Pôr Do Sol escrita por Claray


Capítulo 1
Único




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"Então lutemos por ela."

Esta frase não saia da minha cabeça. Estou tentando dormir faz duas horas, mas simplesmente não consigo. Sempre que fecho os olhos me lembro dos últimos acontecimentos na minha vida. Sempre que fecho os olhos rezo para que o pôr do sol demore a chegar. A propósito, meu nome é Annabeth, e sou filha de um dos mais ricos homens da cidade. Ontem um mensageiro apareceu na porta de casa e me trouxe uma carta. Era de um deus apaixonado por mim.

Nunca pensei que uma carta pudesse mudar minha vida, mas aí está. Eu amo outro homem, que por acaso também tem seu lado divino. Seu nome é Gilbert, e ele faz parte da nobreza. Ele também me ama, e foi isso que causou tudo.

"-Você não pode fazer isto! - Gritei. No fundo eu temia ser reduzida a pó, mas não consegui me controlar. Um suspiro, e então continuei em um tom mais calmo. - Você não pode forçar-me a casar com você. Isso é terrível!

–Meu amor por você é terrível, chega a doer. Eu não consigo passar um segundo sem te ver. - Ele pegou minha mão, mas eu a recolhi bruscamente. - Você não quer isso? Não quer a imortalidade? Viver ao lado de quem te ama de verdade, ter das mais lindas joias até as mais caras vestimentas...

–Deixe-a em paz! - Ordenou Gilbert entrando no cômodo.

–Como ousa... - Rosnou Nemestrino. Gilbert retirou sua espada da bainha e em um ágil movimento apontou-a para o pescoço do deus.

–Você não irá se casar com ela!

–E você acredita que irá me impedir? – Zombou, pouco importando-se com a lamina que tocava a pele levemente bronzeada de seu pescoço.

–Sim. E provarei isso, aqui e agora!

–Poupe-me... - Olhou-o com desprezo. – Você não me fará desistir de Annabeth. Não passa de um inseto.

–Está enganado se pensa que irá intimidar-me com seu patético senso superioridade.

–Então lutemos por ela. Amanhã, quando o sol se pôr. O vencedor se casa com a dama. - Declarou.

–Que assim seja. - Abaixou a lamina, mas só a guardou quando o deus retirou-se do aposento."

–--

O sol vai se pôr daqui dez minutos, estou nervosa. Estou indo encontrar Gilbert neste momento, em frente ao pinheiro em que nos conhecemos.

–Gilbert! Por que fez isto? - Comecei, podia sentir as lagrimas queimando em meus olhos. - Não devia arriscar sua vida assim!

–Não aguentarei ver você se casar com outro. - Respondeu acariciando meu rosto com uma das mãos. - Prefiro a morte, e prefiro morrer lutando por você.

–Mas ele é um deus!

–Tenho certeza que a sorte irá me ajudar. - Sussurrou em meu ouvido. - E se eu perder... Saiba que eu te amo.

E então selamos nossos lábios. Foi um beijo calmo e carinhoso, sem pressa. Não sei quanto tempo ficamos ali, mas quando notei, um dos homens da guarda real havia vindo busca-lo.

O primeiro a atacar foi Gilbert, com um golpe lateral. O deus defendeu com seu escudo e revidou. A luta seguiu assim, até que Nemestrino conseguiu arrancar a espada de Gilbert. Ironicamente ou não, ela voou na minha direção e fincou-se ali, a centímetros dos meus pés. Gilbert passou a se defender somente com o escudo enquanto tentava andar para onde sua espada estava. Infelizmente eu não podia fazer nada. Gilbert conseguiu alcançar sua espada, voltando a atacar e defender. Mas então Nemestrino conseguiu desarma-lo novamente. Gilbert caiu no chão com um golpe no pescoço com a parte chata da espada, ainda estava vivo. Tentou se levantar, mas estava muito fraco. Não aguentei. Gritei para Nemestrino parar, mas ele nem me ouviu e, se ouviu, me ignorou.

Gilbert não iria morrer. Não podia. Era minha última chance.

O que fiz a seguir surpreendeu a todos. Deixou as pessoas que assistiam com os olhos arregalados sussurando entre si, deixou o deus paralisado e deixou Gilbert olhando-me magoado, triste, chocado... Eu não sabia quantos sentimentos haviam naquele olhar, mas nem isto foi o suficiente para fazer eu me arrepender. Uma vida sem ele não valeria a pena.

Seus lábios se moveram em um "Não faça isto!". Eu já tinha pulado para o campo de batalha improvisado, estava no centro de tudo, não podia voltar atrás. Pressionei a adaga que eu guardava dentro da toga contra minha pele, perfurando meu peito com a lamina. Pude ouvir vozes tristes, fracas, e um grito, mas não consegui descobrir quem eram os donos das vozes.

Não me importei com a dor, pois naquele momento ela era a coisa menos importante que havia. Minha visão virou um borrão, e então tudo se escureceu.

–-

–Annabeth... - Lamentou-se Gilbert, colocando a cabeça da amada em seu colo. Sua voz saia baixa, inaudível. - Por que fez isso...?

Depois que Annabeth se suicidou, Gilbert e Nemestrino pararam de lutar, já que não havia mais nenhum motivo para isto. O deus já estava pronto para sair do local, quando Gilbert levantou-se com esforço e gritou.

–Então é isto?! Você faz juras de amor eterno para ela e depois, quando ela morre, simplesmente vira as costas e vai embora?

–O que posso fazer? - Respondeu enquanto transformava-se em uma silhueta brilhante e então desaparecia.

Estava sozinho, sem o amor da sua vida. Fechou as mãos em punho e gritou com todas suas forças para o céu. Sentiu um puxão no peito, como se sua alma estivesse sendo arrancada de seu corpo. Era ela, só podia ser ela! Sua mãe, Libitina, que havia se apiedado de sua pobre alma. Sua visão escureceu, e então tudo se apagou.



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Notas finais do capítulo

Nemestrino - Deus romano das florestas e madeiras, sendo seu nome derivado do latim nemus, que significa madeira.
Libitina - Deusa romana da morte.
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