Havíamos chegado ao campo da colheita, agora seriamos separados e aguardaremos a apresentadora tirar um nome que estava certo para a morte. Após esperarmos em silencio em uma longa fila, tiraram um pouco do meu sangue e caminhei para me despedir de Emily e Zach, já que Peter tinha ido para o lugar dos responsáveis.

–Escutem os dois! Nenhum dos nossos nomes vai sair daquele globo. Iremos comemorar comendo na padaria por conta do Jasper-Naquele momento nem me importei em ela ter dito que iria criar dividas para o meu pai-Mary Charlotte Houston, Emily Anne Harrisson e Zachary Harrisson nenhum desses nomes vai sair!-Emily nos abraçou como se fosse a última fez que iriamos nos ver, eu esperava que não fosse.

Abraçamos-nos e fomos separados pelos pacificadores mandando irmos aos nossos lugares. Enquanto caminhava, senti o meu colar sendo arrancado. Virei-me, tinham muitas pessoa e algumas correndo nunca seria possível achar o ladrão.

Juntei-me as outras garotas da minha idade e esperei até a apresentadora subir ao palco, não esperei tanto, pois logo após minha chegada ela começou a falar.

–Distrito 8,estão preparados para conhecer os novos tributos?-Obviamente que nenhum dos adolescentes estavam ansiosos para receber uma tira de papel definido sua sentença de morte.

Primeiro passaram as mesmas coisas de sempre os vídeos do distrito 13 destruído e sobre a história de Panem, finalmente acabará essa parte da tortura.

–Cavalheiros controlem-se, primeiro serão as senhoritas. -Anniele, a apresentadora falava como se fosse a maior alegria do mundo ser tributo.

Uns instantes de silêncio para instalar o desespero em todos.

–...Maxime Blueberry!

Suspirei tranquila, eu não gostava de uma pessoa ser enviada para morte ,mas se existe, é melhor que outra.

Ouvi um burburinho entre os moradores alguns em estado de choque por conhecer a tributo dessa edição outros se perguntando quem era. Um grito sobressaiu da multidão e era a pior coisa que eu podia ouvir:

–É ela. - Uma garota apontou para mim – Ela é a Maxime.

“Não é você, houve um engano, avise a todos” uma parte da minha consciência falava “Como se importasse a Capital”. A outra retrocou.

Minhas pernas bambeavam mais do que qualquer dia de horas de trabalho, temi que elas não me aguentassem. Os pacificadores sem alguma hesitação me levavam ao ver que a escolhida ainda estava parada. Sabia que a Capital não se importaria, porém queria fazer a maior desordem que podia. Esperneei e gritei o máximo que pude até chegar ao palco e ver Jasper chorando. Foi a última coisa que eu queria ter visto, ele era a pessoa mais forte que conheci, nunca se quer soltou uma única lágrima quando a poliomielite levava a saúde da minha mãe ou quando meu irmão feliz por ter pegado uma mochila na cornucópia foi atingido por uma faca em sua cabeça. Todas essas situações foram extremamente horríveis e devastadoras, contudo, não era pior do que ver o que se passava atrás do olhar dele. O desespero, a revolta, sua única filha -resto de sua família- sendo levava para morte como um entretenimento para os idiotas da Capital, os únicos que celebravam essa época.

Quando me botaram ao lado de Anielle, disse entre dentes e com o maior desprezo imaginável:

–Não sou eu que vocês querem. Meu nome é Mary Charlotte Houston, vocês podem procuram nessas milhares tiras de papel que tem 16 com o meu nome. - Apontei o globo de forma odiosa.

A apresentadora soltou uma longa gargalhada.

–Garotinha, trabalho nisso a mais tempo do que você imagina, já vi muitos truques e de jeito maneira será esse que vai me contornar. Sua mentirosa! -Ela apertava a mesma parte do braço que os pacificados me levaram violentamente – E nem imagino o que faz uma pessoa recusar o seu destino. Ser escolhida é uma grande honra e de ser tratada como tal.

