunto com uma pessoa que ainda não conhecia.

Enquanto ela se aproximava, Hermione se lembrara do dia em que a conhecera em uma aula de Poções. Não fora nada digno de nota, mas certamente causara uma boa proximidade entre as duas.


— Por que está sozinha? — Ela questionara, sentando-se ao lado da sonserina no banco.

— Eileen precisava de um 'empurrãozinho' na direção de Snape, você bem sabe. — Ela sorriu, olhando para os próprios pés.

— É engraçado como os dois se gostam, mas não demonstram. — Ann a acompanhou no riso, fazendo com que Hermione a olhasse. — Mesmo assim, você é uma das garotas mais conhecidas em Hogwarts, Srta. Vinte Pontos

— Não é para tanto. — Ela revirou os olhos, fingindo estar realmente em deboche da colega. — Apenas quis me sentar aqui para olhar as pessoas.

— Que bobagem. Vamos, ainda dá tempo de tomarmos um chocolate quente antes de voltarmos à Hogwarts. — Ela dissera, levantando-se devagar e estendendo a mão para Hermione.

— Vamos. — A sonserina sorriu, atando o braço esquerdo ao braço direito da corvina, enquanto passavam a rumar pelas extensões de Hogsmeade.

Enquanto procuravam a casa de chá preferida de Ann, palavras eram ditas ao léu, entre brincadeiras dignas de crianças. Hermione amava a facilidade em viver sem o peso de uma guerra às costas. Era tão fácil ser apenas ela, sem Eleito, sem Voldemort. Uma vida simples e deliciosa.


— Olhe, Hermione! Estão caçoando do esquisitão! —  Ann gritou entre risos, parando de repente. — Vamos lá também!

Então Hermione olhou na direção indicada pela garota e congelou no lugar por alguns instantes, enquanto a corvina corria ao longe. Ann era usualmente caçoada pelos colegas corvinos por ser pequena e frágil, dona de imensos óculos de grau. Assim, não perdia a oportunidade de se enturmar com os imensos agrupamentos de pessoas, independente do que eles pudessem estar a fazer.

Então, absorta em análise, Hermione percebeu que o imenso grupo era composto por grifinórios que estavam diante de ninguém menos que Tom Riddle. Ele jazia caído à neve, desarmado, em pânico. Seus olhos negros estavam maiores devido ao medo e ele parecia estar pronto para derramar inúmeras lágrimas.

Então ela correu, sem nem mesmo entender por que estava fazendo aquilo. E quando chegou diante do grupo, ninguém se virou para vê-la, acreditando cegamente que havia de ser mais alguém interessado em participar da sessão de tortura ao escarro da Sonserina.

Ao contrário do que faria em momentos de sanidade, Hermione estendeu a mão frágil para aquele garoto ao chão e de repente todos os risos e impropérios se silenciaram, pasmos. Riddle a olhou durante longos segundos, não acreditando naquilo. Aquela garota não era compreendível. Só podia ser insana.

— Por favor. — Hermione disse em volume baixo, lançando a ele um olhar de súplicas. Me deixe te ajudar, ela completou em pensamento.

Não era ela que precisava de ajuda, então por que razão estava se submetendo àquilo? Bem, nem mesmo ela compreendia. Mas quando ele apanhou sua mão, demonstrando o quanto a sua tremia de medo, ela se sentiu em grande alívio. E mesmo diante dos protestos ditos pelos grifinórios, ela abraçou aquele garoto tão sofrido. Não recebera nenhum afeto de volta, mas entregara todo a compaixão que havia em si. 

— Tome cuidado. — Ela sussurrou no ouvido dele, antes de ceder os braços que jaziam ao redor dele. 

Porém, ao contrário do que ela esperava, Riddle apenas apanhou a varinha do chão e correu o máximo que seu fôlego era capaz de permitir. Por que todo aquele tormento estava acontecendo com ele?

* * *


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