Sempre Com Você escrita por oinani


Capítulo 25
Recuperar Memórias




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Nessa noite o jantar foi silencioso. Olhávamos uns para os outros com esperança de que um de nós interrompesse aquele ambiente e dissesse uma boa notícia. Porque, sejamos sinceros, há muito tempo que não se ouviam boas notícias na nossa casa. Peter tinha acabado a sua refeição e pediu para se retirar pois ele tinha trabalhos em atraso. Depois da sua saída, Len interrompeu o silêncio que se voltara a instalar.

“Bem meninos, falei com o médico…”, ela teve que inspirar fundo de modo a ganhar coragem para prosseguir.

“E então?”, perguntou esperançosa Lucy.

“Ele disse que nunca tinha visto um caso semelhante ao de Peter. O doutor Smith também formulou uma teoria, mas ele duvida que ela se encontre correta…”

“E que teoria é essa?”, desta vez foi Edmund a falar.

“Ele diz que se analisarmos as pessoas de quem ele não se lembra, podemos verificar que todas lhe eram íntimas.”

“E Stanley? Peter também não se lembra dele”, Ed perguntou.

“Bem, Stanley é o inimigo dele, de certo modo é íntimo de Peter”, falei.

“Deixem-me acabar. Peter não se lembra nem da irmã, da namorada, do inimigo e do melhor amigo. Por isso o Doutor Smith disse que havia a possibilidade de Peter apenas se esquecer das pessoas com quem ele tinha uma relação forte.”, continuou Len.

“Isso não faz sentido,” , falou Lucy , “Desse modo Peter também não se devia lembrar nem de mim nem do Edmund nem de ti, mãe!”

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Duas semanas passaram e nesse período de tempo nada de especial se passou. Era uma quarta à noite e eu conjuntamente com os meus irmãos encontrávamo-nos sentados na sala de estar a jogar o jogo de tabuleiro que Lucy tanto gostava. Eu não acreditava que tinha aceitado fazer aquilo. Mas pronto, se deixava Lucy feliz que podia eu fazer? Edmund encontrava-se a ganhar e era sem sombra de dúvida o melhor; ele próprio sabia isso por isso o seu sorriso convencido não lhe saía da cara.

“Parece que vou ganhar esta partida…Para variar” disse ironicamente Ed com um sorriso patético na cara.

“Veremos isso”, falou Peter com um tom um pouco desafiador. Ele não gostava muito de perder.

Era a vez de Lucy lançar os dados e ela assim o fez. Ela teve que ler um cartão que dizia que consequências ela sofreria por calhar na casa onde ela tinha calhado. Ela decidiu ler em voz alta “O jogador que calhar na casa nº25 terá de dar metade das suas moedas ao jogador que se encontra à sua direita”. Edmund começou logo a rir-se pois era ele quem se encontrava à sua direita. Lucy não conseguiu evitar e fez uma cara de irritada, pegando nas suas moedas e colocando-as no lado de Edmund. Quando ela ia pousar o cartão ela analisou-o melhor e sorriu.

“Olha Ed”, disse Lucy “Este aqui parece mesmo o Caspian”.

Lucy entregou o cartão a Edmund e ele riu-se e disse que parecia mesmo ele. Eu também quis ver e verifiquei que no cartão, ao lado do texto, se encontrava um desenho de um rapaz que tinha semelhanças com Caspian. Não pude evitar e fiz um sorriso triste, sentindo as lágrimas a virem-me aos olhos. Entreguei o cartão a Lucy e Peter disse que também queria ver. Mal agarrou no cartão e viu a ilustração, o sorriso e boa-disposição abandonaram o seu rosto. A sua expressão ficou instantaneamente mais severa. Ele largou abruptamente o cartão e colocou as suas mãos à volta da cabeça.

Lucy e Ed saltaram dos seus lugares e foram em auxílio de Peter, perguntando-lhe o que se passava. Eu não me consegui mexer. Peter começou a gritar causando ainda maior desespero em Lucy e Edmund.

“Que se passa Peter, que se passa?!”, perguntou aflito Edmund.

Peter continuava agarrado ao seu crânio, sem dizer uma palavra. Ele parecia estar em grande sofrimento.

Repentinamente, ele baixou os seus braços e levantou a cabeça, ficando fixado em mim. Eu fiquei incomodada com aquele olhar intenso pois parecia que ele me estava a ler os pensamentos.

“Susan”, foi tudo o que Peter disse antes de colapsar no chão.

Eu ainda não tinha abandonado o lado de Peter desde que ele tinha desmaiado, esperando pacientemente que ele acordasse. Eu estava perplexa. O que é que aquilo tinha sido ao certo? Agora já percebia bem o pânico que os meus irmãos tinham sentido quando eu desmaiava do nada. Passei a minha mão afetivamente nos cabelos dourados de Peter. Não me importava de voltar a passar por todas as nossas discussões e confrontos desde que ele acordasse e se lembrasse de mim e de William.

Len bateu à porta e entrou com um tabuleiro nas suas mãos. Ela deixou-o na sua mesinha de cabeceira e deu-me instruções para eu lhe dar de comer mal ele acordasse. Já era tarde e no dia seguinte era dia de aulas, mas eu não queria sair dali até Peter acordar, nem que isso implicasse ficar de pé toda a noite.

Fui acordada ao sentir movimentação. Levantei a cabeça rapidamente. Peter encontrava-se acordado e com um ar confuso.

“Come isto”, falei eu entregando-lhe um pão com compota de framboesa para as mãos.

“Susan que estás aqui a fazer a estas horas?”, perguntou ele olhando para o relógio que tinha encostado à sua parede.

Mal Peter chamou o meu nome olhei para ele e vi que um enorme sorriso lhe ocupava a cara. Eu comecei a chorar e abracei-o com toda a força que tinha.

“Calma Su”, ele soltou uma gargalhada e eu não parava de soluçar.

“Como? O que aconteceu?” consegui eu perguntar entre os meus soluços

“Não…Não sei bem”, falou ele espantado com o que tinha acontecido.

“E de Will? Lembras-te de Will?”, voltei a questioná-lo ainda com lágrimas a caírem-me dos olhos.

“Sim. Lembro-me!”, eu não disse mais nada e abracei-o. A felicidade que eu estava a experienciar era enorme. Peter lembrava-se de mim.


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