Entre Deuses E Mortais escrita por Taisa Alcantara, Isabel Oliveira


Capítulo 18
Capítulo 18 – Florzinha delicada.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente...
Cara, que vergonha. Depois de todo esse tempo... voltar assim na maior cara de pau... tenho certeza que você nem lembram mais de mim :c
Quero pedir um minhão de desculpas. Mas não serão o suficiente. Me sinto uma hipócrita: morro de ódio quando to lendo uma história e o autor demora a postar... E, olhe para mim!
Enfim, os motivos vocês já estão carecas de saber: falta de tempo e criatividade. É, não tá fácil. Sem falar que eu to tão desanimada com essa história. Espero realmente receber reviews. Nem que seja um "vlw flw".
Tenho que fazer alguns avisos: E alterei uma porção de coisas na história - tais como a idade dos personagens - e também coloquei links de como eu imagino eles. Para vê-los basta voltar nos primeiros capítulos. Não me odeiem (ou odeiem, eu mereço).
Aqui vão as idades alteradas:
Melissa – 14 anos (em breve, 15)
Isabel – 16 anos
Malory – 17 anos
Claire – 16 anos
Connor – 16 anos
Travis – 17 anos
Cory – 17 anos
Becca – 15 anos
David – 16 anos
Joseph – 19 anos
Bem. É isso. Vejo vocês lá embaixo. Ah, é, o capitulo está grande (assim como as notas haha). 3.235 palavritas escritas com muito amor. Pensei em dividi-lo em dois, mas não ia ficar bom. Leiam em vão entender porque. Beijos no core.



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Despertei com a movimentação dos filhos do Hermes no chalé, que fazia o piso de madeira ranger abaixo de mim. A primeira coisa que notei foi a fila do banheiro feminino. Não estava com pique para enfrentá-la, então fiquei no saco de dormir até vai e vem cessar. Mais ou menos dez minutos depois eu já estava vestida com uma blusa do acampamento comprida e uma calça legging preta que ia até o tornozelo. Fiz uma trança meio sem jeito, botei uma sapatilha bem confortável e saí para tomar café da manhã.

Assim que sentei pra comer minhas panquecas, Connor surgiu do meu lado e beijou minha bochecha. Travis apareceu na minha frente e me cumprimentou também.

– Tudo bem Melissa? Não vi você voltar para a cama na noite passada. Dormiu no banheiro, foi?

Estreitei os olhos em sua direção. Ele deu um meio sorriso e voltou a comer.

– Não Travis. Não dormi no banheiro. Só estava irritada e quis me isolar – dei de ombros. – Nada demais.

Connor riu.

– Ela estava com ciúmes.

– Connor! Quantas vezes eu vou ter que repetir que eu não senti ciúmes? – bufei.

– Ahã, claro. Além de ciumenta, é péssima mentirosa.

Travis deu uma gargalhada alta. Fiz careta e voltei a comer minhas panquecas. Por fim o assunto acabou tomando outro rumo quando Chris Rodriguez resmungou algo sobre a mudança no cronograma de hoje. Segundo ele, o chalé de Hermes iria ficar o dia todo ajudando o de Hefesto na produção e organização de armas. Connor bufou.

– Que saco. Detesto essa tarefa. As forjas são um inferno, tem cheiro de fumaça e de cecê. Eu sempre saio de lá fedendo e com as mãos queimadas. Poxa, de que adianta ser conselheiro se não se pode ter privilégios?

– É – Travis concordou. – E se eu fosse você passaria uma dose dupla de desodorante, por que né, você não vai querer que a Melissa sinta seu, hã, "cheirinho natural".

Franzi o nariz e olhei para Connor, como se perguntasse “sério isso?” Travis fez cara de debochado e Connor deu de ombros.

Continuamos conversando sobre assuntos aleatórios e mexendo uns com os outros. Eu olhava em volta e via como que todos pareciam felizes e satisfeitos. Um sorriso involuntário surgiu no meu rosto. Eu senti que, finalmente, estava no lugar certo para mim. Senti que fazia parte de algo. Estava feliz. Olhei para o lado e vi que Connor me observava. Nossos olhares se encontraram e sorrimos simultaneamente. Senti um frio na barriga e meu coração bateu mais forte. Não entendia direito esse efeito que ele tinha sobre mim. Às vezes me senti segura perto dele, outras, ele me deixava nervosa.

Já tinha terminado meu lanche, mas Connor pediu para eu esperá-lo. Ele terminou de mastigar sua panqueca saímos juntos do refeitório.

– Nossa, nem acredito que vai ser amanhã. – Connor comentou.

