The Fear escrita por Enid Black


Capítulo 15
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Hello nighters!! Pois é, aqui está The Fear em uma quarta-feira (?), mas isso é porque eu não estarei aqui domingo, e não quero deixar vocês sem capítulo como eu fiz antes T.T Quero agradecer a todos que estão lendo, e principalmente para Reet pela recomendação fodástica nessa história '0' Enfim, boa leitura para todos! E feliz natal (atrasado) e ano novo (adiantado)!



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Eu queria correr, queria gritar e fugir para longe daquela garota aterrorizante, porém meus pés estavam fincados no asfalto e meu corpo se petrificara pelo pânico. Eu só conseguia ver o sorriso negro da pálida garota aproximando-se de mim, demonstrando minha morte iminente.

– Puta que pariu! - Ciel gritou, quando percebeu a inocente garota que se transformara naquele monstro.

Ele puxou meu braço, afastando-me da criatura e acordando-me do medo que estava me prendendo momentos antes. Ele pegou-me no colo (em qualquer outra situação eu odiaria isso, mas você acha que naquele momento eu estava no estado para fazer alguma reclamação?), e começou a correr.

A habilidade de correr extremamente rápido que ele herdara de sua recente transformação se mostrara muito útil naquela hora, as casas abandonadas da rua escura passavam como sombras ao nosso redor, bem mais rapidamente do que poderia acontecer se eu estivesse correndo sozinha.

O problema era que nosso inimigo também era um Nightwalker e um ótimo corredor. Olhei por sobre o ombro de Ciel e percebi a sombra da garota correndo atrás de nós. Ela andava como se fosse um animal irracional, usando as mãos e os pés para se mover mais depressa, seu corpo sacolejando descontroladamente devido aos seus movimentos anormais.

Não consegui ver seu rosto pela penumbra que dominava a rua deserta, porém previa que o sorriso rasgado ainda habitava em sua face de olhos negros petrificados.

A menina parecia se aproximar cada vez mais de nós, e, da distância em que estava agora, eu conseguia ouvir grunhidos irregulares vindos da criatura, excitada pela caça.

– Ah, Ciel... - eu disse, começando a me preocupar.

– Não se preocupe querida, o Nightwalker aqui ainda tem cartas na manga - ele disse, em um tom quase divertido. Não sei qual era sua ideia de diversão para parecer feliz daquele jeito, mas a minha era bem diferente de nossa realidade.

No mesmo momento Ciel apressou o passo, e em instantes a silhueta da garota começou a se afastar, não passando de um ponto se movimentando em toda aquela escuridão.

Para mim aquilo não fazia sentido, um Nightwalker habilidoso com ela parecia ser deveria ser mais rápido do que o inexperiente Ciel, porém eu não queria discutir questões de lógica com ninguém naquele momento.

Ciel virou em uma rua, se direcionando ao muro de uma das casas da região. Ele pulou o pequeno muro, porém essa ação não pareceu uma boa ideia me carregando, já que no final ele acabou tropeçando em uma pedra solta em seu pouso, e com um grito sufocado, acabamos caindo na grama um pouco alta do que fora o jardim de alguma dona de casa tempos antes.

– Correr de um Nightwalker? Beleza. Agora pular um muro é algo demais para você pelo visto - eu disse, esfregando o braço com o qual tinha caído e que agora estava ligeiramente machucado.

– Você é bem ingrata para uma pessoa que acabou de ser salva - Ciel disse, movimentando-se até encostar as costas no muro que havia pulado.

– Obrigada - respondi, arrastando-me para seu lado.

Ficamos alguns minutos sentados ali, tentando controlar a respiração descompassada por aquela garota escrota.

Havíamos perdido as lanternas em nossa corrida descontrolada, e aquilo era um passe para estarmos mortos, o que nos dava a alternativa apenas de torcer para que o arcenal de Nightwalkers da noite tivesse acabado.

O som do vento fraco balançando a grama amarelada fazia companhia ao barulho sem ritmo de nossa respiração, a junção dos dois transformando-se na música daquela estranha noite.

