Tom Riddle: Set Fire. escrita por RitaSkeeter, WithLoveRamona


Capítulo 10
40's.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/278312/chapter/10

Finalmente livre para voltar ao dormitório improvisado que vinha mantendo nos últimos meses, Hermione rumou na direção da Sala Precisa em passos muito apressados, quase que voando pelos corredores. Em sua mente havia apenas o equívoco sobre como desmaiara, ainda dentro do livro, e acordara então na enfermaria após dois dias. Harry deveria saber, é claro, mas ela havia de querer saciar sua curiosidade com os próprios olhos. Por incrível que pareça, ela não o fez.

Ao surgir diante da parede cinzenta de pedra que marcava com sua tapeçaria e estátuas características a entrada da oculta Sala Precisa, Hermione avistou cabelos ruivos parados ali. Para seu pesar, não se tratava de Ronald Weasley, mas sim da irmã dele, Ginevra.

— Harry me disse o que aconteceu com você. — A mais nova disse, aproximando-se de Hermione quando esta parou diante do corredor sem saber como reagir. — Não que ele compreenda bem o que aconteceu há dois dias atrás, dentro dessa sala. Hermione, o que você está escondendo de nós?

— Não bastasse o modo pejorativo como me tratou da última vez, Ginevra, ainda aparece após minha recém-liberação da ala hospital para fazer acusações insanas? — Rebatera a morena, visivelmente abalada com o encontro inusitado. — Eu mesma ainda estou tentando entender o que aconteceu, se exige tanto ouvir uma resposta.

— Escute, Hermione, isso foi há meses. As férias estão chegando e eu quero minha amiga voltando comigo para a Toca. — Gina dissera com pesar. — Não a estou acusando de nada, me perdoe. Apenas estou sentindo sua falta no nosso dormitório.

— Eu estou em uma missão pessoal, isso é tudo o que posso dizer. — Sorrira Hermione, recebendo um abraço apertado da amiga, ao qual ela permanecera alguns instantes sem responder. Estava surpresa.

— Uma missão dada por Dumbledore, assim como Harry?

— Sim, podemos dizer que sim. — Concluíra, satisfeita por ter algo que pudesse usar de desculpa.

— Eu entendo que não possa dizer nada, mas tenha cuidado. — Pedira a ruiva, afastando-se devagar pelo corredor. — Tenho que ir para a aula de História da Magia, mas venho te visitar depois!

— Até depois, Gina. — Hermione dissera para si mesma, cruzando a entrada da sala diante de si.

* * *

O livro jazia intacto em cima da cama, assim como Hermione lembrava de tê-lo visto antes de abri-lo. Ela estava temerosa, afinal. Finalmente parecia ter se dado conta de que estava mexendo com um nível de magia que ela não compreendia, a temível magia negra. E, afinal, as palavras de Morgana sobre ela estar pertencendo cada vez mais aos anos passados, pareciam fazer algum sentido em meio a toda aquela loucura que era a sociedade bruxa. Jamais a compreenderia totalmente, pensara a grifa. Estava certa.

Hermione estava pesarosa sobre um detalhe em particular, o qual gostaria de perguntar a Morgana Gaunt, ainda que duvidasse que a garota — ou senhora, já não sabia bem como viria a vê-la — tivesse a resposta ideal que lhe saciasse as dúvidas. Ainda assim, ousou tentar. Abriu o livro com os dedos trêmulos e virou a capa e folhas iniciais, sem se prender em detalhes, como sempre fazia. Então viu as letras bem feitas tingirem a página diante dos seus olhos formando uma frase sugestiva que fizera o coração de Hermione acelerar no peito. 


Você está pronta?


Ela então pensara em Harry. Inicialmente, nos riscos que ele estava sempre correndo desde que chegara à Hogwarts, lutando por uma causa que também não era dele. Depois, pensou em como sentiria saudades e com tal pensamento mais rostos se aproximaram do clarão em sua mente. Os pais, os Weasley, o Beco Diagonal, o café com leite pela manhã na mesa da Grifinória. A loja dos gêmeos, que ela visitaria nas férias, dentro de um mês. Tudo e nada. Então ela se lembrou da despedida que fizera, dizendo adeus aos dois amigos, uma hora antes.

Chegara na sala comunal grifinória, olhando tudo ao seu redor com olhos vívidos, como se aquela fosse a primeira e última vez que estaria ali. E talvez o fosse, ela considerou. Estava diante de uma missão que poderia levá-la à morte ou deixá-la para sempre naqueles anos tumultuosos que fizeram parte da década de 40. Então ela abraçara os dois amigos sem dizer nada, derramando grossas lágrimas. E eles não precisaram questionar nada, porque já temiam o pior, ainda que não entendessem as razões. 

E ela sentira medo ao cruzar novamente a entrada da Sala Precisa. Porém, ela era uma grifa e, portanto, corajosa. Não precisou responder, pois logo se vira na mesma escuridão que estivera diante dos seus olhos na última vez.

— Fico feliz em saber que você aceitou meu pedido, Hermione.

A grifinória não precisou olhar para saber a quem pertencia a voz, mas o fez mesmo assim. E não pôde evitar de sorrir ao ver como Morgana estava reluzente diante de sua resposta positiva. Assim, aproximou-se dela cautelosamente, sustentando o brilho nos olhos por estar fazendo alguém tão sofrido sentir-se feliz.

— Não quero ser hipócrita com alguém que está arriscando a vida pela minha causa, então escute-me bem. — Ela disse, afagando as mãos da garota junto às suas. — Será difícil, mas eu sei que você é capaz. Porém, caso as coisas saiam do seu controle, você...

— O que? Não tenha medo de me dizer, eu já enfrentei muitas dificuldades por causa de Voldemort. Saberei lidar com as coisas.

— Se você não for capaz de salvá-lo, Hermione, mate-o. — A sonserina pediu chorosa, deixando Hermione sem reação. — Me prometa que não deixará Tom tornar-se esse monstro que ele é hoje. Apenas isso.

— Eu farei o necessário. — A morena limitou-se a dizer.

— Bruxos não podem aparecer de repente no tempo através dessa magia usada por mim, Hermione. Então saiba que você ocupará o meu lugar. Quando chegar ao passado, não haverá mais Morgana Gaunt, mas sim Hermione. Continuará exatamente como é, física e mentalmente, mas estará diante da minha vida. Viverá o que eu vivi em 1939, mas terá liberdade o suficiente para agir como quiser diante do andar das coisas. — Explicou ela, fazendo Hermione concordar. — Você estará de volta a sua realidade quando concluir o sétimo ano em Hogwarts, que é a época em que se passam as últimas memórias desse livro. O tempo por aqui não passará, mas tudo o que você fizer de diferente em relação à Tom Riddle, poderá mudar o futuro.

— Entendido. — Hermione dissera com a expressão séria no rosto. Via tudo aquilo como uma missão, a chance de dar aos amigos uma vida feliz e tranquila.

— Só há uma chance. Boa sorte, grifinória.

E assim, Hermione se viu diante da visão turva e da mente vaga, como sempre acontecia quando abria o livro diante de si e alguma cena surgia aos seus olhos. E dessa vez, ela se viu em um imenso cômodo esverdeado, onde jamais estivera antes. Então cedeu ao chão sob seus pés.

* * *

NOTA: Prontas para ver Hermione de cara com o passado? ;)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!