Não sabia sobre o que ele estava falando. O que teria amanhã? Tentei me lembrar. Quinta-feira... Ah! Claro, ele se referia à festa no lago e... AI MEU DEUS! O encontro! DROGA. DROGA. DROGA. Esqueci que é amanhã. Por Hades, como eu pude esquecer?

– Está nervosa? – O Stoll falou, pegando minha mão. Meu coração deu um pulo. – Vai ser tranquilo, tenho certeza de que vai amar.

– Eu? Nervosa? Pfff. Por que eu estaria nervosa? Quero dizer, só vai ser mais um dia normal. Com uma pessoa que eu gosto. Eu não tenho por que esta nervosa.

Connor dá uma risada.

– Explica então por que a sua mão tá suada.

Desvencilhei-me minha mão da dele a sequei na calça.

– Isso não quer dizer nada, ok? Minhas mãos sempre transpiram, e isso não tem nada a ver com você.

Connor assentiu, mas podia ver pelo seu olhar que não acreditou em uma palavra do que eu disse.

– Mas me diz, você já arrumou um biquíni bem sexy pra usar no nosso encontro?

Arregalei os olhos e dei um empurrão no ombro do Stoll.

– Connor!

Andamos em direção aos chalés, até Travis surgir chamando seu irmão e falar que teriam uma reunião. Connor se despediu de mim e foi para a Casa Grande. Eu continuei caminhando até a fogueira e me sentei. O fogo estava baixo, quase inexistente. Olhei para o céu. Havia poucas nuvens passando, o sol estava fraco.

Deviam ser quase nove horas. O acampamento estava movimentado, mas eu ainda não queria fazer nada. Suspirei e comecei a pensar no que poderia acontecer nesse encontro. A verdade é que eu estava, sim, MUITO nervosa. Será que estou pronta pra isso? E se ele quiser me beijar? E se eu fizer uma besteira? Tenho tanto medo de estragar tudo. Uma pontinha de arrependimento surgiu dentro de mim. Talvez eu tenha me precipitado.

De qualquer forma, eu não podia ficar sentada pra sempre. Tinha tarefas a cumprir. Levantei-me e fui para as forjas. Cheguei lá e encontrei um cara que parecia um jogador de basquete. Ele era alto, negro, com um rosto durão, e sem deixar de ser bonito. Pigarreei. Ele largou o trabalho que estava fazendo com uma placa de bronze e olhou-me, erguendo uma das sobrancelhas.

– Oi, eu sou Melissa. Travis disse que o chalé onze iria trabalhar aqui, então eu vim. – Olhei em volta e vi que era a única que tinha chegado – Hã... Como eu posso ajudar?

O cara continuou me fitando. Depois de alguns segundos ele resolveu falar:

– Eu sou Charles Beckendorf. Conselheiro do chalé de Hefesto. Hm, você é filha de Hermes? Você não parece ser... É alguma indefinida?

– É, eu cheguei ao acampamento há uns três dias atrás.

– Imaginei. Geralmente, as crias de Hermes não se preocupam com horário ou compromissos. Enfim, você já trabalhou produzindo armas alguma vez?

Neguei com a cabeça.

– É, eu deduzi. – Beckendorf riu. – Basta olhar pra suas mãos pequenas e delicadas.

Não gostei do comentário que ele tinha feito. O que tinha as minhas mãos? Beckendorf virou as costas pra mim e pegou cerca de dez escudos de trás de um balcão.

– Vou te dar um trabalho simples para começar. Você vai pegar estes escudos e pendurá-los ali na parede. Cuidado, eles são pesados.

– Tá bom.

Queria provar que eu não era nenhuma florzinha delicada. Peguei logo o maior escudo e ergui. Beckendorf tinha razão. Ele pesava muito. Puxei o ar e, com bastante esforço, pendurei-o em seu lugar, verificando se estava bem preso. Não gostaria que aquilo caísse em cima de ninguém.

Beckendorf, no entanto, não prestava mais atenção no que eu estava fazendo. O filho de Hefesto tinha voltado a fazer seus traços delicados. Era impressionante como ele, com aquelas mãos gigantes, conseguia ser tão cuidadoso com o seu trabalho.

Voltei e peguei mais um, quase tão pesado quando o outro. Fiz força e levei até a parede, pendurando-o ao lado do primeiro. Continuei a fazer isso até todos os escudos estarem devidamente presos e arrumados. Beckendorf me olhava enquanto eu ajeitava o último.

– Muito bem. Achei que fosse desistir, mas você me surpreendeu.

Sorri.

– Certo. O que eu faço agora?

