- Ele está horrível, ontem não dormiu nada. "Desmaiou" hoje de manhã. Estou preocupado (N/a: desmaiou de sono é uma expressão, tipo, ele não desmaiou de verdade). - Stanley falou.

- O que aquele imbecil do Harold foi fazer, hein. - Zack murmurou. - Ontem eu contei para Nick e Luke, os dois estão vindo para cá. Saíram às oito da manhã e como são quatro horas de viagem, mais ou menos ao meio dia estarão aqui, ou seja, precisamos de um almoço. Eu não cozinho. - Levantou as mãos.

- Vou ver o que eu sei fazer. - Riu. - Mas agora o importante é aquele menino adormecido. Sabe que quando acordar vai voltar a chorar, não é?

- Sim. - Murmurou. - Leonard, desde menor, era sensível demais. E ele se acha feio, sabe. Então fica inseguro, ainda mais com Nathan.

- Eu quem diga, o conheço quando ainda bebia na mamadeira. - Sorriu nostálgico. - Posso te contar um segredo que não é segredo?

- Claro. - Riu.

- Eu o amo. Sei que você é amigo do Harold, mas posso te dizer com certeza que o trataria bem melhor do que ele. Eu iria sempre sair com ele e deixar qualquer outro garoto "na mão" pelo Leo. Iríamos andar de mãos dadas, porque eu quero mostrar a todos o namorado perfeito que teria. E isso também é importante, assumir a relação, assim como Harry não faz. Parece que ele tem vergonha do Leonard e isso me irrita, pois sei que ele queria oficializar, mas aquele burro não aceita. - Bufou. - Tomara que o perca.

- Sinceramente, não me importo com quem ele vai ficar, apenas quero que volte a sorrir como sempre.

- Enfim. - Suspirou. - Pode ficar com ele lá em cima que eu irei ao supermercado comprar algo para fazer.

- Sim, sim. Até. - E subiu as escadas, enquanto o outro garoto foi pegou o carro de Jay. Ela havia emprestado para caso precisassem, mas apenas para Stanley, porque só ele tinha idade e carteira de motorista.

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- Cadê meu bebê? - Nick saiu correndo até o quarto do mais velho. Abriu a porta com tudo e viu que ele estava dormindo. Zack estava sentado no chão, olhando-o, apoiado na parede.

- Shhhh. (N/a: eu tenho uma gif muito TGYSIJQWBSGUQHJ e não é bem nessa situação, mas olhem e morram comigo http://24.media.tumblr.com/1665ee2a84759c69d8e8dfd27e9c96ba/tumblr_mgpnwjQKzh1qftzh8o1_500.gif). - Ele está dormindo.

Luke entrou logo em seguida e, sem dizer nada, sentou-se ao lado do moreno.

- Não consigo acreditar que Harry fez isso... - Murmurou consigo mesmo.

- Será que devemos acordá-lo?

- Acho que sim, ele precisa comer algo e agora já é uma da tarde. - Stanley disse, parado na porta.

Nick se aproximou da cama com calma.

- Leo? - Falou baixinho para não assustá-lo. - Vamos almoçar?

- Anm... - Resmungou, ainda de olhos fechados. Se moveu um pouco e bocejou. - O que fazem aqui? - Perguntou, piscando seus olhos rapidamente.

- Viemos te ver.

- Mas e a praia?

- Não estava tão legal lá. - Luke mentiu.

- E Har... - No mesmo momento lembrou de tudo. Ele pensava que aquilo não passava de um pesadelo horrível, mas estava enganado. Tudo aconteceu de verdade. - Vieram aqui por culpa minha, não é? Estão sentindo pena de mim. Oh, coitadinho do corno. - Falou irritado. O fato é que não estava bravo com eles, apenas com Harry. Não devia descontar neles assim.

- Não é isso. Somos seus amigos e estaremos sempre ao seu lado. - O loiro disse como se tivesse sido ofendido. O mais velho respirou fundo.

- Me desculpem. - Murmurou, voltando a fechar os olhos. - Podem voltar para praia, eu estou bem.

- Se está bem, vamos comer. - Zack disse.

- Não, obrigada.

- Vai ficar anoréxico desse jeito. - Stanley falou.

- Não vou comer porque não estou com fome. Não estou fazendo "draminha". 

- Então tá, mas mais tarde irá. - Esbravejou e saiu do quarto.

