Depois de corer por uns 10 minutos dos caras que vinham logo atrás Lia e Fatinha chegaram à um beco onde tinham mais dois caras, mas esses sairam correndo assim que viram as duas, logo elas ouviram uma sirene e constataram que era a polícia, sentiram os passos vindo forte em direção à elas.

— As duas, paradas! - O polícial disse levantando a arma, as meninas se assustaram.

— A gente não fez nada! - Lia disse, indignada.

— Pra viatura, agora! - O cara disse sem explicações. Lia e Fatinha bufaram furiosas e foram para o carro extremamente chocadas. "O que mais pode acontecer?"

(...)

— Quando vamos poder sair daqui? - Fatinha perguntou, Lia prestou atenção nas palavras. Os policiais haviam achado que elas eram "cúmplices" dos caras que estavam naquele beco, eram bandidos. Lia não tinha saída, era impossível chamar Lorenzo ou Paulina, eles matariam ela.

— Quando eu decidir. - O delegado respondeu, sem tirar o olho das fichas, Fatinha fez uma careta imitando o homem e Lia segurou o riso.

— Vou ligar pra algum dos meninos vir aqui, esse ar de cadeia me cansa. - Fatinha pegou o aparelho celular e Lia puxou de suas mãos, nervosa.

— Nada disso! Tenho que fazer algum acordo pra você calar a boca, antes disso é um perigo você ficar perto de alguém do colégio. - Lia explicou e Fatinha riu alto, fazendo o delegado olhar feio para ela.

— Você e o Dinho... sempre soube. 

— Cala a boca! - Lia esbravejou levantando bruscamente, a menina pegou o celular e ficou fitando sua agenda de contatos.

"Pai? Jamais. Vó? Em hipotese alguma. Ju? Com certeza não. Bruno? Hum! claro! Bruno." Pensou Lia ainda olhando sua agenda, a menina não pensou mais vezes, apertou o número de Bruno e assim que ele atendeu meio sonolento ela comemorou mentalmente.

— Lia? - Bruno disse, bocejando.

— Bruno!!!! Você sabe como eu te adoro.. 

— Olha, o que você fez? A Ju tá contigo? - Bruno se sentou na cama preocupado. Lia o ligando uma hora dessas não seria boa coisa.

— A Ju não tá comigo.. Bruno, eu preciso da sua ajuda! - Lia disse, estava disfarçando para o delegado não notar. Fatinha estava prestando atenção em Lia.

— Fala aí! - Bruno respondeu.

— Então... Eu tava no show com a Ju, daí eu fui tomar água e esbarrei numa menina, ela achou que eu queria briga e fomos expulsas do local, então a gente tava indo embora e veio dois caras eu tive que correr... muito! Entramos num beco e os políciais acharam que eramos "cúmplices" de bandidos, eu tô na delegâcia, e eu não posso de maneira alguma falar isso pro meu pai. Pode vir aqui me salvar, Bruninho? - Lia modificou um pouco a história pois era necessário, Bruno suspirou e concordou.

O celular de Lia tocou.

— Alô? — Lia! Onde você se meteu?! - Juliana quase gritou.

— Ju... depois eu te explico, agora não tá dando pra falar, beijo beijo! - Lia fez um barulho pra Ju achar que o celular tinha perdido sinal. O delegado mandou ela voltar ao lugar e continuou a fitar as fichas que estavam em cima da mesa, uns 30 minutos mais tarde Bruno chegou ao local com uma aparência cansada e sonolenta. Ele foi direto explicar a situação ào delegado, Fatinha estava toda animadinha.

— Olha seu delegado, elas não podem ficar a noite inteira aqui não é? Não são culpadas, foi um erro dos seus policiais. - Bruno tentou argumentar, mas o delegado suspirou pesadamente, ele parecia uma daquelas pessoas amargas que só pensam no trabalho, sem amor na vida.

— Senhor...?

— Bruno! - Bruno completou.

— Senhor Bruno.. Meus companheiros erraram sim, mas como vamos ter certeza de que Maria de Fátima e Lia não são cúmplices dos bandidos? - Ele empilhou alguns papéis, e voltou à olhar Bruno, impaciente.

— Eu tenho cara de quem é cúmplice de bandido? - Fatinha se levantou furiosa, e parou ao lado de Bruno.

— Você tem cara de quem quer ficar na delegâcia né Fatinha. - Lia puxou a menina tentando não chamar muita atenção.

— Por favor, elas só estavam se divertindo num show, e eu tenho faculdade daqui a pouco, libera essa pra gente! - Bruno foi direto e o delegado puxou uma folha branca e uma caneta. Entregando para Bruno.

— Assine aqui e as meninas serão liberadas, estou cheio de fichas pra ler não quero ter que te prender também e aturar três adolescentes me incomodando. - O homem foi ríspido, Bruno assinou e Lia comemorou mentalmente. Os três foram para o lado de fora do local.

— Você tá me devendo uma, das grandes. - Bruno se dirigiu à Lia, que o abraçou involuntariamente, ele riu. Fatinha revirou os olhos.

— Eu não mereço abraço também? - A loira disse manhosa.

— O problema é que você não quer só abraço, você só sabe ser maliciosa. - Bruno retrucou.

— Ah Lia, vai dizer que você nunca achou o Bruno um gostoso?

— Ele tem idade pra ser meu avô. - Lia ironizou, Bruno olhou indignado.

— Não humilha. - O garoto franziu o cenho.

— Lia, temos que ter uma conversinha.. - Fatinha sorriu vitoriosa.