Os outros que estavam no palco balbuciaram concordando e assim seguiu a colheita até a retirada de outro nome. Adam Klimmer. Um garoto de 15 anos com aparência de 17 ele não parecia contente tão pouco revoltado, todavia se ele tivesse, teria que tirar o chapéu para sua atuação. Aconteceram as mesmas coisas: o aperto de mãos, o falatório no palco e o hino de Panem depois fomos arrastados para uma salinha bem luxuosa com um sofá branco confortável que fui instruída a sentar.

Emily entrou correndo e pulou direto em um abraço com muita força e só nos desentrelaçamos pelo tempo que era escasso.

– Promete que vai cuidar do Jasper para mim? - Saiu como queria, um tom tranquilo e de calmaria mas realmente minha seria de desespero.

Ela assentiu com a cabeça e chorava intensamente.

–E se cuida. Charlie não é a mais forte nem a melhor de pontaria mas eu tenho certeza que vai conseguir. - Emily parou de soluçar aos poucos - Essas pessoas são cruéis, elas não hesitaram em se matarem, faça o mesmo. - Segurei sua mão quando ela ergueu a meu encontro.

– Queria pelo menos morrer pelo meu próprio nome.

Um pacificador falou a meia porta que o tempo havia terminado.

– Meu pai queria muito vindo porém quase bater em um deles não ajudou muito.

– Não queria que o Peter fosse punido por minha causa.

O pacificador voltou a entra e tirou Emily pelo braço, na soleira da porta ela disse:

– Não foi culpa sua.

Ela tinha tido por causa do Peter mas naquele momento serviu para muita coisa.

****

Entrou a pessoa mais improvável de todas: Anielle Forbes, quem eu entraria na arena só pelo prazer de desafiar quem me chamou de mentirosa na gente de toda Panem.

– Dispenso essa visita. – Virei-me esperando o barulho do salto coisa que seria um pouco improvável.

Ela veio a meu encontro e expressou sua melhor cara de deboche.

– É parece que estava certa. É mesmo Mary Charlotte Houston.

– Não me diga! E agora vão me soltar e nos só vamos nos ver de novo na próxima edição?- falei em tom de cinismo.

– Sua pirralha-mal criada. A Srta.Blueberry foi apresentada como você então é a nova tributo do distrito 8. A partir de agora só atenderá pelo nome de Maxime Blueberry.

Maxime Blueberry, outro que estou nutrindo muita raiva.

– E se isso não acontecer? Caso a injustiçada queira falar a verdade? E o que me impede? – tentei falar com o melhor tom de orgulho possível.

– A injustiça terá que arrumar novos amigos e família já que todos estarão mortos.

– Sua...

– Ouça muito bem, menina. - Anielle começou a girar em volta de mim querendo me amedrontar, algo que não aconteceu. – Manter-se calada é uma das condições de prolongar sua vidinha medíocre. Emily, Peter e Jennifer Harrisson formam uma bela família, concorda?

Senti um nó na garganta. A única coisa que senti era medo do que acontecesse.

– Jasper Houston. Um viúvo que viu a seus filhos serem levados pelos Jogos, esposa pela poliomielite e não suportava mais isso. Suicídio é uma causa bem plausível pelo seu falecimento.

– E se eu vencer?

–Coisa que não vai acontecer.

Ela falou algo muito coerente, as chances eram poucas, as minhas na conversa eram bem melhores.

– Se eu vencer...

– Ai nós daremos os mesmos prêmios para o distrito e para a família Houston.

– E se ocorrer de outra maneira, iria acontecer o que já citei. Particularmente, quero que abra sua boca já que estou interessada no último da fila.

Último da fila? Seria meu pai ou...

– Nem se atreva a chegar perto do Zach. – Fiquei parecendo uma adolescente ciumenta ao dizer isso.

– Ah, então falo do seu namorado?

– Ele não é meu namorado. Ele é o mais próximo do irmão para mim.

– E você queria que fosse mais do que seu irmão. – Revirei os olhos negando – Bem, tenho que ir então tenha toda a má sorte do mundo na sua saga.

– Igualmente.