- Ele está preocupado com você. Ficou a noite inteira acordado contigo e só quer te ver bem. - Luke comentou. - Não esqueça que ele te ama e pode estar magoando-o.

- Argh, eu faço tudo errado! - Afundou seu rosto no travesseiro.

- Calma, garoto. - Nick falou. - Nós vamos comer e quando voltarmos, iremos nos divertir, ouviu? - E ele assentiu, sem ao menos olhá-lo.

Leonard não queria sair da cama, só queria ficar quietinho no seu canto pensando, mas sabia que não podia preocupar seus amigos.

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- Não vão acreditar. - Zack murmurou. - Eu mandei o vídeo para o John, que mandou para Jamie, que mostrou para Sophie e agora ela está morrendo de tanto chorar. 

- Como sabe?

- Ele me disse. - Falou apontando para o celular.

- Aqueles dois realmente causaram muitos problemas. - Luke disse, fazendo cafuné no namorado.

- Vamos parar de falar sobre isso. Sabe o que precisamos? Comédia. - Stanley disse e foi até a pilha de DVDs que eles possuíam. No momento os cinco estavam na sala, amontoados em dois sofás com cobertas grandes e acolchoadas. Juntamente com doces e refrigerantes. Zack, Leonard e Stan dividiam um e os pombinhos estavam sentados em outro.

- Hmmm, que delícia está esse chocolate. - Nick disse sugestivamente.

- Não adianta, não vou comer. Estou sem fome.

- Se não comer nada até o filme terminar iremos te levar ao hospital, porque lá irá "tomar" soro que não precisa de fome. - Stanley murmurou irritado.

- Quero ver tentarem. - Disse, provocando-o.

- Sabe o que eu acho? Tudo isso foi um extremo mal entendido. - O loiro falou, mudando de assunto.

- Mal entendido? Como um vídeo do Harold beijando o Nathan, dizendo que me esqueceu e que ama ele pode ser um mal entendido? ME EXPLICA. - Leonard gritou repentinamente.

- Não sei, há uma explicação para tudo. Fale pra ele. - Tirou o celular do bolso e entregou-o ao menino. - Se realmente for verdade, terá todo o direito de ficar chorando e não comer. Se não for, tudo irá se resolver.

- Vocês vão me deixar em paz no meu quarto? Poderei ficar sozinho?

- Sim, mas terá que nos mostrar a conversa.

- Então tá. - E devolveu o celular dele, pegando o seu. 

- Enquanto isso vamos olhando o filme para deixá-lo ter sua privacidade sem pressão. - Zack sugeriu e eles assentiram.

"Pode conversar agora?" a mensagem foi mandada ao mesmo tempo que deram 'play' no filme. Leonard  não conseguia tirar os olhos da tela de seu iPhone. Sua mão tremia e seu coração estava disparando. Algo como uns sete minutos depois ele vibrou. Ao desbloquear não leu o que esperava. "O que quer? Estou meio ocupado" "Queria uma explicação de ontem. Eu olhei o vídeo. Não entendo isso, como pode ser de um jeito uma hora e depois mudar totalmente?! Ocupado com o que?" ao contrário do mais velho, ele não se importava em responder rápido, o que só aumentava a irritação dele.

"Ontem notei que não queria estar com você. Todas aquelas mentiras foram a prova disso. Já te amei muito. Mas agora vejo que não é mais a mesma coisa, sabe. Não estou apaixonado por Nathan também, só quero aproveitar um pouco. Acredite, não vai querer saber o que estamos fazendo" aquilo foi como uma bomba. Todo o restinho de esperança que aquilo não passasse de uma bobeira se foi pelos ares.

"Tudo isso pela Elizabeth? E sim, eu quero saber" Sabe como é quando dizem que a curiosidade matou o gato, não? "Não tem nada a ver com ela. Nossa discussão pode ter começado por culpa dela, mas depois começou a ter outros significados. O fato é que eu não te quero mais como 'namorado'. Podemos ser amigos ainda. Ah, e nossa DR terminou? Interrompeu o que seria uma ótima chupada" não aguentou mais, todo aquele esforço para ser 'forte' havia terminado. Não estava apenas triste, humilhado e magoado, agora a raiva também o dominava. Não conseguia conter as lágrimas idiotas.