Repentinamente, ouvi o som de um passo sendo dado não muito distante dali, era um barulho sutil de folhas sendo esmagadas que não seria percebido se não fosse o total silêncio que se instalara ao nosso redor. Percebi Ciel tenso ao meu lado no mesmo momento.

– O qu... - tentei dizer, porém Ciel colocou a mão em minha boca, abafando qualquer som que eu pudesse tentar fazer.

Estávamos congelados naquela posição, tentando mexer o mínimo possível para não fazer nenhum som que denunciasse nossa presença. Eu sabia que aquela não era a melhor alternativa, os Nightwalkers usavam outras artimanhas para encontrar sua comida, porém aquilo era o máximo que podíamos fazer naquele momento.

Olhei para Ciel, ele ainda estava ofegante, exausto com a última fuga que tivemos, e não estava pronto para repetir aquilo novamente. O som dos passos aumentava em ritmo descompassado, muitas vezes acompanhado por um barulho que parecia com um arrastar de algo. Era só o que me faltava naquele momento, um Nightwalker com uma foice gigante pronto para nos fatiar ou alguma ferramenta macabra desse tipo. Eu realmente não tinha sorte.

A distância entre nós e a criatura diminuía a cada passada arrastada desta, senti meu coração bater mais forte no meu peito, o som abafado deste ecoando dento de meus ouvidos, parecendo querer aproveitar seus últimos instantes de vida. Minhas mãos tremiam descontroladamente, e percebi que a mão de Ciel em minha boca também tremia levemente. Nós dois percebíamos que nossa vida chegara ao fim.

Uma silhueta começou a se destacar da grama que nos cercava, sua figura parecia a de um humano adulto, seus braços pendendo pesadamente ao lado do corpo com cada passo que dava. Percebi que não trazia nenhuma arma nas mãos, eu iria morrer a dentadas mesmo.

Comecei a perceber uma diferença no céu que não havia notado antes, este já se encontrava em um preguiçoso azul mais claro que o negrume que habitara ali antes. A pequena luz que se instalara a poucos momentos nos deu a oportunidade de observar parcialmente nosso assassino.

Este parecia se tratar de uma mulher. Sua roupa se desfazia em farrapos, apenas escondendo parcialmente seu corpo. Diversos ferimentos decoravam seus membros, fazendo desenhos vermelhos e negros em sua pele exposta, sendo o pior deles uma grande queimadura em uma de suas pernas, que a fazia ter que andar arrastando o membro debilitado. Seus cabelos negros eram uma confusão em volta de seu rosto, os lábios eram rachados e escuros, tom que constratava com sua pele extremamente branca, e seus olhos estavam tampados por um pano sujo e ensopado de sangue, sendo que algumas lágrimas escarlates acabaram escapando e desceram por suas bochechas pálidas. Aquela não era a melhor visão que eu poderia desejar para ser minha última observação em vida.

Agora a mulher já estava a centímetros de nós. O céu passava rapidamente de um tom azulado para laranja, porém o Nightwalker não parecia se importar com isso. Ela agachou a nossa frente, colocando as duas mãos extremamente machucadas apoiadas na grama.

Percebi Ciel se encolhendo ao meu lado, toda o seu orgulho sendo esquecido diante da morte que o esperava. A mulher inclinou-se em nossa direção e farejou o ar, detectando nosso cheiro. Seus lábios arrasados esboçaram um fraco sorriso, revelando sua boca também negra.

– Finalmente - ela disse, em uma voz rouca e sussurrada.

Ela aproximou-se de mim, sua fragrância podre aumentando de intensidade quando seu rosto danificado estava a centímetros do meu. Eu não podia fazer mais nada naquele momento além de fechar os olhos e esperar que a morte viesse rapidamente.



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Notas finais do capítulo

Cara, esse capítulo foi tão bom de escrever >.< *risada maléfica* Ér, quero pedir desculpas por qualquer erro que eu tenha deixado passar, acho que sou mais uma criatura noturna do que uma que gosta de acordar cedo D: Enfim, mandem reviews nighters lindos? Para que o 2013 dessa sonolenta aqui seja mais feliz? :D