Lua Cheia escrita por Ania lupin


Capítulo 3
Capítulo 2: O que ela vai deixar para traz.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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BPOV

"Tem certeza que isso é mesmo necessário?"

Eu e Alice havíamos passado à tarde no Shopping, Alice alegando que não poderia sair tão cedo pelo sol que se livrava detrás das nuvens do lado de fora. Tudo bem que eu duvidara disso desde que ouvi, mas estava muito preguiçosa para averiguar a verdade, e fiz os desejos da minha futura cunhada.

Edward estava viajando com os irmãos, 'fazendo trilha', e a pequena decidira que era o momento perfeito para começarmos tudo com calma e sem preocupações quanto a ele ouvir o que não devia. Decidira que me casaria de qualquer jeito, com Edward querendo me pedir ou não – diabos, se necessário, eu mesma o pediria – e aquilo havia deixado Alice nas nuvens. Se meu futuro noivo apenas sonhasse que o vestido branco e os sapatos impecáveis já haviam sido comprados, pobre Alice. Dois pares de sapato na verdade, exatamente iguais, a não ser pela numeração.

"Agora, por que meus pés estariam inchados no dia do meu casamento, Alice?"

"Pode confiar em mim, como sempre faz?" Ela não falou mais nada, apenas me deu seu sorriso mais meigo e me arrancou os sapatos das mãos, indo ao caixa antes que eu pudesse protestar de alguma forma. O melhor que poderia fazer era ficar ali sentada, naquele sofá inumanamente confortável, para além de não ver a conta, não correr risco de quebrar alguma coisa naquela loja. Tudo naquele lugar gritava dinheiro, e meu salário provavelmente não poderia pagar nem ao menos uma nova maçaneta.

Mas apesar de meu desconforto, tive que sorrir ao me lembrar do vestido. Era estúpido ficar feliz com aquilo, ainda mais pensando em quantos mil aquela perfeição havia custado, mas aquele vestido branco fora a coisa mais linda que eu já vestira em toda minha vida. Nunca havia me fantasiado como uma noiva, não sonhava com isso ainda mais tão nova. Muito menos era meu desejo há algumas semanas atrás, quando eu fugia do altar como o diabo foge da cruz. Porém, talvez toda mulher que entrasse naquela loja – se eu podia chamar aquilo de loja – teria vontade de subir no altar.

"Bells?" Alice já estava com seu sorriso escancarado e uma sacola em cada mão, parada na saída da loja.

Estava exausta, como fazer compras com alguém tão pequena conseguia ser tão cansativo? E faminta! Minha última refeição fora o café da manhã, e apesar de ter sido um café da manhã atípico – a quantidade de comida estava mais para um almoço – depois de quase seis horas sem comer, e de toda a correria da tarde, qualquer ser humano estaria faminto.

Não havia mais muito que fazer, e o sol já estava quase se pondo, graças a Deus, quando Alice resolveu parar em frente a uma loja colorida demais. Uma loja na qual com certeza nenhuma de nós precisaria entrar por toda a eternidade. Agora, por que aquilo me incomodara?

Não era uma coisa que me deixava triste, não mesmo, afinal, eu tinha só dezoito anos. Idade que de acordo comigo, e de mais acordo ainda com minha mãe, não era a certa para se ter uma criança para cuidar. Não que eu não fosse responsável para cuidar de uma, meu problema deveria ser muito mais relacionado à minha mãe, que passara tanta dificuldade para conseguir me criar direito. Nunca tive problema com crianças, mas então nunca nem pensei na possibilidade de engravidar, para falar a verdade, ainda mais após conhecer o amor da minha vida e pós-vida. E era uma coisa que achava melhor ficar sem considerar, porque apesar de que com Edward ao meu lado eu não passaria por nenhuma dificuldade, engravidar dele era impossível. Totalmente impossível. Melhor não desejar o que não se pode ter.

"Um bebê na família seria ótimo." Alice suspirou, e eu não pude me conter de imaginar uma criança ao redor do bando de vampiros centenários. Com certeza seria uma alegria, principalmente para Esme e Rosalie. "Acho que todos o receberiam de braços abertos e felizes, muito felizes."

