POV Roxanne

Eu já estava pronta há décadas. Meu vestido era vermelho, o que é clichê para o Natal, mas sim, era lindo! Era de alcinha, ia até um pouco menos que a linha dos joelhos, e a cor vibrava em contraste com a cor da minha pele.

Meu cabelo estava enrolado nas pontas e minha franja estava muito bonita, pra falar a verdade. Tinha um arquinho prateado que eu amava, e um colar com o brasão da minha família também em prata, pequeno. Estava calçando um sapato com salto agulha, porque eu sou baixinha demais, que era preto coma parte de trás em vermelho. Por cima, uma blusa preta que não era muito grossa, mas tinha feitiço que me esquentava facilmente.

Pode parecer exagero pra só uma noite de Natal. Mas não era simplesmente uma noite... Eu ia vê-lo, depois do beijo da festa da Emma. Eu estava tão nervosa! Não haveria nenhuma das minhas amigas, nem ao menos Narcisa estaria lá, pois ela e sua família iriam à casa do meu primo Lucius.

Eu fiquei a noite toda lembrando como Sirius estava nervoso antes de beber, naquela noite. Ele tinha entregado algo a James, pelo que me lembro. E na casa dos Potter, que foram tão hospitaleiros comigo, ele e Charlus conversaram baixo depois de algo que eu ouvi. Eu mal dormi, por medo que minhas suspeitas estejam certas e Sirius vá cometer uma loucura maior do que ter uma moto roubada que, por mais que eu não vá admitir ao Sr.Ego, só faz com que ele fique mais irresistível.

-Querida, tome esse chá e ficará melhor...

-Obrigada, Sra.Potter. Desculpa atrapalhá-los no meio da noite!

-Não se incomode, Roxanne – o Sr.Potter falou, dessa vez – Estamos acostumado com os meninos chegando aqui no meio da noite, estamos vacinados!

Eles riram um pouco, eu olhei pra Sirius e ele sorria como se dissesse “Preciso dier por que eu gosto mais daqui?”.

-Sirius, quando você vem mesmo?

Ele arregalou os olhos e puxou seu “pai” de lado, enquanto Sarah desconversava e me perguntava se eu já iria agora ou gostaria de passar a noite.

-Ah, eu preciso ir já... Que horas são?

-São um pouco mais de três horas, querida.

Era muito tarde! Eu arregalei os olhos e me levantei, pegando minha bolsa.

-Eu realmente preciso ir! Obrigada, Sra.Potter pelo chá e por tudo mais...

-Não se preocupe, Roxanne! Você é sempre bem-vinda, ok? – ela se despediu com um beijo na minha bochecha e um sorriso.

-Boa noite, Sr.Potter. Obrigada!

-Não se preocupe, querida! Boa noite – ele sorriu, estava longe com Sirius.

-E... Boa noite, Sirius.

Ele caminhou até mim, percebi que os Potter saíam em direção à cozinha, Sarah arrastando seu marido, e aquilo me fez soltar um sorriso.

-Boa noite, mimadinha – ele disse perto de mim – A gente se vê no natal, né?

-Sim, claro. Até o natal, então...

Eu já tinha pegado um punhado de Pó de Flu e ele já estava no primeiro degrau quando eu virei e o chamei.

-Fala!

-Arrependimentos?

Ele olhou pra baixo, suspirou pesado e negou. Assenti sorrindo, mas querendo morrer, e fui pra casa. Por que a gente não pode simplesmente ficar junto? Por que eu tenho que complicar as coisas?

-Roxie, está pronta? – ouvi a voz da minha mãe no outro lado da porta. Suspirei fundo antes de responder porque, de verdade, acho que estava pronta só por fora.

POV Sirius

-VOCÊ AINDA NÃO ESTÁ PRONTO, SIRIUS BLACK?

-ACHEI QUE EU FOSSE TRAIDOR DE SANGUE QUE NÃO MERECE A PORRA DESSE SOBRENOME!

-NÃO FALE ASSIM COMIGO, SEU MOLEQUE DESGRAÇADO! POR QUE VOCÊ NÃO PODE SER COMO O RÉGULOS E...?

-PORQUE EU TENHO UM CÉREBRO, CARALHO!
E com isso eu fechei a porta e tranquei. Por Merlin, eu deveria ter organizado minha fuga antes! Olhei pra mochila separada num canto e pra roupa que eu deveria vestir nessa noite, porque os Malfoy vem aqui. A Malfoy vem aqui...

Ela vai virar a minha cabeça, na boa. Não era pra ser assim! Mas ela tem esse jeito de ser safada numa hora, toda metida a romance proibido, mas depois ela parece uma criança, parece que quer colo. Isso me irrita! Ela não pode se decidir pra que EU me decida? Qual foi a da crise de ciúmes na festa? E aquilo do “arrependimento”? Se eu me arrependo de beijá-la, claro que não.

Se eu me arrependo de ter criado um casinho de amor, sim.

Eu não quero me apaixonar, por favor, é fácil ver isso! E eu não vou me apaixonar, mas é muito ruim você se envolver com uma menina pra depois vê-la chorando por você! Por isso que meus envolvimentos duram só uma semana, ou só duram mais com meninas que são como eu, que não ficam apaixonadinhas, como a Lene ou a Charlotte. Mesmo que a Charlie seja um pouco louca quanto a Lene.

O fato é que eu não quero que a Roxie se envolva. Ela é do tipo que se apaixona se durar mais do que uma noite.

Cansei de pensar e resolvei ir tomar um banho. Deixei a água quente cair nos meus ombros e demorei uns dez minutos ali. Saí, me vesti e deixei e joguei a mochila pela janela, perto de onde estava minha moto.

Abri a porta do quarto bem na hora que ouvi o salto da minha mãe batucando até a porta.

-Desça logo, garoto! Fique ali com seu irmão!

Bufei e fui para o lado de Régulos. Tenho dó dele, na verdade. Poderia ser um garoto bom, mas caiu na sonserina e as companhias dele são péssimas.

-Sirius – ele me chamou e eu olhei – Você gosta da Roxanne?

Arregalei os olhos com a pergunta e franzi o cenho.

-Por que isso, Régulos? Eu mal falo com ela! Somos só colegas.

-Eu já ouvi seu nome, na Sala Comunal, enquanto ela e nossa prima conversavam.

-Ah, é porque as meninas sempre falam de mim! – ergui as sobrancelhas e ele riu. O menino estava ficando grandinho já.

Ele ficou em silêncio por um momento, podíamos ouvir minha mãe dando boas-vindas aos Malfoy.

-Sirius, você vai embora, né?

COMO ESSE MOLEQUE SABE TANTO? ELE É UM RATO?

-Embora de onde, Régulos?

-Não precisa fingir. Eu sei. Também sei da moto, faz alguns meses... – arregalei os olhos pra ele, estava pronto pra lhe dar um soco – Eu não disse nada. Também não vou dizer, até te acoberto. Mas, sabe, se você arranjar um lugar legal depois de se formar, posso ir?

-Você... você quer ir?

-Eu só finjo, Sirius... Você se rebela, eu finjo que concordo com tudo.

Parecia fazer sentido. Eu assenti, pensando como meu irmão é mais esperto do que eu achei que fosse.

Mas, antes que eu pudesse filosofar mentalmente, eles todos entraram na sala. Nós cumprimentamos a todos, mas eu não vi Roxanne. Veio só o casal? Não pode ser mesmo! Depois de alguns segundos, ela veio no corredor, com as mãos postas atrás e um sorriso tímido no rosto.

Eu odeio admitir. Mas ela estava perfeita.