The Fear escrita por Enid Black


Capítulo 29
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

Ohayo, queridos nighters! Sim, era pra eu ter postado domingo e cá estou eu morrendo de sono em uma quarta feira postando... Mas vocês me perdoam, não é? *w* Enfim, aqui está o novo capítulo ;3 Boa leitura e obrigada a todos que estão lendo!



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A voz negou-se a chegar a minha boca, deixando-me silenciosamente petrificada enquanto Mikael observava minha reação.


– Como aquele fodido pode ser a solução de nossos problemas? - o garoto disse, e então deu de ombros - Não faço a mínima ideia.


– Então eles não mataram o Nightwalker que havia me atacado - sussurrei, a ideia daquele monstro escarlate andando pelas ruas arrepiando minha pele.


– Não sei - Mikael respondeu - Ele caiu no chão, tipo, parecia bem morto, mas, sei lá, vai saber os truques desses caras.


Assenti lentamente enquanto suspirava, sentindo-me ligeiramente frustrada por não poder descontar a raiva que estava de Ciel naquele rosto sarcástico do híbrido.


– Temos que proteger o cara que eu mais quero matar - disse, com um sorriso sem humor - Que ironia essa vida.


Mikael riu baixo, olhando para as mãos apoiadas ligeiramente no lençol fino da cama onde estávamos sentados e abriu a boca novamente, preparando-se para dizer algo.


– Emily, eu... - ele começou a dizer lentamente, porém suas palavras foram interrompidas quando repentinamente as luzes a nossa volta se apagaram, deixando-nos na escuridão nada bem-vinda.


– O que é isso? - perguntei, levantando-me no mesmo momento, meus pés batendo pesadamente no chão, fazendo o som daquela pequena ação ecoar pelas paredes vazias.


– Nada de pânico - ouvi a voz de Tariq dizer alto e calmamente - Ocorreu algum problema técnico que logo será resovido, podem ficar calmos que é praticamente impossível os pequenos monstros chegarem até aqui.


Mesmo em seu tom seguro e autoritário, consegui sentir uma pontada de incerteza na polida frase do homem, e apenas a possibilidade de ele estar apreensivo com a situação já fez com que o medo crescesse em meu peito.


– Você ouviu ele, Emily - Mikael sussurrou, como se temesse que as sombras pudessem nos ouvir - Não precisa ter medo.


Olhei para os cantos na escuridão, tentando distinguir a figura de Mikael, porém o negrume se estabelecera de tal forma que eu não enxergava nem minhas mãos se as colocassem à frente de meu rosto. Tateei lentamente pelo cômodo até encontrar a cama e me sentei novamente hesitante. O garoto ainda sentado no móvel estendeu o braço e pegou minha mão, sua pele quente e confortável em contraste a minha gélida e nervosa.


– Fique calma - ele sussurrou novamente, tentei me segurar naquelas palavras e acalmar minha respiração.


Comecei a ouvir um som compassado propagando-se pelos azulejos frios do local, um barulho ritmado que já me era familiar, e que me trazia um pânico primitivo toda vez que o escutava. Os pingos sutis que tantas vezes assombraram meus pensamentos continuavam incessantes, e pelo seu som próximo eu deduzia que sua origem não deveria ser muito longe da passagem para o quarto.


– Está ouvindo isso? - murmurei para Mikael, sentindo sua respiração parar apreensiva por um momento.


– O quê? - indagou ele de volta, enquanto os sons úmidos pareciam aumentar a ponto de se encontrarem na porta do cômodo.


– Essas... Gotas - respondi, tentando fazer minha voz soar firme através de minha garganta que se fechava.


Você é a única que pode ouvir, querida. Uma voz inundou minha mente, seguida de uma risada seca. Mesmo em todo meu desespero, pude perceber o tom diferente que aquela voz tinha do único outro monstro que havia conseguido invadir minha mente, meu anjo.


Apertei firmemente a mão de Mikael, tentando controlar as lágrimas piedosas que queriam se apoderar de meus olhos, enquanto minha respiração descompassada voava ruidosa pelo quarto escuro.


– O que foi, Emily? - Mikael gritou, chegando perto de mim - Precisamos de ajuda aqui - ele gritou mais alto, desejando alcançar as outras pessoas que se encontravam naquele lugar.


– A luz está voltando, em minutos estaremos ai - ouvi a voz de Tariq responder abafada.


Oh, queridos, em minutos meu trabalho estará terminado. A voz ecoou alegremente por meus pensamentos, fazendo todos os meus músculos ficarem tensos com as possibilidades de morte que rodaram em minha imaginação.


Não, não, fique calma. Ele continuou com um tom sussurrado, percebendo meu medo crescente. Eu não vou te matar, ainda. Minha função aqui é apenas fazê-la perder a razão para seu próprio pânico. Uma risada baixa arrastou-se por minha cabeça, arrepiando toda minha pele.


Desse modo. Ele arranhou minha mente com a voz gutural, puxando-me lentamente para os pesadelos enegrecidos de meu subconsciente. No próximo instante o calor da mão de Mikael esvaiu-se de minha pele, deixando em seu lugar uma sensação fria e solitária, como pequenas agulhadas de gelo.


Olhei à minha frente e percebi que não estava mais no quarto esverdeado dos cientistas. Eu estava em um pequeno cômodo infantil, parada ao lado da porta, observando uma pequena garotinha encolhida por baixo de seus grossos cobertores, os tecidos escondendo seu rosto a ponto de apenas deixarem seus olhos escuros e temerosos mostrarem sua vivacidade, enquanto encaravam em pânico algo a sua frente.


O quarto estava escuro, e apenas a luz amarelada que passava pela porta onde eu estava parada iluminava o local, lançando uma cor segura aos ursinhos sorridentes empoleirados em prateleiras cor de rosa, ao mesmo tempo que projetava sombras sinistras pelas paredes pintadas delicadamente.


À frente da pequena garota, um ser monstruoso a observava, suas asas longas e negras roçando levemente o teto lilás, tingindo os locais onde passava do escarlate vivo que pingava de suas penas. A luz parcial que iluminava a cena chegava sutilmente a seus olhos dominados pela cor escura, enquanto um sorriso cruel e ameaçador desenhava-se por sua face pálida, devolvendo à criança a pior visão que ela poderia ter em sua vida.


Percebi aterrorizada que eu conhecia aquela cena, que eu pertencia àquele cenário. O único aspecto que mudara em todo o teatro aterrorizante fora a perspectiva com que eu assistia a peça mórbida. Na primeira vez, eu estava ali, encolhida entre as cobertas estranhamente gélidas observando o pesadelo que assombrara os sonhos daquela noite.


Eu revivia uma cena de minha infância. Eu era aquela garota indefesa.


E meu anjo mostrava seu sorriso sangrento para sua próxima vítima pela primeira vez.


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Notas finais do capítulo

E é isso, queridos >w< Acho que essa última frase ficou meio fora do contexto, mas enfim, deixarei assim kkk Ah, e eu tenho um aviso para vocês, queridos! Já que quase nunca eu estou conseguindo entrar pontualmente no domingo para postar, vou começar a postar os capítulos uma vez por semana, o dia que der certo para eu entrar :D Entenderam, queridos? É triste acabar com a rotina de domingo de The Fear maaaaaas eu não posso fazer nada T^T É minha escola bendita que anda controlando a minha vida kkk Enfim, deixem seus comentários lindjos! E até semana que vem! ;3



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