"Mas é impossível, não é?" Foi então que ela me olhou de um jeito estranho. "Lice, eu não posso ter bebês. Eu não posso ter um bebê com Edward, então eu não posso ter bebês, fim da história." E a frase me incomodou mais do que eu imaginava.

"Você nunca pensou sobre isso." Não era uma pergunta.

"É melhor não pensar no que não se pode ter." Baixei os olhos para a vitrine por um instante, e logo achei o par de sapatinhos rosas mais lindos que já havia visto. Tudo naquela loja era bonitinho, e... pequeno. Minhas mãos foram instintivamente para minha barriga, e pude sentir meus olhos ficarem mais úmidos que o normal. Um bebê, de Edward. Seria a criança mais linda – e provavelmente a mais amada – de todo o mundo.

"Bells?" A vampira parada ao meu lado não deixou de perceber meu comportamento estranho.

"Um bebê com Edward, ele seria perfeito, não seria? Seria lindo. Será que puxaria os olhos verdes dele, os olhos de antes?" Eu só percebi que chorava quando um par de braços frios me envolveu em um abraço. Por Deus, eu estava soluçando por um assunto que há uma semana atrás não me abalaria de nenhum jeito, o que estava acontecendo comigo? Eu só poderia estar enlouquecendo, sim, finalmente minha vida cheia de coisas não humanas havia levado embora minha sanidade.

"Bells, eu não tive a intenção, desculpa! Eu não vou falar mais nenhuma palavra sobre isso, prometo."

Não devia pensar naquilo. Era aquela maldita época do mês, agora eu tinha certeza de que era. Afinal, quando mais eu ficaria hipersensível e com uma fome duas vezes maior do que a normal? Não demorou muito para as lágrimas cessarem, e quando pararam me senti uma boba. Uma boba com fome.

"Venha, vamos comer. Sushi?"

É claro que Alice ia adivinhar.

Foram mãos gelada que me acordaram – melhor dizer, me tiraram do meu pesadelo. Aquele mesmo sonho já se repetia por quase uma semana, era tanto sangue, tanta dor. E havia aquele choro, alguém chorava embora eu não pudesse nunca ver quem. Não era um choro comum, era um som diferente...

Mas o frio dos braços que me envolviam já estava fazendo um bom serviço em me acalmar e me tirar das lembranças ruins. Assim como os lábios que corriam pelo meu pescoço, mandando arrepios pela minha coluna.

"Mais um sonho ruim, querida?" Era incrível como tudo melhorava depois que eu ouvia aquela voz.

"Acho que ando comendo muito antes de ir dormir." Dando um sorriso tímido, me virei para ele, e nossos lábios finalmente se encontraram, apagando qualquer vestígio do pesadelo de segundos atrás. "Você me acordou." Reclamei, quando vi que meus olhos não conseguiam se manter abertos com muita eficácia, e logo vi que o relógio marcava menos de cinco horas da manhã. Bem, eu não precisava ficar necessariamente de olhos abertos.

"Algumas pessoas gostam de acordar cedo."

"E ainda mente."

"Eu posso ir embora se quiser-" Mas não dei chance dele falar mais nada. Minhas mãos já agarravam a camisa dele como se minha vida dependesse disso, e senti que ele se controlava em retribuir o beijo bem menos do que o habitual. Aquela tarde na clareira havia trazido vários benefícios. Mas enquanto os lábios mais uma vez iam para o meu pescoço, minhas mãos para os botões da camisa que pareciam mais difíceis de desabotoar do que o normal, ele parou repentinamente. "Seu cheiro está diferente."

Soltei um suspiro frustrado.

"Ruim?"

"Nunca. Só mais forte." Ele pareceu procurar a palavra certa por alguns segundos. "Mais doce. Definitivamente. Está ótimo." E ele logo voltou a explorar minha camisola, assim como eu fazia com o restante dos botões que sobravam abotoados. "Já faz tempo."

"Falante, hoje."