- ERA ISSO QUE QUERIA? ENTÃO PEGUE! - E jogou o celular no colo de Nick, depois foi até seu quarto sem olhar para trás. No momento estava pouco se lixando se tinha machucado-o ou algo do tipo. Só não suportava mais isso.

Se jogou na cama, virado para o teto, encarando sua lâmpada.

Porra, Harold tinha sido a primeira pessoa que ele amou. E ele estragou sua vida. Não agora, mas antes. Leonard tinha uma vida perfeita. Pais que o amam, uma namorada linda e carinhosa, notas boas, amigos maravilhosos, não tinha problemas com bebidas ou drogas, era ótimo nos esportes e não podia reclamar de nada disso. Até esse garoto idiota aparecer e bagunçar tudo.

Não demorou muito para baterem na porta e como ele não foi abrir, pode ouvir alguém abri-la.

- Leo? - Nick murmurou. - Escute, vamos cumprir a nossa parte do acordo, mas quero que saiba que para qualquer coisa eu estarei aqui, é só chamar. Até mesmo se não quiser falar, apenas chorar ou gritar ou me bater, não sei... - Suspirou. - Me desculpe por ter te feito passar por isso. Eu simplesmente não consigo imaginar Harry dizendo essas coisas. Fico pensando se fosse comigo e com Luke. No momento eu estaria tentando me jogar pela janela, sabe. - Riu fraco. - Enfim... Me desculpe, eu fui ingênuo demais.

Leonard se levantou e foi até o amigo. Ficou frente a frente com ele e o abraçou. Mas não foi qualquer abraço. O loiro passou as mãos pelas suas costas e apertou-o com força. O mais velho encostou sua cabeça no pescoço dele e começou a chorar mais ainda. Lágrimas molhavam toda sua camiseta, mas nenhum dos dois ligou. Estava tão bom lá. Tão confortável e aconchegante. Muito melhor do que se esconder em baixo de suas cobertas e tapar a boca com a mão para que ninguém escutasse seus soluços desesperados.

- E o pior... - Dizia entre uma fungada e outra (N/a: fungar é feio, cara, mas não sei nenhum sinônimo). - É que eu ainda o amo. - Ele não esperava uma resposta, apenas queria desabafar. - Sinto como se tivesse sido enganado, sabe?! Todos os nossos momentos bons agora ficam rondando minha mente... Eu sabia que algo estava errado... Não é normal que alguém sempre desapareça um dia da semana no mesmo horário e depois não queira falar sobre isso... Quantas vezes ele não brigou comigo por eu querer saber?! Quantas vezes me senti mal por pressioná-lo a contar?! Que merda. Esse garoto é a legítima merda. Eu... - Suspirou, tentando acalmar-se. - Não quero fazer drama, sabe. Não quero que os outros fiquem preocupados comigo, mas não consigo parar de chorar. É como se só de pensar em ficar feliz uma lágrima irá cair. - Nick apertou-o novamente. Não iria largá-lo tão cedo.

- Ficará tudo bem. Pode sofrer o quanto quiser. Coloque tudo para fora. O tempo irá arrumar tudo. Faça o que tem vontade e não se importe com os outros. Apenas quem sente sabe como é. Ninguém irá entender como é a dor que está sentindo, só você.

- Porque eu não podia ter simplesmente me apaixonado pela Elizabeth?

- Que graça a vida teria se ela fosse fácil?

--

Uma batida na porta o acordou. "Entre" murmurou.

Daisy, Phoebe e Jay apareceram, indo até ele. Sentaram-se na cama junto com o menino confuso.

- O que fazem aqui?

- Viemos te socorrer. - Phoebe falou.

- Não precisava. - Murmurou.

- Precisava sim, ouvi Zack dizendo que não come desde ontem. - Uma das loiras disse acusatoriamente.

- É verdade? - Sua mãe perguntou.

- Talvez. - Falou baixinho.

- LEONARD! - Repreendeu-o. 

- Não tenho fome, quer que eu faça o que?

- Coma do mesmo jeito. Quando Stanley me ligou eu pensei que estava lidando como uma pessoa adulta e não um bebê.

- Você não entenderia! - Disse.

- Se tentasse me contar... - Falou, respirando fundo para se acalmar. - Meninas, podem nos dar licença um pouco?

- O que houve com o Boo?

- Peça para os meninos explicarem. - Elas assentiram e saíram. 

