The Fear escrita por Enid Black


Capítulo 12
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

E aqui mais um capítulo! Gomen a correria, minha férias andam uma loucura D: Boa leitura!



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Levantei-me devagar, Ciel acompanhava todos os meus movimentos, preparado para me perseguir se eu tentasse fugir. Eu não tinha escolha.

– Ok - eu disse, olhando para seu rosto, ele ainda sorria, divertindo-se com aquilo. - O que você quer?

– Eu quero que você me ajude a destruir o cão - ele disse, encostando a mão na parede atrás de mim, me prendendo novamente.

– Cão? - disse, não entendo o que ele dizia.

– Anjo, cão, como você queira - ele respondeu, revirando os olhos.

– Boa sorte com o plano impossível - disse, tentando me distanciar o máximo que aquele pequeno espaço me permitia.

Ele deu uma risada seca.

– Não seria tão difícil com uma garota espertinha como você ao meu lado - Ciel respondeu, traçando a linha de meu queixo com o dedo, afastei sua mão no mesmo momento.

– Mesmo com o máximo de pessoas que consiga, não tem como matar um Nightwalker - eu disse, tentando tirar a idéia idiota de sua cabeça.

– Pelo visto tem - ele disse, tirando algo do bolso de sua calça jeans surrada e entregando-me.

Deparei com um pequeno pedaço de papel, sujo e manchado de sangue. Nele, lia-se em letras apressadas:

Rua Afford, 185

– O que é isso? - perguntei.

– O esconderijo dos últimos cientistas desse século, desde quando os Nightwakers 'nasceram' eles pesquisam uma arma para destruir esses bichos. - ele disse, seus olhos prateados brilhando de ansiedade.

– Ah, e esse esconderijo é tão bom que você até conseguiu o endereço? Isso é uma palhaçada, cara. - respondi, negando toda aquela história.

– Passei por muita coisa para conseguir essa informação - disse ele, uma raiva súbita visível em sua voz novamente - E não custa tentar, na situação em que estamos.

– Por que não deixa esses cientistas salvarem a humanidade sozinhos? Pra quê ir atrás disso?

– Porque eu preciso matar o cão, você não entende - disse ele, a raiva crescente.

– Orgulho idiota. Mas acho que não tenho muita opção, tenho?

– Não, é morrer aqui ou tentar sobreviver lá - ele disse, aproximando-se de mim novamente.

– Ok, ok. Eu entendi da primeira vez - disse, levando as mãos à cabeça em sinal de rendição.

– Vamos sair daqui então, estou morrendo de fome - ele começou a andar, a ideia do almoço dele me enojava.

Levantei e comecei a seguí-lo, ele já estava bem distante, e nem se dava ao trabalho de olhar para trás para ver se eu também andava, nós dois sabíamos que eu não tinha escapatória nem se tentasse.

Apenas naquele momento eu percebi a total ausência de qualquer pesadelo naquele lugar, nada se esgueirava das sombras para me atacar, e isso era realmente estranho, ainda mais se tratando de um esconderijo de Nightwalkwers.

Comecei a observar Ciel, meus olhos haviam se adaptado totalmente àquela escuridão, então eu conseguia visualizar seu vulto à minha frente. Seu passo era confiante e despreocupado, um contraste grande com aquele cenário de tortura e medo, mas eu pensava que virar um ser ameaçador que podia obrigar todos a fazer os seus desejos deixava qualquer um se achando o fodão, mesmo no apocalipse.

Eu ainda não sabia qual era o objetivo dele comigo. A possibilidade dele estar apenas me usando e de que iria me devorar assim que eu fosse inútil para seu plano estava clara para mim, porém eu não tinha muito o que fazer quanto a isso no momento, por enquanto eu continuava viva, e isso bastava.

Aos poucos percebi uma luz no fim do corredor, que foi aumentando enquanto nós andávamos em sua direção, quando cheguei mais perto pude sentir uma leve brisa do vento de fora daquela prisão. Finalmente eu saía dali, não havia pensado que isso poderia acontecer.

Ciel parou em frente a passagem, hesitante quanto à entrar na frente do sol.

– Com medo de um calorzinho agora? - perguntei, quando cheguei ao seu lado.

Ele me lançou um olhar de raiva.

– Não vejo por que eu teria medo - ele respondeu, irritado.

– Ok - eu disse, e recomecei a andar, sentindo os raios de sol esquentando minha pele.

Ouvi o som de passos atrás de mim, Ciel me seguia com passos vagarosos.

– Pelo visto nada acontece - ele disse, olhando para seus braços. O que ele esperava? Começar a virar pó?

– Claro que não, isso não faz nada com os Nightwalkers, só os amedronta, isso quando ele já estão acostumados com a escuridão, o que não é seu caso.

