Os Semideuses e a Árvore De Sangue escrita por DennysOMarshall, Robert Zhang, HenryDixon


Capítulo 4
ALICE




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/276856/chapter/4

— Hããããã?! — fitou os olhos de Própon com certo medo de se deixar descontrolar e falar alguma besteira — Não, senhor Própon! De modo algum, o senhor vai me desculpar, mas não!

Própon colocou as mãos nos bolsos da calça de grife e revirou os olhos. O garoto a sua frente na Casa Grande parecia inconformado. A garota que se recostava na parede envergonhada ao lado de Própon ainda mais.

— Não me entenda mal — ele continuou, passando a mão nos cabelos negro-arroxeados — mas eu já tenho aquela semideusa em reabilitação. A Leah já me dá muito trabalho... Própon, o senhor não faz ideia. 

Própon não pareceu se importar muito. Sabia que algo devia ser feito quanto a garota.

— Raphael... — Própon coçou o bigode — Eu preciso de você mais do que nunca. Ela é novata. Tenha certeza que o trabalho não será em vão. Você faz isso desde que virou conselheiro do chalé Hécate.

Raphael era mesmo, embora não muitas pessoas adorassem passar tempo com ele, um ótimo mestre. Tinha dezenove anos, e era, como gostava de ser chamado pelos colegas "auxiliar semideus de comportamento". Seu parentesco, diferente do pensamento de muitos semideuses, não alterava a sua posição para com a ética no acampamento.

— Ótimo... — Raphael levantou-se — Meio mês, senhor Própon. É o que te prometo. Eu tenho que me focar mesmo na Leah e na Natalie. — olhou para a garota com o característico olhar seco que costumava receber. — Agora vamos. Vou te ensinar como se limpa estábulos como um verdadeiro zelador profissional!

Alice deu um passo a frente. Própon pôs a mão no olho dela e a lançou um olhar reconfortante que aqueceu o coração de Alice d'Vince.

Os dois saíram e começaram a andar pelo caminho entre os chalés enquanto conversavam:

— Não nos apresentamos ainda — disse Raphael — Sou Raphael Chimicatti, filho de Hécate, auxiliar de comportamento... Ou se preferir ir pela consideração do vovô Própon, a babá do acampamento.

Ela o olhou fixamente. Seus olhos enrubesceram e as maçãs da face avermelharam-se. Colocou as mãos no bolso do short jeans. — Alice d'Vince. Filha de Poseidon, encrenqueira novata. 

Raphael riu. Continuaram andando por um tempo até chegarem nos estábulos. Era um lugar amplo, no qual pégasos magníficos, os quais Alice nunca imaginou serem reais trotavam e andavam livremente pela área. Alice olhou para os pégasos incrédula, admirando sua liberdade e beleza de espírito.

— Eles são lindos, Raphael... — ela disse, gentilmente enquanto apoiava a mão contra o coração.

— Lindos e sujos. O que deve estar admirando é a liberdade deles. Mas isso é o que os faz passar por ladeiras, e sujar os cascos e os pelos. Bem, isso não é problema meu. E agora, já não passa a ser problema de Leah também. Você está responsável por limpar os pégasos a partir de agora, Alice d'Vince, filha de Poseidon, encrenqueira novata, ajudante de estábulo.

Alice o olhou seriamente e assentiu, como se aquilo fosse algo merecido. Não imaginou que o trabalho podia ser tão ruim. Afinal, eram cavalos alados. O sonho de toda garota era ter um pégaso. Pelo menos, limpar o pelo deles já era um bom privilégio.

— E... onde ficam as... — por um momento o nome fugiu de sua cabeça — as escovas?

— Não importa agora. Já está tarde, e agora os pégasos tem de dormir. E nós temos de comer e beber. E isso, se prestou atenção nas aulas de história, é algo que os gregos fazem com muita frequência. — riu.

Ela retribuiu com um sorriso meigo. Raphael jogou os cabelos longos para trás e fez um gesto para que ela o seguisse. Seguiram um caminho longo até o Pavilhão do Refeitório.

— Raphael! — a voz rouca de uma menina morena de cabelos castanho-escuros surgiu no fundo — Vem pra cá. Agora.

Raphael levantou as mãos e fez um sinal de joia. Olhou para Alice e a deu um abraço. — Boa sorte por aqui, pequena. Não conte com a ajuda de muita gente, muito menos com a minha. A maioria das pessoas aqui é bem egoísta. Como os próprios deuses, seus pais. Vai comer, o seu dia deve ter sido bem difícil. 

Alice sorriu, ainda tímida. Olhou ao redor, e viu muitos semideuses. Alguns trajados com a vestimenta padrão do acampamento, outros com as roupas de viagem... A maioria dos semideuses novos e que passavam o ano letivo fora do acampamento vestia roupas de viagem, uma vez que chegavam hoje e o acampamento ainda não lhes tinha entregue a camisa de tamanho certo.

Alice se sentou num banco de mármore branco. Do seu lado, surgiu uma figura familiar. A garota que mais cedo lhe dissera que queria-a no seu time apareceu e sentou-se do seu lado, tomando um gole de Coca-Cola. 

— Oi, Lice... — ela disse, meio desconcertada — eu sinto muito por tudo que aconteceu hoje. Se eu não insistisse tanto...

— Não foi culpa sua. — ela disse gentilmente — Nem minha, eu acho. Acho que na hora não conseguimos controlar essas coisas.

Sara concordou com a cabeça e colocou a mão no ombro direito dela. — Olha — disse ela — se você quiser a minha ajuda, ou de qualquer uma do chalé de Atena, estaremos dispostas a.. ajudar você, sabe? 

— Muito obrigada mesmo, Sara. — Alice sorriu. Parecia envergonhada e ainda tímida naquele lugar tão cheio de pessoas.

— Disponha! Uma filha dos Três Grandes é algo raro. Própon não foi muito severo com você, foi?

— Nem tanto quanto eu esperava. — riu Alice.

— Bem, agora eu tenho de ir — respondeu, depois de uma breve gargalhada — ajudar um pessoal, fazer umas coisas. Conselheira de chalé, sabe... 

Alice se despediu com uma piscadela e sorriso. Comeu uma uva que se encontrava numa bandeja prateada numa mesa, a qual sentou-se perto. Suspirou. A sua camisa do acampamento (que recebera de seu sátiro como um presente, que não tinha muito tempo para guiá-la, por isso chamou uns colegas) estava molhada. Lembrava-se aflitamente do que aconteceu. Não sabia, mas esteve numa situação parecida com a de Oliver. Infelizmente, nenhum Dakota usando uma lança mágica multiuso apareceu por lá para salvá-la. 

Mas, coincidentemente, no fundo daquele lugar, rodeado de quase dez semideuses, um garoto pálido se aconchegava num terno de lã negro. E por um momento, Alice pôde jurar que seus olhos castanho-claro encontraram-se com os olhos castanho-escuro dele, irradiando um lampejo de rápido conhecimento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Os Semideuses e a Árvore De Sangue" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.