- Mãe. - Murmurou, já sentindo que iria chorar novamente. - Nathan, aquele garoto do orfanato, seu ex, e Harold fizeram um vídeo. Ele falou que não me amava e sim ao infeliz. E também disse que o queria. Ele me humilhou, mãe. - Dito e feito, logo estava derramando inúmeras lágrimas. Ela não pensou novamente e o abraçou.

- Os garotos me mostraram as mensagens que ele te mandou ontem. - Disse. - Meu amor, eu sinto muito. - Beijou sua testa. - Isso, por mais triste que seja, vai acontecer várias vezes. Talvez não bem assim, mas será tão doloroso quanto agora. Não quero te ver triste ou mal.

- Eu sei, estou me sentindo horrível por ter deixado todos preocupados.

- Que tal se você fosse comer algo? Tenho certeza que eles ficariam felizes. - Leonard pensou e acabou assentindo, vendo um sorriso se formar em seu rosto. - Isso mesmo, meu garotinho lindo.

Os dois desceram. Seus amigos estavam na cozinha, sentados na mesa conversando e, ao vê-lo, abriram um enorme sorriso como  Jay.

- Sente-se. Vou preparar algo delicioso. - Ela disse e ele assentiu.

- Gente, muito obrigado por continuaram aqui comigo. Isso significa muito mesmo. E me desculpem por estragar suas férias.

- Que nada, sabemos que faria o mesmo por nós. - Zack sorriu.

- Eu sei do que precisa, fora minha ótima comida, é claro. - Jay disse rindo. - Hayley.

- Verdade, preciso mesmo. Mas ela está viajando e lá não tem sinal.

- Ora, que azar. - Murmurou e voltou para o fogão.

Os garotos começaram a conversar sobre besteiras, porém qualquer coisa lembrava Harry.

Ele, após comer uma sopa, voltou para o quarto. Mal pode dormir porque já bateram na porta de novo, mas dessa vez não esperaram resposta, apenas entraram. Eram as gêmeas. Elas pularam na cama e se deitaram, cada uma em um lado dele.

- Olá, meninas.

- Trouxemos uma flor para você. - Sorriram e cada uma entregou uma. 

- Ora, muito obrigada.

- De nada. Agora tem uma para colocar no hospital já. Iremos achar outras e enfeitar todo seu quarto.

- Hospital?

- Sim, mamãe foi levar Nick, Luke e Zack para casa mas logo irá voltar e nós iremos para lá.

- Mas porque hospital?

- Stanley falou que está sentindo dores no coração. - Daisy explicou ingenuamente.

- E que ele está quebrado. - Pheobe acrescentou rapidamente. - Por culpa de Harold.

Leonard sorriu ao ver tanta inocência.

- É outro tipo de dor. É como se eu trocasse vocês duas pela Elizabeth.

- Oh, então não deve ser nada legal. - Ele assentiu. A comparação estava horrível, mas como Nick havia dito, ninguém iria entender o que ele estava sentindo. - E agor... - Foi interrompida pelo som da campainha. - Eu atendo. - E saiu correndo do quarto. Daisy a seguiu, dizendo que logo voltaria.

Ao abrir a porta, viu Harry andando de um lado para o outro.

- Oi, meninas.

- Saia! - Phoebs disse sem pensar duas vezes.

- Mas... - Ele falou assustado.

- Não gostamos mais de você. - Daisy murmurou irritada. - Você é muito bobo por machucar o nosso Boo.

- Eu vim pedir desculpas e explicar tudo. Eu o amo.

- Mentira, quem ama não faz isso.

- É, ele chorou a noite inteira e não comeu desde ontem.

- Verdade?

- Sim, agora, por favor, vá embora, não deixe ele ficar pior do q... - Antes de terminar Stanley estava descendo as escadas e veio até eles.

- Garotas, eu falo com ele, vão subindo. - Falou e elas concordaram. Quando estavam quase lá em cima, ele acrescentou: - Não contem quem era. - Virou-se para o cacheado. - O que faz aqui?

- Vim ver meu namorado. - Praticamente cuspiu as palavras.

- Quis dizer EX, não é? - Perguntou, dando ênfase.

- Escut... - Foi interrompido. Poxa, será que ninguém o deixaria terminar de explicar?

