Beautiful Soul escrita por Maitê Guimarães


Capítulo 36
Capítulo 36


Notas iniciais do capítulo

Em primeiro lugar feliz ano novo pra todos vocês, espero que esse ano seja tudo de bom, porque é meu número favorito, awn! ♥ Enfim, boa leitura ^-^



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Fatinha já não segurava mais as lágrimas e Lia se mantia imóvel olhando para a amiga, num gesto involuntário as duas se abraçaram.

— Lia, isso não pode estar acontecendo. - Murmura Fatinha, entre soluços. Lia aperta mais o abraço e consola a amiga.

— Você vai ter que contar pra ele, né? - Pergunta, depois de suspirar pesadamente. Fatinha se soltou do abraço e limpo as lágrimas que insistiam em cair.

— Tá maluca?!! Nunca! - Ela disse mantendo a calma, Lia ficou meio contrariada mas respeitou a decisão da amiga, ela lembrou do que aconteceu em sua casa e pegou o celular mas notou que estava desligado. 

— Puts, tenho que voltar pra casa, meu pai deve estar pirando, fica bem, tá? - Ela disse e Fatinha assentiu. Lia saiu praticamente correndo e foi pra sua casa, não queria ter de entrar lá, mas era necessário. A garota abriu a porta e presenciou seu pai e sua mãe brigando.

— Lia, onde é que você estava? - Raquel perguntou, Lia arqueeou a sobrancelha, ironicamente.

— Uma pessoa que vai abandonar a família novamente não merece satisfações. - Respondeu à altura e se virou para o lado do pai.- PAI, como você é o ÚNICO aqui que eu devo satisfações vou te informar que eu estava no hostel com a Fatinha. - Ela disse, Raquel ficou indignada e Lorenzo assentiu, normalmente.

— Isso é falta de educação, Lia Martins! - Disse Raquel, Lorenzo logo se intrometeu.

— Raquel, você vai sair dessa casa antes mesmo de voltar pra África. - Disse o homem para a preocupação de Raquel, Paulina tinha ido numa sorveteria com Tatá e eles eram os únicos em casa agora, o telefone tocou e Lia foi atender. O homem que falava tinha um sotaque diferente.

— Alô? - Ele saudou, Lia estranhou e Raquel começou a prestar atenção.

— Quem é? - Lia perguntou.

— Poderia passar o telefone para a Doutora Raquel Martins? - Perguntou ignorando a pergunta anterior da roqueira que ficou incomodada com a situação e passou o telefone para a mãe imediatamente. Raquel atendeu e Lia e Lorenzo foram até o quarto conversar enquanto a deixaram ali.

— Lia.. Eu só tenho uma coisa a te pedir. - Lorenzo disse, Lia assentiu num sinal que ele continuasse a falar- Só não fica provocando a Raquel na frente da Tatá, ela é muito apegada a mãe e mesmo com tudo isso acontecendo eu sei que vai ficar do lado dela.

— Só isso? 

— É... 

— Tudo bem, pai. - Respondeu, meio sem vontade. Lorenzo sorriu e beijou o topo da cabeça da filha logo depois a deixando sozinha no quarto entre pensamentos. Lia estava se preparando para ir tomar um banho quando o telefone -que ela tinha colocado na tomada para carregar-, começou a tocar. Ela suspirou irritada e foi ver quem era.

 "Dinho",

Lia decidiu ignorar por mais que seu coração mandasse atender logo a chamada, ela precisava dar um tempo e ele com certeza iria abordá-la de perguntas, ela viu o celular tremer mais algumas vezes e logo depois parou.

 (...)

Dinho abriu os olhos assim que os pequenos raios do sol invadiaram seu quarto, Alice estava abrindo as cortinas de seu quarto.

— Mãe... - Resmungou ele, puxando as cobertas para o rosto.

— Meu filho, você não acordou com o desespertador, meus gritos e nem seu pai te chamando, acho que a luz do dia é a única maneira de te fazer levantar dessa cama. - Alice disse, puxando as cobertas e logo saiu do quarto. Depois de alguns minutos olhando pro teto Dinho levantou da cama e se arrumou para a escola, ele foi verificar a hora e viu que a essa altura Orelha já teria ido para a escola, o menino correu até a escola pois já estava bem atrasado assim que chegou no Quadrante Mocotó já estava fechando os portões. 

— MOCOTÓ!!!!!! Posso entrar? - Ele pediu, fazendo uma carinha fofa. Mocotó verificou os dois lados e abriu o portão novamente deixando o garoto entrar.

— Entra, mas sem atrasos da próxima vez se o chefe descobre que eu abri o portão fora do horário me mata! - Ele disse, Dinho foi para a aula correndo e cuidando para ninguém notar que ele estava atrasado, assim que chegou na sala os alunos ainda estavam bagunçando e o professor ainda não tinha chegado, logo na entrada ele observou Lia conversando com Fatinha, um pouco nervosa, o garoto foi recebido com olhares da turma toda, e quando a namorada o viu ali cumprimentou normalmente.