– Eu sabia disso - ele respondeu, esquecendo sua raiva com um sorriso idota no rosto - Mas era melhor não arriscar.

Revirei os olhos.

– Qual é o próximo passo do seu plano, esperteza? - perguntei.

– Primeiro, comer, depois achar um grupo e convencê-los a nos ajudar a encontrar esses cientistas - ele disse, como se fosse a coisa mais fácil do mundo.

– Claro, porque todos vão querer um híbrido andando pelo grupo - respondi, aquele cara não percebia o furo que tinha em suas ideias?

– É ai que você entra, querida. Com uma humana do meu lado as pessoas notarão que eu sou inofensivo.

– Inofensivo? - disse, erguendo as sobrancelhas.

– Pelo menos na aparência - ele respondeu - Mas, como eu disse, primeiro vamos comer.

– Obrigada, não quero virar canibal por enquanto - respondi, e comecei a caminhar para longe dele.

Em instantes Ciel estava ao meu lado, segurando meu braço novamente. Aquilo começava a me irritar.

– Nem pense em sair daqui. Vou procurar algo para comer. - ele disse, e se distanciou tão rapidamente quanto havia se aproximado, entrando em um prédio que parecia abandonado.

Sentei no asfalto quente enquanto esperava. Tentei repassar as cenas que ocorreram tão rapidamente nas últimas horas. Nada parecia fazer sentido. Por que o anjo havia saído no meio de seu trabalho? E que porra estava eu fazendo ajudando um híbrido que eu nem sabia que havia possibilidade de existir?

Comecei a pegar as pedrinhas soltas da rua e jogá-las para longe enquanto essas perguntas atormentavam meus pensamentos. Percebi que uma sombra se alastrava pela rua, olhei para o céu que já estava se alaranjando. O sol estava se pondo. Eu estaria em perigo dali algumas horas.

Escutei um barulho á minha frente, assustando-me, peguei uma pedra um pouco maior e me preparei para o que quer que aparecesse.

– Não vai conseguir muita coisa acertando essa coisinha em um monstro - disse Ciel, aparecendo repentinamente atrás de mim.

– Era você que estava fazendo esse barulho? - perguntei, levantando-me rapidamente e me virando em sua direção.

– Sim. Sua cara de pânico é extremamente divertida - ele disse, um sorriso cínico dominando seus lábios.

– Achou sua comida? - perguntei, ignorando seu comentário.

– Não - ele disse, seu rosto se fechando em uma expressão de frustração, sumindo com o sorriso de momentos antes - Mas achei isso.

Ele me jogou algo, peguei-o e percebi que se tratava de uma lanterna.

– Nós iremos precisar disso - ele continuou - Já me certifiquei de que funciona, e tenho outra para mim.

– Por que você precisa? Você é da família deles agora.

– Duvido que eles gostem do novo parente - ele respondeu - E não diga isso como se eu gostasse de ser um Nightwalker.

– Você parece ter se acostumado bem - respondi, referindo-me as constantes ameaças.

– Não posso ficar choramingando sobre isso por aí, posso? Não tenho tempo para isso. Preciso me virar com o que tenho, mas preferia mil vezes que isso não tivesse acontecido. - disse ele, e pela primeira vez percebi tristeza em sua voz.

– Não vai adiantar nada ficarmos parados aqui então - disse eu, tentando mudar o rumo do diálogo - Você não vai procurar algo para comer?

– Não - ele disse - Vamos embora.

Ciel começou a andar novamente.

– E-Eu tinha um grupo - disse, talvez pudesse encontrar Mikael, ele me ajudaria com aquele cara - Podemos ir atrás deles, nosso esconderijo não fica muito longe daqui. - identifiquei as casas que fazíamos a ronda de vez em quando á alguns metros dali, em poucos tempo estariamos no cassino.

– Vai levar um Nightwalker para seu grupo? - ele disse, seus olhos prateados denunciavam sua desconfiança.

Dei de ombros.

– Recebemos muito desse tipo de visitas - respondi, forçando um sorriso.

Ciel riu roucamente e veio em minha direção, comecei a caminhar e ele me seguiu.

– Essas visitas vem quase toda noite, certo? - comentou ele ironicamente, sua voz divertida.

– Como adivinhou? - respondi virando-me para ele, que andava um pouco atrás de mim, um sorriso verdadeiro iluminava seu rosto.

Virei-me rapidamente, escondendo o pequeno sorriso que invadia meus lábios também.



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Notas finais do capítulo

Bom, é isso! Prometo que domingo eu volto! E responderei os reviews assim que possível, beijos Nighters lindos! E novamente, gomen!