- Não, escute você e escute bem. Eu amo ele faz anos. Sempre fiquei ao seu lado. Vivi com ele por anos. Chegou o tempo em que foi obrigado a namorar com a vadia, no início eu aguentei, porém, depois de um tempo, sequer conseguia vê-lo sem sofrer. Então fui embora. Alguns anos depois, era a hora de fazer minha faculdade, por isso escolhi aqui, queria me aproximar dele novamente, crente de que a paixão havia passado, mas não. No momento que o vi tudo voltou como se nunca tivesse "saído" de mim. E, por sorte,  ele ficou solteiro, aliás, eu achei que estava, mas na verdade você se intrometeu, estragando tudo. Fui fraco novamente e desapareci. Pensei em continuar com isso, mas minha família me fez um enorme favor e, quando comecei a morar aqui, decidi ser forte e continuar ao lado dele. Imaginei que vocês seriam o tipo de casal que iria passar o resto da vida juntos e tudo mais. Porém, agora sua vez terminou e a minha começou. - Sorriu. - Talvez ele não me ame tanto quanto te amava, mas, com o tempo, irei conquistá-lo até não sobrar uma lembrança boa do relacionamento de vocês. - Respirou fundo, tomando fôlego. - E não, eu não te odeio. Até acho que pode ser um cara legal, ou seja, não tenho nada contra ti, apenas amo muito o Leonard para desistir dele novamente.

- Isso não vai acont... - E antes de terminar, o mais velho chamou Stanley de seu quarto.

- Foi mal, até ouviria, mas meu futuro namorado está precisando de mim. - Sorriu malicioso e fechou a porta na sua "cara". Subiu as escadas rapidamente e, quando entrou no quarto encontrou o garoto chorando novamente. - Ei, ei, não faça isso comigo. - Falou, se aproximando dele.

- Era Harold, não? - Perguntou com sua voz abafada pelas cobertas.

- Sim.

- E o que ele queria?

- Pegar suas coisas. - Mentiu. Stan não iria contar a verdade. Ele sabia que Harry apenas iria inventar uma desculpa idiota e Leonard acreditaria porque o ama. Ao ouvir isso, as lágrimas aumentaram.

- Aquele idiota ainda tem a cara de pau de vir aqui ao invés de pedir para outra pessoa fazer isso ou até mesmo esperar uns dois dias. - Murmurou, irritado. - Não tem um pingo de consideração por mim... E, se ele já veio, provavelmente não estava triste em terminarmos assim... - Virou-se, enterrando a cabeça no travesseiro.

- Amor, não fique assim, ele não merece suas lágrimas. - Falou e deu um beijo em sua nuca, fazendo o garoto se arrepiar. - Vou te deixar sozinho, sei que é o que quer.

- Obrigado. - Disse baixinho.

--

- Boo, acorde. - Ouviu a voz meiga de Daisy e suas mãozinhas bagunçando seu cabelo.

- Bom dia. - Suspirou, se espreguiçando.

- Quis dizer boa tarde, não é? - Riu nasalmente.

- Pode ser também. - Sorriu de canto. - Onde estão todos?

- Mamãe está no computador com o Zack.

- Fazendo?

- Não sei. - E eles ficaram em um silêncio, que, por um lado, era bom. Cada um focado em seus pensamentos.

Jay entrou no quarto e ficou em pé, olhando-os sem dizer nada.

- Boo. - Phoebe murmurou fitando o colchão. As duas estavam sentadas na cama com ele.

- O que?

- Me desculpe. - Ela falou triste.

- Porque está pedindo desculpas?

- Eu não sei o que falar para te ver sorrir. - Sua voz ia ficando cada vez mais chateada. Ele pensou por um momento que a garota iria começar a chorar. - Você não é mais o mesmo. Não sai mais do quarto. Não brinca mais conosco. Não conversa mais com a gente. Fica só chorando e dormindo. Não come direito. Não nos ama mai... - E era verdade, pequenas lágrimas caíram de seus olhos azuis. Aquilo cortava seu coração. 

- Claro que não, amor. São os bens mais preciosos que eu tenho. Nunca amei uma menina tanto quanto amo vocês e nossa mãe. Juro. Sou o mesmo boo bobo de sempre.

- Apenas está mais triste. - Daisy acrescentou, como se não gostasse da visão de ver sua irmãzinha chorar.

- Isso. Venham aqui as duas. - E elas se aproximaram dele. O menino abraçou-as com cuidado. - Eu amo muito vocês.

