P.O.V Carly

- O que houve, Carlita? – Sam me perguntou, enquanto eu mordiscava meu nabo olhando para a mesa dos populares. Eu não a respondi, apenas dei um leve sorriso e mostrei o bilhete que eu havia recebido.

- É do Gibby? – ela perguntou incrédula.

- É... – eu disse, e tornei a sorrir. – eu... Eu devo ir? – perguntei.

- Do que vocês estão falando? – Freddie tentou se intrometer, mas Sam o ignorou completamente. Já Chuck, estava em outra galáxia.

- Não sei, você decide. Você quer ir? – Sam perguntou.

- Quero... Mas vocês não vão ficar chateados se eu sentar com outras pessoas no almoço? – indaguei.

- Por mim tudo bem. – ela concordou.

- Certo. – Freddie disse. – mas onde você vai sentar? Com o Gibby? – ele acrescentou, soando tão incrédulo quanto Sam.

Já tinha levantado quando assenti. Peguei minha bandeja e comecei a caminhar em direção àquela mesa abarrotada de gente. Pude sentir muitos olhares pousados em mim, todavia, apenas um me chamou atenção, e ele foi o primeiro a me cumprimentar:

- Oi, Carly! Que bom que veio, tem um lugar bem aqui. Achei que você ia recusar, quando você sentou com os seus... Amigos. – ele disse, simpático, sinalizando um assento livre bem do lado dele.

- Obrigada por assumir a culpa do trabalho, hoje, na aula. – eu falei, corando.

- Ah, que isso, não foi nada, era o mínimo que eu podia fazer. – Gibby falou, dando um sorriso e exibindo suas covinhas perfeitas e seus dentes brancos e alinhados.

- Não é uma coisa normal, não, Carly. Não se acostuma, ele geralmente não é assim! – disse Tyler, um membro do time de futebol.

- Pois é, ele só fala em você, e disse que você é “diferente das outras garotas”. A maioria se joga para esbarrar nele, e se derreteria para tomar um Milk-shake com ele, mas você não! – disse Andrew, de um modo tão debochado, que fez todos rirem, menos Gibby, que continuava sério. Andrew era o atacante do time, e pelo que eu sabia, era o mais engraçado de todo o colégio. Até eu tive que rir.

- O que isso está fazendo aqui? – disse uma voz vinda de trás de mim. Era Cindy, uma líder de torcida mimada.

- Do que você está falando? – Mike questionou (Ele era mais um jogador).

- Disso. – ela insistiu, sinalizando o lugar do lado do Gibby. Ela estava se referindo a mim. Droga, eu não deveria ter sentado aqui, não queria causar problemas...

- Desculpa, eu saio, não gosto de brigas, eu só... – eu falava, só que Gibby me cortou.

- Não, não, Carly. Você vai ficar aqui. Cindy, ela é uma pessoa. E tem muitos outros lugares para você sentar, sabia? Procure um e vê se não reclama. – ele disse, sem nem mesmo olhá-la. De repente, todo o refeitório tinha parado para nos encarar.

- Mas Guigui, eu sempre sento do seu lado, eu pensei que... – ela tentou, porém, Gibby fez um sinal de “pare” com a mão. Ela fechou a boca, me fuzilou com os olhos e foi procurar outro lugar. Todos voltaram a conversar, livremente.

- Aaaahn, Guigui, eu estou com ciúmes da menina nova, expulse essa “coisa” daqui, aaah! Nheeee! – Andrew imitou a voz enjoada de Cindy com perfeição. Todos da mesa riram, e ela fechou a cara. Não demorou muito para o resto das Líderes de Torcida chegarem. Todas lançaram um olhar feio para mim.

Ignorei os olhares e continuei conversando: Falamos sobre comida, o sotaque dos professores, porque o Saara é tão quente de dia e tão frio a noite, porque macarrão se chamava macarrão, e um monte de bobeiras. Eles me perguntaram sobre o iCarly, e eu comentei um pouco sobre como é o programa. Alguns já assistiam, e comentavam as piadas e os tópicos malucos, e outros até sugeriram umas novas ideias, que eu fiz questão de guardar. O ruim foi que o intervalo pareceu durar cinco minutos, porque quando eu fui reparar, o sinal já tinha tocado. Fui uma das primeiras a levantar da mesa, e todos falaram comigo. Enquanto levantava, Gibby me puxou pelo braço e me fez sentar novamente, esperando a mesa inteira esvaziar. Brincadeiras do tipo: “Boa sorte, Gibblet!”, “Caramba, mas já?” e “Você não perde nenhuma chance, hein cara?!” ocorreram enquanto a mesa ficava vazia.

- Que foi? – perguntei. Não queria me atrasar para classe, apesar de adorar passar o tempo com ele.

- Eu vou dar uma festa, amanhã, você gostaria de ir? Se quiser, pode levar seus amigos também...

- C-C-laro! – eu disse, mais entusiasmada do que eu pretendia. Não pude conter minha felicidade e lhe dei um abraço. Depois, depositei um beijo em sua bochecha. Ele novamente sorriu exibindo suas covinhas maravilhosas e corou um pouco. Corri para a sala de aula. Se eu soubesse que ele ia me tratar assim, eu teria esbarrado nele antes.