— Fatinha a gente quase foi pra trás das grades por culpa sua e da sua língua gigante, então cala a boca, vai pra casa e não enche. - Lia revirou os olhos. Bruno ergueu a sobrancelha sem entender nada.

(...)

Lia acordou com Tatá cantando uma música do Justin Bieber com toda animação do mundo, estranhou Ju não vir até a casa dela e até pensou se Fatinha poderia ter contado sobre o.. beijo. Mas alguns minutos olhando pro teto e tentando ignorar a irmã que estava completamente feliz por algum motivo desconhecido a menina ouviu a porta abrir e uma Ju toda animada entrar começando a cantar junto com Tatá.

— If I was your boyfriend i'd never let you go!! - Ju e Tatá gritaram em coro, Lia suspirou pesadamente e completamente cansada.

— Levanta, pequena sereia! - Ju se jogou em cima da cama.

— A princesa que dorme é a Bela, Ju. - Lia disse, ignorando o pedido da amiga. 

— Eu sei, mas sempre achei que você combinava mais com a pequena sereia! - Ju disse sorrindo e puxando as cobertas da cama de Lia, o que era rotina.

— Porque tanta animação? - Lia perguntou sentando-se na cama cansada assim que viu Tatá se retirando do quarto e indo pra sala.

— Ontem.. no show, foi tudo tão perfeito!! - Ju ergueu os ombros e suspirou apaixonada ... "Espera, ela só fica assim quando fala do Dinho.. droga!" Lia pensou e estava certa, logo a amiga contou que Dinho e ela haviam feito as pazes. Dinho era tão cara de pau assim? A menina se vestiu contra-vontade e foi caminhando com a amiga para a escola, quando chegaram no local todo mundo comentava sobre o show, maldito show. Lia deu de cara com Fatinha quando entrou na sala de aula, Dinho também estava lá mas ele estava agindo como se não tivesse a visto.

— Olha quem chegou! - Maria de Fátima abordou, ironicamente.

— Eu não quero papo contigo, ô garota. - Lia respondeu, todos estranharam e continuaram a prestar atenção nas duas.

— Mas o legal é que a gente tem muito "papo" pra conversar, hein? - Fatinha parou na frente da sala, e quando ia abrir a boca provavelmente para falar sobre o assunto de Lia e Dinho. Lia apavorou-se. 

"Se eu bater nela vou ser suspensa. Se eu deixar ela falar vou perder a amizade com a Ju. Se eu fingir que desmaiei... Hum, uma boa."

— Galera, ont.... - Fatinha mal pode começar a falar e Lia murmurou um "Ju, eu to passando mal.." e puft, caiu no chão. Todos se preocuparam, Fatinha bufou de ódio, e Dinho foi um dos primeiros a ir ver o que a garota tinha. Ju a levou para a enfermaria e lá ela foi atendida.

(...)

— Sua ceninha hoje no começo da aula foi ótima, já pensou em ser atriz? - Fatinha falou enquanto Lia mexia no armário.

— Já sim, mas acho que não é meu tipo.. - Lia sorriu, ignorando o veneno da outra.

— Qual é a sua hein Lia? Digo a sua e do Dinho... 

— Eu esbarrei nele, sem querer, tá legal?! Vai lá, conta pra todo mundo! Chega, cansei de tentar preservar minha amizade com a Ju, afinal, foi só um tombo bobo! NINGUÉM mais viu a não ser a mais venenosa da sala. - Ela cuspiu as palavras, Fatinha suspirou.

— Eu não vou contar.. Sei lá, você acha mesmo que eu sou sem coração né? Mas é sério, é legal te irritar.. Não vou contar mesmo. - Os olhos de Fatinha transmitiam confiança.

— Não acredito em você. - Lia respondeu olhando pro chão.

— Palavra de Maria de Fátima. - Ela piscou, Lia riu.

— É, apesar de você ser uma chata, imbecil e etc eu vou confiar na "palavra de Maria de Fátima". Mas... você ainda vai me pagar por ter passado praticamente uma noite na cadeia. - Lia disse e Fatinha deu ombros logo dando as costas e indo desfilando em direção ao pátio.

— Você e a Fatinha estão de segredinho é? - Ju disse assim que voltou do banheiro onde estava se maquiando.

— Não é isso! Ju, preciso te contar uma coisa. 

— Que medo... Fala! - Ju disse desconfiada, abrindo o armário e guardando seu estojo de make.

— Lembra ontem no show quando eu fui pegar alguma coisa pra beber? - Lia perguntou, Ju assentiu ainda super desconfiada.

— Então, eu esbarrei no Dinho.. a gente caiu no chão e a Fatinha viu, ela pensou que a gente tinha se beijado mas ela é meio louca sabe! Então, eu não ia te contar porque você podia ficar bolada por isso eu menti o desmaio, ela ia contar do jeito dela e eu tinha que contar a verdadeira versão da história. - Ju prestou atenção nas palavras da amiga e ficou chocada, ela queria chorar, gritar.

— Se fosse só isso você não teria me contado antes? E forjar desmaio por coisa tão boba, Lia? Faça-me o favor! Me conta a VERDADEIRA versão da história.

— É verdade tudo que eu disse, acredita! Eu só tenho medo de que nossa amizade acabe por causa de um menino. - Lia falou preocupada com a futura reação de Juliana, ela parecia estar realmente machucada com aquilo, imagina se soubesse a real história.

— Desculpa, mas realmente não dá pra acreditar, fala comigo quando você tiver coragem de contar a verdadeira história. - Ju deu as costas deixando pra trás uma Lia confusa e arrependida.