Depois que Miguel foi embora, eu resolvi deitar de novo, mesmo que não tenhamos feito nada, eu me senti exausta. Deite e relembrei-nos dois juntos, todos os beijos, as caricias, todo e qualquer tipo de toque que ele me dava parecia um choque de 220, isso me deixa muito bem, ele me deixa muito bem, mas não posso deixar passar aquela do beijo fácil. Mesmo que já tenha passado mais de um mês, foi bem doloroso ver aquela imagem, tanto quanto eu acho que deve ter sido doloroso pra ele saber que eu transei com Enzo.

Não consegui dormir rápido como eu estava fazendo ultimamente, essa noite eu estava sem sono nenhum. Olhei no relógio e eram 22h35min, levantei da cama num pulo e resolvi dar uma volta na praia vê como estava minha segunda casa, já que eu não ia lá a mais de um mês. Tomei um banho rápido e peguei uma calça no guarda roupa e uma blusa de manga comprida com capuz, peguei meus fones de ouvido e sai de casa, deixando um bilhete para minha vó não se preocupar que eu voltaria sã e salva.

Cheguei na praia e não tinha quase ninguém, tinha apenas alguns casais na areia, outros nos banquinhos e umas meninas andando no calçadão, peguei minha havaianas na mão e pisei na areia, sorri ao senti lá embaixo do meu pé, me pinicando e gelando todo meu corpo, andei até perto do mar e sorri ao vê-lo como sempre, agitado e gelado, molhei meus dedinhos e fui caminhando molhando apenas o pé, andei até o quiosque do Marcus que estava cheio. Cheguei mais perto do quiosque, e tinha bastante gente conhecida ali, tinha uns amigos do Enzo. Uma saudade imensa bateu em mim, e fez uma lagrima escorrer pelos meus olhos, como eu daria tudo por um abraço dele, um sorriso, um beijo, sorri lembrando-se de nós dois juntos, ele sempre me fazia sorrir, e sempre me deixava bem. Candice chegou perto de mim com um sorriso brincando nos seus lábios vermelho.

- Ei. - ela disse me abraçando. - Como você está?

- Oi, estou bem, obrigada, que festinha é essa ai?- perguntei apontando com o queixo para o quiosque.

- Ah, não é festa, apenas vim beber com Nicolas, que ta mal hoje, quer dizer ele tava bem, mas ai a gente. - ela parou e me olhou rindo. - você sabe, ficamos e acabamos depois de tudo dormindo, quando ele acordou, acordou chorando lembrando-se de Enzo, e quis vim beber, ai vim com ele e encontramos Dom aqui, eles começaram a beber, choraram e agora estão cantando no karaokê. - ela falou olhando pra eles e sorrindo. Uma lagrima novamente escorreu pelos meus olhos, enquanto ela falava de Enzo.

- Enzo. - falei suspirando. - Porque ele se foi tão cedo?- falei me permitindo pela primeira vez chorar a morta do meu amigo, eu ainda não tinha nem ido ao cemitério ver seu tumulo, joguei o cabelo que caiu no meu rosto enquanto eu abaixei a cabeça pra esconder as lagrimas pra trás, senti a mão levinha de Candice passar pelos meus cabelos, descendo pelas costas.

- Ei não fica assim, tudo tem sua hora, aquela era a hora do Enzo. - falou ela me levando pra sentar em um dos banquinhos.

- Sabe Candice, ele já havia me falado que sempre iria ficar comigo. - falei assoando o nariz e secando as lagrimas.- Que não me deixaria.- respirei fundo.- porque ele se foi e eu não?- abracei minhas pernas, enterrando meu rosto nelas. - isso é uma injustiça, ele era bom, carinhoso, lindo. - sorri ao lembrar-se dele sorriso. - tinha um sorriso de tirar o folego, porque ele?- funguei mais uma vez.

- Oh meu amor, não fica assim, desculpa, eu não sei o que dizer, e eu também sinto muita falta dele. - ela disse com a voz chorosa. - ele era como um irmão sabe? Cuidava de mim o tempo todo, brigava com Nicolas quando ele me deixava triste, ele era o melhor, e eu sei que ele ta do seu lado ainda, porque ele uma vez me contou que pretendia nunca te deixar sozinha, que te faria feliz o quanto pudesse. - ela falou agora com um sorriso nos lábios, parecia lembrar-se de quando e como ele contou, sorri ao saber disso.

- Espero que ele fique do meu lado sempre mesmo. - falei abraçando-a.

Fomos pro quiosque e bebemos todos nós juntos, nosso primeiro brinde foi em memoria de Enzo, todos viramos um copo de tequila, queimou no começo, mas depois da terceira eu já estava acostumada. A blusa de manga estava me fazendo suar e eu já não tinha mais como subir sua manga, lembrei que estava de top e não de sutiã, então não achei nada demais se eu tirasse a blusa de manga, arranquei ela pela minha cabeça, me embolando um pouco e Dom super gentil veio me ajudar a tirar. Enquanto ele foi tirando a blusa, foi chegando perto de mim, sorri pra ele, e o empurrei, sai correndo para a areia e me abaixei perto da agua pra molhar o resto, cai sentada e percebi que estava muito bêbada, olhei no relógio do celular e vi que eram 03h49min da manhã, corri de volta até o quiosque e dei um beijo em todos. Corri pra casa, merda minha vó vai me matar.

Cheguei a casa e não a vi esperando, melhor. Subi correndo e cai na cama direto, dormi rápido.

Acordei com meu despertador tocando desesperado ao meu lado, hoje tem escola, afundei minha cabeça no travesseiro e virei na cama, me espreguicei e levantei num pulo, corri até o armário e peguei meu short jeans claro, a blusa da escola e botei o tênis, só percebi que o despertado tinha passado por 10 sonecas quando vi que já eram 08h05min, passei um perfume e um gloss. Sai correndo de casa e cheguei atrasada pra minha aula favorita, a aula de matemática já havia começado. Bati na porta e apareci na mesma.

- Da licença, posso entrar?- perguntei não reconhecendo o cara gato que me olhava no fundo dos olhos, sorri pra ele, e ele acenou com a mão para que eu me sentasse no meu lugar. - desculpe. - sussurrei quando passei por ele.

- Bom como eu estava falando antes da nossa amiga atrasadinha chegar. - ele me olhou sorrindo. - Sou Sr. Roland, mas você podem me chamar de Caíque, e bom to no lugar do professor de matemática de vocês que teve que pegar um atestado medico ate o fim do ano.- ele sorriu.- pois é vocês vão ter que me aturar.

“já gostava de matemática com esse professor então...” – mandei a sms pra Luna, que recebeu na hora e me olhou sorrindo.

“To sem ar até agora amiga, nossa que professor gato, agora vou passar a gostar de matemática.”- ela respondeu e eu ri sozinha.

A aula de matemática e química passou  rápida. Eu e Miguel quase não nos falamos, só nos falamos o necessário para fazer o exercício.

Na hora que eu estava indo embora com Luna, alguma coisa apertou meu braço e me puxou pra trás quase me derrubando, voltei com tudo e bati nele.

- Desculpe, é que eu estava vendo umas anotações do seu professor de antes e ele dizia que você é a melhor aluna, e estou precisando de uma ajudinha, será que você pode ficar até mais tarde pra me ajudar?- pediu com um sorriso torto brincando nos seus lábios, fiquei tonta com seu cheiro forte de agua do mar, cigarro e ervas. Essa mistura poderia ficar ruim em qualquer um, mas nele, o deixava tão mais sexy e tão mais gostoso.