– Bom... Lá atrás tem um monte de lanças quebradas que temos que consertar. Traga-as aqui pra mim.

Fui até o local indicado por Beckendorf e trouxe cerca de vinte lanças partidas. Ele me explicou como eu tinha que remover o cabo defeituoso e trocar pelo novo. Ficamos trabalhando nisso por aproximadamente uma hora, sendo interrompidos quando Connor chegara com o restante do chalé.

– Melissa? Chegou mais cedo por quê? – O Stoll veio em nossa direção com seu sorriso cafajeste.

– Por que sim. – dei de ombros.

– Uh, ok. Quer ajuda? Não acho que mãozinhas delicadas como as suas devam mexer nisso.

Certo, agora eu estava irritada. Por que os meninos têm sempre que subestimar as meninas? Desde quando a mão de alguém representou sua habilidade? Respondi ao Stoll a altura.

– Não, eu não preciso de nenhuma ajuda, Connor Stoll. Eu e minhas mãos estamos nos virando muito bem aqui, obrigada.

Bem, consegui fazê-lo calar a boca. Connor saiu de perto de mim com cara de “O que eu falei de errado?”. Se havia algo que eu detestava nesse filho de Hermes era que ele nunca percebia seus erros. Beckendorf riu e olhou para mim com aprovação.

– Que foi? – perguntei, mal-humorada.

– Você tem personalidade, garota. Gostei disso.

Deixei um sorriso escapar. Continuamos trabalhando com o conserto de armas pelo resto da tarde, parando apenas para almoçar. Quando Charles me liberou, eu estava exausta. Meu corpo todo doía, tinham algumas farpas nos meus dedos e minhas roupas fediam a suor. Fui direto para o chalé tomar um banho revigorante. Coloquei um vestido verde florido que tinha levado na minha bolsa e saí. Pensei em passar na enfermaria para ver como Isabel estava. Claro que ainda me sentia responsável pelo acidente dela, portanto, decidi que só iria desgrudar da filha de Apolo quando tivesse a certeza de que ela estava totalmente recuperada.

No caminho encontrei com Connor, que assim que me viu veio falar comigo. Eu ainda estava brava com ele, logo, não parei para cumprimenta-lo nem nada. Passei direto, como se ele nem estivesse ali.

– Melissa! – ignorei-o – Volta aqui Mel, quero pedir desculpas! – continuei andando – Melissa, espera, me escuta!

Parei de andar e esperei Connor me alcançar. Cruzei os braços e fiquei o encarando.

– Ok. Tá. Olha, desculpa. – Connor olhava nos meus olhos. – Eu, eu não tinha entendido por que você tinha ficado brava, mas o Charles falou que ela por eu ter, é... Te subestimado. Eu não quis dizer aquilo. Eu ás vezes falo coisas idiotas e não percebo.

– Está desculpado. Tchau.

Dei as costas e saí dali, continuando meu caminho para a enfermaria.

– Ei! Espera! Melissa, volta!

Connor correu para me alcançar e parou na frente da porta, impedindo minha passagem. Tentei passar, mas ele bloqueou de novo. Bufei.

– Que foi? Já te perdoei e tudo mais, agora me deixa em paz.

– Não, você não me perdoou. Você ainda está brava comigo e vai me dizer por quê.

– Eu tenho que te dizer por quê? EU que preciso explicar por quê? É EXATAMENTE por isso que eu estou com raiva. Você é incapaz de perceber seus erros, Stoll! Você precisa perguntar o que fez de errado! Precisa que alguém te diga aonde você errou! Você não percebe como isso é imaturo?!

Connor ficou quieto. Então eu me dei conta do que eu havia dito. Ele me olhava, magoado, buscando entender se tinha ouvido aquilo mesmo. O arrependimento fechou minha garganta. Como eu iria me desculpar? Tudo que eu pensava era “Droga, por que eu disse aquilo? DROGA DROGA DROGA DROGA DROGA MELISSA, SUA IDIOTA.”

– Connor, me desculpa. – murmurei, tentando me aproximar – Eu... Eu não queria ser grossa e...

– Não se desculpe. – Ele me cortou. – Você está certa. E não precisa sair comigo amanhã se não quiser. Você, sem dúvida, merece alguém mais maduro do que eu.

Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, o Stoll saiu e me deixou só. Senti que algo dentro de mim murchou. Devia ir atrás dele. Devia pedir desculpas. Mas não consegui sair do lugar. Por que aquilo tinha que acontecer comigo?

Respirei fundo. Tinha que deixar para lá. Poderia resolver aquilo depois. Connor vai me perdoar, pensei, não vai guardar rancor. Rezei para isso ser verdade.

