House entrou silenciosamente no quarto escuro de Cameron e ocupou seu lugar de costume na cadeira ao lado da cama. Este virou seu ritual de todas as noites, entrar escondido e observá-la dormir enquanto escutava o suave bipe da máquina que indicava que o coração de Cameron continuava batendo, mas por quanto tempo?

 Horas se passaram, ou talvez tenham sido minutos, até ele perceber as lágrimas que turvavam sua visão.

 Enxugando-as rapidamente ele mancou até a porta, parando apenas para observa-la uma última vez antes de voltar à sua sala para dormir.

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"Conseguimos expandir os pulmões do bebê." Chase disse suavemente ao entrar no quarto. Ela estava ligada a vários aparelhos e um tubo em sua garganta a impedia de falar. "Aqui." Ele a entregou um pedaço de papel e uma caneta. "Infelizmente não é o suficiente para um diagnóstico." Ele pôde ver que ela estava quase chorando e colocou uma mão em seu joelho. "Allison, por favor." Implorou. "Acabe com isso. House não sai do hospital a dias e praticamente vive no escritório, sempre encarando aquele quadro. Eu sei que vocês dois não se falam desde que ameaçou demiti-lo, mas as únicas vezes que ele sai é para vê-la dormir." Ela virou para o lado tentando reprimir as lágrimas." Ele não vai admitir, mas está com medo. Eu estou com medo."

 Por alguns segundos seus olhos se encontraram, a determinação ele que viu era insuperável.

 Não. Escreveu. Vou esperar.

 Chase suspirou. "Há outra opção. Podemos operar abrir o útero e a placenta para realizar uma cirurgia exploratória. Identificamos o problema, concertamos e fechamos. Os riscos são altos, mas acho que dou conta." Ela lançou lhe um olhar interrogatório. "Cuddy não deixaria House operar, além do mais ele acha que é suicídio."

 Ela passou a mão protetora pela barriga e assentiu lentamente. Ele deu um rápido beijo em sua testa e saiu, a sem ver o choro silencioso em que ela caiu.

 Também tenho medo, pensou.

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 House observou do fundo da sala Cameron ser sedada e aberta.

 "Gostaria de me ajudar a imobilizá-la?" Chase perguntou com um sorriso solidário e House se adiantou.

 Ele foi surpreendido por uma minúscula mão que segurou seu indicador com força surpreendente. Maravilhado, House respondeu ao toque e não percebeu mais nada, nem mesmo quando o coração de Cameron falhou, batendo rapidamente até parar.

 "Código azul!" Somente uma parte de sua mente registrou a movimentação ao seu redor e a próxima coisa que realmente percebeu foi que estava estatelado no chão, Foreman o havia empurrado para alcançar o peito de Cameron com os desfibriladores.

 "Um, dois, três, afasta!" Ele berrou e o corpo de Cameron foi sacudido violentamente.

 "Um, dois, três, afasta!" House se levantou com esforço, a perna danificada gritando em protesto.

 "Um, dois, três." Choque. "Um, dois, três." Outro choque e a máquina continuava indicando uma parada cardíaca. 

 Ele viu Foreman abaixar as pás derrotado. Uma fúria vermelha o invadiu, ninguém iria desistir. "Saia da frente." Rosnou e o empurrou. Suas mãos começaram a trabalhar em uma massagem cardíaca. "Vamos lá, Allison." Implorou, sem perceber as lágrimas que escorriam livremente por seu rosto. "Não ouse me deixar. Não se atreva a morrer."

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 Cameron se sentia extremamente leve, toda a dor havia sumido. Sem abrir os olhos ela respirou fundo e sentiu o refrescante perfume de damas-da-noite, suas flores favoritas.

 "Allison." Ela congelou, nunca cogitara a possibilidade de ouvir novamente aquela voz profunda e suave. Isso só poderia significar uma coisa.

 "Estou morta?" Perguntou.

 "Ainda não." O homem que um dia fora seu marido respondeu. “Abra seus olhos." E assim ela o fez.

 Estavam em um quarto vazio e branco que não parecia ter fim. E ao seu lado estava o homem alto e elegante que fora antes do câncer se abater sobre ele, com uma juba de espessos cabelos castanhos.

 Ela sorriu e estendeu a mão para acariciar seu rosto e se surpreendeu por poder tocá-lo. "Senti sua falta." Sussurrou e uma única lágrima escapou de seus olhos.

 "Eu sempre estive com você, bem aqui." Ela colocou a mão no local onde ele apontara, onde seu coração deveria estar batendo. Ela queria, deveria sentir medo, mas algo naquela presença a impedia.

 "Onde estou? O que está acontecendo?" Assim que as palavras saíram de sua boca, o branco começou a desvanecer, dando lugar a uma sala de cirurgia. Percebeu de imediato o corpo estendido na mesa no meio da confusão de médicos e teve que tocá-lo para garantir sua veracidade. Era o dela.

 "Vamos lá, Allison." A voz de House não era clara, como se ela o ouvisse por detrás de uma porta. Ela se comoveu ao ver que ele chorava. "Não ouse me deixar."

 "Ele realmente a ama." Seu ex-marido comentou.

 "E eu o amo." Ela respondeu e o fitou um pouco culpada.

 "Seja feliz, Allison." Ele se aproximou e descansou uma mão em sua cintura. "Estou muito orgulhoso de você." Seus lábios se aproximaram lentamente e quando finalmente se conectarem em um beijo suave, uma dor fortíssima em seu peito a deixou de joelhos.

 Ele olhou para cima para ver que House quebrara a mão de Foreman para pegar os desfibriladores.

 Seu ex ajoelhou-se ao seu lado e disse suavemente. "Está na hora de voltar, Ali." Ele colocou a mão espalmada em seu peito e, com um último choque, tudo ficou preto.

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 Cameron abriu os olhos e voltou a fechá-los de imediato. Abriu-os dessa vez lentamente, tentando se acostumar com a claridade. Sorriu ao ver um vaso de dama-da-noite ao lado de sua cama e que House dormia profundamente na cadeira dura do quarto. Foi com medo que levantou os lençóis, mas foram lágrimas de alívio que caíram ao ver sua barriga grande e inchada.

 "Conseguimos, meu amor." Ela acariciou sua barriga e sentiu um chute.

 "Allison..."

 "Oh! Eu o acordei?" Ela o fitou e ele se mexeu desconfortável.

 "Não tem problema." Ele fez o melhor para mancar até a cama sem o uso da bengala. "A cirurgia foi um sucesso. O bebê vai ficar bem, vocês duas vão."

 Seu coração deu um pulo de felicidade ao ouvir as boas notícias, ainda com House tendo finalmente trocado feto por bebê.

 "Allison... Eu... Desculpe-me... Eu..."

 "House." Ela interrompeu. "Cale a boca e me beije."

 Ele riu e colou seus lábios nos dela, fazendo com que o monitor cardíaco apitasse desconsoladamente. "Oops." Ela riu contra sua boca.