Abri os olhos e estava com uma luz branca, não sabia onde estava, até ouvir a voz do meu pai.

-Querida, está tudo bem! -Eu não entendia nada, estava em um lugar desconhecido, com meu pai ao lado e falando querida? What fuck?

-Onde estou pai?

-Está no hospital, não se lembra? -Agora que estava me lembrando, o carro, ele capotou por causa daqueles merdas, mas não pude deixar de pensar se eles estavam a salvo. Meu pai deve ter visto minha preocupação, pois logo foi se adiantando. -Está tudo bem com os rapazes, só que eles vão levar uma bela de uma multa e pagar pelos estragos em seu carro, eles fizeram o teste, estavam embreagados.

-Ok pai. Mas desde quando estou aqui?

-Faz poucas horas desde o acidente, você vai fazer mais alguns exames e se der tudo certo amanhã poderá sair, vai ficar tudo bem, só que eu tenho que ir agora, tudo bem? -Não era uma pergunta, era uma frase formulada para virar uma pergunta, por mais que eu falasse que era para ele ficar, ele não ficaria.

-Tudo bem, bom trabalho. -Não vou mentir, por mais que eu não seja próxima dele, ele era meu pai, ele tinha que ficar, e não ir ao plantão do trabalho.

Chegou uma moça, provavelmente infermeira, me deu alguns remédios e falou que tinha uma visita para mim, deixei que entrasse, deveria ser a Caroline, para vir até aqui numa hora dessas?! Só alguém muito próximo. Mas não era, era um cara, foi entrando devagar, sabia que conhecia, só não sabia de onde tinha conhecido ele, estava com uma baita cara de interrogação quando ele falou.

-Ei, não sei se tinha me visto no Ramones, eu também estava na caminhonete, vim pedir desculpas, eles são meio loucos e orgulhosos, nunca viriam aqui, mais uma vez me desculpa mesmo, vamos pagar tudo.

-Haa. -Estava me lembrando era aquele que estava com uma cara de tédio. -Tudo bem, aceito suas desculpas, só se me falar que nunca mais vão fazer isso. -Dei um leve sorriso, a quanto tempo eu não sorria mesmo?! Ha.. mais ou menos seis meses, eu devo ter batido a cabeça, só pode. -E vocês, estão bem? -Por mais que meu pai já tivesse falado que sim, quis perguntar, sei lá, sabia que eu não conseguiria dormir, então, vamos conversar com quem quase me matou.

-Estamos, foi mais o Dime que se machucou, era o que estava dirigindo. Mas o resto nada, e você? Parece que está bem.

-Pelo que me disseram estou, mas tenho um monte de exames para fazer ainda.

-Certo, agora, vou indo, talvez você queira dormir.

-Haa, não, pode ficar, tava até precisando de alguém para conversar, eu não durmo de noite, insônia. Mas se você quiser ir pode ir, vou ficar bem.

-Não na verdade não tenho nada para fazer, também tenho insônia. -Ele deu um sorriso, que sorriso lindo, OMG. Minhas expressões, o jeito que eu estava pensando, estava tudo diferente, na verdade, tudo voltando ao normal.

O silêncio estava consumindo aquele lugar, e eu não queria que ele fosse embora, então fiz algo que a muito tempo não fazia, puxei conversa.

-Mas e você? Deve ser novo por aqui, eu nunca te vi!

-É, você acertou, eu vim para fazer faculdade de fotografia, dissem que aqui é ótimo para isso.

-A sim, é ótimo, aqui é uma cidade pequena, mas, tem bons cursos. Desculpa, não perguntei, qual o seu nome?

-Mikael, e você?

-Karen, prazer. Aqueles caras, são seus amigos?

-Não, não, na verdade não tenho amigos, eu sou irmão do Dime, o que estava dirigindo, ele e os amigos estavam aqui por causa da festa, agente iria para lá, mas.. -Que homem falaria de cara que não tem amigos?! Só este.

-Houve o acidente, por que você não pegou a direção? Parece que você não havia bebido!

-É não tinha mesmo, mas depois que você gritou com eles, eles ficaram mais idiotas do que já são, e deu nisso.

Fomos conversando, não sei como, mas consegui conversar do jeito que a muito tempo não fazia, até contei sobre o acidente, de como eu estava, ele me trazia seguraça. Mas, ele não contou porque ele era daquele jeito, deve ser só eu mesma que me abro com o primeiro cara que acho....