- Mais que o infinito? - Phoebe perguntou.

- Muito mais. - Ele sorriu, beijando a testa das duas. - Logo logo vou voltar a ser aquele palhaço que era.

- Não será 'logo', será agora. - Jay disse, se pronunciando pela primeira vez. - Eu e seus amigos iremos te ajudar. Você e eles irão para New York, na casa de Luísa.

- O que? - Quase gritou.

- Isso mesmo, já falamos com ela e com sua avó. Tudo está certo.

- Eu não vou ir. - Falou teimoso.

- Vai sim, dessa vez não tem escolha. Acabei de comprar as passagens online, tudo marcado.

- Mas não quero.

- Leonard, você parou de se interessar consigo mesmo. - Se alterou. - Eu não quero te ver triste e muito menos sem saúde, então, como não se cuidou, agora irá se divertir obrigatoriamente.

- Pode me obrigar a ir e não a me divertir.

- Mas sei que vai. - Falou. - Pense em Nick e Luke que cancelaram a viagem deles por ti. Não é o mínimo que pode fazer?! Pretende passar o resto das férias aqui enquanto eles são obrigados a ficarem ao seu redor, preocupados? Sei que não quer que façam isso, porém os conhece e sabe que iria ser exatamente o que eu falei. - Suspirou. - Eu estou tão triste quanto você, acredite, me mata por dentro ver meu filhinho chorar e não pode ajudá-lo. Por favor, vá e curta sua vida enquanto pode.

Ele pensou em não ir, realmente pensou, mas já estava atrapalhando a vida de seus amigos e de sua família, então era melhor fazer o que eles queriam, por enquanto.

- Que horas iremos? - Ela sorriu.

- Às 21:00. Três horas para arrumar suas malas.

- Elas já estão prontas. Não as desfiz desde que iríamos para Miami. - Murmurou.

- Viu? O que seria uma lembrança ruim agora irá se tornar uma boa. - Sentou-se na cama ao seu lado. - Sabe que eu te amo muito e não te obrigaria a nada que pudesse te trazer coisas erradas, não é? - Ele assentiu.

- Muito obrigado por estar ao meu lado esse tempo todo. - Abraçou-a. - Te amo mais que o infinito. - Riu.

- ZACK, entre! - Ela disse alto e logo a porta se abriu. Ele estava escutando tudo de fora.

- Que complô é esse?! - O mais velho disse rindo.

- Viu, era esse sorriso que queríamos. - Beijou sua bochecha e se levantou. - Agora é contigo. - Ela falou ao moreno e saiu do quarto.

- Trate de levantar dessa cama e tomar um banho por mais de trinta minutos. Você tem só dormido por três dias. Sua cama deve estar podre. - Disse rapidamente. Leonard ignorou a maioria do que ele falou e foi tomar seu precioso banho. Realmente, estava precisando disso.

Quando saiu, os quatro desceram e comeram um lanche reforçado. No meio desse 'jantinha', Nick e Luke chegaram, se juntando na mesa. Eles haviam trazido suas malas e agora todos estavam prontos para viajar.

--

- Cuidem do meu menino. - Jay pediu novamente. - Não deixem ele ficar triste. E o façam ligar para mim todo o dia.

- Temos que ir. - Stanley falou segurando a mão de Leonard e carregando sua mala.

- Vou morrer de saudades.

- Mãe, vou ficar uma semana. - Ele revirou os olhos.

- Eu sei, mas é o meu bebê. - E o abraçou.

- Vamos lá. - Luke disse, entrelaçando seus dedos com os de Nick.

Foram entrar na sala de embarque quando Leo sente algo sem sua calça, puxando-a. Olha para trás e vê Phoebe.

- O que houve? - Perguntou preocupado.

- Lembrei de uma frase que li. Ela é o máximo que eu posso dizer para te ajudar. - Sorriu meiga. - "Se tu choras por ter perdido o sol, as lágrimas te impedirão de ver as estrelas". - O garoto sorriu de volta ao reconhecer. Pequeno príncipe, que agora virou um de seus livros favoritos.

- Esse foi o melhor conselho que alguém já me deu. - E beijou sua testa. - Eu te amo muito. - Suspirou. Não queria ter que deixá-la para trás, mas estavam esperando-o. - Tenho que ir. Quando voltar, irei comprar uns quinze livros pra você. - E abanou, se juntando a eles.