"Senti sua falta." As mãos dele tocando cada parte do meu corpo era fogo líquido. Não conseguia pensar direito, só conseguia senti-lo, tão perto, o que eu tinha feito de tão bom para merecer aquilo?

Nossas mãos não demoraram a ficarem frenéticas, eu o puxando para mais perto com toda a minha força, enquanto ele mantinha um controle incrível sobre sua força, deixando as mãos me tocarem com leveza, mas não com menos desejo. Foi então que machucou.

Mesmo tão envolto na situação quanto eu, Edward percebeu minha careta, e suas mãos se afastaram no mesmo instante. Ele me olhou, assustado consigo e arrependido da ação. Mesmo com os olhos pesados, eu me esforcei em mantê-los abertos, e tentei amenizar a situação.

"Acho que você deveria dar um beijo para sarar." Mas a tentativa de aliviar um pouco o clima que havia se formado não fora muito boa, o rosto dele não estava tão contente. "Edward, acontece-"

"Eu te machuquei da primeira vez?" E ele levantou a coberta, provavelmente procurando por hematomas que nunca seriam achados. Hematomas não duravam muito mais de duas semanas no meu corpo, e agradeci por já terem se passado quase três desde nossa primeira vez. "Bella?"

"Não foi nada-"

"Machuquei." Odiava ser uma péssima mentirosa. E no instante seguinte ele me deixava muito sem graça, procurando algum sinal de cor escura nos meus seios.

"Edward, pare com isso!" Mas ele só se contentou quando viu que a pele continuava imaculadamente branca. Às vezes ser humana e frágil era tão irritante. "Só estou um pouco sensível, você não me machucou agora. Bem, a dor ao menos não foi por causa da sua força-"

E eu continuaria a falar, e ele continuaria a se sentir culpado, se a repentina urgência de vomitar não tivesse me tirado da cama e me levado correndo para o banheiro. Meu estômago havia ficado péssimo em segundos, e enquanto minha ânsia me fazia vomitar somente bile, gostaria que Edward pelo menos uma vez tivesse ficado parado na cama, ao invés de me seguir ao banheiro e trancar a porta. Não demorou até eu sentir uma mão em minhas costas que dava pequenos tapinhas, enquanto um par de olhos dourados me olhavam preocupados.

"Disse que ando comendo demais a noite." Expliquei quando finalmente consegui tomar fôlego o suficiente para falar. "Não deve fazer bem pra mim, humana, estômago sensível, sabe como é."

Mas ele não sorriu como eu queria que sorrisse, nem demonstrou menos preocupação. Ao invés disso, colocou sua mão fria em minha testa, e após ter se certificado que todo meu barulho não acordara meu pai – Charlie continuava roncando profundamente em seu quarto, do banheiro, até eu conseguia escutar aquilo –, me pegou nos braços e me colocou de volta em minha cama, fechando a porta sem um único ruído.

"Esteve perto de alguém doente esses dias?" Ele perguntou, seus olhos examinando meu rosto procurando algum vestígio que denunciasse alguma virose, enquanto suas mãos tateavam a gaveta de meu criado mudo. Logo achou um termômetro, que não demorou a ser colocado em baixo de meu braço direito.

"Er, Alice e eu fomos fazer compras ontem." Dei os ombros. "Os riscos que eu corro quando você sai para caçar, como sempre." Não demorou muito para o termômetro apitar. "E então?"

"37.2ºC."

"Não é febre."

"Pode ser princípio." Edward, sempre o preocupado. "Está sentindo mais alguma coisa?" E admitir o que eu sentia, confesso, foi um pouco vergonhoso. "Fome?"

"Mas posso agüentar. Acho que só preciso dormir mais um pouco." A cama estava tão aconchegante outra vez. De olhos já fechados, escutei enquanto ele colocava o termômetro de volta na gaveta, e tentava não fazer muito movimento ao voltar para a cama. "Edward, não quero que você fique doente." Sussurrei, já me entregando ao mundo dos sonhos.

"Bella, sua bobinha," Antes de o sono me vencer por completo, pude sentir lábios frios em minha testa, abafando um riso. "Vampiros não ficam doentes."


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Notas finais do capítulo

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