Conectados escrita por Nathalia S


Capítulo 18
XVII- Eu te perdoo


Notas iniciais do capítulo

Voltei bem rápido ein. kkk.

Boa leitura e obrigada a todo mundo que tem comentado.



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Agatha encostou-se na parede do elevador do hospital e suspirou pesadamente. Estava cansada, detonada, principalmente emocionalmente.

Assim que chegara na empresa naquela manhã, Ricardo Suvens à chamou até sua sala. Quando a jovem chegou lá ele disse-lhe que seu padrasto tivera uma grave recaída e fora internado no hospital local, dificilmente ele sairia com vida de lá. O câncer estava em seu estágio final.

A vontade de Agatha era de apenas ignorar aquele aviso, mas não conseguia. Ela era humana e, por mais terrível que tenha sido sua vida com o seu padrasto, Gregório, ele ainda era um ser humano e ela decidiu visitá-lo.

Assim que entrou no quarto onde ele se encontrava, a jovem teve vontade de voltar correndo para casa. Odiava hospitais. Quando o viu deitada na maca, careca, por causa do tratamento, magro, quase cadavérico, a jovem teve que usar de todo o seu esforço para entrar naquele quarto e fechar a porta.

Havia outro paciente no quarto, um senhor de idade que, pelo jeito, sofria da mesma doença de seu padrasto.

A jovem Jeicks aproximou-se passo a passo da cama. Por sorte Gregório estava adormecido. Não queria fitar os olhos terrivelmente azuis que ele tinha.

Ela ficou sentada numa cadeira que havia ao lado da cama por vários minutos, apenas observando-o. Não sabia se devia falar alguma coisa- e se devia, não sabia o que dizer.

A jovem mulher estava pensando em ir embora quando o homem abriu os olhos e a fitou. Imediatamente uma série de emoções passaram por seu corpo. Nenhuma delas era boa.

Gregório manteve seus olhos abertos com muito esforço. Tinha a impressão de estar delirando. Era impossível que sua enteada estivesse mesmo na sua frente naquele momento. Ele se lembrava dela com perfeição, lembrava do quão bondosa e gentil ela era com as pessoas. A prova disso estava ali. Tantos anos depois, após tanto mal que ele lhe fez...ela estava em sua frente, com um olhar perdido, como se não soubesse o que deveria fazer.

-Agatha? - Perguntou o homem, com uma voz fraca.

-Sim! -Respondeu a jovem, com a voz exitante.

-Ai meu Deus! Não acredito que é você! - Falou Gregório, parecendo maravilhado. Então ele começou a chorar.

Agatha ficou apavorada. Não sabia o que fizera para ele estar chorando. Ele chorava muito mesmo, como uma criança que acaba de ser repreendida pelos pais, ou como alguém sendo condenado a prisão perpétua. Seus ombros sacudiam-se e as lágrimas corriam soltas pelo seu rosto. A jovem ficou paralisada, sem saber o que fazer.

Até que ele estendeu sua mão e pegou a dela. Num arrepio terrível, Agatha lembrou-se de um ''evento'' de sua adolescência.

Flashback on:

''Agatha tinha doze anos recém completados. Havia saído com Rafael naquele dia para almoçar em uma nova lancheria da cidade. Agatha não queria ir, sabia o quão bravo seu padrasto ficava sempre que ela gastava o dinheiro que ele lhe dava em algo que ele julgava ''fútil''. Mas Rafael insistiu muito, disse que ele fazia questão e que iria pagar para ela. Claro que ele não fazia ideia do medo que ela tinha de Gregório, se não, provavelmente, nunca teria insistido tanto. No fim, a jovem concordou em almoçar com ele.

Gregório trabalhava à noite e sempre dormia o dia todo, no entanto, naquele dia, quando Agatha chegou em casa, ele estava sentado no sofá da sala, esperando-a. Sua mãe ainda estava viva na ocasião, mas trabalhava durante à tarde, fazendo faxina em uma casa nobre da cidade.

-Onde você estava? - Perguntou o homem à Agatha, assim que ela entrou em casa.

-Fui almoçar com um amigo. - Respondeu ela, já sentindo suas pernas tremerem.

-Aquele vadio filhinho de papai? - Perguntou o homem, de forma agressiva, levantando-se do sofá.

Agatha apenas assentiu. Não podia falar nada para defender Rafael, se falasse seria muito pior para ela. A melhor solução era apenas concordar com tudo que seu padrasto falasse.

-Não sei o que você tem na cabeça para continuar andando com aquele filho da mãe! - Falou o homem, agarrando o braço da garota com uma força exagerada. - Se você quer virar uma putinha basta me dizer, não precisa ficar se oferecendo para esse garoto.

Agatha já estava acostumada com as palavras ofensivas que seu padrasto usava. Era sempre assim. Sempre que ele estava irritado arrumava uma desculpa para descontar nela. Ele odiava-a. A garota ficou em silêncio, não tinha nada que poderia dizer. Apenas silenciou-se, como estava virando hábito ela fazer.

Gregório irritou-se ainda mais ao ver que a garota não respondia as suas ofensas, ela não fazia nada para defender-se. Num acesso de fúria jogou-a contra a parede da sala e começou a espanca-la. Não olhava onde estava batendo, apenas batia nela até se cansar.

A garota ficava em silêncio no começo, apenas chorava. Mas depois de algum tempo não aguentava mais, começava a gritar, não muito alto, pois sabia que seria pior. Mas os soluços e gritos escapavam de sua garganta.

Quando Gregório cansava de bater na garota ele a largava no chão e ia para seu quarto, dormir tranquilamente. Era sempre assim, já estava quase virando rotina.''

Flashback off.

Agatha continuava a fitar Gregório intensamente. Não conseguia se esquecer de tudo que ele lhe fizera na sua infância e pré-adolescência. Ele fora seu monstro particular, o motivo de todos os seus pesadelos. No entanto, agora ele estava com a vida destruída por uma doença, deitado, vulnerável, na sua frente.

O homem secou suas lágrimas com a mão livre, pois a outra continuava segurando a mão de Agatha e falou, com um grande esforço:

-Me desculpe, Agatha. Eu sei que palavras não vão mudar o que eu lhe fiz, mas me desculpe. Não posso ir em paz sabendo que não tenho o seu perdão. Acho que nunca irei desculpar a mim mesmo pelo que lhe fiz sofrer, mas ficaria mais tranquilo sabendo que tenho seu perdão.

A jovem ficou olhando-o surpresa. Nunca esperaria um pedido de desculpas vindo de Gregório, mesmo que fosse no fim de sua vida. Ela ponderou um segundo sobre o que deveria responder, mas decidiu-se. Ela não tinha nada a perder com aquilo. ''Afinal, o que passou, passou.'', pensou ela.

-Eu te perdoo, Gregório! -Falou Agatha. Nesse momento foi como se um grande fardo tivesse sido tirado de seus ombros, ela conseguiu respirar com mais tranquilidade.

À sua frente, Gregório deu um belo e breve sorriso, o primeiro sorriso verdadeiro que a garota viu ele dar.


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Notas finais do capítulo

Capítulo um pouco diferente da maioria, eu sei. Sem Rafael...kkkk.

Logo volto com o próximo, só preciso que vocês comentem ein. u.u kkkkk.

Beijos e uma ótima semana para todo mundo!



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