— Hey, marrentinha.. - Ele beijou a bochecha de Lia, Ju estava observando a cena distraída, ela sentiu um turbilhão de emoções, mas o sentimento que mais chamava atenção era uma mistura de confusão com arrependimento, ela não sentia mais raiva de Lia como antes, estava magoada, mas nem tanto. A it-girl notou que os dois ficaram conversando e pelo que se ouvia Lia perguntava o porquê do atraso do namorado, logo depois ela foi chamada por Morgana que queria falar sobre os problemas com os pais. Fatinha estava mais quieta do que nunca, a paranóia de que a barriga já estava crescendo fez a loira ir com uma blusa mais tapada, causando assunto pra turma. Lia também estava estranha, mas no seu caso o problema tinha nome - Raquel-, Dinho percebeu e resolveu perguntar o que estava acontecendo.

— Ah, nada... Porquê? - Respondeu confusa.

— Sei lá, deve ser impressão minha... Mas enfim, sabe o que a Fatinha tem? - Perguntou Dinho, Lia engoliu seco, ela sabia que não podia sair por aí dizendo "Ah, ela tem um bebê na barriga",mas também não podia acobertá-la para sempre, então resolveu fingir que não sabia de nada.

— A Fatinha? Sei lá, como eu vou saber o que ela tem? pergunta pra ela - Disse tentando mudar de assunto, Dinho estranhou tal atitude.

Depois que todas as aulas passaram "voando" Fatinha chamou Lia para ir até o hostel conversar sobre algumas coisas, ela estava realmente precisando de uma amiga. As duas foram até o quarto de Maria de Fátima passando correndo por Michel que nem ligou pois estava em um bom papo com uma gringa na recepção. Assim que chegaram lá as duas começaram a conversar, mas foram interrompidas por alguém batendo na porta. Fatinha abriu.

— Michel?

— Maria de Fátima, preciso que você cuide da recepção - Ele informou, parecia estar com pressa, Fatinha ficou confusa já que não era seu horário ainda. - Vou cubrir seu plantão de amanhã. 

— Fechadoooooo, patrãozinho! - Concordou animada, Michel e ela bateram as mãos como um comprimento e logo ele saiu dali. Fatinha se arrumou e pediu para que Lia a esperasse um pouco.

 — Vou ficar aqui fazendo o quê? - Perguntou Lia entediada.

— Refaz os deveres de matemática pra mim! Você não pode negar... - Pediu Fatinha se aproveitando da situação, Lia bufou mas não teve alternativa já que a amiga sorriu e saiu praticamente correndo dali. Uns minutinhos depois o celular de Lia tocou.

— Alô?

— Lia! Onde cê tá? - Dinho perguntou.

— No hostel, Fatinha me pediu pra repassar uma matéria pra ela... - Explicou ainda concentrada nos deveres do caderno, Dinho ficou em silêncio por uns segundos e logo disse um "espera aí" e desligou, Lia estranhou e decidiu não falar mais nada.A porta abriu levemente e Dinho entrou animado.

— Surpresa. - Ele disse, Lia ficou radiante e beijou o namorado, com tamanha paixão como o seu primeiro beijo com ele. Os dois ficaram se beijando quando o clima foi esquentando e Lia resolveu cortar.

 — Adorei a surpresa. - Afirmou divertida.

— Que bom, mas e aí, o que tá fazendo? - Ele sentou na cama vendo os cadernos.— A Fatinha tá me escravizando. - Falou com um biquinho. Dinho murmurou um "own" e puxou Lia para mais perto de si, os dois riram. Dinho avisou que iria ao banheiro e Lia assentiu. Cinco minutos depois o garoto saiu do local totalmente pálido, Lia ficou preocupada.

— O que foi? - Perguntou ela, curiosa.

— O que é isso? - Ele levantou um objeto de cor rosa e branca que Lia reconhecia muito bem, era o teste de Fatinha. Nesse momento ou ela poderia dizer que o teste era da amiga e correr o risco de perder uma amizade ou assumir uma falsa gravidez, algo lhe martelava a cabeça dizendo "Calma, daqui a pouco alguém chega e te salva dessa, como todas as vezes" mas uns 20 segundos torturantes sob o olhar reprovador de Dinho haviam se passado e nenhum "anjo-sem-asas" havia passado da entrada da porta, ela suspirou.

— Um termômetro? - Respondeu fazendo outra pergunta.

— Não, Lia. Um teste de gravidez. 

— Se você sabia porquê me perguntou? - Tentou aliviar a raiva que sentia no momento. Tanto de Fatinha por ter deixado o teste à mostra e de Dinho por ter ido no banheiro justo naquela hora.

— Lia, olha só, me explica.. Isso é seu? - Ele tentou falar devagar, como se explica algo para um bebê, como se Lia fosse uma criança que não tinha entendido a resposta de uma pergunta meio difícil.