Agora, o que eu estava indo fazer mesmo? Ah, é. Enfermaria. Isabel.

Entrei e a localizei em poucos minutos. Ela estava com uma aparência melhor, com unhas pintadas e o cabelo arrumado. Ao seu lado, uma cesta toda enfeitada recheada de doces repousava sobre a mesa. Olhei o cartão e que vi que era de Cory.

Isabel estava distraída e não tinha me notado ainda. Mas eu podia perceber de longe que ela estava radiante. É claro que o presente tinha a deixado muito contente. Seus olhos castanhos estavam quase dourados de tanto brilhar.

– Oi. – chamei. A filha de Apolo saiu imediatamente dos seus devaneios e olhou para mim, sorrindo ligeiramente. – Sonhando com o Cory?

Ela corou.

– Nah... Claro que não

– Aham, tá. Você não me engana não, baby. Dá pra perceber de longe que você tá caidinha por ele.

Isabel pegou o travesseiro que estava usando para apoiar o braço e jogou em mim.

– Ei! – reclamei, devolvendo a travesseirada. Ela gargalhou. – Tá bom, eu vou parar de te zoar. Mas no dia do casamento eu faço questão de ser a madrinha.

A filha de Apolo revirou os olhos, mas ainda estava sorrindo.

– Chega. Vamos mudar de assunto. Como foi o dia de hoje?

– Bom, fiquei o dia todo nas forjas. Queimei minha mão. Meu dedo tá cheio de farpas. E estou super cansada. Nada demais.

Não quis falar sobre minha discussão recente. Iria resolver aquilo depois, de qualquer forma.

– Ah, sei como é. Mas, acredite, preferiria passar o dia todo nas forjas a ficar mais um aqui. Detesto esse lugar. Detesto a comida que servem aqui.

– Tenho certeza de que vai ser liberada logo. Estamos sentindo sua falta, sabe?

– Claro né? Tem como não sentir minha falta? Por favor, eu sou a luz desse acampamento! – ela riu comigo. Depois parou e me avaliou, intrigada. – Mas agora você não tem nenhum compromisso?

– Não sei. – encolhi os ombros. – Talvez eu tenha mais alguma aula, mas eu não tenho vontade de ir. Sério, a única coisa que eu desejo agora é dormir.

– Você não deve matar aula por minha causa.

– Eu não estou matando aula nenhuma.

– Eu não quero que fique de castigo.

Não entendia por que ela insistia tanto, parecia querer se livrar da minha companhia. Ou talvez só quisesse ficar sozinha.

– Vai logo, Mel. Se não quiser ir pra aula, vai conversar com o seu namorado.

– Ele não é meu namorado! – protestei. – Já disse isso!

– Não é ainda. Mas você estão quase lá...

Mesmo com meus protestos, ela continuou debochando da situação. Até que eu enfim a deixei em paz e me despedi, deixando a enfermaria. Coincidentemente, encontrei com Cory, que vinha na direção oposta.

– Oi! – ele me cumprimentou. – Veio visitar a Isabel, né? – eu assenti – Como ela tá?

– Muito melhor. Ah, ela amou a cesta. Foi muito gentil da sua parte.

Ele encolheu os ombros.

– Não foi nada demais. A Isabel merece, é uma pessoa muito especial...

Não era preciso ser nenhum gênio para notar que tinha alguma coisa rolando ali. Fiquei feliz pela minha amiga, ela merecia mesmo um cara legal como o Cory.

– Você tem sido um anjo para ela, de verdade. É um cara muito bacana. Eu até ficaria mais tempo aqui, mas tenho umas coisas pra resolver.

Cory ponderou, parecendo querer falar alguma coisa.

– Hã... Olha, não sei se isso te interessa, mas... Quando estava voltando vi Connor. Ele estava bem perturbado. Sabe, Mel... Ele é um cara bacana. Você só precisa confiar nele para perceber isso.

Dito isso, Cory entrou na enfermaria e me deixou sozinha, com suas palavras pairando a minha volta.

Voltei para a formação dos chalés, e de longe pude ouvir a cantoria e o fogo crepitando. Mas não estava nem um pouco no clima de festejar. Fui direto para o chalé onze, que esperava encontrar vazio. É claro que não foi isso que aconteceu.

Os irmãos Stoll estavam lá, cada um em sua cama. Eu os via, mas eles ainda não tinham me notado. Estava prestes a me retirar quando escutei Travis dizer:

– Talvez a Melissa estivesse de TPM, ou nervosa com alguma coisa. Meninas são complicadas.

