Rose Weasley.

Um mês havia se passado, os enjoos cessaram e agora tudo parece estar se normalizando, na medida do possível, claro.

Minha barriga ainda não aparece apesar deu ter ganhado uns quilinhos, e cada dia fico mais apreensiva, pois como Domi disse, um bebê não é uma coisa que você esconde no armário e finge que não existe.

Esfreguei os olhos e me levantei, hoje meu plantão no hospital era mais cedo do que o normal.

Ah, e eu também voltei a trabalhar, claro.

─ Bom dia pra vocês! ─ disse Domi, que já tomava seu café.

Ultimamente sempre que ela se referia a mim, se referia no plural, e eu apenas sorria.

─ Bom dia! ─ falei me sentando.

─ Como vai meu afilhado? ─ ela perguntou enquanto colocava chá na chicara.

Impressionante como todos os dias ela me pergunta as mesmas coisas.

─ Está bem. ─ falei passando a mão pelo ventre. Ela sorriu.

─ Preciso ir ruivinha, qualquer coisa me liga. ─ falou ela, jogando a bolsa no ombro e saindo.

Claro, eu iria estar num hospital, então se eu passasse mal a primeira coisa que faria era pedir socorro para a Domi. Mas quanta lógica.

Terminei meu café e fui para o hospital. Lá estava tudo como sempre, e assim que cheguei fui atender uma garotinha de no mínimo dois anos.

─ O que ela tem? ─ perguntei observando a garotinha de cabelos louros, correr pelo consultório.

Na verdade, com a energia que ela tinha, nem parecia ter nada.

─ Eu não sei... Ela reclama muito de dor na barriga... ─ disse a mãe.

Então eu fui examinar o bebê, e durante esse tempo, não podia deixar de pensar no bebê que eu carregava.

E se ele ou ela nascesse loiro? Bom, ai eu já saberia quem é o pai... Mas se nascesse ruivo de olhos azuis seria um problema, uma vez que meus olhos são azuis como o céu e os de Mason são castanhos... Mas e se fosse azul acinzentado? Poderia ser os olhos dele ou só uma variação da cor dos meus?

Minha cabeça estava preenchida com tantos pensamentos que eu nem ouvi a mãe da garotinha falar.

─ Onde eu posso encontrar os remédios? ─ perguntou ela, pela terceira vez, acho eu.

─ Ah... ─ falei saindo de meus pensamentos. ─ Na farmácia aqui do hospital tem. ─ respondi.

A mulher agradeceu e se retirou. Como não havia mais consultas para mim, peguei meu livro: “Como ser uma boa mãe” na gaveta e comecei a ler. Não é como se eu não soubesse cuidar de um bebê, mas tem coisas que eu não sei como, dar de mama de quanto em quanto tempo? Qual a temperatura correta para da agua para o banho? Como prevenir as cólicas? E outras inúmeras coisas...

Estava distraída quando o telefone ao meu lado toca. Larguei o livro de lado e atendi.

─ Weasley. ─ falei.

─ Olá Rose, é Lewis. ─ falou meu obstetra.

─ Oi Lewis. ─ cumprimentei animada.

─ Tenho duas noticias para você, uma boa e uma ruim. ─ disse ele.

Meu coração parou. Seria algo errado com meu bebê?

─ Estou indo para sua sala. ─ falei com o nervosismo estampado na voz, saindo apressada de minha sala.

Tudo bem que um bebê não estava nos meus planos, mas eu já o amava mais do que a mim mesma.

Cheguei lá e me sentei a sua frente.

─ O que há? Tem algo errado com o bebê? ─ perguntei.

─ Calma, calma, está tudo bem com o seu bebê. ─ ele falou em tom tranquilizador.

Eu me aliviei e relaxei na cadeira.

─ O que houve? ─ perguntei.

─ Quer primeiro a noticia boa ou a noticia ruim? ─ ele pediu.

─ A ruim. ─ falei.

Era sempre assim, sempre que me faziam essa pergunta eu sempre optava pela noticia ruim primeiro, o por que, eu não sei.

─ Não vou poder ser seu obstetra mais. ─ ele disse.

─ Por que? ─ perguntei, triste.

Eu realmente gostava de Lewis, ele é um ótimo profissional.

─ Ai é que vem a noticia boa. ─ ele fez suspense.

─ Diga, diga. ─ pedi.

─ Você ganhou uma transferência para Flórida. ─ ele disse com um sorriso de orelha a orelha.

Flórida. Flórida. Flórida. Aquele nome ecoou em minha mente, há um oceano de distancia.

─ Flórida? ─ perguntei, hesitante.

─ Sim. ─ ele respondeu. ─ Eles precisam de pediatras iniciantes lá, ligaram para mim pedindo, e eu te indiquei. Você vai ganhar no mínimo o triplo do que ganha aqui, não é maravilhoso?

Claro, seria maravilhoso se não fosse do outro lado do Atlântico.

─ Olha Lewis, eu agradeço, mas não posso aceitar... ─ recusar foi meu primeiro impulso.

─ Eu sei que seria uma mudança drástica na sua vida Rose, mas eu vou lhe dar um tempo para pensar, pense bem... ─ ele disse ainda sorrindo.

xx-xx

Eu pensara naquilo o dia todo, e quanto mais eu pensava, mais absurda a ideia me parecia.

Flórida, Estados Unidos.

Eu nunca coloquei os pés nos Estados Unidos, sempre vivi aqui, em Londres. Frio intenso, chuva. E eu sempre odiei isso. Mas agora se mudar para outro lugar, um lugar que eu não conheço, sem ninguém, ninguém para me ajudar lá?

É, cada vez que eu penso me parece mais absurdo.

Justo agora, que eu já estou bem instalada na casa da minha prima...

Casa da minha prima.

Não é a minha casa.

Mas de qualquer forma, eu logo alugaria uma casa só para mim e meu bebê.

E falando em bebê, eu ainda não contei para minha família, e eu inda não arrumei coragem para falar com os supostos pais dos meus filhos.

Então, de repente, essa mudança me pareceu o ideal.

Eu me mudaria para longe, muito longe, ninguém saberia nada de mim, apenas meus primos.

Eu criaria minha criança sozinha, ela seria apenas minha, não precisaria ouvir os lamentos de minha mãe, nem os xingamentos de meu pai, não precisaria ser humilhada, novamente.

Era isso, por mais que me doesse ir embora, essa era minha única alternativa.