— Meu? tá doido? 

— Então é da Fatinha? - Perguntou, curioso.

 — Não.

— Então é seu! Ou vocês tem alguma amiga imaginária que faz teste de gravidez? - Perguntou, agora mais irritado.

— EXATO! - Ela disse alto, Dinho arqueeou a sobrancelha - Quer dizer, ela não é imaginária, mas o teste é dela... - Mentiu e mordeu o lábio inferior.

— Tá mentindo? - Ele perguntou, sério.

— Você não confia em mim? - Ela fez a melhor cara de decepcionada que tinha, Dinho suspirou e passou a mão pelos cabelos.

— Confio, mas eu não confio nesse negócio aqui - Levantou novamente o teste, agora mais alto. - Me explica, esses tracinhos querem dizer o quê?

— Não sei, não entendo isso! Olha, você quer me ajudar a terminar logo esse deve de matemática? - Ela tentou mudar de assunto.

— Estranho, nunca vi você ou a Fatinha falando dessa tal amiga. - Ele ignorou a pergunta anterior da namorada, fazendo-a ficar apavorada.

— Pois é, ela é turista, a gente só tá dando uma força pra ela.. Olha só, porque você não vai jogar video-game com o Orelha? - Ela sugeriu, sorrindo.

— Porque você tá me mandando embora? Tá nervosa?

— Claro que não, eu hein Dinho, você tá tentando me deixar nervosa? - Ela perguntou, desviando o olhar para a bolsa que estava em cima da cama.

— Uma pessoa geralmente fica nervosa diante de uma situação indesejada.. 

— Você acha é desejável ter seu namorado tentando bancar o detetive? - Respondeu irritada.

— Marrentinha, se você tiver algo pra me contar,me conta agora... - Pediu, suspirando.

— Você tá afim de brigar, né Adriano? - Lia colocou as mãos na cintura, Dinho soltou o teste em cima da cômoda.

— Não quero brigar não... - Respondeu, meio triste. Ele ainda estava desconfiado mas não queria armar uma discusão com Lia.

— Tá, então sai daqui e depois a gente se fala. - Ela falou sem perder a pose marrenta, Dinho riu do jeito que ela falou e deu um beijo na bochecha da roqueira, logo depois saindo e a deixando sozinha para conseguir recuperar o tanto de oxigênio que o seu corpo não conseguiu absorver naqueles minutos atrás. Dinho ia passando pela recepção quando decidiu perguntar sobre o tal teste para Fatinha.

— Fatinha, que amiga sua e da Lia é essa que tá grávida?

— O que? Ahn? - Fatinha ficou tensa, ele estranhou.

— A Lia disse que aquele teste que tinha lá na pia do seu banheiro era de uma amiga turista de vocês. -Ele explicou, Fatinha queria morrer por ter deixado o teste na pia, mas apenas tentou absorver a história que Lia tinha inventado.

— É verdade, tô com muito dó, sério Dinho. - Ela fez uma carinha triste, totalmente fingida que por segundos fez Dinho acreditar que ela verdade, ele assentiu e se despediu logo seguindo para a casa de Orelha. Assim que chegou no quarto do amigo ele se jogou na cama do mesmo.

— Ué, qual foi Ó pegador? - Orelha provocou sem tirar os olhos do computador onde ele fuçava no perfil de algumas meninas do colégio.

— Tô bolado com umas coisas. - Disse, sem vontade. Orelha ficou curioso e puxou a poltrona para perto da cama, disposto a saber o que incomodava o amigo.

— Com o quê?

— Acha mesmo que eu vou te contar? - Dinho riu.

— Ah, magoei! Pensei que fosse teu amig..

— Tá, tá! Chega de drama, mas não pode contar pra NINGUÉM... - Dinho pediu e ele assentiu-, eu fui no hostel ver a Lia que tava ajudando a Fatinha com uma matéria, daí eu achei um teste de gravidez. 

— UAU! Vai virar matéria pro TV Orelha, já sei até o que colocar! Mas vem cá, a Fatinha ou a Lia tem mais chances de estarem esperando um "filhotinho"? - Orelha provocou fazendo uma voz fingida quando disse a última palavra, Dinho bufou.

— Não é pra contar pra ninguém, tô falando sério. Mas tô bolado porque a Lia ficou toda nervosa e inventou uma história de que era teste de uma turista do hostel. 

— Convida ela pra jantar, se ela vier com aquelas frescuras de enjoo e desejo o teste era dela - Orelha disse sem se importar muito com a ideia que tinha acabado de ter, mas Dinho ficou maravilhado, era isso que ele faria.

— É isso! Acho que vai dar certo, se ela fizer isso vou ter certeza, a Lia não tem muita frescura com comida não..

— Imagina você como papai? Um mini "Ó pegador", isso daria uma ótima matéria pro meu vlog.


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