– Cara, eu só perguntei se ela queria ajuda. O que isso tem a ver com subestimar?!

– Garotas sempre procuram complicar coisas simples. Acostume-se a isso.

Andei cautelosamente para trás de um dos beliches. E lá estava eu, mais uma vez, ouvindo a conversa alheia.

– Caraca Travis, grande conselheiro você, hein.

– Na verdade, não sei por que você ficou tão chateado. Achei que fossem só amigos, né? – Travis falou, num tom sarcástico.

– Nah. Nem eu sei por que me importo tanto com o que ela pensa. É só que... Eu não quero que ela se afaste de mim.

– Hmmmmm, entendi. E o que falta para vocês se pegarem?

Connor riu.

– Melissa nunca vai querer nada comigo. Ela me acha infantil.

– Melissa é uma menina esperta.

Connor levou um tempo para responder.

– É, ela é.

Decidi aparecer. Saí de trás do beliche e andei como se tivesse acabado de chegar. Senti um clima desconfortável surgindo ali, do tipo “A conversa chegou”.

– Hã, oi Melissa. – Travis disse.

– Olá Travis. Hum, você se importaria em me deixar falar com o Connor um instante? É bem rápido.

Ele assentiu e desceu de sua cama.

– Demorem o tempo que precisar – ele falou, dando uma piscadela e indo embora em seguida.

Connor estava sentado na sua cama agora, e me olhava com curiosidade. Eu estava nervosa, e ficava colocando o cabelo atrás da orelha e mexendo as mãos. Sentei-me ao seu lado na cama, inspirei e comecei a falar.

– Me desculpa Connor. Me desculpa, me desculpa, me desculpa. Só agora eu percebi como fui idiota. Talvez eu só estivesse terrivelmente nervosa. E olha, eu estou, tá? Eu nunca, nunca saí com alguém. Quero dizer, não assim. Eu estou com medo de fazer besteira. De te afastar de algum modo. Talvez essa minha explosão tenha sido só um jeito de fazer você deixar esse “encontro” para lá. – enquanto eu falava, vi que apesar de não ter pensado naquilo antes, era a mais pura verdade – Você entende?

Quando voltei a olhar para o Stoll, ele estava sorrindo. Aquele sorriso cafajeste e encantador que eu já tinha visto várias vezes durante esses poucos dias que estive no acampamento. Vi sua mão se mover devagar, tocando a minha, então subindo pelo meu braço, contornando o ombro, alastrando um calafrio ao se aproximar do pescoço e, finalmente, chegando no meu rosto. Sua palma estava quente e um pouco molhada de suor, e eu imaginei que ele devia estar tão nervoso quanto eu. Aproximava-se bem devagar, até que eu pude sentir sua respiração em minha face. Fechei os olhos e tentei controlar as borboletas que brincavam no meu estômago. Seus dedos seguraram meu queixo e podia jurar que dava para ouvir meu coração bater do outro lado do oceano. A respiração de Connor estava perto ainda, mas eu sentia como se seu rosto tivesse subindo. Então os lábios dele depositaram um carinhoso beijo em minha testa. Abri os olhos imediatamente. Seu rosto ainda estava perto demais, e o seu sorriso cafajeste tinha dobrado de tamanho. Também sorri, enquanto pensava “desgraçado”. Queria sentir raiva por ele ter me provocado daquele jeito, mas aquele maldito sorriso desfazia qualquer sentimento ruim.

– Não se desculpe, Mel. – Connor segurava minha mão. A ar ainda entrava e saia de modo descompassado em meus pulmões. – Você não disse nada de errado. Quem falou besteira fui eu. E se não quiser ir ao lago comigo como um encontro, podemos ir como amigos. O que acha?

Franzi a testa, pensando se isso me faria sentir melhor. Depois de pensar um pouco, concordei. Connor ficou muito feliz e me abraçou.

Fizemos planos para o dia seguinte e eu comecei a ficar mais segura. No que dependesse de mim, tudo seria perfeito. Fui dormir pensando nisso e não tive nenhum pesadelo.


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Notas finais do capítulo

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAWN *o*
Tão fofo esse maldito Stoll. Quero um pra mim hahaha. Tem como ficar brava? Não, né?
Okay, Que bom que você, leitor lindo, veio até aqui. Agora vai ali em baixo, por favor? No quadradinho ali ó ↓↓↓↓ e deixa qualquer coisa. Pode criticar, falar se escrevi errado (revisei trocentas vezes, mas ninguém é perfeito D:), se vocês não gostam de mim, etc. Beijos e abraços. Amo vocês.



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